Crônicas De Uma Deusa escrita por jujuicer


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Poseidon conversa com Melanie, uma visita ao mundo dos mortais e ao Acampamento Meio-Sangue.



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Eu estava em um apartamento de Héstia. Há uma semana, logo depois de terminar com os Três Grandes, me transportei para o Olimpo e, chorando, fui para a primeira lareira acesa que encontrei.

Flashback

- Héstia, eu preciso da sua ajuda. Dê-me um lugar onde ficar que não seja o Mundo Inferior, Atlântis ou aqui.

- Primeiro se acalme menina! Eu tenho um apartamento, aqui em Manhattan mesmo. Posso lhe emprestar por quanto tempo for preciso.

Ela me abraçou e me transportou.

Fim do Flashback

Desde então eu estava aqui. Hera, Perséfone, Deméter, Palas e Héstia vieram juntas, entender melhor o que havia acontecido. Segundo elas, Zeus, Poseidon e Hades voltaram para casa cansados, confusos, magoados, porém felizes. Zeus pediu para Hera que dissesse a mim que estava tudo bem entre os três agora, e que eu estava perdoada. Hades mandou um bilhete que dizia ‘Pirralha, eu entendi você. Ainda estou bravo, mas eu te desculpo. Inclusive, agora eu também consigo sentir suas emoções, já que como antes Poseidon não me considerava direito, parecia que eu não era seu tio direito também’. E isso é bem verdade. Algumas horas depois eu pude sentir uma energia mais forte e obscura, como quando eu usava as bênçãos de Hades, e entendi o que estava acontecendo. Poseidon pediu para Palas que levasse o seguinte recado: ‘Não importa o que você faça, ou o quão errado ou certo sejam suas escolhas, eu estarei ao seu lado. Dê um sinal de vida. Saudades, seu velho’. E eu realmente chorei ouvindo esse. Mas não era um choro de tristeza, era aceitação. Disse, porém, que precisava de mais um tempo, o que não era de todo mentira.

~*~

Eu estava parada, em frente à casa de meus pais mortais. Eu sei que isso vai contra as leis, mas eu não me importo.

- Lia! – Chamei, em frente ao portão. Tinha voltado ao Brasil para reencontrar minha família mortal. Assumi minha aparência de dezessete anos, coloquei as roupas que eu sempre vestia enquanto mortal e fui.

Bati na porta e chamei novamente, e ouvi um ‘Já vai!’ um tanto quanto irritado. Ops acho que a Lia estava dormindo. Ela abriu a porta e pareceu que ela estava vendo um fantasma.

- Calma. Sim, sou eu. Sim, eu ainda envelheço, apesar de não precisar ficar dessa maneira. Sim, eu estou lendo a sua mente.

Então, ela finalmente abriu caminho. Eu entrei e ela fechou a porta, e me abraçou muito forte, como se pra ver que eu não era uma ilusão.

- Oh meu Deus, é você mesma!

- Claro que sou eu, quem você esperava uma deusa grega? Eu brinquei, e dei um soco de brincadeira no braço dela.

- Como você está? Como é ser uma deusa? Deve ser tão divertido, poder fazer o que quiser... – Ela começou a tagarelar sonhadora.

- Eu estou ótima. Ser uma deusa é bem bacana, mas também é muita responsabilidade e muita ocupação. Não existe final de semana ou feriado, é apenas trabalho. Em compensação, nós temos dinheiro infinito, pessoas ao nosso dispor querendo fazer o que nós mandamos e também temos os semideuses. E nós não podemos fazer o que queremos, mas não entrarei em detalhes.

- Conte mais sobre esse negócio de ser uma deusa e poderes infinitos.

- Bom, o “negócio de ser deusa” é mais ou menos assim: eu sou a deusa da tecnologia, dos desbravadores, dos aventureiros e da reconciliação. Então, se você quiser trabalhar com qualquer uma das minhas bênçãos, seria legal que eu gostasse de você. Os cientistas, por exemplo, tem que torcer para mim e para Palas. Palas porque ela é a deusa da invenção, e para mim pela tecnologia. Entende? Então quem tem a minha benção tem grande facilidade com um dos meus poderes. Você, papai e mamãe têm sido abençoados por mim, Palas e Poseidon. Mamãe perdeu o medo de água, não perdeu? Poseidon tem trabalhado nisso. Você tem tido algumas idéias geniais, certo? Bom, Palas é a resposta pra essas suas idéias. Já o papai eu tenho observado e cuidado de perto. Ele já modificou uns vinte computadores. Ele é realmente brilhante com informática. Sem contar que vocês três, apesar de ainda brigarem, se reconciliam mais rápido. Culpa minha isso.

- Uau. Você realmente tem prestado atenção em nós!

- Claro que sim. Eu sou realmente sortuda, tenho duas famílias: vocês e os deuses.

E nós passamos a tarde inteira conversando. Fiz algumas demonstrações que a deixaram encantada. Contei que agora, eu ia demorar pra visitar eles novamente, mas que eu iria.

- Vou tentar passar a próxima virada de ano com vocês, ok? Vou deixar para mamãe e papai um vídeo. – Conjurei uma câmera e joguei para minha irmã – Põe isso ai pra funcionar.

- Prontinha irmãzinha chatinha caçula.

- Oi mãe, oi pai. Bom, eu passei aqui, mas eu sabia que vocês estariam trabalhando, mas esse foi o único tempo disponível que eu tive durante esse ano. Bom, vocês podem ver que eu continuo envelhecendo, que eu estou mais magra e bonita. Ao vivo eu estou bem melhor, garanto. Pode não parecer, mas eu tenho observado vocês durante esse ano. Estou aqui com a Lia, e já estou quebrando muitas regras, mas isso não é importante. Eu estou com saudades, minha profecia está sendo cumprida. Já fiz Poseidon, Hades e Zeus voltarem a se falar. Afrodite e Hefesto estão juntos e Ares não me odeia. Só falta arrumar as coisas com Zeus, Hera e Deméter. Espero que dê tudo certo. Te echo de menos* mamá, papá. Beijos para vocês.

E pisquei com meu sorriso de lado pronto.

- Desligado. Você tem que ir mesmo?

- Tenho sim. Acho que eu vou escrever para vocês. E vou te ensinar um pequeno truque.

Tirei um dracma do bolso e pedi para que ela ligasse a mangueira. Fizemos um arco-íris.

- Oh deusa Íris, aceite minha oferenda. – E joguei o dracma no arco-íris – Marília Fernandes, São Paulo, Brasil.

E ao lado de minha irmã apareceu uma tela, do tamanho do arco-íris que eu tinha formado.

- Entendeu como que faz? Quando você precisar falar comigo, você pode usar isso. Mas, por favor, só em casos de emergência. Aqui – eu entreguei um saquinho – você tem cerca de vinte dracmas. Mortais são enganados pela Névoa e enxergam isso apenas como um monte de tampinhas.

- Ok. Acho que é isso.

- É isso ai. Eu te amo. Nós vemos por ai. – Abracei-a bem rápido, soltei, e desapareci, voltando para Atlântis, minha casa.

~*~

Em meu quarto, eu apenas estalei os dedos e tive todas minhas coisas de volta a seus devidos lugares. Escrevi um bilhete para Héstia, que Hermes enviou para mim. Tomei um banho de banheira, bem demorado. Poseidon e Palas já deviam ter sentido minha energia aqui no palácio. Depois de uma hora de banho, saí da banheira e me arrumei bem devagar. Eu iria aparecer apenas para a janta, e ainda era hora do café da tarde, então eu tinha muito tempo.

Depois de trocada, comecei a fazer alguns projetos. Estava desenvolvendo uma espécie de separador de átomos. Na teoria funcionava. Fiz uma nota mental para depois fazer uma análise do meu Icor. Fiquei ali durante horas no meu projeto, quando ouço três batidas fortes e ritmadas. Sei que é meu pai.

- Entre.

Acenei com a mão para que os desenhos se organizassem e fossem para seu lugar. Ele entrou, me procurando com o olhar, já que meu quarto era grande o suficiente para ser dividido em quarto e escritório, e ainda sobrava espaço para um frigobar.

- Na escrivaninha. Sente-se pai.

E então eu havia quebrado o gelo. Poseidon relaxou os ombros e o rosto, desfazendo uma carranca.

- Achei que quando você viesse Palas estaria junto.

- Pensei que era melhor fazer isso sozinho. Sabe filha, depois daquele dia eu e seus tios temos nos encontrado todos os dias. Sabemos que não poderemos manter essa rotina por muito tempo, mas é só para nós nos habituarmos uns aos outros. E nós concordamos que você não queria falar aquilo, bom, não todas as coisas. E Palas te mandou o recado, não? – Eu assenti. – Então você sabe sua novata, que eu vou estar ao seu lado sempre. Mesmo se isso me contrariar.

Meus olhos se encheram de lágrimas novamente, eu ainda me sentia mal por tudo que havia falado.

- Eu sei filha. Eu sei como você se sente. Vem cá. – E ele abriu os braços para me acomodar. Ficamos em uma posição estranha, meio sentados, meio deitados, mas ele não parecia desconfortável, e eu realmente não estava. Eu comecei a chorar baixinho, um choro quieto. Minhas últimas lágrimas sobre aquele assunto. Depois de algum tempo que eu me senti melhor, me afastei e enxuguei as lágrimas.

- Nós vamos cancelar o jantar. Você, Palas e eu iremos a sala de jogos, chamaremos Tritão e quem mais você quiser, e faremos uma noite de diversão!

Convidei Afrodite, Hefesto, Apollo, Artemis, Dionísio e Héstia. Hebe (filha de Zeus e Hera), deusa da juventude, era muito engraçada. Nyx, deusa da noite, estava realmente feliz por ter sido convidada. Zeus, Hera, Hades, Perséfone e Deméter também vieram. Disse para Artemis chamar também Thalia, já que nós nos demos muito bem durante minha semana de acampamento com as caçadoras.

Mark me perguntou o que fazer para servir. Pedi pipoca de todas as maneiras e brigadeiro. O segundo eu tive que explicar o que era, e conjurei uma lata para ele ver o que era leite condensado, que não tinha aqui em Atlântis. Conjurei cerca de trinta latas, pedi também néctar e ambrosia, mas avisei que havia uma semideusa que, embora imortal, não podia com muito néctar e ambrosia. De bebidas, as alcoólicas estavam proibidas. Era a minha festa, e eu sou menor de idade, sem contar que o deus do vinho estava proibido de tomar o mesmo, então não teria graça nenhuma. Pedi frapês de coco, água de coco, muita água normal e gaseificada. Sucos em geral seriam servidos.

Estava tudo pronto, e alguns convidados já havia chego, como Artemis e Thalia. A segunda, quando me viu, se curvou perante mim.

- Sua tola, levante-se! Você é mais velha que eu, apesar de parecer o contrário, então tem coisa errada por aqui! – Fiz uma curvatura de brincadeira com ela. – Sabia que nessa festa Britney e Lady Gaga estão proibidas? O máximo que pode tocar é Shakira e Beyonce.

- Oh Zeus e Apollo, obrigada por isso! Vai tocar Green Day?

- Um pouco. Não muito, não sou muito fã. Mas Red Hot Chili Peppers eu garanto!

Ela ficou realmente contente com isso.

- Você e Artemis conhecem um doce chamado brigadeiro?

Nenhuma das duas conhecia. Eles estão perdendo um doce tão divino.

- Pelos Três Grandes, farei uma renovação com algumas coisas brasileiras na cozinha do Olimpo, porque está difícil! Brigadeiro é a receita mais básica para a sobrevivência de uma garota na TPM!

Elas deram risada pelo meu pequeno ataque, e nisso Dionísio e Ariadne chegaram, usando roupas bem simples. Eu deixei isso bem claro, até mesmo para Afrodite (que não gostou muito da idéia).

- Bem vindos a Atlântis, oh grandes deuses! Isso aqui é um Olimpo submerso.

- Melanie, porque você está com essa roupa esquisita?!

- Dionísio, isso lá é coisa que se pergunte?

- Deixe-o Ariadne. Boa noite pra você também, Dodô. Eu estou ótima, pelo visto você também. Em respeito ao seu castigo, eu nem estou mandando servir bebida alcoólica, olha que deusa boazinha eu sou. Mas essa roupa esquisita é o meu pijama.

- Agora os outros deuses vão ver como é bom ficar sem vinho ou uísque.

- Dodô, você já provou pinga?

- Pare de me chamar com esse apelido horrível e não, eu não sei nem o que é isso.

- Como assim Dodô?! Pinga é uma bebida alcoólica que provém da cana de açúcar. Os escravos usavam-na para fins medicinais.

- Eu espero mocinha, que você não esteja se embebedando por ai com essa tal de pinga. – Hera me repreendeu, meio de brincadeira.

- Opa Hera, com certeza ando bebendo todas por aí. Inclusive, quando Dodô sair do castigo, eu e ele vamos encher a cara por ai no primeiro boteco que encontrarmos!

- Sinto muito escoteirinha, mas é bom você pegar a senha, porque eu e Hermes já estamos na sua frente.

- Solsinho bobão, podemos sair os quatro! Claro que eu não vou encher a cara, sou uma deusa politicamente correta.

- Veremos até quando, pequenina. – Hermes respondeu, com um sorriso travesso.

- Até a hora que ela morar aqui comigo, não é mesmo Palas? É por isso que eu mantenho minha família bem segura aqui, seu pai não sabe administrar o Olimpo! – Poseidon disse num tom que era tão sério, mas tão sério, que só podia ser brincadeira.

- Como é que é irmão? – A voz de Zeus trovejou, e ele estava com sua melhor cara de bravo. – Eu administro o Olimpo melhor que Hades dirige o Mundo Inferior.

- Sinto muito, mas você deve estar falando de outro Hades e outro Mundo Inferior. Meus domínios são muito mais bem administrados e dominados que o de vocês dois juntos, grandes patetas.

Nesse ponto, todos estavam prontos para apartar qualquer briga menos eu, as três esposas, Deméter e Héstia, que estávamos bem tranqüilas.

- Mas vocês três são os Três Grandes Patetas viu, só pode. Os domínios mais bem administrados seriam aqueles dominados por minha mãe. Como, por algum estranho acaso, minha mãe também administra Atlântis, devo contradizer você Zeus, e você Hades. Atlântis é o melhor reino, e não há mais conversa. Peça a mamãe uma ajudinha, quem sabe vocês não podem disputar pelo segundo lugar?!

- Puxa saco. Retiro o perdão.

- Pirralha, eu estou realmente bravo com você agora!

- Oh deuses, agora eu não sei no pescoço de quem eu pulo primeiro!

- Para que Lady? – Thalia, curiosa, perguntou.

- Para encher esses dois patetas de beijos, claro!

E todos caíram na gargalhada. Assim foi a noite inteira. Nós fomos à sala de jogos do palácio, e passamos boa parte da noite por lá. Artemis, Apollo, eu, Thalia, Palas e Zeus competiram pela melhor mira no arco e flecha. Artemis e Apollo ficaram empatados. A flecha de um abria ao meio a flecha do outro por cinco rodadas (“Vocês dois são um absurdo! Se merecem mesmo!” “Ih, a escoteirinha é má perdedora!”). Zeus, eu e Thalia fizemos uma competição de raios. Claro que Zeus ganhou. Eu e Thalia ficamos empatadas.

- É injusto! Percy também deveria estar aqui, para nós três competirmos!

- Papai, eu nem conheço o Percy e a Annabeth. Mas prometo que isso será modificado, ok? Próxima semana eu passarei na Colina Meio Sangue, e isso será resolvido. Ai eu prometo que nós competiremos até quem tem a cauda mais bonita!

Apollo me fez ter um ataque de risos. Segundo Artemis, nenhum deus riu tanto assim na vida.

- Então vocês não têm rido o suficiente. Quando eu estou radiante, basta uma piada de idiota para me fazer ter um ataque!

A partir daquele dia, Apollo e Hermes me garantiram vários ataques de riso durante a nossa eternidade.

~*~

- Milady.

- Quíron, por favor, não faça isso! Eu quem deveria me curvar perante você, não o contrário. Eu estou aqui para ser uma de suas campistas por algum tempo. Provavelmente mais de uma semana, ainda não me decidi. Não tem problema, tem?

- Claro que não Srta.

- Quíron, por Zeus, pare de me chamar de ‘milady’ ou ‘senhorita’. Meu nome é Melanie, mas eu prefiro que me chamem de Mel.

- Como quiser. Vamos descer.

Eu resolvi passar uma semana como campista. Conhecer outros semideuses, quem sabe até sair em missão. Tudo bem que eu já tenho uma para resolver, mas tudo tem se encaminhado muito bem. Queria analisar algumas coisas aqui e ajudar os filhos de Hefesto.

Quíron me apresentou todo o acampamento. Campistas estavam por todos os lugares, geralmente em grupos de vinte a trinta pessoas, e estavam todos bem ocupados.

- Você ficará na Casa Grande. Nós preparamos seu quarto, não é nada como Olimpo ou Atlântis, mas...

- Não. Sinto muito Quíron, mas eu não vou ficar na Casa Grande. – Quíron estava entre chocado e satisfeito – Eu vou ficar no meu chalé. Existe um chalé para mim, não existe?

- Claro que existe. É o chalé 14, logo em frente ao chalé de Hades.

- Excelente então. É lá que eu vou ficar. Meu cronograma será igual ao dos outros campistas, e no final da minha estadia eu vou escolher um chalé para representar o meu voto. Mesmo que eu tenha semideuses Quíron, eles vão levar cerca de 10 anos para estarem aqui verdadeiramente.

- A senho... Você quem sabe Melanie. Daqui a pouco nós almoçaremos você pode deixar suas coisas no chalé. O Sr D está por aqui já.

Eu fui para o chalé 14 e deixei minhas coisas lá. Tinha dois beliches, tudo decorado em branco, cinza e tons de verde. Tinha uma escrivaninha também. Excelente, poderia trabalhar em meus projetos por ali. Ouvi uma grande quantidade de pessoas indo em direção ao pavilhão do refeitório.

-... É só você girar a espada que funciona, garanto, mas...

-... Ainda bem que o verão está só começando...

-... Annie, você deveria aprender a usar a espada também. Duas armas são melhores que uma!

Opa, Annie? Annabeth, talvez? Saí do chalé e fui atrás do rapaz que tinha falado aquilo.

- Com licença. Você é a Annie? A Annabeth?

Ela me mediu, analisando.

- Sim, sou eu.

- Então você é Percy? – Eu disse, me dirigindo ao garoto.

- É, até agora sou eu.

Estiquei os braços e os cruzei, para apertar a mão dos dois.

- Prazer, eu sou a irmã de vocês.

Annabeth demorou cerca de cinco segundos para entender, e logo se curvou, mas Percy não entendeu.

- Milady, é um prazer tê-la conosco.

- Annabeth, por favor. Levante-se. Você está pior que o Quíron! Não é necessário me chamar de milady, meu nome é Melanie.

Acho que agora o Percy sacou, porque ele também se curvou.

- Por Zeus, eu não gosto disso. Levante-se Percy. Eu não sou nenhum pouquinho melhor que vocês para vocês se curvarem.

- Desculpe, mas o que você está fazendo aqui?

- Agindo como um meio sangue, claro. Resolvi que vou ficar aqui por algum tempo.

E nós fomos conversando até o pavilhão. Chegando lá, Annabeth foi encabeçar a fila do chalé de Palas, e Percy ficou no final, comigo.

- Para Palas e Poseidon. – e eu joguei o mais suculento pedaço de rosbife, e fui sentar na minha mesa, solitária.

- Campistas. Nós temos aqui, hoje, uma companheira no chalé 14. Ela é Melanie, deusa da reconciliação, tecnologia, desbravadores e aventureiros. Ela se juntará a nós como campista não como mestra.

Eu sorri e acenei para todos os chalés, enquanto eles se levantavam e se curvavam.

- Levantem-se todos. Eu estou aqui para aprender mais, e talvez acrescentar alguma coisa para vocês, como os líderes de cada chalé fazem. Eu prometo não incinerar nenhum de vocês! – E pisquei, com um sorriso de lado. Algum campista, de algum lugar, gritou:

- Nós só acreditamos se você jurar pelo Styx!

- Eu juro. – E um trovão foi ouvido. – Viram, eu até que sou uma deusa boazinha. Mas eu deveria te incinerar por isso, campista!

Gargalhadas de todos. Dionísio apenas reclamava, e eu ri da cara dele. Seriam ótimos dias.

~*~

Hoje completava uma semana que eu estava no acampamento. Não teve muito que eu aprender, mas eu mostrei alguns truques para alguns campistas. Trabalhei muito com os filhos de Hefesto, montamos coisas incríveis, como um escudo bem mais leve, mas que protegia muito mais. Era bem simples, a primeira camada era de bronze celestial, já a segunda era de aço. Metais não faltam quando você é um campista. Hades sempre cede um pouco para nós, ao que todos agradecem. Fizemos a mesma coisa com as armaduras. Elas protegem o mesmo, mas são bem mais leves.

Eu e Percy treinamos nossos poderes juntos. Fazer um redemoinho custava muito mais dele do que de mim, e era de se esperar. Conversamos muito também sobre Tyson, que estava nas forjas de Poseidon, e me pediu para dizer que estava com saudades de Percy.

Toquei alguns instrumentos com os filhos de Apollo e desenvolvi um sistema de comunicação entre semideuses, o que alguns filhos de Hermes gostaram e me ajudaram bastante. Criei uma freqüência mais alta que a dos celulares, que ao invés de chamar os monstros, iria desnorteá-los. Iria ser bem útil nas missões, onde os dracmas fossem poucos.

Treinei técnicas de batalha com os filhos de Ares. Ensinei algumas coisas do EM, mas nada que não tenha em qualquer outro exército, e eles gostaram bastante.

O que eu mais gostava eram as aulas de equitação com o Percy e canoagem. Equitação porque eu adoro voar de pegasus, e canoagem porque me acalma. Minha hora livre eu passava nadando ou na Casa Grande, irritando ou jogando Guitar Hero com Dionísio.

Na caça a bandeira, ficaram os chalés de Ares, Dionísio, Hermes, Apollo, Hefesto e o meu. É bem legal ter o chalé de Hefesto comigo, porque nós inventamos coisas bem legais. Eu e Clarisse montamos a estratégia, toda trabalhada em ataque humano e defesa por armadilhas. Eu, alguns filhos de Apollo e Ares seriam a frente de batalha. O resto de Apollo e Hermes correria as laterais. Dionísio e Hefesto ficariam na defesa. Era simples, mas tão simples, que Annabeth nunca iria pensar nele para montar sua estratégia. Ela iria ficar na linha de frente com seu boné do Yankees, então várias das armadilhas incluíam farinha. Era bem legal, e ela não veria, tinha certeza.

Flashback

- Vocês sabem o que fazer. O plano não tem falhas, é incrível. Caso vocês precisem de reforço, rezem a mim e eu acharei vocês. Eu podia simplesmente me transportar para a bandeira e pegá-la, mas Annabeth está esperando que eu faça exatamente isso. Vamos vencer isso aqui!

Quíron apitou, o jogo tinha começado. Clarisse, George e eu estávamos indo atrás da bandeira na frente de todos. George iria ficar nas minhas costas com a bandeira, invisível, enquanto eu e Clarisse dávamos fim a tudo isso. Nós chegamos lá sem muitos problemas, apenas alguns campistas do chalé de Deméter, mas nada que Clarisse não soubesse lidar. Chegamos ao Punho de Zeus, e pegamos a bandeira.

- Espere Clarisse. Eu estou ouvindo risadinhas. Afrodite está por aqui. Use o plano C30.

O plano C30 estava entre os que eu apresentei a Ares. Era simples, ela distraia, eu corria o mais rápido possível. Ela concordou.

- No três. Um dois...

- AH!

Percy atacou. Deixei com Clarisse, e comecei a rastrear. Annabeth devia estar por aqui, tenho certeza. Água. Eu precisava de água. Daria mais força ao Percy, mas ele eu já saberia como cuidar. Concentrei-me e fiz uma onda gigante. Depois que ela subiu, eu fiz com que ela ficasse bem rasa, mas bem grande, e então eu achei Annabeth.

- Clarisse, Annabeth à esquerda. Eu cuido do Percy.

O Percy achava que nós estávamos em pé de igualdade, mas eu tinha algumas vantagens.

- Sinto muito irmãozinho. Juro que isso não vai te matar, mas vai deixar você desacordado.

- Do que você... AH!

Eu eletrocutei-o bem levemente, só pra ele ficar fora do jogo. Depois um filho de Apollo poderia cuidar disso.

- George, onde você está?

- Já vou, já vou!

Ele pulou nas minhas costas. Clarisse ainda estava com Annabeth, e eu ia encerrar aquele duelo passando da fronteira.

- Agüente ai Clarisse. Eu estou indo para a fronteira.

Ela não deu sinal de que estava ouvindo ou não. Eu apenas mantive a água daquela maneira, para que ela pudesse achar Annie.

- Segure-se George. Eu vou correr muito.

Usei minhas bênçãos de Zeus para afastar o ar de mim, mas criar uma zona de oxigênio em George. Isso ia me dar mais velocidade, e manteria George vivo.

Eu corri. Muito. Meus olhos ardiam, eu não via ninguém. Cheguei ao meu lado da fronteira, junto a minha bandeira. Invoquei um trovão e Quíron apitou. Eu tinha vencido minha primeira caça a bandeira.

Fim do Flashback

Eu tinha que ir embora hoje, quero terminar logo a minha missão. Ainda tinha que conversar com Zeus e Hera, e resolver as coisas com Hera e Deméter. Eu tinha que fazer isso o mais rápido possível, e ainda queria acertar as coisas com o resto da profecia. ‘... O cônjuge dela será aquele cujo amor não declarado não foi conquistado... ’. Até fazer Hades ser mais amável era mais fácil que isso. Não ia ser difícil cumprir a profecia, difícil seriam os sentimentos envolvidos nisso!

Batidas na porta tiraram minha concentração.

- Entre.

- Bom dia, Milady.

- Nada de milady Quíron.

- Sinto muito, mas eu e os outros mortais temos que tratá-la assim. É demonstrar respeito para com os deuses.

- Não, é demonstrar submissão. Mostrar respeito é outra coisa. Mas você não veio aqui para isso, veio?

- Não vim. Nós gostaríamos de saber se você vai continuar aqui ou se ficará por mais algum tempo.

- Eu vou para minha casa. Atlântis já ficou muito tempo sem sua princesa, e eu ainda devo terminar de cumprir minha profecia.

- A Srta é quem sabe. O acampamento estará sempre de portas abertas.

- Agradeço. Vou partir sem dar tchau para ninguém, odeio despedidas. Obrigada por tudo Quíron.

- Foi um prazer tê-la conosco.

E eu me transportei para Atlântis.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo dessa história que só tem me dado gosto de escrever. Por favor, comentem. Obrigada.
*Te echo de menas é uma expressão em espanhol que significa estou com saudades.
Repostado em 06/01/2013



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