Believe escrita por emeci


Capítulo 4
3 - Não preciso desses rostos lindos como de você




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3º Capítulo

“(…) No, don't need these other pretty faces, like I need you (…)”


–-Nervosa? – Dylan perguntou.


Eu estava na frente da porta preta automática. Da porta que se abriria para o meu sonho. Para o desejo que o meu coração fez desde que me considero Belieber. Suspirei, acenando com a cabeça. Deviam faltar apenas segundos. Apenas segundos para ele me conduzir à cadeira vermelha que estava no centro do palco e apenas alguns segundos para eu ver Justin de perto. Era óbvio que eu estava nervosa. Extremamente nervosa, ansiosa e feliz.


O coração batia forte e quase que abafava os gritos de minhas irmãs do outro lado. Quase que abafava todos os sons do planeta, tanta era a sua força. A força das suas palpitações. No entanto, algo que ele nunca poderia abafar era a voz linda do Justin. Aquela voz que me deixava nas nuvens. Aquela voz que me fazia sair correndo e o abraçar como se minha vida dependesse disso. Respirei fundo, olhando de esguelha para Dylan. O garoto de cabelos pretos e olhos escuros era dançarino do Justin. Fazia parte da TeamBieber. Era super fofo. Usava um boné roxo, e uma camisete e calças brancas para contrastar.

Ele sorriu. Eu e ele tínhamos estado a falar durante cerca de dois minutos.

Ele me contou que o Justin o conheceu através de alguns vídeos que ele tinha posto no youtube, dançando. Eu lhe contei que era Belieber desde 2009. Ele me contou que não tinha irmãos. Eu lhe contei que tinha uma irmã linda de 10 aninhos.

Já sabia o que ia acontecer, ou tinha uma ideia, uma vez que Dylan me explicara. Na hora certa – ele sabia qual era – Dylan me conduziria até ao meio do placo e outros dançarinos se juntariam a nós, onde eu me sentava numa cadeira. Depois – não só pelo que ele me disse, mas por vídeos das outras Only Less Lonely Girls de outros shows, que eu tinha visto enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto, porque, de certa forma, acreditava que tal coisa nunca ia acontecer comigo – Justin aparecia e me faria sentir especial. Não, ele me faria sentir muito mais que isso, e eu sabia. De antecipação, um sorriso surgiu em meus lábios. Mexi nervosamente com as mãos. Tinha esse hábito. Quando estava muito nervosa, minhas mãos não conseguiam parar quietas.

Observei mais uma vez o garoto de olhos escuros. Ele parecia uma cara legal e deve ter notado o quão nervosa eu estava, pois, tentava a todo momento me fazer esquecer o que poderia correr mal.

Porque afinal, eu podia cair bem no meio do palco. E partir a cabeça naquele momento. Ou…


–-Boa sorte. – a voz de Dylan me libertou dos meus “ou’s” desastrosos.


E, quando assimilei as suas palavras meu coração disparou e meus olhos se arregalaram. Estava na hora. Ou quase. Apenas mais alguns segundos. Olhei para Dylan mais uma vez com um olhar nervoso e ele sorriu, como que para me transmitir que tudo ia correr bem. Que o momento ia ser melhor daquilo que eu pensava. Minhas pernas tremeram só de imaginar eu olhando bem fundo daqueles olhos castanhos doces mais uma vez. Tentei respirar fundo e me acalmar, mas não dava. É óbvio que não dava! Tinha esperado uma eternidade por aquele momento. Aquele momento em que seria só eu e ele, no meu mundo encantado retirado dos livros e transformado em realidade.

Calma Carol. Você tem que respirar fundo e com calma ou ainda morre hoje.

Ri sozinha com meus pensamentos. Mas, como você se pode acalmar sabendo que seu ídolo está apenas a uma porta de distância esperando por você? E sabendo que ele te vai fazer sentir especial? E que você vai sentir o toque dele, a respiração dele, ver todo ele bem de pertinho?

Respira, respira. Tenta não desmaiar.

Então a porta preta se abriu, provocando um salto no meu coração. Um calor gostoso percorreu o meu corpo. O mesmo calor que nos percorre quando o garoto de quem você gosta, assume que também gosta de você. O mesmo calor que te percorre quando seu pai te dá um beijo na testa, mostrando o carinho e o orgulho que ele tem por você.

Os gritos fanáticos tinham triplicado de volume. Pareciam muito mais estridentes, muito mais loucos, muito mais desesperados. Muito mais reais.

Elas gritam tanto!

Dylan passou por mim, me dando um pequenino puxão pelo braço, fazendo com que eu desse dois passos em frente. Prendi a respiração por momentos, e um longo sorriso surgia nos meus lábios. Não sabia para onde olhar, o que devia reter a minha atenção por mais tempo. Não sabia se deveriam ser outros quatro dançarinos que se juntavam a nós, ou a quantidade de Beliebers que estavam ali em frente, chorando e gritando. Ao olhar para todo aquele estádio queria que todas elas pudessem sentir tudo o que eu estava sentindo. Tudo o que eu estava vivendo. Todas aquelas sensações incapazes de controlar. Todos aqueles arrepios.

Eu não me conseguia concentrar em uma só sensação, em um só pensamento, em uma só paisagem.

Oh meu Deus! Isso está mesmo acontecendo comigo? Respira, Carol, e aproveita o momento. Aos poucos, me ia aproximando da cadeira vermelha, bem no meio do palco. Do palco rodeado por milhares e milhões de Beliebers que deveriam estar no meu lugar. Porque, certamente, elas o amavam tanto ou mais que eu. Mafalda estava ali no meio de todas aquelas pessoas, cujos corações pertenciam ao mesmo dono. A imaginei com a boca aberta de espanto, se perguntando se aquela garota era mesmo eu. Sorri, como se fosse para ela, o sorriso. Porque, se não fosse ela, eu não estaria aqui. Se não fosse ela, eu nunca ia ter o meu sonho cumprido. Se não fosse ela… Oh, se não fosse ela, eu não me acharia a garota mais feliz do mundo.

Cada passo era difícil. Era difícil respirar, porque o ar sumira, era difícil ver porque os sentimentos me cegaram, era difícil andar porque as pernas tremiam, era difícil pensar porque a razão se evaporara. A cadeira ia ficando cada vez mais perto, enquanto eu tentava absorver tudo aquilo, totalmente maravilhada. Aquela cor vermelha parecia querer atrair todo o meu corpo.

Aonde ele está?

E quando, finalmente me sentei da cadeira, senti meu lábio inferior ser trincado pelos meus próprios dentes, devido ao nervosismo. Tudo estava acontecendo rápido demais e eu não queria isso. Eu queria as coisas devagar. Para sempre. Aquele momento eternizado.

As minhas pernas agradeceram por aquele encosto, mas eu não estava nem ligando. Apenas aquilo interessava. Toda a atmosfera, tudo o que eu via, tudo o que captava, tudo o que eu sentia. As Beliebers, os dançarinos, o amor, a música de fundo, as luzes.

Alguém me cutucou no ombro. Baralhada, ou demasiado feliz para ser real, me virei devagar, encarando um dançarino que me sorria. Ele tinha olhos azuis profundos, que me fizeram lembrar a tranquilidade do mar, que era oposta ao sentimento que me dominava.

E naquele exato momento em que eu me virei em sua direção, eu tive que assimilar duas coisas. O sinal que ele me fazia e uma voz que aparecera, e que me fez perder o chão. A voz que fez os pêlos da minha nuca se eriçar. A voz que fez o “tum-tum” do meu coração ficar mais forte do que eu alguma vez pensei que ficasse. A voz que cantou de uma maneira extraordinariamente suave e doce “There's gonna be one less lonely girl”. E o sinal que o dançarino me fazia, com o dedo indicador, apontando para a minha direita, me pedindo para eu olhar naquela direção. Com o coração nas mãos, a minha cabeça se virou ligeiramente.

E o meu mundo parou.

O coração deixou de bater. Os relógios de todo o mundo congelaram. Deixei de ter chão. Todos os sons voaram para o espaço. As árvores deixaram de balançar. Deixei de ter controle sobre alguma coisa. A Terra parou de girar. Deixei de sentir o meu corpo. Os planetas ficaram no mesmo sítio. Deixei de respirar. A razão deixou de existir. Os problemas fugiram.

As emoções explodiram, como um vulcão em erupção.

O meu mundo parou, quando eu vi Justin bem na minha frente. A meros metros de mim. Sem barreiras, sem obstáculos, sem tempo. Sem complicações. Apenas eu, e a minha razão de viver.

Ele estava lindo. Perfeito. O boné roxo caía desajeitadamente pelo cabelo claro, desalinhado. A camisa branca, da mesma cor que as calças lhe assentava perfeitamente. Certamente, tanto as estrelas como a Lua e Sol se escondiam perante tanta beleza.

E, quando seus olhos cor-de-mel se chocaram com os meus e um sorriso divino lhe escapou pelos lábios rosados, tudo começou a se mover novamente. Será que ele se lembrava de mim?

O meu coração bateu mais forte que nunca, o sangue pulsava rápido em minhas veias, os relógios continuaram batendo. Os sons voltaram, ou eu nunca ouviria de novo aquela voz, cantando de uma forma tão irreal. Carol, ele está olhando para você!


“I can fix up your broken heart (Eu posso consertar seu coração partido)

I can give you a brand new start (Eu posso te dar um novo começo)

I can make you believe” (Eu posso te fazer acreditar)


Alguém que me fizesse acreditar que aquilo estava acontecendo era mesmo o que eu precisava. Saber que aquilo era real e não um sonho. Saber que o tempo passava e que eu não ia acordar, dentro de momentos, no meu quarto. Saber que eu realmente estava a segundos de ter o Justin pertinho de mim, me levando ao paraíso.

Seus lábios se moviam, e seus olhos continuavam focados em mim, com um sorriso encantador de tirar a respiração. Quer dizer, eu estava respirando? Ele ia se aproximando cada vez mais. Com um andar relaxado, mas ao mesmo tempo firme. Acompanhando cada batimento do meu coração.

Ele é tão lindo, tão lindo.

Eu seguia todos os seus passos, todos os seus movimentos. O meu anjo sem asas estava bem na minha frente. As borboletas que estavam no meu estomago deram lugar a pássaros quando ele pegou num buquê de rosas e o trouxe até mim.

Será que ele sabia que as rosas vermelhas eram as minhas flores preferidas? Como ele tinha acertado?

Meus olhos não desgrudavam dele. Minha respiração continuava acelerada. Um sorriso puro e limpo brotava como uma flor na primavera de meus lábios.

Eu nunca me senti assim, não como agora. Tenho meu sonho realizado.

E a voz dele, me encantava a cada palavra, assim como seu gestos, seu olhar, seu sorriso. Me sentia tão vulnerável a ele naquele momento. Todo ele me colocava nas nuvens.

“I just wanna set one girl (Que eu só quero deixar uma garota)

Free to fall (Free to fall) (Livre pra se apaixonar)

She's free to fall (Fall in love) (Ela está livre para cair de amor)

With me” (Por mim)


A cada passo, eu ficava mais perto da loucura, mais perto do topo. Mais apaixonada por ele. Mais caída de amor e carinho. Mais perto do auge dos sentimentos. E, ainda a cantar o último “me” ele cheirou as rosas antes de as colocar no meu colo. Cheirou-as, bem na minha frente, fechando os olhos, como que para sentir o cheiro indiscritível do meu tipo de flores preferidas. Quando os abriu, eles chocaram de novo com os meus, fazendo meu batimento cardíaco ficar mais forte. Eu sei que até se vivesse mil anos do lado dele me continuaria sentindo assim tão apaixonada, tão fora de mim, tão concretizada e orgulhosa. Porque ali, eu mostrava ao mundo que se acreditarmos nos nossos sonhos eles se realizam. Eu esfregava na cara das pessoas cruéis que, em tempos me tinham dito “Você nunca o vai ver!” que, naquela história era eu quem tinha razão.

Senti o peso do buquê requintado sobre minhas pernas. Ele estava tão perto. Tão, tão perto de mim. Ele estava ali, comigo.

Eu nem reparara, que devido ao meu nervosismo, minhas mãos brincavam com um elástico que eu tivera no pulso, antes de elas o tirarem de lá, um pouco próximas de minha barriga.

“My hearts locked (Meu coração está trancado)

And nowhere that I got the key (E em qualquer lugar que eu tenha a chave)

I’ll take her and leave the world (Vou levá-la e deixar o mundo)

With one less lonely girl” (Com uma garota solitária a menos)


Ele continuava cantando de uma forma enlouquecedoramente boa. E então, após pôr as flores no meu colo, junto das minhas mãos ele se aproximou mais, fazendo com que minha respiração se prendesse. Observei com atenção todos o seu semblante perfeito. A forma como seus olhos piscavam, as suas covinhas quando sorria.

Me sentia louca, obcecada por ele.

A perfeição existe, sabia?

E, devagar, ainda com a boca se movendo, cantando, limpou, com o polegar, uma das lágrimas que escorria pela minha face. Um toque. Um toque suave, bem no meio da minha bochecha, me arrepiando por completo. Um toque carinhoso, que me fizera fechar os olhos, e me entregar à escuridão, só para apreciar de uma forma melhor, com um sorriso estúpido no rosto, a sensação da sua pele na minha.

“There's gonna be one less lonely girl (Vai ter uma garota solitária a menos)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

There's gonna be one less lonely girl (Vai ter uma garota solitária a menos)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

One less lonely girl” (Uma garota solitária a menos)


Ao me ver fechar os olhos, e começando a cantar o verso seguinte, Justin rastejou lentamente o polegar pela minha bochecha fora, e de uma forma tentadora, parou o dedo indicador por baixo de meu queixo. Fez pressão, me obrigando a erguer o pescoço ligeiramente para cima, abrindo meus olhos.

O meu coração bateu forte.

Ele estava com aquele sorriso, para mim, muito próximo. Aquele sorriso em que você sente vontade de suspirar e de o agarrar num abraço apertado ali mesmo, beijando as suas bochechas vezes e vezes sem conta. Aquele sorriso, que faz tuas pernas tremerem e você se sentir mole. E, era assim que eu estava naquele momento.

Oh My Bieber!

Olhei fundo nos seus olhos, que olhavam os meus. Eram castanhos-escuros, com pintinhas diversas de cor de mel, tornando-os da cor da mistura dos dois. Eram a junção do chocolate e do mel. Doce e amargo.

Eles brilhavam de uma forma ternurenta e eu senti minhas bochechas queimarem e um sorriso envergonhado sair de meus lábios. Eu era tão idiota. Ficando corada na frente dele? Sério?!

Queria desviar o olhar dele, que me deixava sem graça, mas não conseguia. Queria me esconder. Estava com vergonha. Queria me enfiar num buraco e esperar que a cor das minhas bochechas traquinas voltasse ao normal.

Notei que ele percebeu a cor rosada que minhas bochechas tinham adquirido, porque seu sorriso se abrir ainda mais, quase no fim da estrofe. Como se ele tivesse gostado do que estava vendo. Com carinho, a outra mão – a direita – passou pelo lado direito da minha bochecha numa leva carícia. Um gesto tão simples, mas tão bonito. Tão carinhoso.


“(I’m coming for you)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

(I’m coming for you)

One less lonely girl” (Uma garota solitária a menos)

E, para meu desagrado, ele, foi se afastando, aos poucos. Aumentando a distância entre nós. Fazendo com que um aperto tomasse conta de meu peito. Mas o seu sorriso não desaparecia dos seus lábios. Como se ele realmente estivesse feliz. Será que ele me tinha reconhecido? Ele tirou sua pele quente em contacto com a minha, para minha frustração. Estava tão bom. Tão quente. Tão seguro.

E, devagar, ainda cantando, deu uma volta à cadeira em que eu estava, fazendo meus olhos perderem-se dele e reparar que mais lágrimas lentas e emocionadas, escorriam pela minha face. Não as conseguia controlar. Elas eram a prova de como eu estava me sentindo. Descontrolada, no auge. Mexi, nervosamente, no elástico e olhei em frente. Montes de luzinhas se viam abanando de um lado para o outro. Montes de gritos se ouviam. Montes de olhos estavam postos em mim. Será que eu não posso gritar também? Ia ficar muito esquisito não era? Oh Carol, se toca! Sou idiota mesmo? Mas onde está meu Biebs?


“(I’m coming for you)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

There's gonna be one less lonely girl” (Vai ter uma garota solitária a menos)


E enquanto ele cantava, eu o vi surgir de novo, do meu lado esquerdo. Mais lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Ah, eu o amo tanto!

Ele cantava e me fazia esquecer todas as minhas preocupações. Toda a dor da minha vida. Todo o sofrimento. E, eu sabia, que quando algo corresse mal, eu me ia lembrar daquele momento e a mágoa iria fugir. Ele balançava o braço de um lado para o outro, no ar, pedindo às fãs que cantassem com ele. Os gritos eram tantos. Elas eram tantas. Só se viam máquinas de filmar e pequenas luzes. Tudo aquilo era mágico, magnifico. E eu estava caminhando lentamente sobre as nuvens, absorvendo todos os sorrisos e alegria no mundo.

As minhas mãos continuavam mexendo no pequeno elástico preto. Era um vício e eu não conseguia evitar. O cheiro puro, sedoso e doce das rosas invadia minhas narinas. Era tão bom. Me lembrava a primavera, a liberdade, o amor. Me lembrava dele. Então, ao cantar o último verso, Justin se virou novamente para mim, fazendo os malditos pássaros no meu estomago festejarem. Fazendo mais arrepios me percorrerem a espinha e provocarem o tal calor ótimo em meu corpo. Eu tinha novamente esquecido o mundo. Me tinha esquecido que estávamos no meio de um show. Me tinha esquecido que outras Beliebers estavam chorando porque também queriam aquele lugar. Me tinha esquecido da razão. Ele era tudo para mim. Sempre fora, e, ao dar conta dos meus sentimentos por ele enquanto caminhava com aquele ar descontraído e ligeiramente de bad-boy, eu sabia que ele ia ser sempre tudo para mim. Não importava o que o futuro trouxesse ou tirasse.


“(I’m coming for you)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

There's gonna be one less lonely girl” (Vai ter uma garota solitária a menos)


Ele fazia com que o meu coração voasse para outro sítio. Com que o batimento dele fosse tão rápido que eu pensava que ia morrer ali mesmo. Senti os seus olhos me inspecionarem de uma forma tão forte como se estivesse vendo minha alma. Ao sentir mais lágrimas de emoção escorrerem por aquele caminho que elas tão bem conheciam, uma das minhas mãos largou o elástico e tentou limpá-las. O sorriso dele aumentou e, ainda no princípio do primeiro verso ele estava de novo ao meu lado, bem pertinho de mim. Como eu nunca prensava que ele estaria. O meu ídolo, o garoto que eu amava, estava me dedicando uma música, na frente de outras garotas que também o amavam. No entanto, isso não era importante, apesar de eu querer que todas elas pudessem viver aquele momento, ali, eramos só eu e ele. Ele se aproximou mais, quase encostando a testa à minha. Eu podia sentir sua respiração quente contra a minha cara enquanto nossos olhos se acorrentavam um ao outro. Enquanto eu decifrava os sentimentos que passavam por eles.

Ah, como eu me estava sentindo! Apaixonada. Totalmente apaixonada. Era uma mistura de felicidade, carinho, amor, tudo junto sem espaços ou buracos.

E, devagar, as duas mãos passavam pelas minhas bochechas, limpando o resto das lágrimas, num toque divino me fazendo estremecer. Uma delas, pos uma mexa fugitiva do meu cabelo atrás da minha orelha. Sorri que nem uma boba olhando para ele. Ele parecia divertido.

Céus, alguém me mate agora!

Fechei os olhos novamente. A pele dele na minha. A segurança que aquilo me transmitia, as sensações, tudo demasiado forte para ser descrito.


“If you let me inside your world (Se você me deixar dentro do seu mundo)

There's gonna be one less lonely girl” (Vai ter uma garota solitária a menos)


Eu não precisava que ele entrasse no meu mundo para lhe pertencer. O meu coração já era dele. Por mais que me custasse admitir, não conseguia encontrar em nenhum rapaz o que encontrava nele. Não era apenas por ser famoso ou rico. Não era apenas o cabelo, ou os olhos deslumbrantes. Não era o sorriso enlouquecedor ou a voz divina. Era mais que isso. Muito mais que isso. Era a personalidade. Era o fato de me fazer sentir especial como nunca ninguém antes tinha feito. Era me fazer sentir bem comigo mesma, quando as outras pessoas sempre me julgaram. Era me mostrar que os sonhos realmente se tornavam realidade quando nós queríamos algo com muita força, quando outros sempre me esfregaram na cara e com crueldade que eu nunca chegaria sequer a vê-lo. Era me fazer sentir feliz depois de tantas noites que me cortara, chorando rios e oceanos. Era me fazer sentir eu e estar contente por ser quem sou, quando várias pessoas me xingaram, me maltrataram, me zoaram. Quando eu mesmo pensava que era uma fraca e que não tinha sorte.

E afinal, ele estava ali comigo. Com as suas mãos se movendo delicadamente pelas minhas bochechas e com a sua voz cantando para mim. Com seu corpo inclinado sobre mim. Com os seus olhos em mim.

E, quando eu deixei de sentir aquele calor em contato com a minha face, os meus olhos se abriram, com medo que tudo aquilo fosse um sonho. Com medo que tudo aquilo fosse uma ilusão. Com medo que tudo aquilo não tivesse realmente acontecido.

Contudo, ele continuava lá, e pouco mais de um segundo tinha passado. O coração correndo à velocidade da luz, os arrepios.


“Oh, I saw so many pretty faces (Oh, eu vi tantos rostos bonitos)
Before I saw you, you
(Antes de ver você, você)
Now all I see is you”
(Agora tudo o que eu vejo é você)


“No, don't need these other pretty faces (Oh, não preciso daqueles outros rostos bonitos)
Like I need you
(Como eu preciso de você)
And when you're mine”
(E quando você for minha)


No entanto, o que realmente fez minhas pernas tremerem, assim como meu lábio inferior, foi quando uma das suas mãos se encostou na minha mão direita e esta, automaticamente se fechou em volta do elástico preto. Meus olhos continuavam fitando os seus, e a sua mão esquerda continuava na minha bochecha, fazendo leves carícias, pequenos carinhos com o polegar, rodeando toda a zona que estava ligeiramente avermelhada. A sua mão cobriu a minha e eu senti todo o seu calor. Sabia que se estivesse de pé, teria caído, pois a força das minhas pernas tinha-las abandonado, deixando-as totalmente sem força, murchas, dormentes.

Então, ele simplesmente a girou e passou os seus dedos, sobre os meus que estavam fortemente fechados, me fazendo puxar o ar com força. Não sabia o que ele queria com aquele gesto. Não sabia o que ele pretendia, mas não tinha a mínima vontade de descobrir. Estava vivendo e aproveitando o momento, com todo o meu coração e espírito. Os olhos dele pareciam implorar-me por algo, mas eu não sabia o quê. Continuava com a respiração presa, fitando bem de perto o seu rosto e prestando atenção em todos os mínimos detalhes. Porém, seus dedos deslizaram pelas laterais do meu pulso – e o batimento deste aumentou drasticamente – e, num movimento rápido, me fez cócegas. Eu trinquei o lábio com força para não gargalhar ali, e ele sorriu, quase acabando a estrofe. Com aquele ato inesperado, a minha mão se abriu e ele retirou o elástico, pois eu deixei de o sentir em contacto com a minha pele. Os meus olhos deveriam transmitir dúvida, uma vez que não sabia o que ele tinha feito ao objeto que há segundos se encontrava nas minhas mãos, no entanto isso deixou de importar, quando a mão dele, passou pela minha fazendo um carinho suave.


“There's gonna be one less lonely girl (Vai ter uma garota solitária a menos)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

One less lonely girl(Uma garota solitária a menos)

There's gonna be one less lonely girl (Vai ter uma garota solitária a menos)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

One less lonely girl” (Uma garota solitária a menos)


Ele começou a cantar a próxima estrofe e eu estava quase no paraíso. Me sentia leve como uma pena. A mão que estava na minha bochecha continuava por lá, com os carinhos doces e sinceros que me faziam ficar envergonhada. Ele era tão perfeito. Eu sabia que já tinha pensado no quanto ele era lindo e tudo isso, mas não me casava de repetir para mim mesma.

Para minha tristeza, a mão que me retirara o elástico, fugiu da proximidade com a minha, deixando um leve formigueiro para trás. E, diante dos meus olhos eu vi, essa mesma mão se dirigir ao seu boné roxo. Tocar no boné. Retirá-lo da sua cabeça. E antes que pudesse vê-lo fazendo mais alguma coisa eu reparei no meu elástico preto. O meu elástico estava no pulso dele. Ele me tinha tirado o meu elástico! Não sabia porquê. As perguntas ficariam para quando aquilo acabasse. Poderia durar para sempre que eu não me importaria. Poderia durar uma vida inteira que eu não me queixaria. Aquele momento, se fosse eu quem controlasse o tempo, duraria para sempre, sempre e sempre. Como se tudo não passasse de um filme e eu tivesse clicado no botão do “pausa”. Como se tudo não fosse um livro e eu o tivesse deixado de ler naquela página, naquele parágrafo. Como se tudo não fosse uma peça de teatro e eu a tivesse interrompido naquela cena. Algo sem fim. Como o meu amor por ele.

Ok, agora você tenta respirar fundo e acredita que aquele elástico não é o seu. É… e agora se lembra como se respira.

Justin tirou o boné da minha cor preferida de sua cabeça e antes que eu pudesse raciocinar ele fez o famoso hair-flip. Minhas mãos agarraram as minhas calças com força, desesperadas e eu trinquei o lábio. Então, ele fazia o hair-flip que eu amo bem na minha frente e não quer que eu morra. ‘Tá de sacanagem…

E, quando eu senti um peso sobre minha cabeça, eu parei de pensar. Aquilo não era o que eu pensava que era, certo? Eu não tinha na minha cabeça o boné dele tinha?

Ouvi gritos desesperados e animados num lugar longínquo.

O coração bateu forte e eu olhei para ele, duvidosa. Ele apenas encolheu os ombros cantando, com um sorriso travesso no rosto. Queria abrir a boca para dizer alguma coisa, queria fazer alguma coisa, mas não dava, não naquele momento em que tudo estava fora do controle.

Não depois de ter percebido que Justin me tinha dado o seu boné. A mim.


“(I’m coming for you) (Estou voltando para você)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

(I’m coming for you) (Estou voltando para você)

One less lonely girl” (Uma garota solitária a menos)

Ele cantou a estrofe seguinte e eu reconheci que a música estava chegando ao fim. Reconheci que aquele que seria, sem dúvida o momento mais feliz da minha vida estava acabando. Reconheci que aquela sensação não ia durar para sempre. O meu coração se apertou e minha vista ficou embaçada. Pisquei os olhos com força. Não podia perder um segundo daquele momento. Não podia… Não podia… Queria que ele ficasse para sempre comigo. E porque é que eu tinha que ser tão egoísta? Mais lágrimas escorreram pela minha face e ele tentou limpá-las, se aproximando mais de mim, e passando aquela mão macia sobre minha pele.

A minha mão direita foi num rápido movimento de encontro ao boné roxo. Toquei na peça de vestuário sobre a minha cabeça e a agarrei com força, para ter certeza que era real. Que era minha. Olhei mais uma vez para ele. E então percebi. Nós tínhamos feito uma troca. Ele tinha ficado com meu elástico e eu com seu boné. O que, não era uma troca justa uma vez que o boné era do meu ídolo e eu o ia guardar com todo o amor e carinho e ele tinha ficado com um elástico de uma mera fã. Porém, eu estava me cagando se era justa ou não. Só queria saber porquê.


“(I’m coming for you) (Estou voltando para você)

One less lonely girl (Uma garota solitária a menos)

(I’m coming for you) (Estou voltando para você)

One less lonely girl” (Uma garota solitária a menos)


A música estava mesmo chegando ao finalzinho e eu não queria. Não queria nada. Ficava triste só de pensar que apenas restava alguns segundos na companhia dele, onde ele me faria sentir como nunca antes ninguém tinha feito. Mais tinha sido mais do que aquilo que alguma vez pedira. Mais ali… agora ali… aquilo que me restava, parecia tão pouco e pequenino. Tão quebrável e frágil. Simples segundos. Simples meros segundos e ele seria arrancado de mim para sempre.

Obriguei a tristeza que me invadia fugir para longe e ir viver para um outro planeta. Eu estava com meu ídolo e mesmo que pouco faltasse para os fins dos finzinhos eu não me ia deixar abalar. Não depois do toque dele nas minhas bochechas e minha mão. Não depois dos carinhos deliciosos que ele me tinha feito. Não depois dos olhares que tínhamos trocado. Não depois de eu me ter sentido viva, aceite, verdadeiramente feliz. Não depois de toda aquela música que eu passaria a chamar de “nossa música”. Não depois de meu coração ter provado, mais uma vez, que pertencia ao Justin.

Não depois de tudo aquilo que para mim tinha significado muito. O bastante para, se me dessem a escolher entre aquele momento e o oxigénio eu escolheria aquele momento, tendo plena noção de que morreriam vivendo-o.

Porque eu poderia morrer ali que ficaria extremamente feliz. Então a tristeza que fosse tomar no cú e que me deixasse aproveitar tudo aquilo que os meros segundos que faltavam para o fim, me pudessem proporcionar.

Nem que para os aproveitar eu tivesse que jogar o buquê no chão, chutar a cadeira vermelha e me agarrar no pescoço do Justin [Táh linda, obrigada pela frase *-*]. Não que eu o fosse fazer, claro.

Olhei para Justin que continuava com as duas mãos na minha cara, obrigando a encará-lo. Ele também sabia que estava acabando e seus olhos me perfuravam de uma maneira indiscritível. Pareciam…tristes?

O castanho chocolate e a cor de mel se fundiam. E eu ficava hipnotizada só com seu olhar. O cabelo tinha fios mais claros que outros devido à luz que batia na gente - Na gente. Em nós. – e tapava um pouco das sobrancelhas escuras. [é meio que estranho falar nas sobrancelhas não é mesmo? Kkk] O nariz era tão perfeito. As bochechas dele davam vontade de passar a mão que nem ele estava fazendo comigo. Os dedos dele iam e vinham, fazendo círculos de uma forma suave e quente. E a boca dele… A boca dele era rosada e os lábios carnudos que se abriam num sorriso encantador. E só ao olhar a boca dele naquele momento, fixamente, é que eu percebi que o queria beijar. Não podia, mas queria. Muito, muito, muito.

O meu coração galopou com este último pensamento. Ele estava quase acabando a penúltima estrofe. Quase, quase, quase.

E estava cada vez mais perto. O calor tinha voltado, assim como a festa dos pássaros lá em baixo, no meu estomago, embrulhando-o. Minhas mãos continuavam agarrando firmemente minhas calças. Meus olhos continuavam prisioneiros dos dele. Ele continuava cantando, com aquela voz maravilhosa, divinal, digna dos anjos.

E, quando o polegar da mão direita desceu toda a extensão da minha cara, passou suavemente pela linha do meu maxilar, e continuou descendo até ao meu pescoço, eu tive mesmo que fechar os olhos. Aquele carinho era tão gostoso. Eu não queria saber de mais nada. Eu não precisava de mais nada. Só do carinho dele. Da pele quente dele na minha. E a mão dele não parou. Continuou com aquela carícia tão doce, como se ele tivesse medo de me partir, caminhando sobre a estrutura de meu pescoço. Eu continuava entregue a ele e à escuridão. Esquecendo por completo que estavam pessoas nos filmando, esquecendo até que estavam lá pessoas.

A mão parou na curva do meu pescoço, ficando por lá e eu abri os olhos.

Meu coração disparou ele estava cada vez mais perto. Continuava cantando e estava prestes a terminar aquela estrofe. Ele sorriu quando viu os meus olhos abertos e continuou os fitando. Tinha sido um pedido mudo para eu os abrir. Então, a carícia dele continuou, passando para meu ombro, que estava metade descoberto. Droga, apenas aquilo era tão bom!

Mas dessa vez eu não fechei os olhos. Pelo contrário, os mantive bem abertos, presos a ele. Ele sorriu bastante quando viu eu ficar sem respirar. Um sorriso engraçado, como que sabendo que era ele que estava provocando aquelas sensações em mim.

Ao chegar ao começo da t-shirt, a mão dele começou a fazer o caminho de volta, bem devagar. Bem gostoso.

E eu estava me deliciando com aquilo.

Não largava aquele mar castanho por nada. Os olhos dele brilhavam enquanto suas mãos estavam em contacto com a minha pele. Uma navegando pelo pescoço, e outra correndo pela minha bochecha esquerda.

E então quando ouve uma pausa na música, a mão que estava agora na curva do meu pescoço, parou por ali, passando o polegar por ali várias vezes, me arrepiando. Me fazendo querer mais. E a outra mão, também parou. Então, olhando bem no fundo dos meus olhos, ele cantou:

“If you let me inside your world (Se você me deixar dentro do seu mundo)

There's gonna be one less lonely girl” (Vai ter uma garota solitária a menos)


Ele foi-se aproximando até nossas testas se tocarem. Até eu sentir seus olhos bem perto dos meus. Sua respiração quente na minha cara. Meu coração pular tanto que ele poderia ouvir. Nossos narizes se roçaram. E tudo o que eu queria ali era beijá-lo.

Não cabia em mim.

Tão próximos que me fazia mal pensar na facilidade com que eu conseguia quebrar toda aquela distância. Todo aquele espaço desnecessário.

As mãos dele se encontravam as duas em cada das minhas bochechas, impedindo que eu fugisse, com toques doces que me arrepiavam os cabelos da nuca.

Ele cantou a última parte e ficou olhando para mim. A sua voz ecoava uma e outra vez nos meus ouvidos. Eu queria tanto que aquelas palavras fossem verdade. Que, se eu o deixasse descobrir mais acerca de mim, se eu o deixasse vasculhar o meu mundo, haveria uma garota solitária a menos.

Sendo eu, essa garota sortuda pra caramba.

Eu queria tanto tocar-lhe naquele momento. Só para o fazer sentir um bocadinho daquilo que eu estava sentindo. Todo aquele calor, os arrepios na espinha, o coração descontrolado. Mas não podia. Nem agora, nem nunca.

Porque ele era um garoto famoso e eu era apenas uma fã.

Uma fã com o seu sonho totalmente concretizado. Uma fã orgulhosa de si mesma e agradecida ao seu ídolo por aqueles minutos que para ela representaram uma vida inteira. Uma fã extremamente feliz.

Uma fã que queria puder manter aquele momento para sempre.

Ele e eu.

Apenas eu e ele.

Naquele olhar, naquela posição, nos encarando, com aquela mínima distância entre nossos rostos, que apenas um beijo delicado e rápido conseguiria quebrar.

Eternamente…


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