The Best Thing Thats Ever Been Mine escrita por manupotter


Capítulo 4
O que o mar trás, as ondas levam, parte 2




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Rony POV


– Por que você a beijou? –Gina havia visto? Ó céus.

– Não te interessa. –Continuei andando, ignorando-a completamente.

– Você a beijou por que gosta dela?

– Não te interessa, Gina!

– É óbvio que me interessa, palhaço. Ela é minha melhor amiga e se eu ver ela magoada vou arrancar seus membros e dar para os cachorros comerem.

– Você não vai vê-la magoada, não vai acontecer de novo. –Eu não tinha muita certeza do que estava falando, só queria me safar do interrogatório. Escutei Gina bufando logo atrás de mim, ela não estava contente com minhas respostas.


– Bobão, pára e me escuta. –A metida se posicionou na minha frente, me parando, que menina chata. – Ela é uma menina doce e talvez a mais inocente que eu conheça. Se você gosta dela, demonstre. Se não gosta, não iluda. E se machucar ela, ai o assunto é comigo irmãozinho.


Ela me dava um pouquinho de medo quando falava que nem minha mãe. Apenas guardei as palavras dela na minha cabeça e subi até meu quarto, iria deixar pra pensar nisso depois. Tomei um banho rápido, fui convidado para jantar, mas estava sem fome, liguei o ar condicionado do quarto e fui dormir.

Hermione POV


Eu fiquei observando de longe Ronald indo atrás de uma barraca de cocos com a loira oferecida, que morressem se afogando na saliva um do outro também. Fiquei de frente para as ondas e de costas para os dois otários que nessa hora estariam se agarrando.


– Alegre-se, Mione. Você está no Rio! –Fred se posicionou na minha frente sambando de um jeito estranho. Comecei a rir e o abracei.

– A carência é tanta que você precisou abraçar logo meu irmão?

– Jorge, quietinho. –Gargalhei e sem me soltar de Fred olhei para Jorge e mandei beijo, rindo ele se aproximou da gente.

– Solta ela, Fredinho.

– Vem pegá-la. –Sem nenhum convite Fred me pegou e colocou nas suas costas. Não conseguia mais parar de rir, era um pega-pega levemente estranho. Depois de o gêmeo rodar a praia correndo com a gorda aqui nas suas costas ele me soltou na areia e se jogou no chão, ofegante.

– Desculpa por eu ser uma baleia. –Fiz a minha cara de cachorrinha abandonada e ele começou a rir.

– Primeiro, você não é uma baleia. E segundo, isso foi um baita de um exercício, vou ficar musculoso.

– Não, você vai ficar é com uma baita dor nas costas. –Ri e ajudei ele a levantar. – Estou morrendo de sede, vou lá pegar refrigerante. –Fui em direção as cadeiras e notei Ronald sentado ao lado do pai dele, acho que ia botar em ação o plano ‘Vingança é um prato que se come frio’.
Sorri para o ruivo e me abaixei para pegar o refrigerante, na volta eu sussurrei no ouvido dele.

– Eu sei do que você fez, e posso usar contra você no futuro. –Ele olhou incrédulo para mim e deu um olhar de cachorro abandonado, isso não funciona comigo. Sorri com toda a minha inocência e repassei o protetor solar.

– Tem um excesso de protetor aqui. –Ronald se aproximou de mim e passou o dedo na minha bochecha. – Se você contar para meus pais o que eu fiz eu juro que te agarro na frente de todo mundo. –Olhei para ele completamente não acreditando no que ele havia acabado de falar. Me agarrar? Na frente de todo mundo? Esse menino estava brincando com fogo.

– Se você fizer isso, vou chutar seus países baixos até eles apodrecerem e caírem. –Voltei e o olhei, mantendo meu sorriso cheio de inocência novamente. Ele suspirou e se levantou.


– Aonde você vai? Nós vamos comer agora. –Acho que Molly leu minha mente, eu estava faminta. Ronald caminhou até a primeira ducha de água doce e se molhou, uma cena espetacular que eu observava de camarote VIP. Observei a água descendo vagarosamente pelo corpo esculpido dele. Era quase como ser hipnotizada, mas era por um babaca estupidamente gostoso. É isso mesmo! G-O-S-T-O-S-O, eu praticamente salivava agora. Quando ele saiu do chuveiro e sacudiu seus cabelos ruivos de uma forma tão incrível que me fez suspirar, Gina me tirou do meu momento pervertida. O que estava acontecendo comigo? Eu nunca fiquei assim.

Me levantei e fui com a ruivinha até uma ducha próxima.

– Você tem que parar de ficar babando pelo meu irmão, ele é um idiota e não te merece. –Gina disse, rindo e se molhando.

– Olhar é uma coisa, querer é outra. Eu só olho, não tira pedaço então fica tranqüila. –Eu sabia que contrariá-la iria resultar em briga, então eu só desviava do assunto.

– Minha melhor amiga tarando meu próprio irmão. –Ela não parava de rir, e isso estava me irritando. – Desencana, gatinha. –Jogou água em mim.

– Chega de banho, agora sou eu. –A empurrei do chuveiro e comecei a me molhar.

– Ei! –Agora foi ela quem me empurrou, bufei e ela começou a rir. Depois de mais brincadeiras finalmente nos secamos e nos vestimos.

Fomos para um restaurante na beira da praia, toda a família reunida em uma mesa, hora perfeita para agir.


– Como foi o beijo com a brasileira, Rony? –Molly se engasgou e encarou o ruivo que me olhava incrédulo.

– Você beijou uma brasileira, Ronald?

– Mãe... É que... –Que cena H-I-L-Á-R-I-A! Cadê a câmera do Arthur uma hora dessas?

– Molly, deixa ele. Ele é um menino, está apenas curtindo as férias, por mais que eu desaprove essa atitude dele. NUNCA mais esconda algo da gente e não faça isso de novo. –Arthur estragou toda a minha diversão. Logo, o assunto sumiu e comemos nossos camarões em silêncio total.

Passamos mais algum tempo na praia, fui obrigada a fazer companhia à Gina enquanto ela se bronzeava e logo eu estava suando feito uma pessoa obesa que correu por 30 minutos em uma esteira na velocidade máxima com roupas de inverno.


– Eu não sirvo para me bronzear. –Me servi com refrigerante e me escondi debaixo do guarda-sol.

– Por isso que está branca assim. –Gina sentou-se rindo.

– Gosto de ser branquinha. –Ri e tomei meu refrigerante.

– Vamos nos refrescar na piscina do hotel?

– Ótima idéia. –Apenas eu, Gina, os gêmeos e Ronald fomos. Como ainda era cedo, a piscina estava deliciosamente vazia. Já eram 18:30 quando os outros chegaram e foram experimentar a academia.


– Já tive meu momento academia hoje, carregando a Mione nas costas. –Fred gargalhou.

– Eu disse que eu era gorda. –Logo todos estavam rindo.


– Vou lá com as mulheres malhar um pouquinho. –Gina se retirou da piscina. Olhei no relógio e já eram 19:30, eu ficaria impressionada se não fosse horário de verão no Brasil. O sol já estava mais tímido e parecia querer se por.


– Acho que vou sair também. –Ronald se moveu pela piscina.

– Fica aqui comigo, pra ver o pôr-do-sol. –Não sei de onde que eu havia tirado aquilo, eu falei quase como uma súplica, eu queria uma companhia. Ele deveria estar com um leve ressentimento pelo o que eu havia feito, seria bom me desculpar.


– Desculpa por hoje, sério mesmo. Você deve estar muito bravo comigo, mas levei a sério aquele negócio de ‘Vingança é um prato que se come frio’. –Dei um sorriso torto e olhei para o lindo oceano novamente.


– Eu fico aqui contigo, mas faça isso de novo e eu te mato, menina vingativa. –Continuei sorrindo e encarando o mar. Fiquei olhando para o céu que agora ganhava tons de rosa e laranjado. Eu estava completamente entretida pelo sol que já estava se escondendo por trás do imenso mar, mas me assustei quando senti dois braços envolverem minha cintura.


– Rony... –O que ele estava planejando fazer? Eu sei que eu poderia me livrar de seus braços apenas fazendo o que eu estava ficando expert, chutando sua parte mais dolorosa. Mas por algum motivo, eu não queria impedi-lo, era como um imã surpreendentemente forte.

– Shhh. –Seu dedo repousou sobre meus lábios, em sinal que eu teria que ficar quieta. Ele acariciou minha pele e eu não sabia o que fazer, apenas encarava aqueles olhos azuis até que meu queixo foi alvo de sua mão, ah não, ele iria me beijar? Eu queria fugir, mas ao mesmo tempo queria ficar.


Pensa logo, Hermione. Seus lábios estão a centímetros um do outro!


Logo ele me beijou suavemente, fiquei imóvel sem saber como agir. É como se tivesse um anjinho e um diabinho em cada lado da minha cabeça, o anjinho dizia “Não o beije, Hermione. Você vai se arrepender.” e já o diabinho dizia algo como “Prove do veneno, ande, beije-o. O que não mata engorda.”

Maldito diabinho me influenciando. Decidi experimentar seus lábios, só um pouquinho.


“Anda, beije-o feito gente menina. Aproveite.”

Eu tinha que parar de me deixar levar pelas dicas do meu diabinho, mas agora nada mais importava. Comecei a beijá-lo com a mesma delicadeza que ele me beijava, logo levei uma das minhas mãos às costas dele e a outra levei à sua nuca. Brinquei com algumas mechas do seu cabelo e fiquei acariciando-o também. Eu estava envolvida com aquilo, era visível. Nosso beijo foi se aprofundando e cada vez mais eu queria aqueles lábios nos meus. Oxigênio? Pfff, isso é necessário para o ser humano? Para mim não era mais naquele momento. Era como se nem gravidade existisse mais.

Foi o beijo mais longo que eu já dei, e o melhor também. Eu tinha que me sentir assim logo com ele, Ronald Weasley? Parei o beijo um pouco contrariada e me afastei. Escutei ele suspirar e me pedir desculpas, como eu ele sabia que isso não estava certo.
Passei meu dedo indicador em meus lábios inconscientemente e sai da piscina e peguei uma toalha em cima de uma cadeira, entrei na academia e Rony parecia já ter subido.


– Amiga, precisamos conversar. Vamos para o quarto, AGORA! –O que era tão absurdo assim para ela me convocar para uma reunião de fofocas logo agora? Gina me arrastou até o elevador e logo estávamos dentro do nosso quarto. Sentamos na cama e ela começou.

– Eu vi o que você fez. Tecnicamente você e o Ron. –Suspirei profundamente e olhei-a. - Me imagine agora como uma amiga normal do Ron, não como a irmã dele. O que você sente por ele? –É, o que eu sentia por ele? Nem eu sabia, o que eu iria falar para ela?

– Eu não sei Gina. E se eu sentir algo por ele, sei me virar. É que tudo aconteceu tão rápido, preciso de um tempo pra pensar, você me entende?

– Entendo muito mais do que você pensa. Quando souber o que sente, me avisa? Por favor.

– Claro que aviso, boba. Você é minha melhor amiga, se eu me apaixonar pelo idiota do seu irmão você vai ser a primeira pessoa a saber, e vai também ser responsável por me matar. –Começamos a rir e nos abraçamos.

– Ótimo, agora vamos descer e comer algo. –Assenti com a cabeça e acompanhei-a até o restaurante do hotel, comemos um monte e logo subi para tomar banho e dormir.

– Minhas meninas, amanhã vamos fazer um tour pelo Rio de Janeiro. Começando às 8:00 da manhã, quero todas em pé às 7:00 pelo menos. –Molly entrou no nosso quarto dando uma sambadinha improvisada.

– Ok, linda. –Ri do seu jeitinho de sambar e me joguei na cama, já de pijama. Minha mãe ligou o ar condicionado e eu dormi na cama ao lado da de Gina. Amanhã seria um longo dia, e eu queria ver como Rony iria agir comigo.

Rapidamente adormeci, estava muito cansada por causa da viagem de avião. Logo, senti um lado na minha cama afundar.


– Mi, acorda. –Abri meus olhos lentamente e Gina estava posicionada do meu lado.

– Que horas são? –Me espreguicei e sentei na cama com os olhos ainda meio fechados.

– Sete, a hora que mamãe mandou a gente levantar. –Ah, certo, acordar cedo para fazer um tour pelo Rio. Resmunguei um pouco e me levantei. Busquei por roupas na minha mala e logo encontrei um shorts jeans escuro meio desgastado, uma blusa simples, camisa fina xadrez e meu all star preto. Eu tinha que estar confortável, iria ser um tour pelo Rio. Lavei meu rosto, escovei os dentes, penteei meus cabelos e destaquei as ondas com o babyliss, passei base, rimel, lápis de olho bege, blush só para dar uma cara de saudável e um gloss rosa. Passei meu perfume e desci até o Lobby do hotel.


(Roupa: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=43140352&.locale=pt-br)


– Bom dia, minha flor. Você está linda!

– Bom dia, gatinha! Obrigada Molly, você também. –Sorri e ela retribuiu, dando uma voltinha. Ela estava com um vestido floral lindo, um chapéu de palha muito estiloso e uma rasteirinha toda moderna. Minha mãe apareceu e logo atrás dela vinha Gina, Arthur e minha irmã.

– Vai arrasar os corações dos brasileiros, Mione! –Arthur falou em um tom divertido.

– Ah claro, e as meninas brasileiras que se cuidem, o Weasley pai está ai. –Falei em um tom sedutor e ele piscou e riu. Molly percebendo deu um tapa de brincadeira no ombro dele e os dois riram, se abraçando. Meu sonho era casar e ter uma relação como a deles com o meu marido.


– Olha que ironia, os meninos demoram mais que a gente. –Gina revirou os olhos. Mas foi só eu me virar para olhar o elevador que os ruivos apareceram. Os gêmeos vestiam-se normalmente, camiseta estampada, bermuda e tênis da Adidas. Já Rony estava semelhante, mas vestia uma camisa xadrez com as mangas dobradas até o cotovelo.


– Parece que combinamos. –Rony disse, se aproximando de mim sorrindo, desviei do olhar dele e sorri também.

– É, parece mesmo. –Caminhei até o restaurante do hotel e me servi com um sanduíche natural e um pote de salada de frutas. Sentei em uma das mesas e comecei a comer. Os outros demoraram a se servir, pois não paravam de tagarelar aonde iam primeiro no nosso tour. Então, para a minha tristeza, minha irmã fez mais um escândalo porque ela queria bolo de chocolate, e não um sanduíche.


“Eu não conheço essa menina” era tudo o que eu pensava.


Depois que eu terminei de comer, sentei em um dos sofás no Lobby de entrada e fiquei aguardando os outros. Logo eles vieram e eu sai na frente até estar fora do hotel, deixando os outros para trás.


– Hey! –Eu sabia de quem era a voz, mas decidi continuar andando.

– Hey!!! –A voz repetiu e então dois braços fortes envolveram minha cintura. – Não foge de mim assim. –Rony sorriu e tentou me beijar, quase que como um impulso virei meu rosto.


– O que houve? –Ele me olhava surpreso com a minha atitude.

– Ontem... Foi um erro, Ron... Eu só acho melhor sermos só amigos por enquanto... Quero dizer... –Limpei a garganta e continuei. – Isso vai estragar a nossa amizade, e eu não quero isso.

– Bom, tudo bem. Se um dia mudar de idéia, só me avisa. –Ele suspirou e ficou de costas para mim. Por que eu havia feito isso? O que eu estava pensando, Meu Deus. Com certeza, eu era a menina mais incompreensível da terra.


– Agora, primeiro passo Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo. –Molly aparentava ser um canguru muito fofo pulando de animação. Fomos a pé até um trenzinho que dava acesso ao ponto turístico, quando eu estava quase morrendo de tanto andar finalmente encontramos o tal trem que passava por caminhos panorâmicos com muita mata e paisagens de tirar o fôlego.


– Eu quero sobrevoar o Rio de helicóptero depois, quem vai comigo? –Rony disse, quando o trem começou a andar. Seria uma ótima experiência voar de helicóptero, por que não?

– Eu vou.

– Mesmo? Não vai voltar atrás, não é?

– Não, não vou voltar atrás. –Dei um profundo suspiro e fiquei pensando se eu tinha ou não medo de altura. Após alguns minutos de trem passando por subidas, curvas, muito verde e vistas lindas finalmente chegamos a uma escadaria que dava acesso ao Cristo. Subi as escadas correndo até estar nos pés do monumento, olhei pra cima e o observei detalhadamente, não era a toa que era uma das 7 maravilhas do mundo. Além de ficar em um local maravilhoso o próprio Cristo era bonito.


– Vamos lá gente, quero fotos, fotos, fotos e mais fotos. –A voz estridente de Molly se destacou no meio de tantas pessoas falando. Após várias fotos típicas de braços abertos finalmente deixamos o local, comprei alguns souvenirs para meu pai e logo estávamos no bondinho que dava acesso ao Pão de Açúcar, aí eu finalmente percebi que eu poderia ter medo de tudo, menos de altura.


– Sabia que isso pode cair? –Fred ficou olhando a paisagem pelo vidro do bondinho. Apenas balancei minha cabeça como se eu dissesse ‘é claro que isso não pode cair, idiota. Da onde tirou isso?’ mas parece que minha irmã levava muito a sério tudo que diziam. De repente ela abriu o berreiro como se estivessem torturando-a e não tinha quem a acalmasse, os turistas que acompanhavam a gente no mesmo bondinho encaravam Sophia assustados. Minha mãe estava distraída demais observando o mar e não tomou nenhuma providência. Oba, mais um vexame, obrigada irmãzinha.


– Sophia, fica quieta, é óbvio que é mentira. Isso NÃO pode cair. –Dei ênfase no ‘não’ pra ver se ela entendia, mas tudo o que ela fez foi se agarrar nas minhas pernas e a gritar.

– Vai cair mana! VAI CAIR!

– NÃO VAI! –Peguei ela no colo e encarei seus pequenos olhos castanhos. – Agora fica quieta. –Ela fez beicinho e soluçou algumas vezes, mas logo ficou quieta. – Seu idiota. –Rosnei para Fred e tudo que ele fazia era rir.


Logo o bondinho deu a volta e estávamos em terra firme novamente.


– Hey Mione, tem um helicóptero logo ali, vamos? –Respirei fundo e assenti com a cabeça.

– Mãe, posso ir?

– Vai, se divirta. Estaremos esperando vocês aqui. –Peguei dinheiro e acompanhei Rony até chegarmos ao helicóptero pousado.

– Oi, a gente queria dar uma volta. –Falei, com meu português horroroso.

– Podem subir a bordo. –O piloto sorridente abriu a porta para a gente entrar, me sentei e Rony ficou do meu lado. Logo, a porta foi fechada e eu fechei meus olhos com força.

– O que eu estou fazendo aqui, meu Deus. –Escutei o ruivo rir e o piloto entrar no helicóptero e arrumar nossos cintos de segurança.

– Relaxa Mione, e pega isso. –Abri meus olhos e peguei um fone que servia para facilitar a comunicação do piloto com os passageiros e também ajudava com o barulho chato do helicóptero. Coloquei o fone e logo senti as hélices girarem rapidamente.

– Vamos decolar. –O piloto disse, me agarrei a primeira coisa que encontrei e fechei meus olhos novamente. Seria pior que voar de avião, pois avião é mais fechado e bem maior. Senti uma sensação ruim que logo se estabilizou.


– Pode abrir os olhos e soltar a minha mão, por favor? Você é muito forte menina. –Abri meus olhos e olhei em que eu estava segurando, minha mão estava tão fortemente agarrada na mão de Rony que até eu sentia dor.

– Desculpe. –Soltei dele e tomei coragem para olhar a paisagem.

– Tudo bem, pode continuar segurando. Só não esmague ela. –Ele disse rindo e pegando minha mão direita na sua esquerda e entrelaçando nossos dedos. Eu não recuei nem nada, me sentia mais segura assim.

– Namorados? –Uma voz que falava português soou nos fones, pude ver Rony rindo baixinho em um canto, então ele já sabia como era ‘namorados’ em português. E é sério, por que todo mundo pensava que nós éramos namorados?

– Não, amigos só. –Apertei a mão de Rony com força pra ele se tocar e parar de rir, e deu certo.

– Hum, ok. Desculpe a inconveniência.

– Tudo bem, sem problemas. –Realmente, MUITO inconveniente. Soltei da mão do Rony e ele me olhou com uma cara de ‘por quê?’ e eu apenas rolei meus olhos e voltei a acompanhar a vista da cidade de cima.

O resto do passeio foi tranqüilo, só o piloto ia narrando as paisagens maravilhosas. Quando o helicóptero pousou senti a tal sensação ruim em dobro, mas não necessitei da mão do Rony. Desci do helicóptero com a ajuda do piloto, paguei o passeio e minha família aguardava pela nossa volta. Caminhei até eles e minha mãe perguntou:


– Como foi o passeio?

– Ótimo. –Vi que Sophia dormia nos braços da minha mãe. – Ela não acordou com o barulho das hélices?

– Nem se mexeu. –Ri baixinho e desejei internamente ter um sono feito o dela, não acordar nem se o mundo estivesse desmoronando na sua cabeça. Fomos caminhando até encontrar os taxis. Finalmente encontramos automóveis amarelos circulando a rua e Molly parou três deles e falou algo para cada motorista.


– O próximo passo é surpresa! –Olhei pra ela intrigada e então entrei em um taxi em que minha mãe, minha irmã e Gina me acompanharam. O caminho até o lugar misterioso foi se tornando cada vez mais diferente do aspecto urbano, muita natureza foi aparecendo e um barulho de água que ficava cada vez mais próximo enquanto passávamos por subidas, decidas e curvas sinuosas e constantes. Abri a janela do meu lado e pude sentir um odor diferente, mas muito gostoso. Não lembrava nada o cheiro da cidade grande, era um cheiro refrescante e com toques adocicados. Pude ver algumas flores nos meios das grandes árvores verdes que formavam aquela floresta.
Finalmente o taxi parou e eu fui a primeira a descer, aguardei os outros e um guia apareceu, sorte que ele falava inglês.


– Bem-vindos à Floresta da Tijuca. -Fomos seguindo o homem com o nome de Fernando e o som que se assemelhava a uma queda d’água se acentuava a cada passo que dávamos mata adentro. Subimos alguns degraus e lá estava um monte de rochas em que uma água límpida escorria formando uma cascata. O barulho que a água fazia chocando-se nas pedras e no fundo do lago era tão relaxante que eu poderia ficar ali por horas só observando.


(Cascata: http://www.viagem10.com.br/pontosturisticos/floresta/floresta-01g.jpg)

Caminhamos por pontes, subimos escadas, descemos, paramos para descansar em bancos de concretos que ficavam próximos a beira dos morros cobertos de verde, visitamos a capela Mayrink, uma igrejinha rosa muito fofa que se destacava no meio de tanta natureza. Depois de visitarmos todos os pontos da floresta, conhecer cada cascata, cada rio, cada planta, compramos algumas lembrançinhas artesanais e fomos para a Lagoa Rodrigo de Freitas.


A lagoa ficava em um local distanciado dos prédios e da movimentação urbana, píers muito convidativos para um momento de paz se distribuíam mais a frente no da água, caminhei até estar sobre um deles e me sentei no chão em posição de meditação, fiquei observando as leves ondas que batiam no píer e voltavam.


– Por que quer tanto se isolar? Está tão quietinha. –Levei um baita susto com uma voz masculina muito familiar vindo do meu lado direito, Rony estava sentado do meu lado e eu nem havia percebido.

– Não é o fato de me isolar, é bom aproveitar algum tempo sozinha.

– É, dá um alívio para nossa mente, né? –Respirei fundo e assenti com a cabeça, ele me entendia perfeitamente. Eu não estava me isolando, eu estava dando um tempo para mim mesma, pra não pensar em nada, não pensar se eu gostava ou não do Rony, não pensar em que daqui à 5 dias eu iria entrar pra minha escola nova... Olha, já estou pensando nessas coisas novamente! Esvaziei minha mente por um momento e fiquei observando o céu. Olhei no relógio de pulso e já eram 11:30, a hora que os restaurantes próximos ao lago abriam, iríamos almoçar ali.


– Hora do almoço. –Desfiz a posição das minhas pernas e Rony se levantou em um pulo, oferecendo sua mão para eu me levantar, aceitei a ajuda e fiquei de pé ao lado dele.

– Obrigada. –Dei um sorriso sincero e segui até estar próxima ao resto da minha família. Fomos até um restaurante muito bonito com um toque rústico, eles serviam um Buffet repleto de frutos do mar, peixes, pratos brasileiros e saladas. Me servi com bastante camarão, arroz, suflê de milho e salada de alface. Juntamos duas mesas e pedimos uma coca-cola pra tomar e logo estávamos comendo e conversando sobre coisas aleatórias.


– Depois aonde nós vamos? –Perguntei, pegando meu copo de coca e tomando um bom gole.

– Primeiro vamos dar uma voltinha no pedalinho do lago... –Ai, eu mereço. –... E depois vamos ao shopping! –Pude escutar gritinhos de comemoração da minha mãe e da Gina. Ergui minhas sobrancelhas como se eu dissesse ‘Hum’ e voltei a comer. A comida estava divina, comi demais e o único jeito era relaxar na beira da lagoa.

Sai do restaurante e fui até o píer onde se situavam os pedalinhos, esperei o resto do pessoal encostada na barra de proteção na beira doa lagoa. Ouvi a voz da minha irmã e olhei para a direção em que ela vinha correndo.


– Ron-Ron, vem comigo no pedalinho! –Sophia puxava a mão de Rony e ele estava rindo.

– Hey Mione, vem com a gente, daí a Sosô vai no seu colo! –Sosô? Agora ela tinha até um apelidinho carinhoso? Que relação amorosa.

– Ok, eu vou. –Bufei baixinho e coloquei o colete salva-vidas na minha irmã, entrei no pedalinho de cisne branco e Sophia foi no meu colo. Rony foi no lugar do volante e eu só ajudava a pedalar.


– Se eu cansar no meio do caminho você vai ser o responsável pra pedalar até chegarmos em terra firme. –Rony começou a rir e foi indo até mais no meio da lagoa.

– Eu quero dirigir uma vez. –Sophia disse, esticando sua pequena mão até alcançar o volante.

– Eu não confio nem em mim pra dirigir um pedalinho, até parece que eu vou deixar você dirigir. –Minha irmã fez um beicinho muito fofo, mas eu mantive minha posição de liderança. O passeio foi mais divertido do que eu pensava, quando Rony ia na direção que eu não queria ir eu parava de pedalar para o trabalho dele aumentar em dobro.

Passamos alguns minutos batendo corrida com os gêmeos e quando meus joelhos já não estavam agüentando mais esticar e dobrar, todos desistiram. Sai do pedalinho com as pernas bambas já, pegamos um taxi e partimos para o Botafogo Praia Shopping que ficava de frente para o pão-de-açúcar. O primeiro andar era repleto de lojas e isso fez os meninos partirem para o outro lado do shopping e eu acompanhei as mulheres pelas lojas.


– Filha, vem provar algumas roupas! Eu compro pra você. –Minha mãe estava tão generosa ultimamente. Provar alguns looks e desfilar pelas lojas como uma modelo profissional não iria me matar. Peguei roupas de todos os tipos e me enfiei em um provador, Gina ligou música do seu celular no ultimo volume, parecia aquelas provações de roupas de filmes, sabe?

Muitos risos, fotos, looks maravilhosos, meninos grudados na vitrine da loja assobiando e olhando eu e Gina dando um giro de 360 graus mostrando nossas saias de renda e nossas t-shirts estampadas lindas e o melhor de tudo, uma trilha sonora no fundo. Depois de passarmos 2 horas comprando roupas fomos em lojas de sapatos, comprei uma sapatilha, um sapato de salto alto e é claro, e como eu admito ser doente por all star não deixei de comprar um.

Me sentei em uma poltrona de veludo que ficava no meio da loja de sapatos e resolvi entrar no MSN pelo meu celular. Logo que fiquei online já vieram falar comigo.


Gu McLaggen diz:
Oi Mi, quanto tempo!


Mione diz:
Pois é! É que eu estou viajando.


Gu McLaggen diz:
Aonde?


Mione diz:
Rio de Janeiro.


Gu McLaggen diz:
Sério? Que legal! Sabia que eu consegui uma vaga no Campbell Hall?


Ótimo, ele estudaria comigo. Não que eu não gostasse dele, ele era um ótimo garoto, mas provavelmente no decorrer do ano escolar eu iria dar alguns foras nele.


Mione diz:
Legal, se veremos lá então.


Eu tinha que ser simpática, não é?


– Mi, vem, vamos na loja de acessórios! –Gina disse me puxando pela mão.

– Calma Gi, só vou responder meu amigo aqui. –Digitei rapidamente e esperei a resposta dele.


Mione diz:
Bom, vou saindo porque vou fazer mais compras no shopping. Tchau!


Gu McLaggen diz:
Ok, tchau. Se cuida, beijos!


Eu é que não ia mandar beijos. Sai do MSN e segui as mulheres pelo shopping até encontrarmos uma loja linda com coisas baratinhas e coisas super caras também, mas elas optaram por acessórios mais hippies, mais baratas e com um toque de brechó, não deixavam de ser lindas.


– Olá meninas, gastando muito? –Olhei pra trás e vi Rony mexendo em algumas pulseiras.

– Não o tanto que eu pretendo gastar ainda. –Molly disse entretida com alguns colares. Comecei a rir e Rony se aproximou de mim segurando uma pulseira toda trançada estilo anos 70 com um pingente de laço pendurada.


– Gosta dessa?

– Achei linda.

– Quer pra você? Eu pago.

– É óbvio que eu não quero, não gaste seu dinheiro comigo.

– E se eu disser que eu quero gastar o meu dinheiro com você? –O babaca foi se aproximando do caixa e entregou a pulseira.

– NÃO! Rony, pega essa pulseira de volta e guarda.

– Shhhh, quietinha. –Ele colocou dedo indicador em cima da própria boca. Bufei e cruzei os braços. Ele entregou algumas notas de reais e foi pra perto de mim, carregando a pulseira.


(Pulseira: http://farm6.staticflickr.com/5082/5220323555_c7fc28aef9_z.jpg)


– Estica o pulso.

– Não.

– É sério, estica agora.

– Não. –Insisti, protegendo meus pulsos. Rony puxou meu braço direito e colocou a pulseira, tentei me livrar das mãos dele, mas totalmente sem sucesso, é claro. Fiz a maior cara emburrada do mundo e dei um soco nele, é óbvio que não machucou seu braço forte. Ele apenas riu e me abraçou.

– É uma pulseira de amizade, e foi bem barata. –Não retribui o abraço e ele me soltou com a maior cara de culpado, como se tivesse matado filhotinhos de cachorro. Ri alto e o abracei.

– Obrigada mesmo, é linda. –Ele retribuiu o abraço e quando me soltei dos braços dele, ele estava sorrindo vitorioso. Sorri de volta e minha mãe me chamou.

– Vem, loja de livros agora.

– OBA! –Sai saltitando da loja e pude ouvir algumas risadas logo atrás de mim, eu tinha uma paixão secreta por livros e admitia isso. Minhas atuais coleções era de Jogos Vorazes, Percy Jackson, Twilight e vários outros.

Entramos na loja e eu comprei “Os contos de Beedle, o Bardo” da J.K Rowling, “Lembra de mim?” da Sophie Kinsella, "Pegando fogo!" e "O Diário da Princesa - Princesa para sempre" da Meg Cabot e por fim "À caça de Harry Winston" da Lauren Weisberger.

Já passavam das 15:30 e fomos comer algo na praça de alimentação. Peguei um subway de frango e batata frita do McDonald’s, pra beber peguei coca-cola, como sempre. Enquanto comia aproveitei pra ler um pouco de “Os contos de Beedle, o Bardo”.


Quando nós mulheres estávamos quase finalizando o nosso lanche os meninos chegaram e foram direto para o Burger King.


– Gente, vamos assistir Gato de Botas em 3D? A Sophia está me enchendo o saco até agora pra assistir. –Minha mãe questionou, tomando seu suco de laranja.

– É uma boa idéia, ai a gente assiste legendado pra facilitar. –Me levantei e joguei a lata de coca no lixo. Combinamos com os meninos que iríamos assistir Gato de Botas e eles disseram que não iriam porque era um filme de menininhas, idiotas. Compramos milkshakes e um pote grande de pipoca para dividirmos entre nós, sorte que tinha uma sessão 3D legendado às 16 horas. O filme acabou às 17:30 e foi a coisa mais fofa e engraçadinha que eu já vi, eu acho que gostei do filme mais do que minha irmã.


Fomos obrigadas a levar Sophia até um espaço para crianças porque se não ela iria ter um treco. Olhei no relógio e já era quase 18 horas e minha irmã não queria sair do playground do shopping de jeito nenhum, mas foi só minha mãe ameaçá-la e ela saiu rapidinho.

Andamos pelo shopping e eu consegui ver pelo vidro de um restaurante que dava vista para o pão de açúcar que o céu estava ficando preto.


– Gente, eu acho melhor nós irmos embora. –De repente um estrondo vindo das nuvens fez minha irmã ter uma crise de choro. – Foi só um trovão, Sophia. Fica quieta! –Bufei alto e sai na frente das mulheres, até que vi dois meninos ruivos de costas e pulei nos dois.

– Como foi o filme pra crianças? –Jorge perguntou, bagunçando meu cabelo. Mordi a mão dele para ele parar de estragar as minhas madeixas e ele se afastou de mim.

– Foi muito melhor que qualquer filme de “macho” por ai. –Ele deu de ombros e eu revirei os olhos. Depois de 5 minutos, finalmente todos estavam reunidos novamente, pegamos um taxi e voltamos para o hotel. Logo que chegamos nos nossos respectivos quartos a chuva começou.


– Ah, que beleza. Arruinou o luau do último dia da nossa viagem. –Rony disse, com uma das mãos na sua testa, demonstrando seu desapontamento.

– Quem sabe até lá a areia já vai estar seca Ron, relaxa. –Molly colocou a mão no ombro do filho, que drama por causa de um luau.


Eu já estava cheia demais então só comi uma pêra antes de dormir. Tomei um banho rápido, coloquei meu pijama curto e assisti TV até às 23:30. Por mais que estivesse chovendo ainda estava abafado, por isso liguei o ar condicionado só pra fazer o ar circular. Me enrolei em uma coberta fina e logo peguei no sono, amanhã seria um longo dia chuvoso, que droga.


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