A morte da bezerra escrita por BubblesChan


Capítulo 18
Salva


Notas iniciais do capítulo

Edson Alca aqui !



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# 20/06/2001

# Sala – 10:15

Eu estou aqui, segura. Fui salva por Matheus. Ele trouxe a luz, tirou-me do silêncio agonizante daquele lugar. Não sei como as coisas chegaram esse ponto... Traição, violência, ódio, tudo isso por minha causa. Mas não seria mais fácil apenas me esquecer, ignorar a Estela como sempre foi. Até entendo o “ódio” de Erica, ou entendia, nem tenho mais as melhores notas da escola, tudo é dela agora. Mas o que Pablo se tornou, um ser falso, mentiroso, arrogante, não consigo demonstrar toda minha raiva com palavras, minha vontade é de socar a cara dele, pena que me falta forças. Angela, nem quero falar sobre ela, debochou de mim, deu gargalhadas de tanta felicidade enquanto me via chorar, sorte dela que eu estava fraca.

Agora vou repassar o que Matheus me contou, o que ele viu.

Segundo ele, em seguida que desmaiei os pais de Pablo chegaram. Tento que me esconder em algum lugar Pablo me colocou em um galpão nos fundos da casa. Erica, Angela e Matheus foram embora. Quando acordei fiquei desesperada, não sabia onde estava, o que tinha acontecido, como fui parar naquele lugar escuro. Comecei a escrever o que me lembrava, o que tinham me feito passar. Foi então que ouvi alguém chegando, tentando abrir a porta. Eu queria sair dali, mas estava fraca. Guardei você diário e fechei meus olhos com força, na esperança que eu desaparece ou ficasse invisível, coisa assim. Ouvi uma voz sussurrante me perguntar...

– Você está bem? – Abri meus olhos e vi Matheus sorridente na porta.

Peguei minhas coisas e levantei. Dei três passos lentos em direção à ele e cai. Senti os braços de Matheus me tirarem do chão. Eu estava tonta, estava sendo carregada, depois disso só lembro de acordar na cama, não na minha, na dele.

Mesmo sabendo onde estava continuei deitada. Ouvindo os pássaros, sentindo o leve vendo frio que entrava pela janela. Sentia-me bem ali. Mas onde estava o dono da casa?

Levantei da cama, caminhei cautelosa até a porta e ele a abriu.

– Então você acordou, como se sente?

– Melhor!

– Espero que não se importe de ser minha namorada por alguns minutos... – disse ele já com aquele sorriso misterioso.

– Como assim? – perguntei.

Fui arrastada até a cozinha onde encontrei mãe e irmã tomando café da manhã.

– Bom dia Estela? Como dormiu?

– B-Bem, obrigado! – gaguejei.

– O que vai querer comer? – disse a mulher já se levantando.

– Nada, quer dizer, tenho que sair, já estou atrasada.

– Tudo bem então, deixa pra próxima.

Matheus segurou minha mão e me levou até a frente da casa.

– Agora você só tem que explicar para o seu pai!

Eu estava confusa, onde estava esse ser tão amável quando me estuprou, quando me fez sofrer sem piedade alguma. Cheguei até mesmo a pensar que ele era adotado ou algo assim, mas não, a família dele parece ótima.

Soltei sua mão com certa fúria, dirigindo-me até minha casa ali perto, em silêncio e sozinha como estou acostumada.

Papai não estava em casa, deve estar preocupado ou na delegacia por causa do meu “desaparecimento”. Dormi tão profundamente que não ouvi o celular tocar vinte e três vezes. Agora vou tomar um banho, à noite volto para escrever sobre meu dia e talvez sobre Matheus.

# 20/06/2001

# Quarto - 21:15

Bom, aqui estou. Sobrevivi ao meu pai e aos seus ataques. Era de se esperar, disse a ele que dormi na casa do meu namorado, e essa foi à última vez que usei essa mentira.

Minha tarde foi estranha, acabei me entregando aos encantos de Matheus. E a cada vez que ele sorria era como se uma lembrança ruim fosse apagada. Sinto que perto dele estou salva. E não é que eu esteja me enganando mais uma vez. Com Erica e Pablo foi diferente. Tudo foi tão rápido e sem motivos, dessa vez sei que é verdade, consigo ver o arrependimento e a paz em seus olhos.

Por volta das duas da tarde sai e fui até ele. Estava sentado no muro de sua casa, cabeça baixa, solitário. Ao me olhar vi que parecia triste, imaginei que eu fosse o motivo, e era. Peguei em sua mão e pronunciei... “obrigado”. Rapidamente seu sorriso surgiu. Sentei ao seu lado e ali passamos a tarde toda.

Eu queria poder esquecer o que aconteceu, o que Matheus me fez, o que todos fizeram. Mas não posso, e eles também não permitem. Agora tenho que me defender, não quero mais sentir dor, não quero mais ser humilhada, traída. Isso tem que acabar, da próxima vez algo acontecer terá que ser a última. Não quero que ninguém descubra o que ocorreu comigo, nunca, não quero sintam pena de mim. Eu mesma já sinto, por ser fraca, idiota, cega. Estou preparada para o que está por vir. Eles vão implorar.



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Notas finais do capítulo

Reviews?
Penúltimo capitulo: O adeus



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