A morte da bezerra escrita por BubblesChan


Capítulo 19
O adeus


Notas iniciais do capítulo

Hey, capitulo escrito por Edson Alca =D



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# 04/07/2001

# Quarto - 22:35




Querido diário, hoje é um dia triste, não só para mim, mas para nós. Não tenho compartilhado nada com você nessas duas últimas semanas, pois prefiri pensar ao invés de escrever. E nesse tempo de muita reflexão percebi que o que eu faço com você é errado. Não devo mais encher meu único amigo de sofrimento e ódio. Hoje será o último dia que atormentarei suas páginas com os meus problemas. Até por que acho que daqui por diante não terá nada para contar. Eu sei que não terá.


Agora não estou mais completamente sozinha, tenho Matheus. Ele que ficará comigo até o final. Ele é mais que meu amigo, ele é meu protetor, é meu único e verdadeiro amor. Pode até mesmo debochar de mim, achar que estou me enganando mais uma vez, mas com Pablo eu apenas me enganei, e disso pra pior.

Sei que você tem uma imagem horrível de Matheus. Ofensor que me machucou, ser desprezível que me torturava na escola. Mas divida todo o mal que ele me causou pela metade, diminua mais um pouco por ele ter me salvado e cuidado de mim. E a cada vez que ele sorri, tudo que aconteceu desaparece.

Há motivos para toda essa matemática? Sim, há! Uma revelação um tanto inesperada. Algo que eu imaginei todo esse tempo sem ao menos saber, ou ter visto. Agora limparei o nome de Matheus como despedida. Começou com ele vai terminar com ele.

Depois disso lhe enterrarei na floresta. Creio que é o único lugar seguro. A natureza tratará de protegê-lo. Então é isso...

Matheus e eu estávamos sentados na grama do parque a algumas quadras de casa. Tudo estaria perfeito se eu não tivesse aquela angustia, se eu não tivesse, ainda, aquela dúvida cruel que me atormentava a cada sorriso daquele ser. Eu tinha que perguntar, era difícil e vergonhoso, mas era necessário.

– Matheus?

– O que foi?

– Promete que vai me contar a verdade?

– Que verdade? - disse ele meio confuso.

– Você promete?

– Prometo!

– Por que você e seus amigos obedeciam a Erica? Por que você me estuprou?

Matheus entristeceu rapidamente seu rosto. Aquela expressão assustada que eu não via há algum tempo apareceu. Ele levantou e ficou me olhando, eu não sabia o que fazer, não sabia o que falar. Infelizmente não havia outra forma de perguntar aquilo, tinha que ser assim, direto.

– Naquela época eu era um delinquente viciado em drogas. Fumava quase sempre na escola, o que era bastante perigoso. “Mas e daí?”, era o que eu pensava. Certa vez você cravou uma caneta em mim, nem entendi direto o porquê, mas aquilo me deixou com raiva. Usando minha popularidade eu meio que reuni toda a turma para lhe bater, o que não deu muito certo, pois sua mãe estava na escola aquele dia. Vendo que meu pequeno plano violento não deu certo, Erica surgiu do nada me ameaçando, dizendo que tinha uma gravação minha e dos meus amigos fumando nos fundos da escola. Eu logo me desesperei, perguntei o que ela queria para me dar a gravação, foi então que ela “ordenou” que nós te levássemos para aquela cabana, que por sinal era a antiga casa dela.

– Quando vi meus amigos já estavam tirando sua roupa. Todos nós estávamos despidos e aquilo começou. Eu apenas queria te assustar, era o que ela tinha pedido para mim, mas pelo que vi não foi o mesmo para eles. Eu tentei fazer aquilo, mas parecia mais errado do que tudo que eu já tinha feito. E ao ver aqueles seus olhos cerrados, firmes e molhados pelas lágrimas do desespero eu perdi qualquer coragem que eu pudesse ter. E assim eu fiquei lá, forçando risadas, falando coisas que não eram mais naturais. Depois fomos embora, te deixando ali, machucada.

Após ouvir Matheus contar eu meio que ganhei forças. Como se metade do meu ódio por ele tivesse sido retirado de mim. Eu chorei brevemente, era o que podia fazer naquele momento. Logo ele continuou a falar.

– Depois de um tempo, ela pediu que eu te trancasse na cabana. No inicio eu hesitei e não entendi, disse que já tinha feito o que ela tinha pedido e não faria novamente. Mas não adiantou, ela não entregou a gravação. Era a última vez que faria algo para ela, estava decidido. Quando você passou por lá, te derrubei e arrastei até a cabana, e quando vi aquela fumaça percebi o que ela estava tramando. Eu estava apavorado, se eu te deixasse ir você poderia me denunciar ou algo do tipo, então eu lhe joguei lá dentro sabendo que você queimaria, gritaria de dor. Mas no fim Erica não entregou gravação nenhuma, vai ver por que não existia. Ainda bem que nada aconteceu com você, pelo menos nada físico.

– Eu te amo, mas não posso perdoa-lo. – Olhei no fundo de seus olhos, ele estava pronto para ouvir qualquer coisa, ele merecia.

– Vai me deixar?

– Não consigo! – respondi.

– Você é a única luz que conheci.

– Eu não sou a luz.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Próximo e último capitulo: Possuída pela maldade



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