Eu não sei porque, mas eu podia sentir meu coração disparado. Ok, eu assumo que Mason é muito lindo, mas eu ainda sou muito mais o Gabe!

O problema é que não é o Gabe que está a centímetros de mim e sim o M-A-S-O-N. E eu estou com vontade- confesso, mesmo que não me orgulhe disso- de beijar ele. Sim, eu enlouqueci, podem me levar pro hospício!

Mesmo sabendo que ia me arrepender depois, eu fechei os olhos e isso foi tudo que Mason precisou para colar seus lábios nos meus.

E essa sensação foi muito boa, para falar a verdade. Tão boa que eu levantei minhas mãos e as coloquei envolta de seus cabelos, enquanto as dele iam para minha cintura.

Quando ele pediu passagem para língua, eu dispertei que ele era o Mason e que isso ia piorar tudo. Então- com dificuldade, confesso- me separei dele e, ainda de olhos fechados, levantei.

- Mason, acho que.. - eu ia falar, mas meu celular omeçou a tocar desesperadamente no meu bolso - Eu acho que tenho que ir. Tchau! -disparei para ele e corri para o quarto da Abbie.

Ok, eu não acredito que tinha feito isso!

Trevor Carter

Ashley me acordou as sete em ponto. Cara, essa menina é muito chata. Acho que foi uma das piores coisas da minha vida.

Levantei da cama e fui até o berço onde Ashley dormia, no quarto ao lado.

Camille estava em sua cama de grades- ela só tem cinco anos- e nem parecia perceber que a pequena no berço ao lado se matava de chorar.

Peguei Ash no colo e sonolento fui até o quarto da minha mãe.

- Já? - minha mãe perguntou meio grogue.

- Já. - respondi entregando Ash para ela.

- Droga! - ela resmungou pegando a pequena enquanto eu saia do quarto.

Minha mãe é irresponsável, se é isso que pensou, parabéns, você acertou! Ela não dorme uma noite em casa desde que o pai de Ash deixou ela, odeia Ash por acordá-la de manhã e odeia Camille por tentar tocar piano de tarde e me odeia por não trabalhar e sustentar ela.

Mesmo sendo a pensão do meu pai e do pai de Camille- e agora o pai de Ash também- que a sustentam.

Fui até o banheiro e tomei um banho, saindo de toalha e sendo recebido por uma Camille despenteada e minha mãe gritando com um bebê de sete meses.

- Eu já vou te pentear. - disse para Camille enquanto entrava no quarto.

A menina loira me seguiu, mesmo eu tendo a mandado ficar longe do meu quarto assim que ela começou a engatinhar.

Troquei de roupa e depois de pentear Camille, fui tirar Ash dos braços da minha mãe, que ainda gritava com a pequena só porque a mesma mordia seus seios.

- Ah, pare de graça, você adora quando fazem isso. - eu retruquei pegando Ash de seu colo.

Ela ageitou a blusa e voltou a dormir, como se nunca tivesse levantado.

Troquei Ash e depois de eu e Camille tomarmos café da manhã, eu coloquei a pequena na cadeirinha, depois mandei Camille sentar em cima da cadeira dela, colocando o cinto depois.

Entrei no banco do motorista e parei na escola onde as duas ficavam durante o período das minhas aulas. Quando estava no carro sozinho, desmontei e guardei as cadeirinhas no porta-malas do carro- porque se alguma menina visse isso, iria dar problema- e segui para escola.

Como sempre, cheguei no segundo tempo e fui direto para sala de geografia, sem nem pegar meus livros. Eu tinha essa aula com a Liv e assim que entrei sentei no fundo para poder vê-la entrando já que eu tinha chegado pouco antes do sinal tocar.

A sala estava parcialmente cheia e quando Liv chegou rindo com Abbie, eu imaginei que ela era a menina mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida.

É lógico que eu já pensei isso outras vezes, com a própria irmã dela mesmo, mas eu sempre conseguia ficar com as garotas, sem nem precisar fazer esforço. Liv era diferente. E isso me fazia querer ficar mais ainda com ela.

Seus cabelos escuros estavam presos em uma trança lateral mal feita, ela vestia jeans e camisetas maiores que ela, seus olhos pareciam mais claros que o normal, pelo fato de o sol estar batendo na altura deles, os fazendo ficar quase verdes.

Era óbvio que pelo máximo que ela tentasse, não iria conseguir se passar por feia. E essa é uma das coisas que me atrai nela. Essa coisa de não querer aparecer, de tentar ser feia.

O resto da aula eu fiquei a observando e ela não olhou nenhuma vez na minha direção, aposto que nem sabia que eu estava ali. Seu sorriso era lindo quando ela era espontânea e eu percebi que amei quando ela estava consentrada e sua testa franzia levemente.

Adorei o jeito que seus lábios se retorceram para direita quando ela errou uma pergunta do professor e ainda mais o jeito como ela enrolou uma mecha solta do cabelo enquanto estava consentrada em seus pensamentos.

Aquilo tudo me fazia querer ficar o mais perto possível dela.

O sinal tocou de repente e eu não tinha nem percebido que o professor tinha entrado na sala. Liv e Abbie saíram da sala e eu corri atrás delas, seguindo-as até o armário de Abbie e depois pelo de Liv.

As duas pararam na porta de ciências e Abbie entrou, depois Liv seguiu para a sala de espanhol e o sinal tocou. Só aí eu percebi que estava totalmente do outro lado da sala de português, minha próxima aula.

Por isso, eu resolvi matar aula e fiquei no auditório até o sinal tocar e a professora Sheba entrar na sala.

- Ótimo entusiasmo! É assim que eu quero ver! - ela disse quando me viu.

Sorri para ela e assenti, não tendo a mínima ideia do que ela estava falando. Não demorou para Beth e Britt chegarem e se sentarem ao meu lado direito.

Abbie chegou minutos depois das duas e Liv segundos depois de Abbie. Ambas se sentaram o mais longe possível de mim, e por isso ficaram lá na frente.

- O que está acontecendo? - Beth perguntou virando meu rosto para ela - Você está tão calado.

- Não estou me sentindo muito bem. - respondi virando novamente para Liv que sorria.

Ela olhava para porta sorrindo com tanto entusiasmo que eu tive que olhar. E fiquei com raiva quando vi Gabe entrar e piscar para ela.

Ele se sentou ao seu lado e os dois ficaram de conversinha.

- Muito bem, já que todos estão aqui. Eu queria entregar os escripts. - Sheba falou passando cadernos para todos nós.

Eram as falas do tal musical que eu estava sendo obrigado a participar.

- Que dupla quer começar?

Antes da professora terminar, Beth já tinha se levantado, me levantando junto.

- Nós queremos! - ela disse sorridente.

Seu sorriso nem se comparava ao de Liv.

Gabe se levantou.

- Eu queria cantar uma música antes, posso? - ele perguntou olhando para a professora.

Ela assentiu e eu e Beth sentamos novamente.

Gabe caminhou até o palco e pegou um microfone. Piscando para Liv- o que me deu embrulhos no estômago- ele começou a cantar uma música desconhecida por mim.

Garota eu vejo nos seus olhos que você está desapontada
Porque eu sou o tolo que você abençoou com o seu coração
Eu o despedacei
E garota, que bagunça eu fiz com sua inocência 
E nenhuma mulher no mundo merece isso
Mas aqui estou eu lhe pedindo mais uma chance

Podemos nos apaixonar, mais uma vez?
Parar a fita e rebobinar
Oh, e se você for embora sei que vou desaparecer
Porque não há mais ninguém

Tem que ser você
Só você
Tem que ser você
Só você

Ele cantou mais alguns versos da música, mas eu estava ocupado demais vendo os olhos de Liv brilhar e perder o chão.

Como um garoto como ele pode fazer o coração dela pirar desse jeito com só uma música?

Se ele pode, eu posso fazer melhor.

- Posso cantar uma também? - perguntei levantando assim que Gabe acabou de cantar sua música idiota.