No capítulo anterior...

"...Lembrei-me de Pinóquio o boneco de madeira que só queria ser como seu pai, humano, isso era exatamente o que eu queria...Pensando pelo lado positivo havia encontrado uma ilusão para aquele lugar horrível, afinal."

***

A fada azul havia feito um ótimo trabalho, agora eu estava feliz com meus pais, éramos da mesma raça, a comida que tanto detestei não era mais horrível, estava pronta para ir à escola, e estava muito ansiosa para encontrar as dezenas de amigos que tinha conseguido...

Uma mão gélida me sacudiu lentamente, me fazendo despertar de minha ilusão, era tão real que senti um aperto no estômago quando se dissolveu e levou junto meu doce paraíso, Suzannah entrou no toco de árvore e me envolveu, meus cabelos estavam enormes e me cobriam como um cobertor, o que aliviava o frio que emanava dela.

_Como me achou?

_ Posso sentir seu cheiro, lembra? E seu pai me deu a sua localização exata.

_ Minha localização?_ perguntei confusa.

_ Sim, esse é o dom dele, é um rastreador, pode achar qualquer pessoa na face da terra. Você não sabia?

_ Comunicação não é nosso forte, como ele faz isso?_ perguntei, não estava nada interessada em saber sobre os dons daquele homem, mas uma certeza me invadiu e pareceu uma coisa mais do que natural de se fazer, não sabia como, mas destruiria aquele homem e para isso precisava de todos os detalhes sobre sua espécie, que infelizmente também era ligada à minha por laços inquebráveis de sangue.

_ É como se dentro da cabeça dele houvesse uma bússola que aponta tudo o que ele quer! Ele já usou em você, quando sumiu no Rio de Janeiro!_ disse ela, tentei ligar isso aos fatos e fez sentido, ele nunca teria me achado sem esse dom.

_ Bem que eu senti uma sensação de perseguição!_ disse.

_ Era ele te procurando! Percebe?

_ Eu queria voltar para casa, mas ele matou meus pais, não vou vê-los nunca mais!_ outra dor muito forte me atingiu.

_ Ele só estava nervoso, acredite, ele ficou desesperado quando você sumiu.

_ Ele só ficou assim por que teve medo que eu quebrasse o tratado com os lobisomens.

_ Sabe sobre o tratado e dos lobisomens? Quem lhe contou?_ perguntou ela.

_ Fast. Uma das minhas ilusões.

_ Então essas ilusões são verdadeiras, mesmo? Mas como esse tal de Fast conseguiu descobrir tudo?

_ Foi ele que me levou até aquela praia, ele disse que estava andando por lá...

_ Espere... andando? Suas ilusões podem andar por conta própria, longe de você?

_ Sim. Fast tem uma teoria de que como ele foi criado por mim eu posso fazer qualquer coisa, se eu quiser dar a ele uma super força, ou uma mente de gênio, eu poderia, mas a parte da super força não adiantaria nada já que ele não pode atacar ninguém fisicamente. Até que faz sentido, quando fiquei entediada eu queria explorar a região então acho que projetei minha consciência através dele. E na reunião como não tinha com quem conversar eu dei o poder de ler mente a ele assim poderíamos conversar sem que ninguém percebesse.

_ Estava conversando com ele na reunião?

_ Sim. Ninguém percebeu!_ disse marotamente.

_ Ângela disse que sentiu um sentimento estranho vindo de você àquela hora, ela é sensitiva, conseguesentir e influenciar as emoções das pessoas. Andréia por sua vez, pode prever as decisões das pessoas, ela viu você entrando no mar da praia de La Push, e fomos atrás de você.

_ Legal, digo os poderes não a parte da praia, você também tem poderes?

_ Sim, mas esse é diferente não é como os das meninas e o seu que se desenvolveram com o tempo, nem como o de Edward que veio com a transformação, eu já o tinha antes de me tornar uma vampira...

_ Vampira?_ a interrompi_ Não sei o que é? Mas Fast ouviu isso na mente dos lobos quando me viram. Acho que pensaram que eu era uma, mas ficaram em dúvida, por isso não me mataram de uma vez.

_ Sim você é diferente, vou explicar direito, existem muitas coisas que você não sabe. O mundo do qual você sempre foi afastada, é dos humanos, eles não sabem da existência de seres sobrenaturais que vivem entre eles.Exceto esses meio lobos que protegem essa região. Eu era humana, o veneno de vampiro me mudou, mas eu não era comum, antes eu era uma mediadora, ou seja quando as pessoas morrem suas almas tem que seguir em frente, mas algumas se recusam e ficam presas a esse mundo, aí eu entro em cena, tenho que convencê-los a ir, por bem ou por mal. _ ela fez uma pequena pausa refletindo._ Eu perdi minha vida inteira com esse trabalho, considerada louca pelos parentes e amigos, abandonada num sanatório por causa de minha diferença, tratada com choques. A transformação em vampira me tirou daquele inferno, contudo meu dom me acompanhou, pude investigar mais sobre minha anormalidade que havia ficado mais precisa. E depois de muito tentar, finalmente consegui, uma coisa que muitos matariam para ter, modéstia a parte. Posso voltar e vivenciar o passado, posso mudar qualquer coisa que me desagrade, Edward me encontrou em um desses estudos geralmente a noite em bibliotecas.

_ Ele sabe sobre sua descoberta?

_ Não, só você e as meninas que sabem!_ disse ela fazendo um gesto como se fechasse os lábios indicando nosso segredo.

_ É melhor nem contar, provavelmente ele vai querer te escravizar e te forçar a usar esse dom para ajudá-lo nos seus planos nefastos de dominação planetária!

_ Nossa! Apenas não me sinto a vontade para revelar isso, não gosto de parecer mais estranha do que já sou, ele me apresentou um novo tipo de dieta, a vegetariana, ao invés de caçar e tomar sangue humano eu caçava o de animais.

_ Você caçava humanos? Mas você era humana!

_ Sim, mas quando se torna um vampiro isso não importa mais, nada além da sede importa, por isso meus olhos ficaram dessa cor clara, no início ficam vermelhos, e nossa dieta define se continuam ou se mudam. Se você ficasse muito tempo sem se alimentar também começaria a perder o controle, apesar de seus olhos não mudarem de cor, você sentiria um grande desconforto. Continuando: Ser transformada foi o melhor para mim, provavelmente seria mantida presa a vida inteira, quando mudamos, ficamos estacionados no tempo nosso corpo não se desenvolve mais, não dormimos, não comemos, alguns de nós lida bem com isso, outros ficam revoltados.

_ Eu não sou assim! Eu me desenvolvo!

_ Eu sei! Você não foi transformada, isso é contra as nossas leis, você é filha biológica de Edward e...

_ E..._ incentivei, surpresa pelo rumo que a conversa havia tomado.

_ Bella, Isabella Swan, uma humana maravilhosa. Você herdou propriedades humanas dela e vampíricas dele.

_ Onde ela está?

_Ela morreu... no parto da filha que amava.

Novamente o nó na garganta surgiu, não sabia se tinha mais lágrimas para chorar, ela havia dito tudo muito delicadamente e sem nenhum tom de julgamento na voz, mas não precisava que ninguém me culpasse, naquele momento eu queria morrer. Queria fazer qualquer coisa que a salvasse queria que minhas ilusões não fossem tão limitadas, queria trazê-la de volta.

_ Não pode ser! Eu pensei que talvez pudesse conhecê-la, isso seria a única coisa que pudesse valer a pena nesse lugar. Não quero ficar aqui!

_ Minha querida, acalme-se.

_ A culpa foi toda minha, eu matei minhas duas mães!

_ Não, não foi culpa sua! Ela a amava mais que tudo, se recusou a lhe matar, mesmo sabendo que não aguentaria, ela se negou a deixar que encostassem um dedo em você. Nós éramos melhores amigas eu não a vi mais, seu pai, te levou para viver na ilha, para que ficasse segura.

_ Se eram tão amigas devia tê-la impedido de se matar.

_ Eu tentei, mas ela simplesmente não queria.

_ Por que Edward não a ajudou?_ perguntei deixando a calada._ Não precisa responder. Sei que ele está disposto a matar todo mundo que eu amo!