Serena estava sentada numa poltrona ao lado da cama em que sua avó estava. Ela ainda dormia, Serena não tivera a oportunidade de falar com ela desde que chegara ao hospital, sua avó tinha sido sedada e só restava esperar para quando ela acordasse. Serena estava mais calma do que no resto do dia, estava ali já, metade da preocupação já tinha passado. Segurava a mão de sua avó com carinho, esperando que a qualquer momento ela segurasse a sua também. Tentava pensar no que falar, se aquela fosse realmente a última oportunidade que ela teria. Mas rezava com todas as suas forças para que sua avó saísse daquele estado, para que melhorasse.

Grace já tinha bastante idade, estava quase alcançando os 90 anos. Não era lá a pessoa com a melhor saúde do mundo, principalmente naquela fase da vida, estava fraca, desgastada, sensível. Aquele resfriado que demorara para curar tinha se desenvolvido em uma pneumonia e agora ela estava ali, internada, e se mantendo viva através de aparelhos e máquinas.

Era tão triste ver aquela cena para Serena. As melhores lembranças que tinha de sua avó era dela viva, feliz, andando pela casa falante, tentando ensiná-la algumas coisas na cozinha, que ela nunca conseguia aprender, as duas riam das histórias que uma contava para a outra. Serena estava tentando pensar apenas no melhor, apenas positivamente, era a única coisa que podia fazer no momento, além de rezar.

O médico a disse que não adiantava ela ficar ali, pois ela continuaria sedada, pelo menos por aquele dia ainda, mas Serena continuava lá sentada ao lado dela esperando alguma coisa. Quando começou a escurecer lembrou que tinha que ir procurar algum lugar para ficar, se despediu mentalmente de sua avó e foi atrás de um hotel para passar a noite.

O cansaço a venceu quando chegou ao seu quarto, tomou seu banho rapidamente e caiu na cama, antes de adormecer mandou uma mensagem para Harry dizendo que já estava no hotel e que ligaria para ele pela manhã, para explicar como andavam as coisas por lá. Não esperou ele responder para dormir, virou para o outro lado abraçando um travesseiro e dormiu quase imediatamente. Quando acordou, se arrumou rapidamente e foi para o hospital. Queria estar lá caso sua vó acordasse, queria que ela visse que estava lá todo o tempo e que continuaria se necessário. Estava se sentindo melhor naquele dia, parecia que o susto da notícia tinha passado um pouco, mas ainda sentia o coração apertado.

– Hey vó, eu estou aqui, viu? - Serena disse pegando sua mão - Eu queria que você soubesse... Que se você estiver pronta, eu também vou estar, ok? - ela disse tentando controlar suas lágrimas, porque tinha que ser tão difícil?

– Eu não estou pronta, Serena... - sua vó disse com a voz fraca, mas Serena pôde compreender sem dificuldades o que ela dissera. Grace continuava com os olhos fechados, com a mesma aparência pálida e os aparelhos em seu corpo.

– A gente vai passar por essa, vó, eu tenho certeza. - Serena deu um beijo na mão dela carinhosamente.

Desde que chegara não tinha notícias de sua tia, ela simplesmente não aparecera no hotel, não tinha ligado, nada. Serena não se importava mais, agora estava ali com sua avó e não queria se incomodar com ela.

Sua avó continuava dormindo, às vezes ela acordava, tossia, mas não era por muito tempo. Decidiu sair para almoçar pela cidade, dar uma volta para espairecer e depois voltaria para o hospital. Assim que saiu na rua, pegou seu celular para ligar para Harry, estava sentindo falta dele.

– Heey! - ele atendeu após dois toques.

– Oi... - Serena sorriu sozinha - Tudo bem por aí?

– Tudo como sempre... - ele respondeu entrando no banheiro para evitar o barulho - Como você está? E sua vó?

– Comigo está tudo bem... Acho que eu estou mais tranquila agora que estou com ela. Eu espero que fique tudo bem... Ela está com um monte de aparelho, é horrível Harry! - ele percebeu o tom triste em sua voz.

– Vai ficar tudo bem sim, acredite!

– Você vai vir pra cá? - ela perguntou observando as ruas e reconhecendo alguns lugares.

– Você quer que eu vá? - ele perguntou meio inseguro, às vezes sentia-se assim quando o assunto era Serena.

– Claro que sim! - ela disse como que se aquilo já estivesse óbvio - Eu preciso de você aqui... - ouvir aquilo na voz dela era uma das melhores sensações do mundo, Harry desejava estar com ela naquele momento, poder beijá-la.

– Eu sempre estarei com você quando precisar. - ele disse sincero.

Os dois continuaram conversando pelo telefone por mais um tempo. Serena sentia-se cada vez mais envolvida com Harry, mas algo dentro dela ainda a barrava de se entregar completamente, tinha medo, insegurança... Por mais que ela tentasse impedir esses sentimentos negativos. Eles conversavam sobre o dia-a-dia da banda, como estava sendo, e Serena pediu novamente para que os meninos tentassem fazer algo pelas fãs enquanto ela não tivesse por perto. Harry evitava tocar no assunto da avó dela, sentia que Serena não estava muito afim de falar sobre aquilo, ela não se sentia segura com aquilo, a idéia de sua avó poder morrer a assombrava, e ele não sabia porquê.

Serena escolheu uma mesa pequena na lanchonete do centro da cidade e se sentou esperando alguém ir atendê-la. Olhou o cardápio algumas vezes e então pediu o lanche que costumava pedir quando morava ali, era o seu preferido, nenhum nunca podia superá-lo. Enquanto esperava seu pedido chegar, pegou seu iPhone para checar o twitter e ver sobre o que as fãs estavam falando. Talvez estivessem a xingando pela falta de presença. Mas na verdade se deparou com todos os meninos da banda pedindo para que as fãs orassem por sua avó, demonstrassem apoio e também com uma tag #prayforserenasgranny. Ela era realmente querida pelas fãs, afinal fazia um trabalho que era do interesse delas, além de estar sempre presente com os garotos. Algumas ainda sustentavam o rumor de Serena e Harry juntos, na verdade, muitas. Ver o apoio, tanto dos meninos quanto das fãs, fez com que Serena se sentisse melhor, afinal não estava sozinha. Se não tivesse começado a trabalhar com a banda, muito provavelmente estaria praticamente sozinha naquela situação, no máximo Caroline estaria ali para ajudá-la.

Caroline mandava algumas mensagens para Serena durante o dia, perguntando como estava e esse tipo de coisa, falava que se precisasse iria para lá para ajudá-la com algo. Fazia Serena se sentir como se estivesse preparando um funeral. Mas tirando isso, estava tudo bem. Sentia que estava excluindo Caroline um pouco de sua vida, agora que ela viajava para todos os lugares com a banda, quase não via Caroline, apesar de ainda falar com ela quase todos os dias.

Seu pedido finalmente chegou e ela pôde saborear seu tão querido e desejado lanche. Não queria demorar muito, mas ficar um tempo fora daquele hospital estava sendo bom, não gostava muito da atmosfera daquele local, para ela só fazia as coisas piorarem, mas não podia simplesmente pegar a sua avó e levá-la para casa.

Em questão de segundos viu uma figura vestida de azul sentando-se na sua frente, com a maior intimidade. Era Robert, claro. Como não tinha pensado antes? A lembrança que ela tinha dele era outra, completamente diferente, agora ele parecia mais maduro, mais... Homem. Robert era aquele amor de infância que toda garota teve, os dois namoraram quando eram mais novos e sempre foram amigos, até Serena deixar a cidade.

– E então Serena, esqueceu do passado foi? - ele disse com um tom descontraído, chegando a assustá-la.

– Claro que não Robbie, que isso! - ela disse observando-o mais, sua barba estava por fazer e o cabelo meio bagunçado, dando um charme a mais - É só a correria da vida que não me deixa voltar aqui... Tenho que viver o meu presente né. - tentou um sorriso forçado.

– Fiquei sabendo da sua avó, sinto muito. - ele disse mudando completamente o seu tom de voz, ele realmente sentia.

– É por isso que estou aqui...

Robbie fez companhia para Serena enquanto ela comia. Era tão boa sensação de estar em casa... Apesar de não ter uma casa. Almoçou calmamente conversando com Robbie, tentando saber mais sobre o que estava acontecendo na cidade e coisas do tipo, era bom conversar com alguém que conhecia há tanto tempo. No caminho de volta para o hospital, enquanto andava sozinha, um pensamento invadiu a mente de Serena, um pensamento que ela estava evitando desde o momento que chegara na cidade. Acompanhar sua avó estava tomando praticamente todo o seu tempo e seus pensamentos, aquilo já era o suficiente. Mas mais cedo o mais tarde tinha que ir ao cemitério, tinha que visitar o túmulo de seus pais, sentia essa necessidade, pelo menos uma parte deles ainda estava viva, pelo menos em memória naquele cemitério.

~ QUEREM RECEBER UM TRECHO ADIANTADO DO PRÓXIMO CAPÍTULO? É SO DEIXAR UM COMENTÁRIO NESSE E EU MANDEREI UMA MENSAGEM PRA VOCÊ COM UM TRECHINHO PARA MATAR UM POUCO A CURIOSIDADE! ~