Madness, Sweet Madness escrita por Guardian


Capítulo 8
Precaução


Notas iniciais do capítulo

Narrado pelo mesmo personagem do primeiro capítulo ~



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 Cheguei com certa antecedência ao aeroporto, apenas por precaução. Não queria, por nada neste mundo, perder esta oportunidade. Não teria outras facilmente e nem tão cedo, eu sabia disso.

 Tinha uma certa ideia de como agiria e do que faria com o “felizardo” que eu havia escolhido, quando o visse desembarcando e andando na direção onde eu estaria esperando. Mesmo que ele não tivesse noção da consequência que esta simples ação teria. Mesmo que ele não fizesse a mínima ideia de quem eu era e o que poderia fazer com ele.

 Mas não demoraria a descobrir.

 Por conta da minha ansiedade, agora teria mais de trinta minutos de absoluto tédio para enfrentar, até que o horário previsto para a chegada do avião que eu esperava. Trinta minutos... Não era tanto tempo assim, apenas meia hora, normalmente passava em um piscar de olhos, mas no momento me parecia ser muito mais do que apenas isso.

 Seria pela raiva acumulada? Ódio? Ansiedade para a vingança? Não, eu não gostava muito deste último termo... Dava uma impressão de algo quase comum, de tão usado que era em filmes e afins. Mas por falta de um termo melhor...

 Mas não, nenhum desses era o principal. Estavam todos lá, com toda a certeza. Mas não eram o destaque do momento.

 Prazer.

 É, era isso.

 Prazer antecipado pela futura expressão com a qual o primeiro deles me presentearia em breve. Surpresa. Choque. Medo. Será que haveria resignação também? Espero que não. Não seria divertido se tivesse.

 Passei a mão distraidamente pelos cabelos, chamando a atenção do homem sentado em um dos bancos de plástico de cor alaranjada, que fingia ler um grosso livro cujo título eu não conseguia ler. Se não estivesse fingindo, nem teria reparado no meu gesto.

 Ele fechou o livro com mais delicadeza do que se poderia esperar de um homem com aquele porte, levantou e andou casualmente até onde eu me encontrava, a poucos metros de distância.

 Ele era meu... “Ajudante” para este dia, por assim dizer. Nomes e histórias tocantes de como nos conhecemos não têm a mínima importância e eu nem perderia tempo contando-os. O que importava era que eu estava pagando bem e caso ele falhasse com a confiança que depositei em sua eficiência, algo muito ruim iriam acontecer. Com ele, claro.

 Mas eu somente o “contratei” pelo mesmo motivo de ter chegado previamente no aeroporto. Precaução. Prevenir que as pontas de um planejamento importante como este se soltassem, era essencial, e eu levava isso muito a sério.

 Caso eu precisasse, por qualquer motivo ou complicação que fosse, do auxílio do meu caro amigo aqui, estaria tudo preparado.

 Eu não gostava de correr riscos desnecessários.

 - Que surpresa, você já estar aqui – o saudei com um comentário qualquer, quando ele se apoiou encostando-se ao pilar que havia ao meu lado. Do ponto de vista de qualquer um que olhasse, não daria para dizer que nos conhecíamos ou que sequer estávamos falando um com o outro. O tom de voz era audível somente para o nós mesmos e mais ninguém. Eu também havia me encostado no mesmo pilar, mas de modo a ficar de costas para ele, olhando com uma distração fingida e um tédio verdadeiro o painel de voos mais a frente.

 - Digo o mesmo. Se bem que no seu caso, eu já deveria esperar isso, não? – se eu virasse, tenho certeza de que veria um quase imperceptível sorriso em seus lábios.

 Mais algumas poucas palavras foram trocadas, e então ele se afastou, fingindo que atendia a uma ligação. Eu permaneci no mesmo lugar.

 Se eu julgasse que precisasse de ajuda, ou simplesmente quisesse lhe falar, mexeria daquele jeito em específico no cabelo. E ele estaria próximo o suficiente para ver.

 Era um ato simples, comum. Genial.

 Finalmente, após minutos aparentemente intermináveis e incrivelmente teimosos em passarem, a voz feminina dos alto-falantes anunciou a chegada do voo de número 8567, vindo dos EUA.

 Já era hora.

 Continuava usando o pilar como apoio, com a visão privilegiada que aquele ponto me proporcionava. Aos poucos, pude ver as pessoas que desembarcavam, algumas encontrando e abraçando parentes ou amigos que os esperavam, outras demonstrando visivelmente o desagrado que sentia ao utilizar aquele meio de transporte, e até algumas que mostravam certa decepção por, talvez, não encontrar alguém em específico as esperando.

 Até que eu finalmente o vi. A única referência que eu tinha sobre ele – e dos outros dois – era aquela foto antiga. Apesar de todas as minhas tentativas, conhecimento e recursos disponíveis, não consegui nenhuma outra mais recente. Eles eram bons, tenho que admitir.

 Mas no fim, meus esforços em adquirir tais fotos, mostraram-se totalmente desnecessários. As roupas, o cabelo, a aparência, era inconfundível.

 Mas é claro que, como eu esperava, ele não estava sozinho.


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Notas finais do capítulo

E então? Qual terá sido o escolhido? :)
E agora eu serei bem cara-de-pau e direi que meu aniversário é nessa semana e que eu quero reviews de presente :3