Pov Alice

O hospital estava pouco movimentado, também não era pra menos, todos deviam estar em suas casas preparando a ceia, ou terminando de embalar os presentes...

Eu havia acabado de tomar café e me sentia orgulhosa por não ter sentido a mínima vontade de despejar tudo dentro da privada, como sempre fazia.

Dr. Brown havia dado permissão para eu ir ver Justin, que estava em um quarto acompanhado de Pattie e Scooter. Eu sentia uma euforia que não era comum em meu ser. Eu estava feliz, ansiosa, nervosa e com medo. Enquanto íamos ate o quarto onde Justin estava, eu fazia milhares de perguntas ao Dr. Brown.

– Será que ele irá se lembrar de mi? Ai meu deus e se ele se esqueceu de mim?! – dizia extremamente nervosa.

–Alice, se acalme! Você acabara tendo um colapso nervoso desse jeito. – advertiu-me. – Ele se lembra de você. Você foi a primeira pessoa que ele perguntou quando acordou. – disse Dr. Brown totalmente apaziguador e aquilo me transmitiu uma calma incrível.

O resto do caminho ate o quarto foi silencioso, eu tentava ensaiar o que dizer a ele quando o visse. Eu deveria abraça-lo? Não, é claro que não ele acabou de sair de um coma, ele deve estar dolorido, como eu estava quando acordei. Deveria dizer um singelo “tudo bem?”... Eram tantas as opções. Despertei-me de meus pensamentos com a voz grossa do Dr.

– Está entregue. Agora se me permite, vou dar alta à alguns pacientes. Todos querem passar a noite de Natal em casa. Então... Ate logo. – disse e saiu me deixando sozinha ali com aquela porta branca com uma placa indicando o numero 475.

Levantei minha mão e fiz menção de batê-la, mas desisti. Eu estava com medo.

“Coragem Ali, você consegue garota. É só bater. Você quer vê-lo não quer?! Então...”

Dizia eu a mim mesma. Novamente levantei minha mão, dessa vez decidida a bater, mas não foi preciso pois a mesma foi aberta brutalmente revelando uma Selena raivosa e com uma cara de ódio. Ela me olhou com desdém e saiu dali esbarrando em mim e bufando de ódio. Não estava entendendo nada, meu olhar estava sobre aquela garota que andava raivosamente recepção a fora, quando o voltei para dentro do quarto encontrei aquele olhar. Foi como se eu reencontra-se a vida, encontrar aquele olhar acompanhado gentilmente de um sorriso extenso que tudo indicava ser para mim, foi como se meu sonho se tornando realidade. Pude sentir meus olhos marejarem e logo uma lagrima escapou fazendo o caminho do meu rosto. Meus pés começaram a caminhar na direção dele, eu não tinha mais poder algum sobre meu corpo, parecia que ele comandava tudo simplesmente com aquele olhar. Nossos olhares estavam cravados um no outro, era como se tivéssemos uma conexão e se tal conexão fosse quebrada, algo ruim aconteceria. Ele sorria da forma mais gloriosa que já pude presenciar.

Quando percebi já estava ao seu lado. Sentir seu cheiro de novo era a melhor sensação que eu podia sentir.

– Senti tanto sua falta. – proferiu ele com uma voz mais rouca que o normal, ao entrar em meus ouvidos aquela voz trouxe um arrepio gostoso e inesperado. Qualquer ato que ele fazia ali, para mim era algo maravilhoso, era algo estranhamente perfeito.

– Seus olhos... Sua boca... – continuou ele, que levemente levou sua mão ate meu rosto e fez um carinho sobre minhas bochechas, meus olhos e fez o contorno de minha boca com o polegar do dedo. Seu toque, era algo inabalável, era algo definitivamente indescritível, eu me sentia protegida de tudo e de todos ali, somente com o seu simples encostar de dedos em minha pele.

–Pensei que fosse te perder. – admiti derramando mais uma lagrima de meus olhos que se encontravam fechados para sentir mais intensamente o carinho dele.

– Não iria te deixar por ai sozinha. Você vai ter que me aguentar por mais alguns anos. –disse ele sorrindo em um tom brincalhão, mas ao mesmo tempo fraco, o timbre de sua voz denunciava o quão fraco ele estava.

–Eu te amo Justin. – disse sem razão ou explicação, algo dentro de mim dizia que eu só precisava dizer isso a ele.

– Eu te amo Alice. – disse ele olhando nos meus olhos, em um breve segundo já estávamos envolvidos em um beijo calmo. Nunca pensei que sentiria tanta a falta de seus lábios, era como se eu tivesse o beijando pela primeira vez. Sua língua pediu passagem e eu cedi sem pestanejar. Ele levou sua mão ate minha nuca e a outra deixou em minha bochecha enquanto continuava com suas caricias. Ele se ajeitou melhor na cama para que podessemos aprofundar mais o beijo. O beijo dele continuava com aquele sabor indescritível, não era um sabor de algum alimento, era um sabor natural, que não poderia ser descrito.

Quando o ar se fez necessário me separei dele, enquanto o mesmo depositavas leves selinhos em minha boca. Ele estava de volta, o meu Justin, estava ali e agora eu me sentia completa. Aquele vazio que habitava em mim foi ocupado.