Antagônicos escrita por StrawK


Capítulo 5
Rosnados e Assobios


Notas iniciais do capítulo

Não está betado. =x
Espero que gostem!



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Minha cabeça doía. Recebi um curativo na testa, mas precisava mesmo de um analgésico.


Estava encostado na parede fria, com os olhos fechados, tentando convencer a mim mesmo de que tudo não passava de um pesadelo. Eu queria bater muito em alguém.


Outro homem dividia a cela comigo e lançava-me olhares estranhos. Suas roupas estavam imundas e era possível identificar tatuagens sob a camiseta puída. Um odor podre impregnava aquele cubículo imundo. Percebi que me analisava atentamente.


— O que foi que você fez, meu anjo? — Perguntou, rindo sozinho.


Eu era uma pessoa ponderada e ajuizada; seria idiotice dar atenção a um detento estúpido. Continuei encarando a parede à minha frente.

— O que foi, almofadinha? Roubou as moedinhas da tesouraria dos escoteiros?


Ponderado. Ajuizado. Não havia motivos para responder a um detento estúpido.


— A bichinha não tem língua? — Continuou, provocando.


Estava irritado, mas não teria chances contra aquele homenzarrão, mesmo sendo um ótimo esgrimista. O que não valeria de nada, pois acho que não me conseguiriam uma espada, se eu pedisse. Mas como eu era uma pessoa ajuizada, eu-


— Eu fiz uma pergunta, senhor “mamãe-ainda-limpa-meu-popô”.

Eu era mesmo ponderado e juizado, mas ele falou da minha mãe.


— Lave essa boca com sabão antes de falar da minha mãe, seu fedido — respondi com calma e simulando tédio.


Eu sabia que ia dar merda. Já estava me preparando para a dor do impacto que o punho que vinha em minha direção provocaria, quando uma voz deteve o brutamontes.


— Kankurou? — Foi a maluca da bicicleta que havia chegado, acompanhada de um policial.


— Garota Dinossauro? O que faz aqui? — Há essa altura, o tal do Kankurou já havia esquecido de mim e se aproximava das grades.


Que ótimo, além de maluca, ainda era amiga de presidiários. Me perguntei por que raios ele a chamou de Garota Dinossauro. Hn.


— Você está fedendo — ela observou, franzindo o cenho.


Bom, tal Garota Dinossauro devia atenção a mim, e não a ele. Ela apareceu para desfazer o mau entendido, afinal, e ficar de papo com esse Kankurou não resolveria em nada minha tragédia particular, que só piorava a cada minuto de atraso do desgraçado do Neji que provavelmente não viria.


— Eu sei, é uma longa história — o fedido explicou. — Caí no esgoto, perdi meus documentos e me trouxeram pra cá acusado de desordem pública ao assustar uma criancinha que achou que eu fosse o monstro do esgoto.


Está explicado.


Ah, sim. A garota começou a rir da história esdrúxula.


— Ah, desculpa, Kanky! Mas nem eu conseguiria essa façanha! ­— Ela enxugou a umidade dos olhos, devido ao riso. — E não se atreva a dizer que eu conseguiria pior!


E os dois ficaram lá, rindo como bons retardados que eram. Nunca passei por uma situação tão bizarra em minha vida.


Logo em seguida um outro policial chegou acompanhado de uma loira com uma terrível expressão na face. Ela chegou pisando duro e apontou o indicador na direção de meu companheiro de cela:


— A sua sorte é que não foi o Gaara que recebeu o recado! Eu deixei de curtir a minha ressaca de domingo para vir pagar a sua fiança, seu palerma!

— Depois, virou o rosto para a Garota Dinossauro. — E você, estava envolvida nisso, Sakura?


— Juro que dessa vez não.


Eu assistia tudo de um terceiro plano. Ao que me parecia, todas as pessoas loucas se conheciam.


Esperei pacientemente a cena se desenrolar. A loira, que deduzi ser irmã de Kankurou, o arrastou para fora da delegacia, resmungando algo sobre voltar a dormir, então, finalmente aquela coisa... Rosa se voltou para mim.


Percebi que ela parecia ter um pouco de medo. Compreensível. Afinal, eu queria mesmo enforcá-la.


Reparei nos fios de cabelo dela que se soltaram do rabo de cavalo e senti vontade de mandá-la arrumá-los. Assim como ajeitar os botões da camisa e ajeitar a mochila no ombro. Quem sabe assim, ficaria um pouco mais apresentável; mas sujeite-me apenas a perguntar:


— Acabou o circo?


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Hum... É melhor eu me manter um pouco afastada das grades; de repente ele ainda está nervoso e resolve me enforcar. Acho que ele não gostou muito de esperar enquanto eu assistia a Temari dar um sermão no Kankurou. Ela consegue ser uma bêbada chata mesmo quando não está mais bêbada.


Então nada mais do que normal eu me sentir desconfortável quando o Sr. Uchiha me lançou um olhar mais frio que o meu apartamento nos dias de inverno, - já que o aquecedor não funcionava - certamente me desprezando até o último fio de cabelo.


— Acabou o circo? — Ele tinha uma voz meio sexy, que não combinava em nada com seu comportamento austero.

Decidi não me abalar. Seria eu mesma e pediria desculpas. Era perita no assunto, afinal.

— Bom dia, Senhor Uchiha! — Dei meu melhor sorriso. — Não sei se você sabe, mas sou Haruno Sakura, a garota da bicicleta! Eu vim para-


— Não me interessa quem você é, só quero que preste a porcaria do seu depoimento e diga que você me atropelou com aquela bicicleta maldita — aproximou-se da grade para me encarar mais de perto e eu recuei um passo.


Ele estava rosnando. Sério, rosnando como um cão raivoso. Era até engraçado.


É, tá legal. Quem aquele cara pensava que era para falar daquele jeito comigo? Eu vim com a melhor das intenções, toda doce e gentil — como minha tia Tsunade, que se projetava em mim, desejava — e ele agia assim? Almofadinha arrogante.


Então eu andei até a grade da cela para que ficasse tão próxima a ponto de sentir-lhe a respiração descompassada. Falei entre os dentes apenas para ele ouvir:


— O senhor não foi nem um pouco educado. Acho que é porque não se importa de passar uma noite aqui, não é mesmo?


— Não se atreveria a mentir para as autoridades só por causa de uma resposta pouco educada — ele não alterou a expressão e respondeu no mesmo tom. — A culpa foi exclusivamente sua.


— Hum... Não sei. Posso agora mesmo gritar que você está me ameaçando. O delegado está esperando apenas uma mínima confirmação de minha parte.


Claro que não faria isso, mas decidi brincar um pouco com aquele cara mal educado.

O Uchiha suspirou pesadamente, passou a mão pelos cabelos negros e levantou uma sobrancelha como se tivesse acabado de descobrir algo importante.


— Quanto quer, pequena golpista? Já que ridiculamente todas as provas estão contra mim, quanto deseja para não inventar histórias e me tirar logo daqui?


Arregalei os olhos e abri a boca. Assim, mesmo. Bem descaradamente. Ele acha que eu quero chantageá -lo! Estava me tomando por golpista!


Que engraçado. Eu até poderia socá-lo se as grades não estivessem no meio.


Suspirei.


— Não quero o seu dinheiro. Vamos dizer que apenas me devendo uma.


— Você me atropela, por sua causa sou preso e eu ainda fico... Te devendo uma? — Bem legal mesmo. Ele estava perplexo e eu queria rir.


— Nada mais justo, pois por minha causa, você não levou uma surra básica do meu amiguinho Kankurou. E também, claro, porque sou legal o suficiente para depor a seu favor. Então, quem sabe, um dia, quando eu precisar, você também possa me fazer algum favor. Mas por enquanto, pode só me pagar um café-da-manhã. Ainda não tomei o meu, hoje.

— Ficar devendo uma para você não parece mentalmente saudável, além de não possuir lógica alguma — ele estava bem sério, talvez pensado em noventa e sete maneiras de me matar. Bacana.


­— Prometa e eu sumo da sua vida.


Eu estava fazendo isso só para sacaneá-lo, obviamente, mas vai que um dia eu preciso de um favor, mesmo? É bom manter contatos. Até hoje ganho purê extra no refeitório da Universidade por que fiz amizade com a copeira.


Bom, a parte do café era verdade. Eu estava faminta.


Então o delegado apareceu, para saber o motivo da minha demora e comunicou ao senhor Uchiha que ele ia livrar-se solto, para que respondesse ao processo em liberdade, e em breve teríamos uma audiência com o juiz responsável.


Ele não pareceu muito feliz, e quando eu achei que sairia correndo pela porta da delegacia dando vivas de liberdade, virou-se para mim e falou, apático:


— Vamos tomar café.


O acompanhei assobiando como um passarinho, para disfarçar o barulho do ronco do meu estômago.

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CONTINUA...

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Notas finais do capítulo

Yo! Esse demorou um pouquinho mais para sair, mas aí está!
Esse é o capítulo que mais sofreu alterações até agora, então foi um pouco mais difícil deixá-lo menos tosco.
Relevem, plz.
Não poderei responder individualmente, por causa do tempo escasso, mas OBRIGADÍSSIMA pelas reviews!
Próximo capítulo, a famosa cena da cafeteria.
Enfim, digam se gostaram!
Besitows,
StrawK!