Believe escrita por emeci


Capítulo 3
2 - Eu esperaria por você para sempre




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/202997/chapter/3

2º Capítulo

“(…) I wait on you, forever, any day (…)”


A atmosfera em meu redor era incrível. Só no ar, o amor e a expectativa eram palpáveis. Como se se vissem. Se sentiam. O estádio estava lotado. Estava rodeada por centenas de irmãs que me compreendiam. Que sentiam o mesmo que eu estava sentindo. Os olhos marejados, o coração palpitante, as pernas fracas. Todas aquelas sensações extremamente poderosas. Gritos se ouviam, de todos os cantos, de todos os corações, de todas as garotas com o mesmo sonho. Porque, por mais diferentes que fossemos fisicamente, estávamos ligadas graças a um garoto a quem chamávamos de ídolo. Estávamos ligadas devido ao mesmo gosto musicla. Estávamos ligadas devido à mesma razão, aos mesmos sentimentos, aos mesmos sonhos, aos mesmos pensamentos. Cada minuto que passava parecia uma eternidade. Cada segundo se arrastava na grande teia fina que era o tempo. Nunca mais chegava a hora. Nunca, nunca mais. Em cima de nossas cabeças, num ecrã gigante, se encontrava um enorme relógio digital com os quatro números a roxo e o fundo preto, que mostrava o tempo que faltava para o show começar.

Três minutos.

Eu estava num ótimo lugar, graças a ele. Me encontrava do lado esquerdo do estádio, quase na ponta. Não sabia aonda Maffy estava. Nos tínhamos separado quando entrámos para o estádio. No entanto, eu lhe pedira o número do celular, e caso precisasse de algo – mesmo que esse algo fosse falar até às quatro da manhã – eu lhe ligaria.

Tudo estava fora do lugar e eu continuava nas nuvens. Andando e dançando sobre elas, enquanto uma brisa quante percorria todo o meu corpo. Ainda nem acreditava. Tinha-o abraçado. Com toda a minha alma e com todo o meu coração. Tinha sentido os braços dele, fortes e meigos à volta dos meus ombros. Tinha sentido seu perfume, tão doce e tão bom. Tinha visto bem de perto os seus olhos e identificando as mais diversas tonalidade de castanho neles. Tinha ouvido a sua voz, se dirigindo a mim, falando comigo. Aquela voz melodiosa que me acalmava. Tinha o visto. A ele com toda a sua perfeição. Felicidade pura escorreu pelos meus olhos, ao me lembrar do momento, ao reviver o momento. Eu nem precisava estar ali. Já estava feliz o bastante. Concretizada o bastante. Mas estava. Estava dentro daquele estádio, em Madrid, esperando vê-lo novamente. Mais uma vez. E respirar o mesmo ar que ele. A ansiedade começava a aumentar. Subia ao contrário do tempo que faltava para o ter, novamente, por baixo dos meus olhos castanhos. Sobre o meu olhar observador. Guardando todos os detalhes do seu rosto, por mais longe que ele estivesse.

Dois minutos.

O estádio estava escuro e meus olhos se deparavam com o palco grande e gigante. E logo de seguida para o relógio. Os gritos iam ficando mais estridentes, mais fortes, mais contagiantes. Mais lágrimas. Mais sorrisos. Tudo era maior. A ansiedade, a esperança, o amor.

Não dava para controlar. Era contagiante. Uma febre. Sentia cada batimento do meu coração, sentia-me implorar que a hora chegasse logo. Minhas mãos suavam e eu pulava de alegria.

Um minuto.

Apenas sessenta segundos. Só sessenta. Mas nesses sessenta segundos muita coisa pode mudar. Em sessenta segundos tudo pode acontecer. Desde me deparar com o amor da miha vida, ou morrer. Nem é preciso tanto tempo. Um segundo e a nossa vida pode cair, desabar, como tinha acontecido comigo horas atrás, por causa de algumas palavras ditas por uma moça loira. Em apenas um segundo.

Mas num segundo a nossa vida pode ganhar cor, ficar mais preenchida, encontrar a razão porque é a vida o que é, e o porquê de vivermos, como tinha, também acontecido comigo há horas atrás, quando Justin saiu da carrinha preta. Em apenas um segundo. E é por isso que nada é fixo. A vida é como uma peça de teatro sem ensaios, como um filme sem guião, como um livro sem introdução. A vida não vem com regras e todos caímos, mas todos merecemos uma segunda oportunidade. E todos esses pensamentos passavam plea minha cabeça enquanto eu via os intermináveis segundo passarem.

Tudo aquilo não dava para aguentar. Eu gritava, pulava, dançava, fazia tudo o que estava ao alcance do meu corpo e da minha mente. Correntes de energia me trespassavam. Me sentia imortal, imparável. Nada nem ninguém me poderia deitar a baixo. Eu estava no topo. No topo da alegria, no topo dos sonhos, no topo das emoções e sentimentos. E o tempo se ia arrastando. Nunca sentira tudo tão lento, a atmosfera tão viva. Eu estava ali e só isso importava. Dez segundos. A vida é como uma montanha-russa, ora estamos no cume, ora estamos rente ao chão.

E quando o cronómetro anunciou quatro zeros roxos, grandes e redondos, eu sorri e chorei ao mesmo tempo. Eu morri e vivi simultaneamente. Eu gritei e dancei. Eu me sentia sufocada, sem saber o que sentir, o que fazer. Aquele era o momento.

O momento pelo qual eu tinha desejando tanto. Eu tinha lutado tanto. Eu tinha vivido para aquele segundo. O segundo em que as batidas de “Love Me” preencheram o espaço.

Num impulso me meti em bicos de pés, já com o meu olhar sobre o palco. Luzes de diferentes cores iluminavam o enorme e infinito estádio. Mas não tão infinito como o amor que eu sentia naquele momento. Como a alegria. Gritei. Uma, duas, três vezes. Porque afinal, aquele era a última vez que o veria. Aquela era a primeira e última vez que assistiria a um show dele. A um show do meu Biebs. Então, ia aproveitar todos os segundos, todas as emoções, todos os momentos e torná-los inesquecíveis. Eternizá-los na minha mente, coração e alma.

Uma fumaça branca apareceu. Mais gritos. E a voz dele se fez ouvir por todo o estádio. Aquela voz. Eu já a tinha ouvido falando apenas para mim, mas ouvi-la cantar era maravilhoso. Tão maravilhoso quanto a sensação de se estar voando. Tão fenomenal como o arco-iris que rompe no céu cinzento após uma tempestade. Tão natural como o perfume açucarado das flores na primavera. Tão pura e transparente como a água. Ouvir aquele som que provinha das cordas vocais do meu o ídolo, era tal e qual à descoberta do elixir da vida, da poção que nos torna imoratais. Enquanto a ouvisse, eu viveria para sempre.

E se viveria para sempre enquanto ouvisse a voz dele, então enquanto o visse, como estava acontecendo naquele preciso momento, fazendo minha respiração ficar acelerada e minhas pernas bambas, fazendo todos os meus problemas, todas as minhas feridas se assustarem, eu viveria para sempre no paraíso.

As batidas eram rápidas e Justin se movia de um lado para o outro no placo. Ele era real. Eu era real. Aquilo era real. E só à noite, é que eu realmente ia perceber, onde tinha estado, com quem tinha estado, quem tinha visto. Ele, ele, ele. O meu mundo. O meu anjo sem asas. Vestia um casaco branco que combinava com a cor das calças, e os famosos supra roxos – que eu amo e sou louca – da mesma tonalidade do boné. Como alguém podia ser tão perfeito?

Apesar de não estar próxima o suficiente, eu sabia que ele estava sorrindo, ouvindo todos aqueles gritos que imploravam por ele. Vendo todas as suas fãs se deliciando com ele. E eu sabia que ele também nos amava, porque sem nós, ele não estaria vivendo o seu sonho. Não estaria onde estava. Sem nós, ele seria um mero garoto.

Porém, as Beliebers estão aqui e ele não é, certamente, apenas um garoto como todos os outros. Porque ele dá força para continuarmos lutando, ele nos mostra que se quisermos e acreditarmos, as coisas acontecem. Ele vive por nós e nós vivemos por ele. Um ciclo inquebrável, tal o nosso amor por ele.

As músicas iam passando e eu só aproveitava os momentos, um de cada vez, observando cada gesto, definindo cada sensação, com lágrimas nos olhos e um sorriso bobinho no rosto. Com o meu coração batendo mais forte do que seria aconselhável, com minhas pernas pulando, com minha voz gritando seu nome. Mágico. Tudo aquilo era mágico, enlouquecedor, demasiado gostoso.

Em “Somebody to Love” Justin tirou o boné e fez o famoso hair-flip nos deixando loucas. Em “U Smile” ele fez umas palhaças, interagindo connosco, nos fazendo rir. Era incrível a forma como ele se movia no placo. Como ele parecia tão à vontade connosco. Tão em casa. Em “Runaway Love”, Justin tirou o casaco de uma forma muito, muito sexy. Fazendo gritos ecoarem e um profundo suspiro sair da minha boca. E o melhor é que nós sabíamos as músicas todas do ínicio ao fim, cantando todos refrões, fazendo nossas vozes lindas e maravilhosas se transformarem numa só, que cantava ao mesmo tempo que Biebs, num dueto puro e totalmente único. Amoroso e repleto de melodia.

A música “Stuck in the moment” tinha começado havia poucos segundos. Eu cantava junto, me orgulhando de ter lutado por aquilo, me orgulhando por o meu ídolo estar onde está, tendo em conta todo o seu passado. Estava submersa em sentimentos, era prisioneira da figura deslumbrante que se encontrava no palco, e estava totalmente distante de tudo o que me rodeava. Estava envolvida numa bolha de sabão em que só existia eu, aquela voz magnífica e o garoto do palco, obviamente, o dono da voz.

Então, senti uma mão fria me tocar no pulso direito, exigindo minha atenção, quebrando a bolha em que eu estava presa, fazendo com que meus pés voltassem imediatamente para o chão.

Devagar, me virei em direção à dona da mão fria, cuja temperatura contrastava com a temperatura alta da minha pele. A mulher tinha os cabelos longos, castanhos. As bochechas eram salientes e os olhos pareciam claros. No entanto, era quase impossível dizer a cor certa deles, uma vez que estava escuro no estádio. Era um pouco mais alta que eu e possuía um sorriso meigo no rosto. Eu já a vira em algum lugar, mas não lembrava onde.

O que queria ela comigo? A mulher, com cerca de vinte e muitos anos ou trinta e poucos, fez-me sinal que me aproximasse. Dei dois passos ficando mais perto dela. O que ela queria? Eu a conhecia de onde? O que ela queria me dizer? Porque tinha que ser logo agora?

A mulher, com umas calças jeans e uma camisa cinza com folhinhos bem bonitinha, me falou ao ouvido, palavras que fizeram o meu coração saltar.

–-Você quer ser a Only Less Lonely Girl?

Pisquei os olhos duas vezes, olhando para a mulher que se encontrava no meu campo de visão. Teria ela mesmo perguntado aquilo que eu tinha ouvido? Ou era tudo uma partida de mau gosto da minha mente? O meu coração estava acelerado. O mundo tinha parado enquanto um sorriso de orelha a orelha ganhava vida em meus lábios rosados. Senti minhas pernas tremerem de ansiedade. O meu lábio tremia, ainda sorrindo. Um aperto ansioso se formara no meu estômago, fazendo com que eu ficasse inqueita. Estava feliz e espantada ao mesmo tempo. Aquela mulher tinha mesmo perguntado aquilo a mim? A uma garota que nem devia estar ali? A uma garota que, horas atrás pensava que todo o seu sonho nunca se ia realizar? A uma garota que estivera quase desistindo de tudo aquilo?

Levei a mão à boca, sorrindo. Eu queria gargalhar. Ah, como eu queria poder correr agora e dançar. Como eu queria poder gritar feita louca. Aquilo, aquelas sensações, era irreal de mais para ser realidade. A mulher sorriu mais ainda ao ver minha reação. Tentei decorar sua face, seus traços. Seus cabelos. Seu sorriso. É, anjos não têm asas mesmo. Ela juntou minha mão fria com a sua e sussorrou:

–-Vem comigo.

Eu só sabia sorrir e sentir toda aquela felicidade. Só aquele dia traria luz o bastante para o resto dos dias da minha vida. E quando tudo estivesse mal, quando nada parecesse certo, quando o mundo fosse cinzento e o meu estado de espirito negro, eu me ia lembrar daquele momento, em que seguia a mulher com cabelos castanhos ondulados compridos e os olhos verdes esmeralda. Segui-a sem receio, porque afinal, ela me ia conduzir ao paraíso dos paraísos. Ao sonho que todas as Beliebers gostariam de ter realizado. Á minha vontade mais cara, ao que eu em tempos achava ser impossível. Mas agora, ali, caminhando sobre corredores brancos, aos quais as fãs não tinham acesso, eu tive a plena noção de que as pessoas boas são recompensadas por aquilo que fazem. Pode não ser da maneira como esperam, mas Deus mostra-lhes que são especiais. E eu estava me sentindo super especial naquele momento. Só de imaginar o que se seguiria, minhas pernas ficavam sem força e minha respiração descompassada. O martelar no peito era mais rápido que o vento e os meus olhos brilhavam mais que a luz. Tanto a voz de Justin, como a única voz que era a junção do som emitido por todas as Beliebers que estavam naquele lugar, ainda se ouviam. Meu olhar, se perdia em meus pés, desastrados, prontos para tropeçar em qualquer lugar e a mulher que agarrava minha mão com força, me transmitindo segurança. Eu não sabia quem ela era, mas se trabalhava com o Justin, ou se o Biebs a conhecia, merecia todo o meu respeito e amor. Ela também me encarava, com um grande sorriso. Sorri de volta, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto, fazendo o sorriso dela se abrir ainda mais.

–-Qual o seu nome, querida? – ela perguntou, numa voz melodiosa e fininha, extremamente agradável de ouvir.

Eu abri e fechei a boca várias vezes, tentando emitir algum som. Porém, e não me surpreendendo, minha voz nem tinha escapado das cordas vocais. Ao ver, a mulher riu, me fazendo rir junto. Respirei fundo e fechei os olhos durante menos de um segundo, deixando de ver. Depois, quando os abri e fiz um esforço, a minha voz saiu, meio que tremida.

–-Ca…Carol. – disse finalmente. Nem o meu nome eu conseguia dizer de tão estupefacta e feliz que estava. De tão nas nuvens. Aquele era, sem dúvida o dia mais feliz de toda a minha vida.

Nos continuávamos andando, sobre o azulejo branco. Os corredores eram meio que apertados, e eu nem sabia por onde estávamos indo. Porém aquilo não era nada importante em comparação ao que eu ia ver, sentir, ouvir minutos depois. Nada mesmo.

–-Está nervosa? – ela perguntou, com um olhar atencioso e doce como o mel.

Eu ri. Como poderia não estar? Como poderia não estar nervosa, ansiosa, feliz, vivendo um momento daqueles? Como?!| Sentia minhas mãos tremerem e borboletas brincarem no meu estomago.

–-Claro. – respondi, com um risada nasalada.

Aos poucos a canção ia ficando mais alta eu reconheci que estava cada vez mais perto do palco. A ansiedade e o nervosismo me dominavam. Aquele poderia ser o fim do mundo que eu morreria feliz. Continuávamos andando e a mulher, que continuava sorrindo, me perguntava algumas coisas aleatórias, talvez para me fazer sentir mais relaxada, ou mesmo por curiosidade. Eu respondia a todas elas e a minha admiração por aquela mulher só aumentava. A música ia ficando mais perto e mais perto. Então, paramos em frente a uma escada de metal. Eu observei a escada e olhei de novo para a mulher, que descobri se chamar Pattie. E eu ia jurar que já tinha lido ou ouvido aquele nome em algum lugar, só não lembrava de onde.

Olhei para ela, com os meus olhos brilhantes de desassossego, esperando pela sua reação.

–-Agora, você sobe essa escada e no topo, vai estar um dos dançarinos do Justin e eles vão dizer quando você deve entrar. – ela dizia, enquanto me apontava a escada e olhava para mim, sorrindo.

Eu olhei a escada, observando-a – era grande, tinha cerca de quinze degraus e era de metal cinza, firme - e voltei a olhar para Pattie. E num impulso, a abracei forte, deixando que algumas lágrimas escorressem de meus olhos. Ela também me abraçou, com carinho. Não sabia como aquela mulher me podia ter escolhido no meio de tantas outras Beliebers. Me sentia tão egoísta. Tantas outras o amavam mais que eu e não estavam ali. Tantas outras deveria estar ali, com os nervos à flor da pele, com o coração aos pulos, com o tudo delas a escassos minutos.

–-Obrigada por tudo. – disse num sussurro, sentindo mais lágrimas fazerem cocegas na minha pele.

Ela afagou meus cabelos, rindo, e, num ápice, me lembrei de minha mãe. As mãos dela eram suaves e o carinho dela era muito gostoso. Os meus caracóis, balançavam de um lado para o outro e só de imaginar que, mal subisse as escadas tudo ia acontecer, me apetecia sair dali correndo como uma louca.

–-De nada querida. – ela fez uma pausa - Você merece. – olhou para minha bolsa e pegou nela – Quer que eu a guarde para você?

Sorri, fitando Pattie por cima do ombro, encarando seus olhos redondos, acenando com a cabeça. Ela compreendeu e colocou a minha bolsa roxa com o meu texto e minhas outras coisas no ombro esquerdo dela. Depois olhou novamente para mim, com um sorriso sincero.

–-Agora sobe essa escada e aproveita cada minuto, pode ser?

Eu afirmei com a cabeça e a soltei, limpando algumas lágrimas. Era óbvio que eu ia aproveitar, tudinho, tudinho, tudinho. E ia pensar em todas as Beliebers quando estivesse com ele novamente. Ia fazê-las entrarem naquele momento, ia me lembrar de tudo o que eu passei durante todos esses anos. Ia prestar atenção em cada movimento do Justin, em cada sensação.

Depois, sorri a ela com todos os meus dentes, tentando mostrar o quanto aquilo era importante para mim. Alguns segundos após, pus primeiro pé na escada, subindo-a com todas as forças que tinha. Indo realizar o meu sonho, aquele desejo que o meu coração tinha feito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!