Rachael POV

Eu não sabia como reagir àquilo. Nunca vira Aly fazer isso. Nunca imaginaria que Aly pensava desse jeito. Nunca me ocorreu que minhas amigas estariam pensando que eu estava escondendo algo delas. Eu preciso consertar isso, aliás, fui eu que causei tudo... Preciso ir falar com elas.

O jeito é ir pedir desculpas. Mas... Mesmo que eu fosse falar com elas, elas iriam pedir uma explicação. E eu não tinha como falar:

“Sabe o aluno novo? O Ethan? Então, ele causa sensações estranhas em mim.”

Simplesmente não dava para eu ir lá e dizer isso a elas e pedir pra ela me levarem a sério. A Kayla com certeza iria rir.

Respirei fundo. O que eu digo a elas? Melhor ir pra casa pensar e cabular o resto das aulas. Acho que a Aly até tem razão de estar um pouco brava comigo. Afinal, eu nunca fora daquele jeito mesmo.

Já havia cabulado muitas vezes, mas nunca tinha voltado pra casa. Como era silencioso o condomínio de manhã. Assim que entrei em casa dei de cara com as empregadas dos meus pais.

– Rachael! Voltou cedo hoje. – A primeira disse

– Aconteceu alguma coisa na escola? – Uma segunda se intrometeu

– O professor te dispensou? Está com febre? – A primeira falou novamente

De relance vi uma terceira, na cozinha, pegando já um termômetro.

– Olha aqui, já chega! Não falem comigo a não ser que eu fale com vocês, já não disse isso? Mas que merda!

As duas primeiras assentiram e se retiraram. A terceira fingiu que não tinha feito nada e guardou o termômetro. É verdade que não gostava de ser toda mimadinha por elas e odiava quando elas vinham falar comigo desse jeito. Mas eu exagerava muito. Mandei elas não falarem comigo quando eu chegasse de casa. Até pedi para elas que não fizessem meu almoço e janta, mas elas, é claro, faziam.

Automaticamente subi para o meu quarto, que, por sua vez, estava totalmente arrumado. Minha vontade era abrir o closet e jogar tudo pro ar.

Controle-se Rachael.

Qual era o meu problema? É verdade que eu estava estranha esses dias, mas eu também não sabia o motivo. Hoje principalmente, aquele aluno novo. Ethan... Ethan Steckel. Ele era estranho.

A esse ponto a Aly já deve ter contado pra Kayla o que aconteceu. Por que aconteceu. Ai, como eu queria sumir agora.

– Vou dar uma volta por aí e já volto! – Gritei, esperando que uma das empregadas ouvisse.

Minha mente estava cansada, eu precisava disso. E nem vou sair do condomínio. Aliás, vou aproveitar que esse horário é mais parado e ir para o parque que tem aqui.

Tinha uma fonte lá, o barulho da água sempre ajudar a me acalmar. Talvez me ajude a arrumar os pensamentos. Sentei em um banco que havia em volta da fonte. Fiquei feliz pelo fato de não haver mais ninguém no parque.

Pelo jeito que a Aly falou, parecia que era algo que havia começado recentemente, mas que a causa não podia ser o Ethan. Ela jamais ficaria brava por uma coisa dessas se isso acontecesse em um dia apenas.

Pensando bem elas também estavam entranhas. Alguns olhares que elas trocavam como se tentassem esconder alguma coisa de mim não eram normais.

Acho até que já estava me sentindo melhor. Talvez fosse mesmo coisa da cabeça delas. Ou então fosse apenas alguma coisa passageira.

No momento que eu decidi levantar e sair dali, duas pessoas entraram no parque. Um homem e uma criança. A criança aparentava ter uns doze anos. Uma menina, na verdade. Se não fosse o fato da criança estar com uma expressão séria no rosto, eu podia jurar que eram pai e filha passeando. Mas não era o que parecia. Até o “pai” parecia sério demais.

O mais estranho era que aquelas duas pessoas me causavam quase a mesma sensação que o Ethan me causava. Era parecido. Parecido demais. Só que era um pouco mais fraco.

E aquela menina. Era como se eu já houvesse sentido a presença dela. Como se aquela sensação que vinha dela já era conhecida.

E quando me viram, se espantaram. Isso era visível no olhar deles. Logo tentaram disfarçar e se sentaram em algum outro lugar do parque que não pude ver. Mas estranhamente podia sentir.

Me apressei em sair de lá.

Normal POV

– Aquela era Rachael, não era? – Perguntou o homem dos cabelos castanhos.

– Era sim. – Respondeu a menina sentada ao seu lado.