Sparkle levou Adria a um lugar não muito distante, uma pequena clareira rodeada por muitas arvores, em um canto quase que escondida, havia uma que era diferente, ela não era muito grande, talvez um pouquinho mais que a altura da garota, nela havia umas frutas estranhas, elas eram do tamanho de pêssegos, porém tinham uma tonalidade azul, em algumas partes eram mais roxas outras mais lilases.

– Vamos, pegue uma, depois outra e outra, vamos, vamos, pode comer, não tenha medo, pegue uma e pense no que você gostaria de comer, é só pensar.

– Como posso saber que não ficarei como Lilah?

– Não pode, não pode... Mas se eu quisesse fazer mal a ti já teria feito não acha?

Meio receosa a garota pegou uma fruta, observou, pensou por um pouco e por fim resolveu dar uma mordida, afinal, estava faminta e não tinha nada a perder. Enquanto mastigava a primeira mordida sentiu o gosto mais inesperado de todos, era como comer um pão quentinho, saído do forno, com geléia de morango bem cremosa, sem pensar no que estava acontecendo foi logo dando outra mordida, só que se lembrou do que acabara de ouvir “pense no que gostaria de comer”, imaginou então uma batata cozida, amanteigada e o gosto da fruta se transformou na batata mais gostosa que já havia comido na vida, era temperada com ervas finas e podia sentir o gosto do molho que estava por cima, pensando no resto do prato, deu mais uma mordida em um arroz temperado, quentinho, podia até sentir o cheiro, e imaginou uma carne de panela, quase derretida, acompanhada da batata e assim comeu até terminar a fruta.

Com os olhos cheios de gula pegou mais uma fruta, e essa era como vinho gelado, mais algumas mordidas e a deixaram levemente embriagada, logo imaginou uma sobremesa, mas não sabia qual escolher, então em sua boca sentiu um doce cremoso, que tinha um gosto diferente, ela nunca tinha provado nada assim, ela podia sentir o gosto do doce e de pedacinhos de morango, era incrível.

Terminando a fruta, sentia-se satisfeita, olhou pra pequena silfide e disse.

– O que é isso? Como pode ter esse gosto?

– Nada de especial... Essa arvore sempre esteve ai... Sempre mesmo, mesmo, mesmo, lembro-me de muitas vezes vir comer de seu fruto... Ohh mesmo sendo uma arvore comum é muito gostosa, não acha? Eu acho! E você?

– Não é uma arvore normal... Nunca vi uma dessas antes!!

– Oh criança, pense, pense... Seu mundinho é tão pequeno, pequenininho, você vê pequenas coisas e as acha tão grandiosa, é como... Ahn... É como uma formiguinha que encontra algumas gramas de açúcar pelo caminho... Ela fica tão feliz, e acha que nunca vai encontrar nada tão incrível como isso novamente... E às vezes ela não vai mesmo, mas algumas formiguinhas podem encontrar um pote de açúcar, podem mesmo e devem até, devem procurar e outras, com um pouquinho mais de sorte acabam encontrando até onde o fabricam! ... Oh menininha, abra os olhos, viva, veja o mundo não como eles ensinam a vê-lo, veja com seus próprios olhos, veja, olhe ao seu redor... Seres humanos não são os únicos na terra! Porque eles se acham tão especiais assim? Arrogantes, isso é o que são criaturinhas de vida curta que acham que são deuses! Mas não são, não mesmo, nenhum pouco... Já conheci uns deuses antes, não são como eles... Ah não... Os homens só irão enxergar o mundo incrível que os cercam, quando pararem de ser prepotentes, e ver que todos que vivem são especiais e não só eles, desde as pequenas formiguinhas, as arvores, os elementais, os elfos, as fadas e os gnomos... Ahh sim... Todos especiais, muito, muito... Agora veja, veja com seus olhos e não se assuste... É um mundo tão grande... Com incontáveis criaturas, tantas, tantas... Viva Adria! Veja! Sinta! E seja bem vinda ao mundo real, como vocês dizem...

Adria ficou em silencio para entender tudo que a Sparkle a disse, era muita informação, a fadinha falava muito rápido, mas mesmo em meio à voz fininha de fala ligeira ela começou a entender que o mundo que ela via, era só uma pequena parte de toda a realidade a as cercavam.

– Sparkle...

– Sim?

– Porque você esta me contando tudo isso? O que eu tenho de especial? Quem sou eu? Porque você esta me ajudando? Porque eu te vi quando era criança? O que isso tudo significa?

Com um sorriso no canto na boca e os olhos brilhantes e cheios de mistérios, a pequena mudou seu tom de voz, falou de uma forma clara e de vagar.

–Agora minha Adria, você esta começando a buscar as respostas certas.