My Paradise escrita por Gisele, Gabi Calin


Capítulo 10
Exploradores


Notas iniciais do capítulo

TRILHA SONORA DA FIC: The scientist e Paradise, ambas músicas do Coldplay. Que eu adoro!!Tem super a ver com o que vai acontecer na fic agora agora!!



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No capítulo anterior...

"Era só o que me faltava, agora minhas ilusões podiam ler minha mente e de quebra dar voltinhas pela cidade! O que me falta acontecer?"

***

Verdadeiramente como Fast disse: era impossível pensar com Karie do lado, não que ela fosse chata, mas é que ela gostava muito de conversar e principalmente sobre coisas da qual eu não fazia ideia do significado.

No dia seguinte depois de ficarmos o dia inteiro rodando pela cidade a procura de coisas legais para uma festa, que ela havia me convencido a fazer, voltamos exaustas, o plano era subir, deitar e não levantar até semana que vem.

Isso claro, só até Karie ver várias roupas embaladas em cima de minha cama. Junto com as roupas havia um bilhete, em uma letra maravilhosa estava escrito um convite para uma confraternização às sete horas, ali mesmo, só que como a casa é muito grande precisava de indicação exata.

O bilhete era de Edward, era um bilhete muito sintético, sem nenhuma dedicatória carinhosa, não que eu quisesse isso, havia apenas, a hora, o local e sua assinatura. Um bilhete? Isso tudo era vontade de se manter longe de mim?

Não nutria um ódio por ele, apesar de ele ter matado meu amigo Robson, apenas queria manter distância, sabia que ele era mal, mas me senti horrível por perceber a frieza que vinha de suas palavras, sua caligrafia e até mesmo o papel. Eu não o via desde o avião e por mais que odiasse admitir, me sentia mal por ser desprezada pelo homem que se dizia meu pai.

As roupas eram maravilhosas e com certeza, caríssimas, ela ficava me falando os nomes que cada roupa tinha e por um tempo nós até nos divertimos brincando de desfilar ao som de uma música de uma tal de Demi Lovato. Como não sabíamos que tipo de confraternização era essa, Karie disse que um vestido preto básico resolveria.

_ O que será que ele quer promovendo isso?

_ Não sei, a pouco vi umas mulheres chegando. São jovens e com certeza não são daqui! São muito bonitas por sinal. Ah... a respeito daquilo que nós combinamos, eu perguntei, foi muito estranho minha mãe ficou muito esquisita, como se eu estivesse perguntado uma coisa absurda, disse para não me meter com essa gente, eu não consegui descobrir nada sobre sua mãe, desculpe. Minha mãe é uma tirana e ameaçou me mandar morar com meu pai, na Califórnia, eu particularmente adoraria, mas sabe como são esses povos antigos, minha mãe como o resto da cidade não gosta muito do Senhor Masen.

_ Tudo bem! Não quero que seja expulsa de casa. É melhor não me atrasar, obrigada, tchau!_ arranquei pela porta, era fácil correr com o vestido, ele era bem simples, e não deu muito volume quando coloquei minhas próprias roupas por baixo, Kaire me chamaria de louca, mas eu preferia mil vezes usar minhas roupas.

_ Voltei!_ disse Fast reaparecendo ao meu lado.

Não precisava se incomodar com isso!_ pensei.

_ Preciso falar com você, Bucaneira!

Agora não Fast, nós brincamos depois!

_ Mas...

Saí correndo pela casa, ignorando Fast em meu encalço, o bilhete dizia que a sala da confraternização ficava na terceira porta no último corredor, do primeiro andar demorei a encontrar o corredor indicado ele ficava depois de uma porta escura, só percebi que era aquele, pois ouvi uma discussão minguando quando me aproximei, o que mais me espantou era que a discussão era sobre mim, segui a voz de Edward, agora estavam conversando baixo.

Não me importei em bater na porta, dentro da sala me deparei com a moça mais linda que já vi. Ela tinha cabelos marrons e olhos dourados, ela estava com um vestido muito parecido com o meu: justo em cima e levemente rodado, só que com cores mais claras e um pouco mais comprido. Ela tinha um ar de superioridade, um tanto aristocrata, palavra que aprendi com Robson, o mendigo mais inteligente do mundo.

_ Olá!_ disse a moça abrindo os braços me chamando para um abraço. Aceitei seu aperto firme, mas muito delicado._ Você ficou mais linda do que o possível!

_ Obrigada._ respondi sem saber se era um elogio ou não._ Eu acho que não lhe conheço?_ falei em dúvida.

_ Não! Mas eu conheço você!

_ Ahhh... Você namora o Edward?_ pensei que esse era o único jeito dela me conhecer e provavelmente ela teria um papel muito importante nessa história para que houvesse uma celebração só para conhecê-la.

_ Não!_ disse ela com uma expressão de nojo fingida, que não pude deixar de rir._ Que horror!_ pela primeira vez olhei para Edward que estava recostado na mesa, com os braços cruzados, nos observando. Estava usando um casaco que dava a impressão de frieza a sua imagem além também a de maturidade algo que ele não parecia ter sem muito esforço._ Por que a pergunta?

_ Não sei! Talvez pela importância de sua chegada!_ e também pelo fato de pensar que talvez ela pudesse ser minha mãe, mas achei melhor não comentar_ Você... é como eu?_ perguntei receosa, uma coisa que eu havia aprendido nesse novo mundo era que nem tudo é o que parece, ela parecia muito com Edward, em pequenos traços físicos, pele clara e olhos dourados, sabia que esse tipo de semelhança significava algo muito maior do que parentesco, uma ligação que ninguém havia me explicado, mas que definia o que nós ou pelo menos eles eram, já que meus olhos eram azuis e minha pele dourada pelo sol, não havia como Edward ser meu pai.

_ Sim... mais ou menos... não exatamente.

_ Quem é você, então?_ perguntei percebendo que ela não falaria nada além daquilo.

_ Eu sou Suzannah! Sou amiga de seu pai, apenas! Vim fazer uma visita assim que soube que você estava aqui!

_ Muito obrigada!

_ Não é nada, querida!_ disse educadamente.

_ Posso perguntar de onde você me conhece?

_ Nunca te vi, assim de perto, só por fotos!

_ Ahh..._ ia perguntar aonde havia arrumado fotos de mim quando duas jovens, provavelmente com a idade de Karie, entraram na sala. Usavam vestidos muito parecidos com o de Suzannah e tinham o mesmo ar de superioridade dela e de Edward, mas ao contrário deles os olhos de uma delas eram azuis e os da outar eram verdes, ambas eram muito parecidas, seriam idênticas se não fosse esse detalhe, tinham o mesmo cabelo negro contrastando com a pele clara.

Suzannah me apresentou as garotas como Ângela a de olhos azuis e Andréia a de olhos verdes. E como eu suspeitava eram irmãs, mas não gêmeas, Andréia era mais velha.

Conversavam sobre várias coisas que eu não fazia ideia, não me importei, Fast ficava o tempo inteiro fazendo piadas, e ficava difícil não cair na gargalhada na frente de todo mundo, provavelmente todos pensariam que eu era louca, já que conversavam seriamente.

O que você queria me falar aquela hora?_ pensei, usando uma desculpa para fazê-lo parar de falar!

_ Você não quis ouvir, agora não falo mais!

Fale logo!

_ Não!

Fast! Que chatice!

_ Por todas as vezes que você afundou meu navio!

Eu sempre te dou outro muito melhor que o anterior!

_ É, mas acaba com toda a minha moral entre meus subordinados! Vão acabar fazendo um motim algum dia!

Talvez assim fique mais desafiante brincar com vocês?

_ O quê disse? Quero dizer, o que pensou?

Nada.

_ Estava andando pela região e encontrei uma coisa estranha!_ disse por fim.

O quê?_ pensei. As pessoas ao nosso redor nem faziam ideia da discussão mental que estava acontecendo ali. Era estranho conversar mentalmente, pois eu gesticulava bastante, e ter uma conversa assim tinha que ter cuidado para que ninguém visse._ Você não pode andar por aí como se fosse uma pessoa independente.

_ Já lhe disse, foi você que me deu esses poderes novos, na verdade eu sou apenas parte da sua mente, não sou eu que estou desenvolvendo poderes, é você. Voltando ao assunto não sei explicar o que vi naquela praia! As pessoas de lá são diferentes! Ouvi umas conversas estranhas sobre transformação!

Que interessante!_ disse sarcasticamente. Resolvi bancar a difícil, a ideia de uma praia em um lugar tão frio como aquele era repugnante.

_ Eu sei que é! Mas vou explorar um pouco mais!

Você é um pirata, não um explorador! Não tem nada que ficar procurando novas terras!

_ Você não acredita em mim! Vou provar!

Isso não vai me fazer acreditar em você._ percebi que ele hesitou em dizer algo, mas apenas deu de ombros.

Tentei conversar com ele sobre outras coisas, mas ele fingia que não me ouvia.

_ O que foi? Vai me evitar para sempre?_ indaguei.

Nenhuma resposta. Eu tinha que fazer alguma coisa, ele era a única pessoa com quem valesse a pena conversar naquela casa.

Tem certeza do que ouviu?_ cedi, vencida, fazendo um sorriso vitorioso se formar.

_ É claro!

Então, tudo bem! Damos uma olhada!_ falei.

_ Vamos agora!

Não, já é tarde!

_ Vamos só observar! Você enxerga no escuro! E corre mais rápido que um guepardo!

Eu nunca havia ido a uma confraternização sem que fossem com meus pais, na verdade eles chamavam de festa, era bem diferente, uma vez por ano nos juntávamos e comemorávamos o meu aniversário, nesse dia meu pai brincava comigo, era o melhor dia do ano, nessa festa, minha mãe cortava meu cabelo que já agora chegava a minha cintura, e nos divertíamos para valer. Edward e as moças só ficavam conversando, nem sei por que me chamaram, poderia conhecer Suzannah em qualquer outra situação.

Pensar nisso me fez sentir saudades, Ângela me lançava sorrisos ocasionalmente, mas dessa vez ela me olhou preocupada, como se ela soubesse de algo que só ela conseguia enxergar, apenas me ergui e pedi licença, era inútil discutir com Fast.

Tudo bem!

A casa era muito grande nem perceberiam que eu havia saído. Pulei a janela do meu quarto, que era virada para os fundos, corri e saltei o rio que cruzava a propriedade já com Fast do outro lado com expressão impaciente. Onde fica isso?_ pensei, mesmo estando distante o bastante para falar.

_ Fica bem distante daqui, mas vamos chegar logo, nesse ritmo.

Depois de uma longa e silenciosa corrida chegamos a uma praia, estava tarde e ela estava vazia, pensei que nunca veria uma praia cheia na vida, sentei por um momento observando o lugar, era bem diferente da que havia visto no Rio, não havia grandes construções, carros e avenidas assimétricas. Não havia nada, apenas a praia e o mar, como na minha ilha, só que bem mais frio, parecia ter uma coisa que me prendia ali, não sabia identificar se era pela semelhança ou as diferenças com a minha ilha.

_ Venha! Precisamos acha-los logo!

Nunca vamos achar ninguém nesse lugar há essa hora, Fast, devemos voltar amanhã, ou melhor, nem voltar._ alguma coisa me dizia para não falar alto naquele lugar, acho que era isso que minha mãe chamava de intuição, e ela me dizia para sair de lá naquele momento. Correr, correr e correr muito. Para longe daquele lugar, apesar de não conseguir afastar o olhar daquele mar. Me parecia tão convidativo dar um mergulho, mesmo que breve, só para relembrar os tempos de liberdade.

Ignorei as objeções de Fast e corri para o mar, estava com minha blusa preferida e um short por baixo então retirei o vestido e joguei na areia mesmo, sem nem me importar, no final das contas era como se eu estivesse na minha ilha de novo, sem nada nem ninguém para me atrapalhar.

A água era fria como imaginava, mas estava silenciosa e calma, enfim alguma coisa boa nesse lugar horrível.


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Notas finais do capítulo

Gente, tá bem chato, mas é por que eu precisei dividir os capítulos, a parte boa tá no próximo!!
bjjsss