Presa entre dois universos escrita por Elizabeth Campbell


Capítulo 4
O motorista nos deixa na porta de lugar nenhum




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Eu tinha uma capacidade incrível de não conseguir dormir facilmente, por isso fiquei acordada durante as quatro horas de viagem, que acabou em... lugar nenhum.

– Johnny, onde nós estamos? - eu perguntei, após sair o carro e olhar ao redor, a única coisa que consegui encontrar naquele lugar foi ar e grama.

– Agora, em lugar nenhum, preciso tirar você daqui.

Ele abriu o porta-malas do carro e de lá tirou duas enormes malas pretas, que pareciam muito grandes para caberem dentro desse porta-malas.

– Vamos - ele disse e se voltou para o motorista, o observou durante alguns segundos, então esse ligou o carro e foi embora.

Eu fiquei apavorada; ele não me faria andar por tempo indeterminado embaixo do sol da uma da tarde, faria?

Johnny parecia muito cansado, ele também não dormiu na viagem, talvez estivesse de olho em mim para saber se eu não tentaria fugir. E o que me surpreendeu foi eu não ter tentado mesmo, algo nessa aventura me confortava e me dizia que era seguro; embora eu soubesse que talvez devesse fugir, eu estava curiosa, queria saber onde eu acabaria.

– Isso é uma piada? Eu não vou andar embaixo desse sol.

A minha surpresa e desespero pareceu animá-lo, ele me lançou um sorriso torto - mas estava tão cansado, que este não chegou aos olhos - e disse:

– Você vê outra saída?

– Sim, você chamar aquele motorista zumbi para nos levar para qualquer outro lugar. Você não disse que me levaria para um lugar seguro?

– Eu disse que levaria, mas não disse quando, nem por onde nós iríamos passar para chegarmos até ele. Venha, quando mais demorar aqui, mais tempo levaremos para chegarmos ao nosso destino - ele tirou óculos de sol de uma das malas e o colocou.

– Você tem um desses para mim? - eu perguntei.

– Deve ter, na sua mala - ele me deu a outra mala; eu a abri e encontrei várias roupas pretas, coletes, calças de malha, jaquetas com capus, um coturno... roupas que eu tenho e que gostaria de ter. Achei os óculos em um pequeno bolso do lado direito e o coloquei.

– Johnny, como vocês... Ah, esquece, eu não vou descobrir mesmo, pelo menos agora.

Ele deu um sorriso e começou a andar.

– Você está vendo um ponto de floresta, lá na frente? - ele me perguntou.

– Sim - eu coloquei a mão sobre as sobrancelhas para poder ver melhor e comecei a andar mais rápido para acompanhá-lo.

– Lá é o nosso próximo destino.

– Também tem barracas nessa malas enormes? - eu perguntei, com um sorriso sarcástico.

– Sim.

– Eu estava brincando. Teremos que dormir em barracas?

– Barraca, é só uma. Mas só um dia, hoje a noite, amanhã eu pretendo dormir em uma casa, que está no meio da floresta.

– Barraca, é? Você é um pedófilo de cinquento anos, por acaso? - eu perguntei, dando uma risada.

– Tenho vinte e cinco anos.

Eu parei, assustada, e tive que correr para voltar a acompanhá-lo.

– Espera, e quanto a ser pedófilo?

Ele sorriu, e me olhou por cima dos óculos.

– Isso você vai descobrir - ele ajeitou os óculos novamente e voltu a andar.

– O quê? - eu parei e cruzei os braços.

Ele deu uma gargalhada.

– Pare de me assustar, você não acha que ser sequestrada já não é demais? - eu peguei a mala e voltei a andar.

– Vamos logo e pare de reclamar - ele voltou ao seu tom bravo.

– Você ficou sério no carro, então a segundos atrás estava bricalhão e agora está sério de novo, você é muito estranho.

– Falou a garota que acabou de ser sequestrada e não parece estar assustada o bastante.

– Eu estava assustada é com a minha vida a algumas horas, era um tédio total.

– Então eu sou um anjo que apareceu na sua vida?

– Anjos não costumam aparecer na minha vida para eu saber. Mas eu acho que eles me levariam voando até esse lugar misterioso e não me fariam andar sob o sol - eu lancei-lhe um olhar acusador.

– Mas assim sua vida voltaria a ser tediosa, seria fácil demais.

Então ele voltou a andar e olhar para frente, mostrando que não queria mais conversar.

– Mais uma pergunta - eu tinha certeza que por baixo dos óculos escuros ele estava me fuzilando com os olhos -, porque nós vamos parar em uma casa na floresta, é caminho?

– Sim, é o caminho mais longo, mas com certeza, eles estão vigiando os caminhos convencionais.

– Eles quem?

– Você sabe que eu não vou respoder, então por que pergunta?

– A esperança é a útima que morre. Mas esses que estão vigiando são seus inimigos?

– Se eu estou evitando esse caminho, a minha resposta é um pouco óbvia.

Minha cabeça continuava a doer, imagens de uma floresta voltaram a parecer, só que dessa vez eu não sorria, eu gritava, desesperada, fugindo de algo. Eu balancei a cabeça, exasperada e John olhou para mim, com a testa franzida.

– Não é nada - eu disse, nervosa.

Olhei para a frente e tentei me distrair observando o pontinho verde, que seria nossa próxima parada, só me perguntava se eram muitas.


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