Para todos que andavam pela rua ela parecia só mais uma menina rebelde, que gostava de usar roupas pretas e tinha um incomum cabelo rosa, mas se você chegasse mais perto descobriria que por trás daquela fachada de menina rebelde Quinn Fabray estava simplesmente quebrada.

Ela olhava para uma página em branco e fumava seu quinto cigarro tentando pensar em uma palavra para adicionar a seu poema. Milhões de ideias vinham a sua cabeça, mas por algum motivo ela não conseguia se concentrar.

Há algumas horas havia chegado da escola, porém assim que entrara em seu quarto Quinn percebera que havia um pacote em sua cama, sua mãe entrou no local e avisara que aquela era a linda roupa que ela comprara para Quinn usar no encontro da igreja mais tarde. Aterrorizada com a ideia de passar mais de cinco minutos perto de sua mãe e as amigas da igreja a menina pulara a janela e fugira até o parque perto de sua casa, onde ela se encontrava no momento.

Procurando inspiração, ela folheou as páginas do pequeno e desgastado caderninho preto que levava consigo em todos os lugares, logo nas primeiras páginas havia a letra da música “Beth” do Kiss. Assim que leu os primeiros versos não pode evitar a onda de melancolia e dor que sentiu, ela enxugou uma única lágrima que escorria de seu rosto com a mão, se sentindo ridícula e fraca por chorar em público.

Mesmo tentando, Quinn não conseguiu evitar e começou a imaginar quantos anos Beth teria, como seria sua vida, mas logo desviou seus pensamentos de tudo isso, ela sabia que nada de bom poderia vir em ficar imaginando coisas. Então, como era de costume, direcionou todos os sentimentos para seu poema e tentou ignorar a dor que sentia enquanto escrevia os últimos versos.

A loira terminou seu trabalho se sentindo orgulhosa, escrever era a única coisa que deixava a dor um pouco mais suportável, era o jeito que ela encontrava para tentar lidar com tudo que acontecera. Quinn percebeu que já eram quase sete horas da noite e ela deveria estar a caminho de um encontro da igreja com sua mãe no momento, o que a fez esperar um pouco mais para voltar pra casa.

Juddy estava tentando consertar tudo desde que eles chegaram a Ohio, o que só irritava Quinn mais ainda, ela odiava essa mania que sua mãe tinha de não lidar com os problemas, ela tentava consertar tudo fingindo que nada acontecera o que deixava a loira mais irritada ainda.

Ela pegou mais um cigarro do maço que estava em sua bolsa, porém enquanto procurava por seu isqueiro Quinn se surpreendeu por ver uma mão segurando um em sua frente.

-Obrigada. – Ela disse para a menina enquanto usava a chama do isqueiro.

Quinn olhou para ela, era uma menina loira que usava um uniforme de animadora de torcida, parecido com o da namorada de Rachel. Ela se lembrava de ter visto aquela menina em algum lugar, talvez o Glee Club, mas não tinha certeza, Quinn não prestava muita atenção em coisas que não a interessavam.

-Sem problemas, eu não fumo, mas o meu gato sim então eu sempre trago um isqueiro comigo. – A menina falou como se fosse a coisa mais normal do mundo. – Você é aquela menina nova que cantou hoje no Glee não foi?

-Aham. – Quinn murmurou sem prestar atenção no que a loira falava, sua atenção estava voltada para as coxas dela, que ficavam a mostra por causa da pequena saia de animadora de torcida.

-Meu nome é Brittany. – Ela falou, ainda usando aquele tom animado, que começou a deixar Quinn irritada.

Quinn não respondeu nada. Depois de alguns minutos de silêncio constrangedor em que a loira observou a outra tragar seu cigarro, ela comentou:

-Ah eu também sou lésbica! – Ela disse de um jeito engraçado, como se de algum modo aquilo se tornasse uma conexão entre elas. –Eu já fiquei com algumas meninas como a Santana e outras Cheerios...

Quinn parou de fumar seu cigarro no momento que ouviu o nome da latina, a loira continuava tagarelando sobre algo, mas ela parara de prestar atenção depois de ouvir aquela informação.

-Aquela que namora a Rachel Berry? – Ela perguntou, mostrando pela primeira vez interesse em algo que a outra dissera.

-Sim, a Sant! Ela também é parte das Cheerios! É claro que quando nós ficamos ela ainda não tinha namorada...

Em sua mente Quinn começara a bolar jeitos de conseguir o que queria, e ela sabia de quem iria precisar. Ela deu um sorriso de satisfação e virou para a loira, a olhando pela primeira vez nos olhos. Quinn Fabray conseguia ser muito manipuladora quando queria algo, talvez aquela menininha burra não servisse apenas para desfilar por aí com saias curtas, talvez ela pudesse ser uma grande aliada. Quinn pensou enquanto apagava seu último cigarro.