Harry chegou em Teignmouth perto da hora do almoço, sozinho. Alguns dos meninos até se ofereceram para ir com ele, mas ele achou melhor ir sozinho, por causa de Serena. Mal podia esperar para vê-la de novo, abraçá-la, beijá-la... Ela realmente fazia falta nas viagens. Pegou um táxi na estação e passou o endereço que Serena tinha enviado do hotel. Mandou uma mensagem falando que já estava chegando, era isso o que imaginava, já que a cidade era pequena. Logo estava na frente do hotel, o taxista tirou as coisas do porta-malas e ele entrou no hotel, indo direto para o balcão com a finalidade de pegar um quarto.

Serena o viu entrando e logo se levantou da poltrona no lobby que estava sentada desde que recebera a mensagem, um sorriso logo se formou em seu rosto e ela andou apressada até ele, que parecia estar dando seus dados para pegar um quarto.

- Não se preocupe, ele vai ficar no meu quarto. - ela disse para a atendente, que olhava de um para outro, perguntando-se o que deveria fazer.

Harry cancelou tudo e foi puxado pela mão por Serena até o elevador, tentando carregar a mala junto. Ele queria ter beijado ela ali mesmo, mas sabia que não podia, pelo menos não por enquanto. Os segundos pareciam longos até chegarem ao quarto dela, até finalmente ficarem a sós. Serena abriu a porta do quarto puxando-o para dentro, assim que a porta fechou abraçou Harry, um abraço apertado, Serena se sentia segura nos braços dele.

- Senti sua falta... - Serena disse após beijá-lo.

- Eu também. - Harry disse voltando a beijá-la.

- Podemos sair para almoçar... O que você acha? - Serena sugeriu passando a mão pelos cabelos dele.

- Acho que seria ótimo... Você não tem que fazer nada?

- Depois do almoço eu volto para o hospital... Você deve estar cansado, pode ficar aqui se quiser... - Serena disse pegando sua bolsa dentro do armário.

- Claro que não, eu vou te acompanhar! Como está sua vó? - ele perguntou sentado na cama, é ele estava cansado.

- Hoje de manhã o médico falou que ela está bem melhor, ela já está acordada a maior parte do tempo e eles vão tentar deixar ela respirar sem aparelho para ver o que acontece... - Serena parecia mais animada - Agora vamos que eu estou com fome!

Os dois saíram do hotel, parecia que as pessoas ainda não sabiam que Harry Styles era o garoto com Serena. Na verdade, nem para ela ele era Harry Styles, da banda One Direction, ela já estava tão acostumada que nem pensara que podia não ser muito recomendado andar com ele por aí à toa. Teignmouth Serena, Teignmouth! Com certeza não teria nenhum perigo para eles naquela pequena cidade.

- Então foi aqui que você nasceu? - Harry perguntou entrelaçando seus dedos com os de Serena enquanto andavam pelas ruas.

- Foi aqui que eu nasci e cresci, deixei a cidade há apenas três anos, fui para Londres e desde então só tinha voltado umas duas vezes. - Serena explicou, Harry continuava com aquela sensação de não saber sobre a vida dela, mas tinha medo de perguntar.

- Parece ser uma ótima cidade... - ele comentou.

Os dois entraram em um restaurante de comida caseira que ficava perto do hospital, sentaram-se numa mesa num dos cantos do salão e ficaram olhando o cardápio por um tempo. Harry escolheu o seu e observou Serena encarando o cardápio ainda, achou aquilo engraçado e resolveu brincar.

- Não precisa ficar envergonhada, Serena. Pede logo a porção grande que eu sei que você está na dúvida! - Harry disse rindo, Serena apenas mostrou a língua pra ele e fechou o cardápio fazendo sinal para o garçom.

Os dois fizeram a refeição calmamente, rindo e conversando como sempre. Serena agradeceu a Harry pelo o que ele e os meninos fizeram por ela esses dias que ela não estava com a banda, ver o apoio deles tinha realmente um grande significado para ela.

Enquanto caminhavam para o hospital Serena percebeu os olhares em cima dos dois. Não sabia exatamente se era porque estava de volta à cidade ou se era porque estava de volta à cidade com Harry Styles. Não deu muita importância para nada daquilo. Continuaram andando como se nunca tivesse reparado nas pessoas.

Harry segurou na mão de Serena quando entraram no hospital, apesar de ela parecer mais segura do que ele ali. Os dois entraram no quarto de Grace e ela estava acordada, quando percebeu a presença de Serena ali ela automaticamente levantou a mão, com muito esforço. Serena foi imediatamente para o lado da vó, pegou a mão dela e sorriu quando viu que a aparência dela estava muito melhor naquele dia, tinha grandes esperanças de que ela saísse logo do hospital.

- Oi vó, como está se sentindo hoje? - Serena passou a mão pelo cabelo dela, fazendo um cafuné delicadamente.

- Melhor... - sua voz ainda soava um pouco fraca - Vejo que você trouxe alguém hoje... - Grace disse referindo-se a Harry, que assistia tudo de pé ao lado da porta. Serena olhou para sua avó com um olhar que as duas entendiam muito bem e sorriu - Você sabe que não precisa falar nada.

- Esse é Harry vó. - ela disse fazendo sinal para que ele se aproximasse, Harry ficou ao lado de Serena depositando um de seus braços ao redor de sua cintura.

O médico não demorou muito para aparecer no quarto, todos os dias ele conversava com Serena para falar sobre o estado de sua tia e esse tipo de coisa. Serena estava com um bom pressentimento naquele dia, esperava poder deixar a cidade com sua avó em casa já, sabia que sua tia iria aparecer para cuidar dela quando fosse embora.

- Boa tarde Srta. Morgan! - o doutor disse quando saíram do quarto, Harry tinha ficado lá dentro, desconfortavelmente, conversando com Grace, ou tentando.

- Boa tarde doutor... Como está minha avó? Eu percebi que a aparência dela está bem melhor hoje, parece mais saudável... - Serena disse apressada, quase fazendo o doutor rir.

- Sim, ela está bem melhor... Acho que dentro de uns três dias ela já pode ir para casa. - ele disse olhando alguma coisa em sua prancheta.

- Três dias? - Serena disse frustrada - Eu tenho que ir embora antes disso...

- Sinto muito, mas é necessário que ela fique por aqui por mais algum tempo, precisamos monitorá-la e ver se os sintomas não vão voltar novamente, além disso ela vai precisar de total repouso quando sair, mas conversaremos sobre isso depois.

- É isso então? - ela soou meio triste - Enfim, estou muito aliviada de saber que ela já poderá sair então. Ela não corre mais nenhum risco doutor?

- Não, ela está completamente fora de risco agora e sua recuperação não deve demorar muito se fizer tudo de forma adequada.

- Vou me assegurar que isso aconteça.

Serena estava realmente aliviada de não perder sua avó, ela continuaria ali, por mais algum tempo mais ou menos. Harry viu o doutor entrando novamente no quarto, mas sem Serena, e resolveu sair para vê-la. Ela estava sentada num sofá no corredor, parada e com cara de choro. Ela não conseguia se controlar, era mais forte do que ela, todas as lembranças tinham voltado para sua mente e ela não conseguia afastar, tentava inutilmente não chorar, mas quando sentiu os braços de Harry ao seu redor desabou.

- Hey Serena... O que aconteceu? Acabamos de receber uma ótima notícia dentro do quarto! - ele disse sem entender porque ela chorava.

- Eu sei, eu sei! Minha vó vai ser liberada, eu não posso acreditar, é um alívio tão grande! - ela disse entre as lágrimas.

- Mas esse choro não parece de alívio, muito menos de felicidade. Você não quer me contar o que está acontecendo? - ele disse recolhendo-a em seus braços.

Serena respirou fundo, não sabia se queria falar sobre aquele assunto, estava tão sensível aqueles dias, mas já estava ali chorando e devia a ele algumas explicações, se queria que aquilo desse certo era melhor começar a contar sua história a ele.

Contou tudo, sobre o acidente, sobre os problemas da família, sobre sua mudança para Londres e a importância que sua avó sempre tivera em sua vida. Contou cada detalhe que se lembrava sobre aquele acidente de carro.

- Eu só não entendo Harry... Porque eu sobrevivi e eles não. - ela disse limpando as lágrimas com a mão, aquela era uma dúvida que ela teria que conviver sempre.

- Não importa o porquê Serena, você está aqui e é isso o que importa! Se você quiser... Podemos visitar o cemitério hoje ou amanhã, eu vou com você! - ele sugeriu - Você tem que conviver com o que aconteceu, não há nada que possa mudar isso.

- Foram os meus pais que morreram naquele acidente, acho que você não pode imaginar como isso é para mim. Agora você entende porque eu fiquei tão desesperada com a minha avó internada? Eu não suportaria perder mais alguém, eu não posso perder mais alguém.

Harry ficou abalado com a história que Serena o contou, não esperava nada perto daquilo de uma garota como ela que, na maioria das vezes, se mostrava tão forte e tão madura. Muitas coisas começaram a fazer sentido depois de ela esclarecer tudo. Estava disposto a tentar ajudá-la a superar aquilo, mesmo após quatro anos desde o acidente, ele achava que ela poderia passar por aquilo sim, e só ter boas memórias de seus pais. Ela precisava deixar de ter aquele medo de perder pessoas, principalmente porque sua avó já não era uma pessoa jovem, ela já estava fraca e talvez algo pudesse acontecer, naturalmente.

E foi então, naquele dia, depois de conhecer a sua história, que Harry decidiu que jamais poderia machucar Serena, jamais poderia fazer algo que ferisse seu coração. Ficou com ainda mais ódio de Matt, por ter brincado com ela daquele jeito, irracionalmente. Agora sabia de sua história, sentia-se ainda mais próximo dela, ainda mais conectado.

Os dois permaneceram no hospital, Serena conversava com sua avó com toda paciência do mundo, carinhosa, atenciosa... Harry imaginou como ela seria com crianças. Grace acabou dormindo no meio da conversa sobre Londres, mas Serena continuou ali sentada na poltrona ao lado dela, observando-a. Harry estava sentado no braço da poltrona, observando aquilo tudo. Os dois ouviram algumas batidas na porta e se viraram para olhar, em seguida Harry viu um cara alto e bonito com um buquê de flores brancas não mão entrar no quarto.

- Robbie, mas que surpresa! - Serena disse se levantando para cumprimentá-lo - Harry, esse é Robbie um amigo de infância e Robbie esse é Harry hum... Bom, esse é Harry. 

Serena os apresentou tentando acabar com a tensão que tinha surgido assim que o olhar dos dois se cruzaram, mas acabou por enrolar as coisas quando apresentou Harry. Deveria falar que ele era um amigo? Não era propriamente seu namorado... Olhou os dois se cumprimentando e então recebeu o buquê de flores de Robbie.

- Eu vim visitar sua avó, queria saber como ela estava e resolvi trazer essas flores para dar uma alegrada no quarto. - Robbie disse com toda a sua simpatia, ele parecia perfeito demais para Harry.

Então Serena e Robbie começaram a conversar. Conversavam sobre o passado, sobre o tempo de colégio, sobre a infância deles e discutiam sobre o que aconteceram com alguns outros amigos. Harry estava completamente por fora da conversa, mas fazia questão de estar ali, sentado ao lado de Serena, não a deixaria sozinha com ele por nada. Mal sabia ele que ela já tinha almoçado com Robbie no dia anterior.

- É melhor eu ir procurar algum vaso para colocar essas flores, volto num instante garotos. - Serena disse e saiu do quarto, deixando Harry e Robbie sozinhos com Grace que ainda dormia. Ela podia acordar e quebrar aquele clima tenso que se estabelecera no quarto.

- Seja lá o que vocês tenham... - Robbie começou - Saiba que você tem uma garota de ouro nas mãos. Serena é uma das melhores pessoas que eu já conheci na minha vida, não brinque com ela, não machuque seus sentimentos, ela muito importante para mim. - Harry se assustou com o assunto, mas decidiu deixar ele continuar - Eu sei que ela está feliz com você, dá para ver no jeito dela e você também não parece o tipo de cara que vai fazer alguma besteira, Harry. Aproveite, pois eu tenho certeza que você nunca mais vai achar alguém como ela na sua vida.

Robbie tinha deixado Harry sem palavras, jamais esperaria uma atitude assim dele. Ele estava tão cego de ciúmes que pensara nele como uma ameaça e não no tipo de pessoa que realmente era amigo de Serena e que apenas queria o bem dela. Seu conceito sobre Robbie mudara totalmente após ouvir tudo aquilo.

- Eu jamais faria alguma coisa para machucar Serena, não se preocupe. - Harry disse sinceramente - Ainda mais sabendo por tudo o que ela passou, ela não merece ter seu coração ferido.

Serena voltou pouco tempo depois com as flores em um vaso com água, encontrou Harry e Robbie conversando calmamente e em um tom baixo, para não acordar sua avó, apesar de parecer que nada a acordaria. Por um lado ficou surpresa, estava pronta para chegar no quarto e só um deles estar lá, mas mais do que surpresa ela ficou feliz por ver que os dois estavam se entendendo. Ela não mantinha contato com Robbie, mas o considerava muito, era importante para ela que ele também gostasse de Harry.

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