My Paradise escrita por Gisele, Gabi Calin


Capítulo 5
Robson quase Crusoé!


Notas iniciais do capítulo

Estava estudando esse meio tempo e não deu tempo de postar, estou muito compromissada e tenho que ler várias fics!Desde já agradeço!



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"...Era como se eu tivesse sendo perseguida e aquilo pareceu muito mais real do que devia."

***

Senti minha mão ser levantada e abaixada levemente. Inicialmente pensei ser um sonho, mas quando meus olhos começaram a se focar, percebi que tinha caído diretamente na realidade.

Me deparei com um rosto sujo, barbudo e velho. Me ergui surpresa, ele acompanhou meu movimento como se fosse um imã, não consegui evitar e cedi ao ímpeto de dar um passo para trás, havia esquecido que estava em um banco de praça de uns trinta centímetros de largura e o encosto do banco parou minha manobra evasiva me jogando de costas no jardim atrás do banco.

O homem estava segurando minha câmera e me olhando preocupado, seus olhos eram azuis como os meus e em seu rosto peludo nem se destacavam.

_ Calma moça!_ sua voz saiu de em meio à penugem, notei que ele segurava um papelão debaixo do braço.

_ Quem é você?

_ Sou Robson, vi que você estava dormindo aqui sozinha e fiquei preocupado. Você é uma criança não pode ficar aqui e ainda mais com uma coisa dessas!_ disse levantando a mão com minha câmera e voltando a se sentar no chão ao lado do banco._ Poderia ser roubada.

_ Não era isso que você estava fazendo?_ disse pulando o encosto do banco que me derrubara e sentando novamente.

_ Claro que não! Sou mendigo, mas não ladrão!

_ Mendigo? Que pedem esmola? E não tem casa?

_ Exatamente. Mas por que pergunta?_ disse sentando ao meu lado.

_ Pensei que não existissem de verdade!

_ É a inocência! Isso está em falta hoje em dia!_ disse me dando um sorriso sem dentes. Mas muito sincero._ O que faz aqui, nesse banco de praça?

_ Estou explorando!

_ Explorando? Parece bem legal! Qual seu nome?

_ Nessie.

_ Muito bem, Nessie, sou Robson, você fugiu de casa? Foi expulsa?

_ Expulsa, não! Que coisa horrível! Que pais fariam isso?

_ A minha mãe fez!

_ Por quê?

_ Ela fez de tudo, mas o vício acabou comigo!

_ Vício? Drogas? Bebidas? Me conte!_ não fazia ideia que isso fosse verdade._ Por que para a explicação no meio?

_ Não! Isso não é história para uma criança como você!

_ Por favor, eu sou pequena, mas entendo bastante das coisas desse mundo, quero dizer, não tanto! E eu preciso saber em que estou me metendo para me defender melhor! Já li algumas coisas sobre vícios, mas nunca um relato de uma pessoa viciada, na verdade eu pensava que isso era só literatura, pessoas que não conseguem viver sem um objeto, como se ele fosse seu tudo no mundo.

_Sim! Eu tinha uma bela casa, tinha dinheiro, família, noiva, amigos. Mas não me satisfazia, magoei todos que eu amava, vendi tudo que minha família tinha, só não vendi a casa, porque... não sabia aonde estava a escritura! Mas não se preocupe não ia e nem vou te roubar, já estou completamente recuperado. Vivo na rua por que não tenho para onde ir!

_ Sua mãe não te aceitou de volta?

_ Ela morreu há muito tempo, por minha causa, eu estava devendo uns homens e não tinha como pagar, eles invadiram minha casa e tentaram me matar, minha mãe tentou me proteger e acabou baleada também, no final eu sobrevivi e ela não. Foi um dos motivos que me levaram a sair daquele mundo.

_ Quaia foi o outro?

_ Depois que minha mãe morreu eu continuei apostando, eu tinha o pensamento que podia vencer então apostava cada vez mais alto, a casa de minha mãe ficou para mim, eu paguei minhas dívidas e por um tempo me mantive bem em um hotel, até que percebi o que tinha feito, vi minha ex-noiva na orla da praia caminhando, já fazia um tempo que a havia deixado, ela havia casado e estava grávida. Ela não me reconheceu, mas eu os observei de longe. O homem que estava com ela, aquele homem era para ser eu, e aquele bebê devia ser meu! Mas não eram! E a culpa era toda minha! Desde então eu mudei. _ ele declamou toda a história de sua vida de cabeça abaixada, enquanto eu tirava minha blusa e refazia a bolsa.

_ Nossa, que história! Você fica aonde?

_A rua é o meu lugar! Tenho um grupo de amigos que está se estabilizando, estamos pensando em abrir um comércio! E isso tudo se prolonga pelos últimos vinte anos, desde quando eu ainda era jovem!

_ Ótimo! Esse é o primeiro passo para sair dessa vida: querer sair dessa vida!

_ Querer? Eu discordo!

_ Por quê?_ perguntei recolhendo meus livros e colocando de volta na mochila de “crochê”.

_ Ninguém faz questão de nós nessa vida, Nessie, para o governo, nós somos apenas um grande bocado de nada!

_ Mas quem é esse tal de governo, para achar isso?

_ Você é jovem e inocente, daqui a um tempo vai pensar o mesmo!

_ Nunca!_ disse categórica. _ Quer me acompanhar?

_ Não posso deixar uma garotinha bobinha, me perdoe pela palavra, andar por aí sozinha! Mas, no entanto, se algum policial nos vir pensará que eu te sequestrei..._ disse pensativamente. _ Bom... Que seja! Preparada para o turismo, na cidade maravilhosa?_ perguntou me estendendo a mão.

_ Claro!_ disse tomando sua mão._ Posso lhe fazer uma pergunta?_ ele apenas afirmou com a cabeça._ Pode parecer idiota, mas o que é “Rio”?



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Notas finais do capítulo

Não ficou um dos melhores, mas esse capítulo é muito importante para o desenvolvimento da história!
Obrigada! Bjss Halley.