Madness, Sweet Madness escrita por Guardian


Capítulo 9
E no banheiro...


Notas iniciais do capítulo

...
Em minha defesa, eu perdi os capítulos que já tinha escrito, e não estava conseguindo reescrevê-los de jeito nenhum... ó_ò
Narrado pelo Matt.



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 Se antes Mello estava estranho por permanecer em silêncio por tanto tempo, agora estava pior. "Durante todo o tempo da viagem ele permaneceu daquele mesmo jeito, mergulhado em pensamentos e preocupado com algo que nem ele próprio fazia alguma ideia do que era". Era o que eu gostaria de dizer. Mas mesmo que houvesse uma verdade parcial nisso, dizer que nada mudou desde que o avião decolou seria uma grande e bela mentira.

 Tudo o que eu pude concluir foi que isso de não conseguir descobrir o que o estava incomodando, estava consumindo a tão querida paciência e bom-humor dele.

 Que tal uma perguntinha retórica agora? "Isso é bom?". E advinha qual é a resposta? NÃO! Nem para mim, nem muito menos para o moleque infeliz que pisou no pé do Mello na hora de desembarcar.

 ...

 Sem conclusões precipitadas, okay? O garoto continua vivo, por mais incrível que isso possa parecer. Mas posso dizer que essa mãe sim tinha um bom motivo para se preocupar com a segurança do filho e afastá-lo do indivíduo suspeito. que desta vez não era eu!

 Enfim. Na hora que o avião pousou, nós dois acabamos sendo uns dos últimos a levantar do assento, justamente para evitar a aglomeração e possíveis "acidentes". Claro que quando levantamos, não vimos o garoto no banco, recolhendo o que parecia ser uma baralho de figurinhas, E mais claro ainda, que o garoto não nos viu. Tem alguma noção de quantas vezes a palavra "ferrou" ficou se repetindo na minha mente na hora que vi a careta do Mello e o motivo por trás disso?

 De qualquer forma, desembarcamos, e assim que pegamos as bagagens - uma única mala cada um - olhei discretamente ao redor pela quinta ou sexta vez, procurando por um conhecido ponto branco no meio da multidão.

 E pela quinta ou sexta vez, não o encontrei.

 Não que isso fosse inesperado, afinal, o nosso vôo tinha atrasado, e se tudo tiver corrido normalmente pra ele, Near já deve ter ido embora daqui e muito provavelmente já esteja em um fresco e confortável quarto de hotel montando algum castelo de dados qualquer. E se for pensar bem, em nenhum momento ele disse que esperaria. O que ele tinha dito mesmo? "Se eu chegar e encontrá-los no aeroporto ainda, prometo que não vou fingir que não os conheço". Algo mais ou menos assim, não era?

 Olhei para Mello pelo canto do olho, sabendo que se eu apenas mencionasse o nome de Near neste momento, as consequências não seriam muito boas. E isso era algo que eu definitivamente não queria ser o responsável por causar.

 - Eu vou no banheiro antes de irmos, tá legal? - avisei à ele, já começando a me afastar antes que ele tivesse tempo de responder qualquer coisa. Não que ele fosse chegar ao extremo de tentar me impedir de ir ao banheiro, mas não custava nada garantir que ele não tentasse vir junto comigo.

 Fui andando rápido, seguindo a direção que minha memória recordava da última vez que tinha vindo pra cá. Algumas vezes era obrigado a resmungar o que deveria ser interpretado como um pedido de desculpas, às pessoas com quem eu acabava trombando pelo caminho. Oras, a culpa não é minha se esse lugar está lotado!

 Em todo caso, quando finalmente consegui alcançar o bendito banheiro (distraído, quase entrei no feminino, mas deixemos isso de lado), já fui tirando o celular do bolso e discando o número de Near. Não é como se fosse um crime ligar para um amigo, eu só não queria Mello desse um dos seus ataques - que sempre apareciam quando ele estava com esse humor maravilhoso - por algo tão idiota.

 E ele daria. Ahhhh, sem dúvida alguma daria. E eu não estava muito a fim disso hoje, então era melhor fazer isso logo e voltar para aquele grande amontoado de calor humano.

 Nem tinha tanta esperança de que Near ainda estivesse por aqui, para falar a verdade. Mas uma ligação para confirmar não custava nada, não é mesmo?

 Voltando ao foco aqui.

 Além de mim mesmo, parecia não haver mais ninguém aqui dentro - que, sendo bem sicero, bem que estava precisando de uma boa reforma -, e mesmo que tivesse alguém escondido (vai saber, tem gente estranha pra tudo), pela total falta de superfícies refletoras, não daria pra saber. A não ser que se considere uma janela mínima a quase dois metros do chão, uma superfície refletora válida. Por isso concluí, com certo alívio, que estava sozinho aqui.

 Isso, claro, até o exato momento que comecei a ouvir um som abafado vindo do fundo, acho que de dentro do último box. Era no extremo de onde eu estava, eu não estou louco. Parecia exatamente... Um celular tocando.

 Acho que devo dizer que não sou do tipo que acredita em coincidências. E justamente por não acreditar, experimentei discar o mesmo número uma vez mais. E não é que o barulho voltou a soar daquele mesmo lugar?

 Ah, é brincadeira que foi fácil assim!

 Já fui até lá com um sorriso no rosto, realmente animado por depois de tanto tempo, encontrar Near desse jeito tão aleatório. Mas esse sorriso murchou quando alcancei a dita porta e vi que ela estava apenas enconstada. Estranho. A animação se transformou em apreensão. Porque aquilo era estranho...

 Sem me importar muito, empurrei de leve a porta de madeira pintada, e a primeira coisa que minha mente registrou foi que o pequeno aparelho de cor preta - sempre me perguntei por que ele não colocou uma capa branca, para combinar com todo o resto - caído no chão, piscando e vibrando, em companhia do som da chamada ainda não encerrada.

 O segundo fato registrado - em questão de nanossegundos - foi que esse mesmo aparelho estava caído ao lado de alguém. 

 Alguém visivelmente morto.


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Notas finais do capítulo

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