Hoje seria o grande dia, Adria havia juntado em uma bolsa de couro somente o que achava realmente necessário, como suas moedas de prata que economizara por toda sua vida, seu punhal, 3 vestidos, pão, leite, geléia e coisas do tipo, separara também um vestido verde musgo, seus sapatos habituais, uma capa preta, pois a noite era fria e a cor ajudaria a se camuflar entre as sombras das arvores, estava tudo pronto.

O dia seria longo e ela queria aproveitar cada minuto, pois sabia que nunca mais voltaria a ver sua vila, pensando nisso resolveu visitar sua melhor amiga Lilah, ambas se consideravam irmãs desde infância.

– Dri, você esta diferente e eu sei que não é o casamento, o que você vai aprontar?

– Eu? Eu não vou fazer nada...

– Adria! Não tente me enganar, eu te conheço tão bem quanto a mim mesma e sei que você esta escondendo alguma coisa muito importante, agora me diz o que é ou irei ficar muito brava contigo!

– Lih, me desculpa, eu não posso. Mas saiba que eu te amo muito e nunca vou esquecer nenhum de nossos momentos juntas, além de que, fizemos uma promessa, minha primeira filha terá o seu nome e a sua terá o meu, assim ficaremos ligadas para sempre.

– Ai tem coisa, porque você ta falando assim comigo?

– Eu preciso ir, te amo.

E com um abraço apertado, sentimentos de duvida, dor e amor, Adrià se despediu e foi para casa a procura de seus pais

– Mãe, pai...

– Ahn?

– Nada não, posso ficar aqui um pouco?

– Claro Dri... Aconteceu alguma coisa?

–Não, só queria ficar aqui um pouco.

– Tudo bem.

Ela ficou junto de sua família por mais algumas horas. Quando anoiteceu, voltou ao seu quarto e esperou em silencio até que todos dormissem, era agonizante esperar, todas as emoções e pensamentos passavam em sua mente, pensou e desistir e se casar, pensou no que aconteceria quando ela fosse embora, em quem sentiria sua falta e quem choraria, pensou no que Leopoldo poderia fazer, mas o sentimento mais forte que ela sentiu foi quando ela percebeu que todos dormiam. Adria se trocou silenciosamente ouvindo somente as batidas aceleradas em seu peito, pegou suas coisas e com cuidado abriu a janela de seu quarto, que fez um leve rangido, assustada observou o quarto ao seu redor, ficou em silencio até ter coragem novamente para seguir em frente, pulou a janela de seu quarto e novamente fez um barulho abafado pela grama, era excitante, nunca fizera nada do gênero, suava frio, observou as casas ao seu redor, não tinha onde se esconder, começou a caminhar pelas sombras das casas encoberta pela sua capa, caminhou alguns minutos, até perceber que não estava só.

– Psiu!

Adria deu grito que foi instantaneamente abafado por outra mão, era Lilah, com cara de reprovação, ambas observaram aos arredores para ter certeza que ninguém as ouvirá, quando pareceu seguro, Lilah foi logo dizendo.

–Sabia que você estava aprontando alguma coisa!!!

– Silencio! Não posso ser pega, volte para sua casa.

– Nem pensar que vou deixar você ir sozinha, vou junto, se não deixar, eu aviso seus pais!

– Isso é chantagem?

–Adivinha.

E assim as duas riram baixinho e foram caminhando juntas sem trocar mais nenhuma palavra, andaram por mais 15min até chegarem à entrada da tão temida floresta, as arvores eram enormes, provavelmente estavam lá a muitas centenas de anos, entre elas havia um vento gelado que passeava sussurrando o perigo, com certo ressentimentos Adria perguntou a sua amiga.

– É perigoso, não quero te colocar em encrenca.

– Você não vai se livrar de mim tão fácil assim, sabia?

–Juntas sempre?

–Sempre.

Dando as mãos, entraram na floresta e foram caminhando sempre em silencio, sempre juntas, observando as sombras, ouvindo somente seus passos sobre as folhas secas, o barulho do vento entre a copa das arvores, faltavam algumas horas para o amanhecer e mais algumas para sentirem falta delas, quando perceberam que já estavam certa distancia da vila, apertaram o passo, tinham ser rápidas, o frio aumentava a cada passo e o sentimento de medo veio à memória das meninas, lembraram das velhas histórias de terror que envolvia a floresta, será que elas eram reais?