Premonição: Vestida Para Matar escrita por Glauber Oliveira


Capítulo 5
Necrotério




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Depois dos pedidos de policias para que se afastassem dali, Sarah e Richard voltaram para o carro e foram embora.


Os dois ficaram quietos o caminho todo. Sarah encostou a cabeça no vidro embaçado da janela do carro, enquanto via a chuva cair. Ela esperava chegar o mais rápido possível, para descobrir algum jeito de parar aquelas mortes.


Já era á noite, quando Sarah e Richard chegaram ao necrotério. Ao saírem do carro, fecharam as portas e acenderam suas lanternas para iluminar o caminho. Naquele lugar havia muitas árvores, mas os dois não conseguiam enxergá-las, pois uma densa neblina tomava conta do local. Por isso, eles andavam lentamente pela grama úmida, com passos cuidadosos, até se aproximarem de uma espécie de porão. Richard que estava á frente de Sarah, girou lentamente a maçaneta da porta e percebeu que não estava trancada.


– Por que não trancaram a porta? – Richard perguntou.

– Porque ele está nos esperando. – Ela disse, entrando primeiro.

– Quem está nos esperando? – Richard perguntou, sem ter uma resposta de Sarah.


Dentro do necrotério estava escuro e quente - devia ser por causa do forno crematório que esquentava aquele porão - Havia vários cadáveres em cima de mesas de metal, cobertos com lençóis brancos.


– Acho que não tem ninguém aqui. – Richard supôs.

– Espere. – Sarah disse, enquanto checava o local com sua lanterna – Oh, me Deus!

– O que foi? – Ele perguntou.

– O corpo de Josh. Olhe! – Sarah disse, jogando a luz em cima do defunto.

– Por que o cadáver dele está aqui?- Richard perguntou, falando baixo.

– Acho que todos que morrem de um jeito estranho vem pra cá. - Sarah deduziu - Quando meu irmão morreu, também trouxeram o corpo dele pra este lugar.


De repente a luz foi ligada e um homem alto, negro e com uma voz grave, apareceu no canto da sala.


– Olá Sarah! - disse o homem - Vejo que você cresceu!

– Sarah, como ele sabe o seu nome? – Richard perguntou.

– Ele foi o legista do cadáver do meu irmão. Eu o conheci no enterro – Sarah respondeu - Não o vejo desde quando eu era criança.

– Bem vindos. Sou William Bludworth: legista e agente funerário desse necrotério. - disse á Richard e Sarah - E me parece que vocês não invadiram esse lugar para me fazer uma visita.

– Não. – Sarah disse á Bludworth - Estamos aqui porque nós e outras pessoas escapamos de um acidente, e duas delas estão mortas.

– Então vocês enganaram a morte?! - Bludworth perguntou.

– Como assim? – Ela perguntou, se aproximando.

– A morte é uma presença maligna que decide até quando você vive. Desde o momento em que vocês escaparam do acidente, o plano dela foi destruído. O destino de vocês era morrer naquele prédio. Mas agora de um jeito ou de outro a morte vai voltar para buscar todos aqueles que a enganaram. – Bludworth explicou.

– Mas, se a morte está atrás de nós, não há como escapar?- Richard perguntou.

– Talvez... - respondeu Bludworth - Há alguns anos um grupo pessoas escapou de um acidente porque uma delas teve uma premonição. Mas a morte não deixou barato, e começou a eliminá-los um por um. Só que um deles conseguiu sobreviver, e se internou nessa clínica – Bludworth disse, tirando de seu bolso e entregando á eles um pequeno cartão escrito, “Instituto Psiquiátrico e Centro de Tratamento Stonybrook”.

– Então, se o encontrarmos, esse sobrevivente ele irá nos ajudar a vencer a morte?

– Não. - Bludworth respondeu - Se vocês o encontrarem, precisarão matá-lo.

– Mas... Por quê?!

– Porque a morte está atrás de vocês e do sobrevivente. Se o matarem, estarão fazendo um favor para morte. Então ela irá retribuir deixando vocês viverem. Mas somente você, Sarah, pode matá-lo. Pois foi sua premonição que salvou seus colegas de trabalho, e agora será você quem terá que acertar as contas com a morte.

– Mas não há outro jeito de sobrevivermos? – Sarah perguntou.

– Sim. Mas você terá que se matar. Assim, o plano da morte será destruído, e os que ainda estão vivos serão salvos.

– Só que eu não entendo por que eu tenho essas premonições?

– Porque elas mostram o que você não pode mudar. Se você interferir as coisas só irão piorar. Não importa o que veja em suas premonições, deixe que elas aconteçam e não mude seu destino - Bludworth disse.

– E o que significa o número 180?- Richard perguntou.

– 180 é o número da morte. Sempre onde estiver esse número, significa que algo vai acontecer. Por isso, prestem atenção.


Então Sarah e Richard saíram do necrotério e foram embora. Dentro do carro os dois ficaram quietos. Sarah pensava no que Bludwhort tinha dito sobre ter que matar o sobrevivente. Ela não queria fazer isso, mas iria se sentir mais culpada se mais alguém morresse. De repente, Sarah quebrou o silêncio.


– Eu não quero matar ninguém.

– E você não vai! – Richard disse, parecendo bem sério - Vamos para clínica encontrar o sobrevivente e ele irá nos ajudar a vencer a morte. Ok? – Sarah fez um sinal positivo, balançando a cabeça.


No dia seguinte Sarah e Richard foram atrás do sobrevivente. Ao chegarem na clínica, os dois foram para recepção, onde encontraram uma senhora de cabelos ruivos atrás do balcão.


– Posso ajudá-los? – Ela disse, olhando por cima dos óculos.

– Por favor, gostaríamos de ver esse paciente. – Sarah disse mostrando o nome do sobrevivente que estava na parte de trás do pequeno cartão.

– Oh, sim. – Ela disse, checando no computador - No memento o paciente número 23 não pode vê-los, pois está em terapia em grupo.

– Por favor, estamos precisando vê-lo. É um assunto de família – Sarah tentou mentir, mas sabia que não era muito boa nisso.

– Tudo bem. - disse a mulher – Betty irá lhes acompanhar até a sala onde estão os pacientes. - em seguida, uma mulher baixinha, de pele escura e cabelos presos, os guiou até a sala de terapia em grupo.


A funcionária que os acompanhou, vestia um casaco branco, usava um crachá escrito “Betty” e segurava uma prancheta com vários papeis e uma caneta. Para chagar na sala onde o sobrevivente estava, tiveram de passar por um longo corredor, cheio de portas brancas, da mesma cor que as paredes. A sala ficava no final. E ao abrir a porta, Richard e Sarah entraram e encontraram um enorme salão, com um grupo de nove pessoas sentadas em cadeiras, formando um circulo. Em uma dessas cadeiras havia uma psiquiatra sentada, segurando um pequeno caderno de anotações. O lugar era tão grande e vazio, que se podia ouvir apenas a voz da psiquiatra ecoando por todo salão.


– Por favor, qual deles é o paciente que estamos procurando? – Sarah perguntou á Betty, em um tom de voz baixo.

– É aquele ali. – ela disse, apontando para um, que estava de costas.


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Notas finais do capítulo

Então? Quem será o sobrevivente misterioso? E será que Sarah vai matá-lo? Dê seu palpite, deixando um review e descubra quem que é o sobrevivente no próximo capítulo.