Madness, Sweet Madness escrita por Guardian


Capítulo 3
Em seis anos...


Notas iniciais do capítulo

Por favor, me desculpem por não ter respondido aos reviews >////////< Eu juro que foi questão de forças maiores (problemas, melhor dizendo), e que assim que minhas aulas permitirem, eu vou responder tudinho. Só quero que saibam que eu fico SUPER feliz com seus comentários e que se dependesse só de mim, responderia assim que os lesse...
Enfim. Esse está um pouco maior, pra compensar o outro, e é narrado pelo Matt.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/200771/chapter/3

 - Vamos, eu já falei para não chegar perto. Vamos embora – e assim sussurrando para o filho, a mulher afastou-se, levando sem demora o garotinho para longe do homem suspeito que por ali andava de forma despreocupada.

 Que importância tinha que esse mesmo homem suspeito tivesse acabado de pegar o bonequinho que esse mesmo garotinho tinha deixado cair, na beira da calçada? Que importa o fato que o estranho considerado “perigoso” pela mãe, tinha feito isso porque achou que o pirralho iria cair de cara na rua e seria atropelado pelo carro que vinha em alta velocidade naquela direção, ao se inclinar do jeito que estava fazendo, para pegar o brinquedo?

 Ah sim, esqueci de mencionar. O tal “homem suspeito” sou eu. É, nada a ver, eu sei.

 Bom, eu não tinha dormido direito noite passada, então minha cara não devia estar nas melhores condições, e considerando que eu ainda estava com um cigarro na boca, acho que não podia culpar inteiramente aquela mulher.

 ...

 Mesmo assim! Gostar de olhar torto e desconfiado é que eu não vou. Poxa, custava agradecer? Bela educação está dando pro moleque, viu?

 Mas deixando isso de lado um pouco, passar em frente a uma padaria, à duas quadras da casa, me lembrou que eu não tinha comido nada antes de sair, e nem ontem à noite também. Impressionante, basta sentir o cheiro de comida que meu corpo já trata de me lembrar insistentemente de que eu estou com fome.

 Apaguei o que restava do cigarro na lateral de uma lata de lixo e joguei lá. Não sou exatamente preocupado com essas coisas, mas a lixeira está lá por um motivo, certo?

 Cheguei a pensar se deveria colocar um leve sorriso no rosto, ao menos, para ninguém lá dentro pensar que eu estava querendo roubar ou algo do tipo, mas descartei. Dane-se, eu só quero comprar pão.

 ...

 Não pude evitar pensar como a cena seria engraçada se Mello estivesse aqui comigo. E mais: de mau-humor. As roupas coladas de couro, nem um pouco singulares, a cicatriz que ocupava boa parte do seu rosto, o olhar sem qualquer ameaça implícita. Se ele levantasse um pouco o casaco, talvez até desse para ver a arma na sua cintura e...

 ...

 Melhor parar antes que eu comece a dar risada. Aí sim é que vão achar que eu sou um drogado...

 Entrei no lugar, comprei o que queria, e saí. Sem problemas.

 Mas quando eu estava prestes a retomar meu caminho, com a sacola dos chocolates do Mello em uma mão, o pão na outra e o cigarro no bolso, meu celular começou a tocar e vibrar.

 - Droga... – reclamei baixo, tentando encontrar um jeito de conseguir pegar o aparelho e atender. Assim que descobri esse jeito, abri um sorriso ao descobrir quem era do outro lado.

 - Fale, Near – por puro costume, olhei com cuidado para os dois lados, para ter a certeza de que não havia ninguém ouvindo.

 “Fico surpreso que esteja acordado, Matt”.

 - Pretendia me acordar então? O que é tão importante?

 “Nada. Eu só queria perguntar uma coisa”.

 - O quê? – não importa quanto tempo tenha se passado desde que eu o conheço, ele insiste em manter esse jeito distante dos outros, essa máscara de alguém que não sente nada. Óbvio que eu sei que é tudo mentira, mas mesmo assim eu gostaria que ele tirasse isso de vez em quando. Bem, estaria pedindo demais, acho...

 “Que vôo vocês vão pegar?”.

 - Hum? Ah, o das 10h. Você também já reservou?

 “Já. Eu vou pegar o das nove, mas como eu estou mais longe da fronteira do que vocês, devo chegar praticamente ao mesmo tempo”.

 - Vamos nos encontrar? Estamos trabalhando na mesma coisa, afinal de contas – perguntei, mesmo já sabendo qual seria a resposta.

 “Melhor não. Não será uma ‘competição’ assim”.

 - Sabe, você não precisa seguir essa obsessão do Mello – mesmo que ele já soubesse, não custava nada lembrar.

 “Melhor não falar isso na frente dele”. É impressão minha ou ouvi uma risadinha?

 - Tem certeza de que não quer nos encontrar? Faz tempo que não nos vemos.

 “Se eu chegar e encontrá-los no aeoroporto ainda, prometo que não vou fingir que não os conheço”. Eram tão raras as vezes que Near falava desse jeito, que eu não pude evitar de sorrir.

 - Já é alguma coisa.

 Mais algumas poucas palavras trocadas e a ligação foi encerrada.

 É verdade que com aquele incidente de quase seis anos atrás, muitas coisas se acertaram. Mello e eu, por exemplo. E outro ponto importante que foi meio que “arrumado” naquela época foi esse “ódio” que Mello sempre sentiu por Near. Quero dizer, quase nada mudou na aparência, a obsessão dele pelo primeiro lugar permanecia (talvez mais forte do que antes) e não dava para dizer que os dois estavam mais próximos, mas mesmo assim, eu sabia. Como dizer... Acho que mesmo sem jamais admitir, talvez nem para si mesmo, Mello passou a considerar Near como um... Irmãozinho. Não chegava nem perto da nossa relação de irmandade de antes e que tinha sobrevivido até hoje; estava mais para o irmão mais velho que se diverte provocando o menor e faz isso sem a menor dor na consciência, e que se irrita com as mínimas atitudes do outro, e mesmo se não houver motivo, simplesmente encontra um.

 É o que eu acho.

 Claro que eu levaria um soco se Mello soubesse que eu penso assim, mais por vergonha e orgulho do que por ser uma teoria infundada. Eu sei que posso estar errado, mas também sei que não estou.

 Talvez nenhum dos dois tivesse sequer percebido em como tudo havia de certa forma progredido, já que aparentemente estavam congelados desse mesmo jeito por anos, mas isso não se aplicava a mim. Como um bom espectador, eu conseguia ver.

 Da padaria, foram precisos apenas poucos minutos para chegar à nossa casa. Pois é, nossa casa. Acabamos decidindo que era melhor comprar logo um lugar, ao invés de ficar pulando de um hotel para outro e alugando apartamentos a toda hora. E também, nem tinha perigo dos vizinhos ficarem vigiando os dois rapazes estranhos que moravam na casa de aparência abandonada e que constantemente sumiam do nada. Eles eram tão desinteressados com os outros ao redor, que poderíamos tirar um corpo mutilado do carro e ninguém ia fazer nada, apenas voltaria a atenção para a TV ou algo assim.

 Abri a porta da frente e fui logo para a cozinha, largar tudo o que eu carregava, lá. Será que Mello já tinha acordado?

 Ouvi um barulho. Vinha da sala, e era sutil demais para ser Mello.

 Mas o que...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!