Parecia bobagem ficar magoada por isso, quero dizer, a Laryssa era linda, e ela sempre foi tão legal, tanto com o Harry quanto com todas nós, eu não devia ver problema nisso, mas eu achava o Harry tão lindo... Mas se ela soubesse disso... Poderia magoá-la, e magoar a mim também. Eu sabia que por mais que tentasse sairia magoada nessa história. Então resolvi esquecer.

Depois de todas aquelas chatices obrigatórias que nós chamamos de aulas sai da sala, completamente acabada. E comecei a caminha em direção ao meu armário, que era ao lado da sala de Francês.

“Oi Anne!” Dougie sorriu me abraçando.

Quanta falta fazia aquele abraço. Era protetor e consolador. Quanta falta o Dougie fazia, os conselhos bobos que ele me dava, tudo.

“Dougster!” abracei-o também o mais forte que consegui.

Acabei de guardar meus livros, e olhei o relógio. Eram 12:52 pm, ainda faltavam oito minutos até que a aula de Ginástica do Danny acabasse. Caminhei abraçada com Dougie até o final do corredor, onde Harry, Bella e Tom estavam conversando.

“Oi bobona.” Tom sorriu para mim.

“Oi feio.” Sorri de volta.

“Anne, o Tom chamou todos para ir á casa dele hoje ver um filme. A Letícia disse que vai estudar, o Harry vai sair, e a Laryssa disse que vai sair junto com ele” senti um peso no coração, e abracei Dougie mais forte ignorando o comentário de Bella. “Danny disse que vai jogar um jogo que eu não sei qual é” dei um sorriso lembrando de algo “Mas você e o Dougie vão, não é?” Ela sorriu fraca.

“Ah, essa tarde?” Pensei em algo para dizer, para pular fora dessa.

Eu sabia que por mais que a Bella estivesse me chamando, ela faria de tudo para sair com o Tom, assim como ele também faria. Então, ela estava mais chamando por educação, e eu percebi isso quando ela me olhou com cara de cachorro que caiu da mudança, e eu entendi de primeira, e pelo visto, Dougie também.

“Nós vamos estudar também” Dougie disse me esmagando com os braços.

“Vamos?” Eu disse sem ar. “É, vamos.”

“Isso eu pagaria para ver” Harry disse zombando.

Todos rimos. Dougie era um péssimo mentiroso, ele estava atrasado para a lição de casa um dia antes das aulas começarem, então como – em sã consciência – ele iria estudar? E ainda por cima me meter nessa furada. Mas Bella deu um sorriso, então, estava tudo bem. Ela deu de ombros e olhou para Tom.

“Você ainda vem, certo?” Ele deu um sorriso meigo.

“Claro.” Ela sorriu de volta.

Era impossível não notar – a não ser que você fosse o Tom, ou a Bella – que os dois se gostavam, e era a coisa mais linda olhar os dois juntos.

“Eca! Amor de gente velha.” Harry disse, e eu e Dougie rimos.

“Não somos velhos” Tom disse, incrédulo.

“E não tem... Amor nenhum” Bella disse abaixando a cabeça.

Tudo bem, agora a Bella estava com vergonha. Resolvi que a melhor coisa a fazer era agudá-la.

“Onde está a Letícia?” eu tentava olhar para os lados, mas Dougie estava me esmagando com aqueles braços finos.

“Está na aula de Educação Física...” Harry começou a frase rindo.

“Com o Danny!” Tom terminou a frase, rindo junto.

“Isso não vai dar certo.” Bella disse, e agora todos acompanhávamos a risada deles.

“Então, agora ela e o Danny se dão bem?” Harry perguntou entre os risos.

Todos nos calamos de imediato, e dividimos olhares assustados.

“Ah, eles dois devem estar bem ago...” Dougie is dizendo.

“VOCÊ ME EXTRESSA!”Letícia se aproximou gritando com Danny.

“E VOCÊ ME EXTRESSA AO QUADRIPOLO!” Danny gritou colocando (lê-se jogando) a mochila no chão.

Todos rimos. Nós éramos assim desde... Sempre! Pelo menos isso não mudará.  

“O que foi agora?” Dougie disse, colocando o queixo no meu ombro.

“Ela me faz levar um chute na canela” Danny reclamou, passando a mão na canela por cima da calça.

“EU? Você é tão retardado, que além de mal jogador ainda é um péssimo mentiroso” Letícia o fuzilou com um olhar que meu deu um pouco de medo.

Agora todos estavam rindo, menos Danny, que estava furioso.

“Anda Anne, vamos embora!” Danny me puxou pelo braço fazendo Dougie me soltar, e eu quase cai.

“Até depois, pessoal.” Eu disse rindo, ainda andando meio desengonçada.

Danny parecia mesmo irritado. Aquilo ali era raro.

Os garotos batiam nele, e falavam mal dele, chamavam ele de burro, de tonto, de lesado, e mesmo assim, ele nunca ficava tão nervoso.

“Danny?” chamei-o docemente quando estávamos virando a esquina de casa.

“O que?” ele foi frio.

“Por que você fica tão bravo?”

“É só ela que me deixa assim, é incrível...” Ele disse, voltando a ficar nervoso.

“NÃO! Tudo bem, não precisa dizer.” Eu disse quando ele pegou a chave da porta de casa.