Já havia passado algumas horas desde o anoitecer, Lilah dormia enquanto Adria observava o estalar da madeira queimando, as chamas brincando com os tons vermelho, a fumaça subindo entre as folhas das arvores, ressecando algumas devido ao calor. Essa noite, ela não temia mais nada, via a floresta com uma velha amiga e lá, em algum lugar, se escondia seu anjo de luz, talvez se falasse com ele, ele apareceria, se procurasse, o acharia, talvez quando dormisse, ele a chamaria ou talvez ele fosse somente um sonho como Lih havia dito. Em meio aos seus devaneios, pode voltar à realidade quando ao longe observou uma luz conhecida, ela levantou e olhou para traz esperando ver seu corpo como antes, como se fosse um sonho, mas ele não estava lá, ela estava acordada, deu um beliscão em seu braço para conferir.

–Aiii!!!!

Agora ela não tinha mais duvidas de que estava acordada, e que a luz estava realmente lá, ela foi em direção ao anjo escondido entre as arvores, mas ao dar poucos passos a luz se distanciou para umas 3 arvores a frente da que estava, tentou mais uma vez e obteve o mesmo resultado, percebeu então que enquanto ela não se movia a luz também não, ficou um tempo em pé observando, com calma, e de vagar sentou, quando fez isso percebeu que o mesmo aconteceu com a luz, ela abaixou e ficou mais ou menos na altura de seus olhos, aos poucos o pequeno anjo foi criando coragem e se aproximando, sempre escondido, quando faltava apenas uma arvore para ele aparecer...

–Adria! O que você esta fazendo sentada ae?

Adria olhou para traz e viu sua amiga acordando, voltou a atenção a arvore, mas o anjo havia desaparecido, ficou por mais alguns minutos em silencio observando, na esperança que ele estava escondido, mas ele não apareceu.

Com um ódio incontrolável Adria caminha em direção a Lilah e a esbofeteia o rosto.

– Sua vadia! Ele estava aqui! Meu anjo estava aqui e você fez ele ir embora! Quem te chamou aqui? Você NUNCA devia ter vindo!

Lilah ainda sentada no chão abraça suas pernas como em busca de refúgio, com os olhos cheios de lagrimas olha para os olhos de odio de sua amiga, e esconde o rosto entre seus joelhos, começando a soluçar enquanto chora.

–Lih... Eu não queria...

Sem ter uma resposta, Adria senta junto a sua amiga e a abraça tentando se desculpar.

–Lih, me perdoa, eu não queria, eu não sei o que deu em mim, você sabe, eu só tenho você.

Com um suspiro tímido, Lilah ergue o rosto e olha nos olhos dela, elas estão tão próximas que se encostassem mais um pouquinho as pontas de seus narizes se tocariam, os olhos de Adria estavam cheio de suplicas, nunca deveria ter dito algo assim para Lilah, alguns anos atraz a mãe dela havia fugido com o marido da costureira, desde então a garota era vista como a filha da meretriz, prostituta, mas Lilah não culpava a mãe, ela havia se apaixonado e o único modo de ser feliz, seria fulgindo, assim como fez Adria, assim como ela própria o fez. Tentando consolá-la, Adria passa uma de suas mãos nos longos cabelos de Lilah, ele era tão bonito, castanhos acobreados e formavam uns cachinhos nas pontas, ela tinha os olhos tão verdes quanto esmeraldas e a pele da cor de areia, seus olhos estavam inchados e a boca de um vermelho intenso por ter chorado, ela parecia uma boneca, era a garota mais bonita que já havia visto até então, ela era baixinha, precisava de alguém que cuidasse dela, pensando nisso a puxou para seus braços, Lilah deitou do ombro de Adria a abraçando de volta, era uma sensação estranha essa, ambas queriam ficar juntas, talvez mais juntas do que nunca desejaram antes. Lilah começou a admirar a amiga, ela tinha os cabelos anelados e pretos até no ombro, os olhos tão azuis como de um dia claro e a pele tão alva como porcelana, inocentemente ela começa a passar a mão no rosto de Adria, sua pele era tão macia, seu coração começa a acelerar, era um sentimento estranho, não entendia o que estava acontecendo, queria se aproximar dela. Adria sentia o mesmo, tinha a respiração ofegante, fechou os olhos e começou a aproximar-se de Lilah, podiam sentir a respiração uma da outra, suas bocas estavam quase juntas, quando sentiu um arrepio conhecido, seus olhos mesmo fechados sabiam que tinha uma luz ao seu lado, ambas as garotas continuaram imóveis, Adria se afastou de Lilah, e abriu os olhos, assim como Lilah, as garotas viram uma pequena bola de luz, de um pouco mais de 20 cm, que brilhava muito, dentro daquela luz tremeluzente, existia uma forma, mas elas não conseguiram identificar o que era, a luz estava flutuando, era encantadora, inesperadamente a bola de luz riu, riu como criança, doce e inocente e como mágica, se afastou tão rápido que elas mal conseguiram ver.

–Dri, o que você acha que era aquilo?

– Era meu anjo... Meu pequeno anjo...