Ninguém disse que era fácil

Ninguém nunca disse que seria tão difícil

Oh, me leve de volta ao começo

                Coldplay_ The Scientist

_ No que está pensando?_ perguntou Suzannah.

_ Em nada!_ menti. Depois da conversa que tive com Suzannah várias coisas passavam pela minha cabeça, coisas que eram muito tentadoras... Voltar no tempo seria uma coisa muito útil na minha vida, com certeza.

Ela apenas me disse para fechar os olhos, e pensar no lugar onde eu estava no dia em que fugi, em um instante tudo estava silencioso até que uma ventania começou de repente, ouvi um assobio entrando pelo vidro, mas como se soubesse que eu estava me virando para constatar que vinha da janela ele parou, não completamente como pareceu por um segundo, mas sim se transformou numa brisa suave, e eu já estava numa praia com o vento batendo gentilmente em meu rosto, ao longe ouvi um pássaro cantar e tive certeza que não era só uma ilusão como as que eu estava acostumada, era a única e inconfundível brisa de minha praia que por um segundo desacreditei estar sentindo novamente.

O sol, o mar, tudo exatamente como eu vira pela última vez, naquela época não imaginei que ficaria longe tanto tempo. Não fazia ideia de nada, para falar a verdade.

_ Nessie, por favor, temos que sair daqui, se você der de frente com você mesma vamos ser tragadas de volta._ disse enquanto rolava na areia.

_ Claro, desculpe, é muita emoção! Vamos até um lugar que eu gosto, de lá da para ver quase a ilha inteira. _Chegamos rápido ao monte, já havia estado ali umas mil vezes, mas nunca me cansava, nunca me cansava de nada naquela ilha.

_ Como vamos impedir que você saia da ilha?_ refletiu Suzannah.

_ Eu fujo de casa depois de ouvir uma conversa de meus pais, eles se recusam a me explicar, eu grito e saio correndo e daí eu fujo._ disse apontando minha casa em meio ao matagal embaixo de nós.

_ Então, nesse caso acho que devo impedir você de ouvir essa conversa sozinha, para que não corra o risco de se encontrar consigo mesma, tudo bem? Quando eu fazer a alteração, você deve começar a perder a consciência lentamente, e depois tudo voltará a ser como antes.Ok?

_ Claro, vou ficar aqui observando a ilha no meu último minuto de sabedoria!_ era verdade, assim que ela mexesse nos acontecimentos eu não me lembraria de nada do que vivi, nada que vi no além do horizonte, mas isso só amenizaria minha dor, com certeza eu não desistiria de saber sobre o mundo além do horizonte. Uma pergunta passou por minha cabeça: E se eu fugisse de novo?

_Espere, Suzannah eu não me lembraria  nada que fiz, e se acontecer a mesma coisa, de novo?

_ Calma, como lhe disse os Mediadores tem conciência das alterações, você irá esquecer mas eu vou lembar. Se acontecer de novo será totalmente diferente, já posso até fazer suposições, provavelmente você fugirá, mas Edward não estará aqui para te levar, ele só fez isso por que ficou preocupado com o que você fez, você então voltará para casa e viverá com seus pais, sabendo um pouco do mundo além do horizonte. 

_ Mas Edward pode querer me levar, daqui a algum tempo.

_ E ele irá, quando seus pais...

_ O que meus pais têm a ver com isso?

_ Seus pais não são imortais como você querida Nessie, é só uma questão de tempo, deixe-me explicar, quando Andréia nasceu, seu... quero dizer, Edward não sabia como seria o desenvolvimento dela, ficou muito surpreso quando ele se mostrou muito acelerado, quando ele imaginou que por ser metade vampiro, devia crescer, mas só que demoradamente. Ele ficou mais tranquilo quando lá pelo sétimo ano ela parou de crescer.

_ Demorou muito para conseguir um experimento para perdê-lo tão rápido._ falei desdenhosamente.

_ O caso é que humanos crescem muito mais devagar, mas em compensação, eles morrem.

_ Minha mãe já me falou disso, de passar para outro mundo, um muito mais feliz, disse que provavelmente ela iria primeiro que eu, mas que ia ficar me esperando, que para isso eu devia ser como eu sempre fui: boazinha.

_ Você não vai passar para o outro mundo, pelo menos não enquanto este estiver de pé! Uma hora isso aconteceria a seus pais, e então você iria viver comigo, como suas irmãs! Provavelmente daqui a alguns anos!

Ela deu um longo suspiro e depois prosseguiu.

_Prometo que não conto que Edward é seu pai! Digo apenas que sou uma amiga da família, e então podemos viver juntas, Ângela está muito ansiosa!

_ Quem cuidou delas quando eram crianças? Ângela e Andréia?

_ Dois humanos, também, mas elas tiveram problemas quando saíram da ilha e se depararam com cheiros diferentes dos pais delas! Você surpreendeu, a Edward também, ele não admite mais eu sei que sim, ficar perto de sangue desde criança ajuda no controle e acho que seu pelo seu regulamento de alimentação ajudou ainda mais.

_ Foi minha mãe que teve essa ideia! Ela percebeu que eu ficava um tanto estressada quando ficava muito tempo sem me alimentar. E eu não entendia por que meus pais se alimentavam tantas vezes por dia e eu só uma vez por mês! Então ela teve a brilhante ideia de eu me alimentar aos poucos durante o mês, fiquei muito feliz por ficar parecida com eles, pelo menos nesse quesito.

_ Então acho que é isso! Até logo! _ disse ela vindo em minha direção para um abraço.

_ Adeus!_ a contrariei. Eu estava em muita dúvida, mas aquela conversa pôs fim a todas elas, já havia perdido minha mãe biológica que foi capaz de dar a vida por mim, e agora fico sabendo que perderia meus pais, as pessoas que eu mais amava! O tempo não era o senhor de tudo, para decidir quem fica comigo e quem morre! Será que está mancomunado com Edward nessa empreitada?

Hesitei um momento mínimo antes de arrancar o colar de seu pescoço, a nossa suposta Âncora.

_ Desculpe-me, mas jurei destruir Edward, não vou deixar minha mãe biológica morrer agonizando! Vou concertar tudo!_ disse enquanto sua figura pasma sumia lentamente.

_ O quê?

_ Desculpe-me, mas é preciso._ disse para o nada a minha frente.