My Paradise escrita por Gisele, Gabi Calin


Capítulo 19
Acidente


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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"_ Modelo! Que legal._ disse eu mostrando uma surpresa fingida."

***

O dia no trabalho de Charlie foi muito legal, as pessoas de lá não trabalhavam mesmo, cidade pequena, pacata e muito sossegada, sem muitos crimes. Acho que o número de desaparecimentos superava o de crimes em geral.

Uma ilusão seria perfeita para esse momento esse momento de tédio, abri minha mochila, já sabia tudo o que encontraria, pensei que talvez pudesse criar uma ilusão baseada em uma cena dos livros de Tom Sawyer, mas fui interrompida quando Charlie passou zunindo pela sala onde eu estava.

_ O que aconteceu ?_perguntei, acompanhando a passos curtos, suas longas passadas.

_ Bella foi atropelada! Parece que não foi nada grave, mas terei que verificar.

_Posso ir com você?

_ Se quiser.

Chegamos até o hospital, Charlie estava inquieto, enquanto ele parou para perguntar à recepcionista qual quarto, era nova e corria o risco de ser barrada, me esgueirei sentindo o forte cheiro do hospital, o cheiro de Bella, estava próximo, não ficava com vontade por ter que aguçar meu olfato para achá-la, ela estava sentada numa cadeira e ao seu lado tinha um garoto, eles não pareciam muito feridos, além do garoto estar segurando uma bolsa aparentemente de gelo no rosto, ele devia ser o garoto que estava dirigindo.

_ Você aí! Foi quem jogou um carro em cima da minha mã... amiga Bella?_ perguntei me corrigindo a tempo, fazendo minha melhor expressão de indignada.

_ Sim, mas...

_ Nada de mas... Você não dirigirá nem carrinho de mão pelo resto de sua vida, garoto!_ reforçou Charlie entrando pela porta.

_ Parem de atormentá-lo! Está tudo bem Tyler, meu pai não vai fazer nada!

_ Não conte com isso!_ sussurrei dando de costas para ele.

_ Está tudo bem, de verdade?_ perguntei a Bella, agora realmente preocupada.

_ Sim! Daqui a pouco já até posso ir embora.

_ Que ótimo!_ disse Charlie, ele parecia bem melhor.

_ Como foi que isso aconteceu?_ perguntei ansiosa.

_ Foi estranho, eu estava entrando no carro e a van de Tyler avançou sobre mim, pensei que seria esmagada, mas consegui me salvar.

_ Como exatamente?_ eu poderia chamar Fast para ler os pensamentos dela, mas queria ouvir da boca dela.

_ Edward me salvou._ disse ela, eu não precisava perguntar quem era esse tal de Edward, mas o fiz para não levantar suspeita.

_ Quem é esse Edward?

_ Meu professor de biologia._ Bella parecia tão inquieta quanto eu com aquele assunto.

_ O que foi?

_ É que parando para pensar agora, me lembro que olhei para ele antes de me virar. E ele estava do outro lado do estacionamento. Como pôde ter chegado tão rápido e me salvado da colisão?

Essa era uma pergunta que eu não ousava responder.

Voltei com Bella e Charlie, Suzannah ligou para meu celular, demorei até lembrar que era ele que estava tocando, ela deu uma desculpa qualquer por não ter ido ao hospital já que era um local onde mais se podia achar pessoas sangrando, ela pareceu depois de um tempo para me buscar na casa de Charlie, ficamos um tempo olhando as fotos de Bella, desde sua primeira sessão de fotos quando tinha a minha idade, quero dizer a idade que eu aparento ter, algo entre onze e doze.

Ficamos conversando sobre isso um bom tempo, Bella comentando como é viver praticamente dentro de uma agência, ela era modelo fotográfica e estava prestes a entrar nas passarelas, mas Charlie achou que ela deveria terminar o colégio como todos e só depois pensar em desfilar pelo mundo, não que fosse uma profissão instável, Bella nunca ficaria sem emprego, disso eu tinha certeza, ela tinha dificuldade de engordar e tinha um lindo rosto. Ela ficara notavelmente magoada com seu pai por isso.

Suzannah interrompeu nossa conversa dizendo que tínhamos que ir embora, já que estava ficando tarde, ela até forçou um bocejo para enfatizar seu falso cansaço, ela era uma artista, como se ela precisasse dormir um segundo que fosse!

Não precisei explicar o que aconteceu para Suzannah, ela era a melhor amiga de Bella e estudava no mesmo local, devia ter sido a primeira a saber. Mas sua expressão séria me deixou preocupada.

_ O que foi?_ perguntei.

_ Nada.

_ Fale o que te perturba?

_ Bella poderia ter se machucado hoje, e muito, poderia até não ter resistido, Nessie!

_ Como assim? Acidentes acontecem a todo o momento! Ou você pensa que eu fiz o garoto jogar o carro encima dela! Acredite fiquei tão preocupada quanto você!

_ Eu sei, mas isso nunca aconteceu antes, acho que pode ser o Tempo.

_ Não pode ser o Tempo! Eu sou a invasora, ele devia tentar me matar não a ela!

Sim, o tempo poderia jogar uns cinquenta carros encima de mim que não faria cócegas, já a Bella... Isso ficou martelando minha cabeça toda a viagem.  Eu havia voltado para salvar Bella, não para me tornar outro perigo.

Em pouco tempo chegamos até o chalé, ele não era nada modesto, Ângela e Andréia ficaram surpresas quando me viram, tentaram disfarçar fechando os livros e se levantando, mas Suzannah imediatamente explicou o que havia acontecido, quem eu era, a prima de Bella do futuro.

Elas não acharam loucura, a Suzannah do futuro havia confiado o segredo a elas, provavelmente elas já deviam saber de suas pesquisas. Em um tempo longo de conversa, na qual eu tive que ter muito cuidado para não revelar nada que me entregasse, já estávamos muito amigas como se nos conhecêssemos há anos, as duas eram minhas irmãs por parte de pai, devíamos ter algum tipo de ligação.

Depois de um tempo conversando pude perceber as divergências de personalidade delas, Ângela tinha um ar mais jovial, acho que tive essa impressão por causa dela ser mais descontraída que Andréia, que falava menos e parecia estar sempre estar em alerta, Suzannah me explicou que esse comportamento é devido ao seu dom de prever decisões, mas ela não consegue ver a dos lobos e essa ameaça de guerra a está deixando preocupada, ela é a orientadora nas batalhas, mas em relação aos lobos ela é como era como nós, qualquer palpite é um tiro no escuro, como não saber das coisas, é totalmente novo para ela, isso se torna algo desagradável.

Já tinha feito uma lista com todo o meu plano:

1- Impediria Edward de matar Bella, minha suposta Prima.

2- Salvaria meus pais de serem mortos por Edward. Essa parte as deixou horrorizadas.

3- E por fim, salvaria Robson também.

No final da noite estávamos todas deitadas na cama, com vários livros jogados ao redor, eu estava muito cansada, e nem prestava muita atenção ao que dizia os livros. Eu tinha que ficar alerta o tempo inteiro, tinha que parecer uma menina humana comum, se algo me pegasse desprevenida poderia me encrencar.

_ O que te levou a estudar as viagens no tempo?_ perguntei a Suzannah que estava deitada do meu lado.

_ Não sei direito. Eu sabia de muitas coisas que ninguém podia imaginar devido a minha capacidade de mediadora recebia poucas, mas que já eram suficientes para entender algumas coisas que aconteciam, por que certo homem era violento, por que aquela mulher é deprimida, essas respostas me eram dadas através desses espíritos, eles eram geralmente parentes mortos que estavam muito preocupados e pediam minha ajuda. Depois da transformação isso cessou, então eu passei a buscar minhas próprias respostas, atualmente eu sou a maior estudiosa de para-normalidade que existe, mas sou obrigada a passar grande parte do meu dia fingindo que não sei de nada que o professor está falando, quem me vê acha que sou uma garota normal, com sérios problemas de matemática, mas com fascinação por história. Isso ajuda bastante no disfarce, uma personalidade comum.

_Teve outra razão?_ perguntei, não queria ser inconveniente, mas aquela frase pareceu sair por vontade própria.

_ Por que quer saber?_ ela ficou desconfiada de repente, Ângela e Andréia estavam sentadas ao nosso lado e observavam Suzannah com curiosidade.

_ Não sei ao certo, é que ouvi dizer que tudo o que as pessoas procuram na vida é algo para curar um problema pessoal, um psicólogo procura entender sua própria cabeça baseando se no que ele vê nas outras pessoas, então se você resolveu entender o passado é por que algo nele te incomoda._ concluí.

_ Você está certa_ disse ela me surpreendendo.

_ Sério?

_ Sim! Estudei muito história, não é só uma fachada que uso hoje, eu gosto muito! Sempre fiquei indignada com nossa incapacidade de conseguir uma verdade absoluta do que aconteceu no passado, tudo o que temos são teorias voláteis da possível verdade, eu sempre gostei de saber os mínimos detalhes de um acontecimento, a verdade por detrás de todo o mito que criam sobre os fatos, esse foi sim um dos motivos, mas a razão que me levou a querer descobrir a verdade foi sim pessoal, como você disse.

_ Se você não quiser falar, não é necessário.

_ Não, eu nunca disse isso a ninguém, nem a vocês Ângela e Andréia, eu ouvi de alguns espíritos sobre o Tempo, o organismo super organizado, eu pensei que era uma bobagem, já que existiam muitos espíritos zombeteiros, isso voltou a minha memória depois da transformação, e se fixou lá, sempre que eu pensava em Joseph isso me vinha a memória.

_ Joseph?_ perguntou Ângela se sentando ereta interessada na história.

_ Sim, antes de me mandarem para o hospício, por “falar sozinha”, meu pai aceitou meu casamento com um rapaz chamado Joseph, mas nossos caminhos foram separados, eu fui tida como louca e ele foi convocado à Primeira Guerra.

_ Guerra?

_ A Primeira Guerra Mundial. Já ouviu falar?_ perguntou Suzannah me atualizando ao assunto.

_ Por alto._ respondi, talvez estivesse em alguns daqueles livros que minha mãe não gostava que eu lesse.

_ Ele morreu. O homem que me transformou me tirou daquele hospício, eu procurei por ele, e a última coisa que sobrou dele foi seu nome na lista dos mortos em combate.

_ Você estudou o Tempo, para poder salvar Joseph?_ deduziu Andréia que até então estava calada.

_ Sim. Eu devia ter contado, já que são vocês que passam a maior parte do tempo pesquisando por mim. Me desculpem.

_ Está tudo bem, somos uma família, nunca imaginamos que esse amor todo pelo estudo do tempo fosse por causa de um homem._ disse Ângela.

_ Sim, vocês estão certos.

_ Obrigada. Mas Suzannah você já descobriu como voltar, por que não o salva logo.

_ Eu tenho medo, admito, não sou como você! Eu já passei pela transformação e não é nada legal, na verdade estou sendo vaga demais, é horrível ter a sensação de queimar lentamente.

_ Como assim? Tudo bem que você não queira que ele sinta dor, mas ele morrerá de todo modo, essa é a única maneira de salvá-lo!

_ Eu sei, mas... É difícil de explicar, Renesmee! Eu não quero mais falar nesse assunto!

Resolvi não discutir, não por ter desistido, mas por que ela havia ficado visivelmente mexida com essas lembranças do passado. Eu sabia que uma pessoa estava desconfortável quando me chamava pelo nome completo, o único caso que eu não conseguia explicar era o de Edward, ele me chamava de Renesmee em todas as situações, ele era exceção a essa regra, mas não queria pensar nele, ia seguir meu plano enquanto desse certo, Suzannah havia se adiantado e combinou uma festa com Bella, seria como as festas que fazíamos na ilha em meu aniversário, entre nós três.

_ Amanhã vou comprar algumas roupas para você e um pijama para a festa.

_ Pijama? Para uma festa?

_ É uma festa do pijama! Demorei muito até convencer Bella a fazer uma festa, no fim disse que só iríamos dormir com ela, aleguei que era por causa do acidente, ela ficou desconfiada, mas no fim concordou.

Ainda estava confusa com a história do pijama. “Costumes estranhos desse povo!” pensei, mas resolvi não entrar em outra discussão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!



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