H - Ponto Zero escrita por Siadk


Capítulo 25
025 - Insanidade


Notas iniciais do capítulo

[Dr. Isane]

Todos os personagens dessa história pertencem à mim. Por Favor não usar sem minha permissão!



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Nos últimos capítulos: Em uma loja de conveniências no meio da estrada, Beatriz entra na mente de um assaltante com roupas de policial para poder salvar as pessoas do local. Entretanto a mente desfigurada do assaltante torna as coisas complicadas para a garota que só consegue encontrar a solução de seus problemas depois de localizar com muita sorte uma lembrança escondida. A lembrança era a de um homem vestindo uma camisa-de-força desamarrada. O medo da lembrança obriga o ‘policial’ a fugir por uma fenda no meio do nada.

 

 

025 – Insanidade

 

[Dr. Isane]

 

 

O sabor trazido pelo ar é, sem sombra de duvidas, o melhor sabor de todos. Me lembra muito aquela época perdida no passado, a época em que eu era o doutor e não o paciente. Ah, os pobres e normais humanos, nunca entenderão que eles são os pacientes e não eu. Acham que eu ver o que eles não vêem me torna louco. Como nesse exato momento em que eu vejo os prédios afogados no chão, apontando para a lua no fundo do oceano, esperando o dia em que finalmente cairão de vez e nunca mais se levantarão. E eu desabo em gargalhada após gargalhada após gargalhada. A ironia, a doce ironia de saber mais que o mais normal dos humanos é capaz de saber. Eu sei que para eles, tudo o que eu estou vendo é o reflexo dos prédios em uma poça de água, e eu não passo de um louco que acabou de fugir do hospício. Gargalhadas. Até certo ponto eles estão certos, não estão!? Afinal, a camisa-de-força que estou usando, mesmo desamarrada, não poderia deixar outra idéia em suas cabeças que não a de um louco fugitivo.

 

Gargalhadas e prédios derramados na água!

 

Mas eu sou mais. Sou mais porque vejo mais. Olho no relógio amarrado na manga longa da camisa-de-força. Não há relógio, mas a falta de relógio me diz que ele já deveria estar aqui, então porque ele demora tanto? Me acomodo em uma poltrona no fim do beco mal iluminado. Para mim é uma poltrona vermelha, para eles eu estou sentado no ar. Gargalhadas. Como é possível sentar no ar? COMO? E depois eu sou o lunático.

 

Gargalhadas e cadeiras inexistentes!

 

E algo mais. Uma fenda, uma braguilha de calça aberta no ar, ou ainda melhor, uma vagina, pronta para dar a luz. O ‘policial’ (gargalhadas) sai, virado de costas, preocupado com a possibilidade de alguém o seguindo.

 

– PARABÉNS! É um menino! E acho que ele pode ter um futuro na carreira militar, minha senhora.

 

O policial salta. O ar cheira a medo e mijo, mijo escorrendo no jeans do homem. GARGALHADAS. Ele tenta voltar para a fenda, mas ainda não está na hora e eu o puxo com minha bengala (embora ele veja uma cobra e os humanos, como sempre, não vêem nada).

 

– Não tenha pressa Sr policial. Você acabou de chegar, puxe uma cadeira e sente-se!

 

E o que ele poderia fazer? Correr. Claro que não. Ele puxa uma cadeira de madeira quase totalmente destruída por cupins. Viram? É isso que o torna tão longe de mim, ele tem o que os humanos normais diriam ser o mesmo problema que o meu. Ele é louco! Mas ele vê muito menos que eu, muito menos mesmo. Eu nunca sentaria em uma cadeira nesse estado, eu sento em cadeiras forradas com couro.

 

– Por favor, por favor... Me deixe ir, eu quero voltar para minha família... Eu preciso...

 

Coitado, é de escorrer lágrimas nos olhos, não acha?! Gargalhadas.

 

– Entendo Henry, entendo perfeitamente. Vamos fazer o seguinte então, você toma um chá aqui comigo, eu te explico uma coisa a mais e uma a menos e por fim você me faz um ultimo favorzinho. Então eu te devolvo o que você realmente quer, sua tão preciosa sanidade. O que me diz?

 

 E é obvio que ele não diz nada. Mas isso significa apenas que ele concorda, apenas que ele é como todos os outros. Uma mesa coberta com um limpo e delicado pano xadrez aparece entre nós dois (Para ele o pano esta manchado de sangue, claro) e duas xícaras de chá aparecem em cima da mesa logo em seguida. Ele não tomará o chá, muito menos eu. Não passa de um enfeite.

 

– O que você quer que eu faça?

 

Ele fala tremendo, pobre coitado.

 

– Veja bem, Henry, antes de mais nada, que tal começar a me chamar pelo meu codinome? Bem chique, não? Todos deveriam ter um codinome, isso tranca suas verdades atrás de um nome próprio falso. O meu é Dr. Isane. O seu, sinceramente, não me interessa.

 

Gargalhadas e nomes falsos e um homem que está entendendo apenas metade do que deveria ser entendido.

 

– Tudo bem, vamos para o mais importante. Antes do favorzinho, que tal uma conversa de fim de tarde? Veja bem – Agora o que apareceu em cima da mesa foi um tabuleiro de xadrez, sem peças. – este é o cenário, o campo de batalha. Uma batalha é exatamente igual um jogo de xadrez, não acha?! Com todas as peças e com oponentes igualmente sábios, se torna uma batalha que deverá ser lembrada eternamente.

 

Tudo o que ele via ali era um tabuleiro sujo, fosco, podre. Coitadinho do policial.

 

– Mas este é o problema, vê? Nós temos os oponentes, dois jovens habilidosos. Nós temos o cenário, aqui mesmo, em North Gare. Mas as peças... – Peças pretas e brancas começaram a cair por todo o beco. – As peças estão muito distantes umas das outras. Como poderemos ter um jogo grandioso sem as peças. Entende?

 

Ele não entendia, mas não importava.

 

Gargalhadas.

 

– Tudo o que eu quero que você faça é me trazer a peça mais importante de um dos lados. Traga-me o rei negro. Entenda da seguinte maneira, eu sou o conselheiro do rei negro, tenho que ajudá-lo. Vamos deixar que o rei branco se vire com seu próprio conselheiro, certo?

 

O policial se levantou, iria direto à Eric, eu sabia disso como apenas eu poderia saber. Ele entrou em mais uma daquelas fendas (vaginas) e sumiu.

 

Gargalhadas e uma peça flutuando na minha frente.

 

A peça mais confusa daquele jogo.

 

Uma rainha branca. Girando. Agora era negra. Girando de novo. Branca novamente.

 

– Uma pena para o rei branco que sua conselheira esteja em uma posição tão complicada. De um lado uma sábia Alice (amo esse nome, tão surreal) do outro uma apaixonada Suzanna (outro belo nome, tão inesperado). Como essa batalha irá acabar?

 

Gargalhadas.

 

 

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Notas finais do capítulo

Notas do Sádico: Bom, desculpe a demora, estava sem internet... e espero que gostem desse cap. Sobre os "ultimos capitulos" eu coloquei isso a pedido do arquiduque (não é exatamente o que ele pediu, mas acho que ajuda).
Dedicatória do Sádico: À todos os insanos do mundo.



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