The Best Thing Thats Ever Been Mine escrita por manupotter


Capítulo 34
Despair and strange events


Notas iniciais do capítulo

bueeenas tardes (: tudo bom com vocês? eu vou bem, fiz prova de ciência hoje, foi tranquilo, pois não tenho dificuldade, ainda bem. Mas em matemática é outro caso... enfim, a vaca da minha professora está nos ajudando agora dando trabalhos e mais provas pra recuperar no meu caso um 3,0 e um 6,0, poisé.
então... notei que vocês querem me matar por causa do último capítulo, nem faço ideia do porque... HAHAHAHAHAHAH é que eu sei a angústia que dá ter que esperar mais uma semana pra saber o que vai acontecer, mas esse novo problema vai fazer com que outras coisitas aconteçam na fic, que eu não vou poder contar, é óbvio. Mas vai dar o andamento planejado, entende? É assim mesmo, precisa acontecer algo para depois acontecer outra coisa e... OK, não estou chegando ao ponto, mas espero que me compreendam. HAHAHAHAHAH
enfim, nosso casalzinho lindo NÃO vai voltar nesse capítulo. sim, sou muito má. Brinks, adoro escrever drama, por isso que prolonguei essa maldade HAHAHAHAHAH mas juuuuro que no próximo capítulo vai ter tanto love açucarado que vou provocar diabetes em vocês :3
E NOVAMENTE SENHORITA NINA WEASLEY, VOCÊ ACERTOU SOBRE QUAL PERSONAGEM VAI RETORNAR! aiaiai, pode ir falando, você é vidente, não é? HSAUSHUASHAU
sem mais delongas, desejo uma ótima leitura a todas e até sexta que vem! não esqueçam de comentar :*



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Rony POV

Dirigi rapidamente até a casa dos Granger, rezando internamente para que Hermione estivesse lá. Minhas mãos quase esmagavam o volante, os nós dos meus dedos estavam brancos de tanto apertar, tamanho era o ódio que eu estava sentindo de Lilá, mais agora do que nunca.

Por que eu não tinha escutado minha namorada? Por que eu não meti na minha cabeça lerda que esse novo trabalho não daria certo? Tenho certeza que a vaca pediu para o papaizinho para que ele me contratasse, por isso foi tão fácil, e agora eu estava pagando muito caro.

Não fazia nem duas semanas que eu havia iniciado nesse trabalho, e a vadia já agiu. Argh, por que tenho que ser tão burro? É claro que coisas vindo de Padma ou qualquer outra seguidora fiel da bruxa loira iriam ajudar sua rainha a ferrar com minha vida. E mais uma vez, minha namorada estava machucada. Mais uma vez por minha culpa. Mais uma vez porque esqueci de pensar nas conseqüências, esqueci de ouvi-la.

Eu ainda estava um pouco tonto por causa do efeito que o sonífero havia feito em mim, mas mesmo assim continuei dirigindo pelas estradas sufocantemente vazias. E até agora, o carro de Hermione não estava nem um pouco a vista.

Não demorei muito para chegar na frente da casa dela. Estacionei de qualquer jeito, procurando achar uma Mercedes estacionada em qualquer lugar da rua ou dentro da garagem aberta, e nada.

Desci do carro, terminei de vestir minha camisa e calçar meus tênis, fui até o portão e percebi que ele estava um pouco gasto, alguém havia aberto e fechado ele com violência. Cheguei na soleira da porta de entrada e bati com a mão muito trêmula, eu estava no ápice do meu nervosismo.

– Hermione? Você voltou? –Dona Carmelita praticamente gritou, escancarando a porta e percebendo que era eu, sua expressão ficou desolada. Ela estava pálida e não parecia muito bem.

– Onde está ela? Para onde Hermione foi? –Perguntei rápido passando as mãos em meu cabelo nervosamente.

– Não sei, ela só deixou isso comigo. –A empregada me entregou um papel e seu queixo tremeu, como se ela fosse chorar. – Entrou aqui se afogando em lágrimas, arrumou uma mochila, não deu mais explicações e se foi. Você sabe o que aconteceu? –Senti um nó se formar na minha garganta.

– História longa. –Peguei o frágil papel em minhas mãos trêmulas e ergui para ler. Era a letra dela, a letra tão caprichosa que todos os professores elogiavam tanto.

Fui para a casa da vovó, não sei quando volto e espero realmente que não me sigam. Preciso de um tempo, um tempo para respirar, e não quero ninguém na minha cola.
Sinceras desculpas, Hermione Granger.

Senti meu rosto ser inundado por lágrimas quentes que escorriam livremente, ela precisava de um tempo. E quantos dias seria esse “tempo” que ela precisava? Eu não suportaria ficar longe dela, simplesmente não suportaria. E se fosse atrás dela, não me perdoaria, pois exigiu todos afastados dela, todos.

– Ah Rony, querido. –Carmelita deixou o choro que prendia descer. – Ela vai voltar. –E acariciou meu ombro. Não falei nada, apenas deixei minhas lágrimas escorrerem enquanto soluçava. – Venha tomar uma água com açúcar, está pálido.

– Não, não precisa. Vou atrás dela. –Falei decidido, indo para a porta. Iria enfrentar as conseqüências, mas a teria de volta. Meu coração não ia agüentar mais sofrimento, eu precisava dela na minha vida.

– Não vá. –Dona Carmelita pegou meu braço antes que eu saísse pela porta em passos duros. – Conheço Hermione desde que era uma sementinha na barriga da dona Rachel, e por isso sei o quão teimosa e orgulhosa ela é. Não vai voltar nem que você carregue-a nas costas, independemente do problema. –Eu sabia disso. Sabia melhor do que ninguém, mas o desespero era tanto que iria agir sem pensar novamente. – Obrigada por compreender, agora venha e me conte. –Ela me carregou até a cozinha e preparou uma água com açúcar em um copo.

– Obrigado. –Agradeci, pegando o copo e tomando alguns goles, evitando que o tremor da minha mão derrubasse o líquido.

– É o mínimo que posso fazer. Agora... Por favor, me conte o que houve, Hermione é como uma filha para mim e não agüento ficar sem informações sobre ela. –Pediu Carmelita com a voz trêmula.

– Tudo bem... –Contei tudo o que houve, nos mínimos detalhes, contendo alguns soluços. Quando terminei, ela me encarava com uma expressão de choque.

– Essa menina... Não é possível, será que ela não tem Deus no coração?

– Ela não tem Deus, nem ninguém no coração, dona Carmelita. –Falei, cerrando os punhos de ódio.

– Pobre Hermione, por isso veio desolada aqui para casa. –Suspirou ela. – Mas não se preocupe, Rony. Ela vai voltar, todos nós sabemos que vai. –Desejei internamente que isso fosse verdade, mas havia apenas uma fagulha de esperança dentro de mim. Talvez fosse toda a dor que eu estava sofrendo, ela havia cegado as possibilidades de ter Hermione de volta, mas quando a dor cessasse... Ela não iria cessar. Não enquanto não ouvisse a voz da minha namorada, da minha vida, me dizendo que estamos de bem.

– Vou tentar ligar pra ela. –Peguei o celular no meu bolso, mas a empregada sentada a minha frente me parou.

– Não adianta, liguei mais de dez vezes já e está dando como celular desligado. –Suspirei, o nó subindo na minha garganta novamente.

– Para onde ela foi, mesmo? Malibu? –Perguntei, me lembrando dos avós dela que moram em uma casa de praia.

– San Francisco. –Respondeu ela e isso me fez engasgar com a água com açúcar.

– Como assim, San Francisco? São mais de quatro horas de viagem! E ela nunca viajou antes, só andou por dentro da cidade! –Exclamei, tossindo e me levantando, completamente alterado. Se antes já estava nervoso, não saberia explicar o que estava sentindo agora.

– Eu sei, por isso que fiquei tão assustada também! –Bradou ela, os olhos se enchendo de lágrimas de novo. As minhas voltaram a escorrer, encharcando meu rosto. – Volte para casa, se ela der notícias te aviso, mas você está muito mal, está pálido e não age por si. Sei que está sofrendo, mas...

– Não, eu tenho que ir buscá-la, e se ela se perdeu no meio do caminho? E se ela sofreu um ac... –Minha voz falhou, meu coração latejou mais ainda de tanta dor. – Pelo amor de deus, Carmelita, eu tenho que ir!

– Você só vai perder a viagem, não viu o que ela escreveu no bilhete? Ela precisa de um tempo, se a ama de verdade, dê esse tempo a ela. –E a ficha caiu. Era isso que eu deveria fazer mesmo, dar o tempo que ela precisava.

Eu amava Hermione com todas as forças do mundo, de uma forma que nunca pensei que poderia amar alguém, e de tanto que a amava deveria deixá-la ir. Pelo menos não era definitivo, era só um tempo. Um tempo que iria me corroer por dentro, um tempo em que sorrisos não fariam parte do meu dia a dia, um tempo em que passaria solitário, para evitar mais dor.

– Você está certa... –Admiti por fim, secando as lágrimas com a manga do meu casaco.

– Sei que estou. Agora, faça o que te pedi, por favor. –Dona Carmelita me abraçou antes que eu saísse arrastando os pés da casa. Com uma última olhada para trás, vi um porta-retrato ao longe com a foto de uma menina de uns dez anos com cabelos castanho claro, cheios e ondulados. Mas o que chamava atenção era seus olhos, olhos cor de mel com um brilho lindo e inocente de criança. E mais uma vez, meu peito latejou e fechei meus olhos com força, tentando reprimir a dor.

– Qualquer coisa, me avise. –Foi a última coisa que falei depois de já ter entrado no carro e acelerando para longe dali, percebendo o olhar de pena de Carmelita preso em mim.

Liguei o rádio para ver se ele camuflava um pouco meus soluços altos. Dirigi por alguns minutos, tempo suficiente para que todos os momentos que passei com Hermione corressem pela minha mente como um filme, me trazendo mais dor, arracando mais um pedaço do meu coração.

Chegando em casa, estacionei e sai do carro fechando a porta com força. Agora era os momentos em que Lilá arruinou minha vida passando na minha cabeça. Se eu tivesse tido a chance, estrangularia ela com minhas próprias mãos e seria preso com um sorriso no rosto vendo seu corpo imóvel cheio de hematomas sendo carregado pelo carro do IML. Mas não tive essa chance, ainda.

Tirando o brilho demoníaco do meu olhar, entrei em casa e me deparei com Gina fazendo as unhas na sala com as pernas esticadas sobre as pernas de Harry, que assistia um jogo de futebol americano.

– E ai cara, já chegou do trabalho? O jogo está uma beleza, venha ver e... –Quando os olhos verdes do Potter me encontraram, ele ficou pasmo.

– Rony, o que houve? Alguém morreu? –Perguntou minha irmã, com os olhos arregalados.

– Ainda não, mas vai morrer. –Falei com um tom de voz que só usava para expressar a raiva fora do comum que sentia, e isso só fez Gina pular do sofá e correr até mim, se pondo na minha frente.

– O que Lilá fez dessa vez?

– Algo que só sua morte para puni-la, não vai ser o suficiente. –Desviei dela e fui até a cozinha, abrindo as gavetas e procurando uma boa faca.

– Rony, pelo amor de Deus, pára, se acalma e me fala o que houve. Você não está agindo por si mesmo.

– Já chega de me arrepender por coisas que não fiz, Gina! Está na hora de me arrepender por coisas que fiz! –Vociferei, pegando uma das facas mais afiadas do estoque do meu pai, que ele usava geralmente para cortar os ossos das carnes para um churrasco.

– Larga... Essa faca. –Pediu ela, Harry veio correndo e com um movimento rápido e muito arriscado, tirou a faca da minha mão.

– Cara, você está possesso.

– Tenho motivos para isso! –Bradei e Gina pegou em meu braço.

– Senta, agora! E comece a nos contar o que houve. –Ordenou ela.

– E não tente dar uma de macho novamente, daqui desta casa você não sai até estar devidamente controlado. –Harry me fez sentar em um banco e os dois se posicionaram na minha frente, aguardando que eu começasse.

Contei tudo, sentindo a raiva se assolando aos poucos, trocando por um sentimento muito pior. A dor. Ela estava retornando, mais forte do que nunca. Senti falta daquele ódio me preenchendo, fazendo meu sangue borbulhar nas veias, meus olhos negros de um único desejo, matar a vagabunda que havia voltado para terminar de vez com a minha vida.

– Essa vadia... EU VOU MATAR ELA! –Gritou minha irmã, tirando uma faca de dentro da gaveta e correndo em direção da porta.

– GINA! –Berrou Harry, indo atrás dela e segurando-a. – Outra descontrolada, agora vi no que vocês são parecidos como irmão. –Os dois voltaram na cozinha, Gina espumando de raiva. – Lilá pode ser presa por ter depositado sonífero no seu café, Rony.

– Mas como vou provar que ela realmente botou? –Meu celular vibrou em meu bolso e fiz sinal para Harry esperar. Tirei rapidamente o aparelho do bolso e olhei na tela, praticamente suplicando para que fosse dona Carmelita com alguma notícia.

Só que não era, era apenas uma mensagem de número desconhecido.

Vá fazer um exame de sangue antes que a substância saia do seu corpo, ainda dá tempo de incriminar Lilá.

De: Número desconhecido.

– Que estranho... –Murmurei, encarando o visor do celular. Potter se esticou para ver também.

– Seja quem for, quer te ajudar. Era exatamente isso que eu iria te dizer. –Continuei mirando confuso. Quem poderia querer me ajudar nisso? Claro que era alguém que sabia do problema, mas por que era número desconhecido? Se fosse Padma, ela não esconderia o número para me mandar isso, com certeza deixaria a mostra para mostrar que era ela, como se fosse um pedido de desculpas. Essa vira casaca dos infernos.

– Ok, vou lá. –Levantei e me dirigi a porta.

– Rony, tenha cuidado e não aja por impulso, caso algo aconteça. –Gina me alertou e apenas assenti, entrando no carro novamente e dirigindo para o hospital mais próximo.

Chegando no California Hospital Medical Center, as lembranças de quando Hermione veio para cá tomaram conta da minha mente, me torturando mais uma vez. Era impossível passar um minuto sem pensar nela, e isso doía tanto.

Fui até a recepção e dei de cara com Amos Diggory checando uma ficha médica com a recepcionista.

– Ah, olá Rony, o que faz aqui? –Perguntou ele tirando sua atenção dos papéis que haviam na sua mão e olhando para mim. – Parece muito mal.

– E estou. Só queria saber onde poderia fazer um exame de sangue.

– Você me parece muito fraco, está pálido, não pode fazer exame de sangue assim do nada. Precisa de jejum. –Eu estava prestes a implorar de joelhos, se não poderia matar Lilá, teria que mandá-la para atrás das grades como um animal enjaulado.

– Por favor Sr. Diggory, aconteceu algo muito sério e eu preciso desse exame. –Implorei com a voz trêmula.

– Vamos na minha sala, estou sem pacientes agora. –Acompanhei-o pelo hospital até chegarmos em um escritório médio, muito limpo e branco, como todo o resto do local. – Sente-se. –Pediu ele, apontando para uma poltrona de couro. Me sentei e Amos pegou uma cadeira para se sentar de frente para mim. – Agora me conte.

Era torturante repetir essa história para a quarta pessoa, me recusei a imaginar como seria contar para o resto da minha família e meus amigos.

– Meu... Deus. –Quando terminei de falar, contendo as lágrimas que brotavam nos meus olhos, Sr. Diggory estava chocado, como todos os outros que já sabiam desta história. – Parece até uma mentira que isso aconteceu. Como a menina conseguiu um sonífero tão poderoso? Um simples remédio para insônia não faria surgir o efeito tão imediatamente, aliás, nem faria você ficar desacordado como se tivesse desmaiado. E é totalmente ilegal usar soníferos poderosos, triplica a chance de morte. E os sintomas que você descreveu, parece que ela roubou um pouquinho anestesia geral de algum hospital.

– Eu sei... Por isso quero tanto fazer o exame de sangue, é uma necessidade.

– Se bem que... É, não vai demorar muito para que a substância saia do seu corpo, e para fazer o exame de sangue da maneira correta, você teria que esperar até semana que vem para voltar aqui, tirar sangue estando em jejum e depois esperar mais uma semana para que a avaliação seja feita, até que o resultado saia. –Suspirei profundamente, já pondo na minha cabeça que a batalha estava perdida. – Mas... Eu poderia muito bem ajudá-lo. –Vi um brilho maroto surgir nos olhos de Amos.

– Ah, Dr. Diggory, muito obrigado. O senhor não sabe o quanto isso vai ser ótimo e...

– Acalme-se. Vou trazer aqui os equipamentos necessários, não faça barulho e nem saia daí. Já volto. –Eu teria muito que agradecê-lo depois. A fagulha de esperança que sobrava em mim começava a aumentar, tudo bem que era o mesmo que jogar um graveto molhado em uma fogueira, mas pelo menos uma coisa havia dado certo.

Sr. Diggory entrou novamente na sala depois de uns quinze minutos, trazendo tudo o que necessitaria.

Ele se aproximou de mim e colocou meu braço em um apoio, estendendo-o e amarrando uma borracha para prender o sangue. Colocou as luvas de proteção, deu leves batidinhas no meu braço para que as veias ficassem mais visíveis e pegou uma seringa.

– Só uma picadinha.

Senti a agulha entrar devagar, furando uma veia grossa e Amos encheu a seringa de sangue fresco, muito avermelhado, puxando para o bordô.

– Prontinho. –E tirou a agulha, colocando um algodão em cima.

– Não sei nem como agradecer, o Sr. deu uma grande ajuda para fazer aquela vadia ver o sol nascer quadrado. –Escutei-o rir enquanto despejava meu sangue em um recipiente.

– É... Grande herói eu sou. Agora... Boa sorte com isso, Rony. Boa sorte com Hermione e com essa louca de pedra. Não se preocupe, Hermione vai voltar, ela jamais abandonaria um homem de valor tão grande como você, muito corajoso e quando diz que ama, ama mesmo. Homens como você são raros hoje em dia, Weasley.

– Um exemplo deles, é o senhor. –Falei em um tom sincero e ele sorriu.

– É o que minha mulher diz. Agora, vá sorrateiramente, e esconda esse curativo. –Sr. Diggory disse depois de colar um pequeno curativo no furinho que ainda fazia sair uma bolinha mínima de sangue. Cobri-o com a manga do meu casaco e me levantei.

– Obrigado mais uma vez, Dr. Diggory.

– De nada, ajudaria mais se pudesse. Quando o exame ficar pronto, te aviso. –Assenti e apertei a mão dele, me retirando na sala e caminhando para fora do hospital.

Voltei para casa e meus pais começaram a berrar desesperados que Hermione se mandou para San Francisco sem mais nem menos, como se eu não soubesse disso. Gina se encarregou de explicar o que houve, pois eu não iria agüentar mais.

Durante o jantar, fiquei cutucando a comida o tempo todo. Nada parecia querer descer na minha garganta, por mais que eu forçasse. E a fome não vinha de jeito algum.

Fui até no meu quarto e me debrucei na janela, olhando para o céu para que as lágrimas não escorressem. Será que Hermione sentia minha falta nesse momento? Será que ela conseguiria dormir ou passaria a noite que nem eu, feito um zumbi com os olhos pregados? O céu azul escuro estava limpo, as estrelas cintilavam no céu, principalmente a que tinha o nome de “Hermione”.

Agora ela estava igual a sua estrela, parecendo tão perto, mas não podendo tocá-la.

Abaixei minha cabeça e fechei meus olhos com força, sentindo a cachoeira guardada durante o jantar descer. Sequei meu rosto com o casaco e fui para o banho, tentar relaxar pelo menos um pouco.

Mas a água do chuveiro não fez efeito, meus músculos continuaram rígidos, a tensão ainda tomava conta do meu rosto. Era a certeza de uma noite em claro.

Sai do banho e sentei na minha cama, tendo visão privilegiada da noite estrelada do lado de fora. Não sei por quanto tempo fiquei apreciando o vento frio que batia em mim ou a beleza da noite, só voltei a me ligar no horário quando as luzes do corredor se apagaram e a casa ficou silenciosa.

Olhei no relógio em cima do meu criado-mudo, era quase onze horas. Suspirei e tentei achar uma posição confortável na cama, me deitei e fiquei encarando o teto durante o que pareciam séculos.

Fechei meus olhos, não para dormir, mas para descansá-los. Eu parecia estar dormindo, mas minha mente continuava a mil por hora, me deixando mais do que despertado. Me agoniava saber que todos estariam em um sono profundo uma hora dessas e eu continuava ali, como se nunca fosse sentir sono mais uma vez.

Já se passavam das três da manhã e eu assistia tv, um programa qualquer de humor tão apelativo que na realidade não faz ninguém rir de verdade. Até que veio uma luz na minha mente. Algo que me ajudaria a passar a noite sem ter que ficar olhando para dois babacas na tv que acham que fazem alguém rir.

Levantei e sai sorrateiramente do quarto, em passos leves. Fui até na sala de estar onde tinha uma pequena estante mogno com uma porta de vidro com cadeado que escondia o estoque de whisky do meu pai. Os melhores whiskys do mundo estavam guardados ali, ninguém botava a mão, nem meu pai havia tomado um gole de qualquer um, eram apenas relíquias de coleção que ele mostrava com orgulho para seus amigos.

Peguei a minúscula chave que ficava dentro da boca de uma pequena estátua de hipogrifo ao lado da estante e abri a porta de vidro com cuidado. Peguei uma garrafa e tranquei a porta novamente, subi as escadas e me tranquei em meu quarto.

Sentei no chão e abri a garrafa com um pouco de arrependimento. Era a coleção amada do meu pai. Ah, compro outra para ele depois.

Encostei minhas costas na parede enquanto virava o whisky de uma vez só na minha boca, tomando grandes goles. Agora sei porque são os melhores whiskys do mundo, são realmente bons.

Liguei meu rádio em cima da cama e coloquei na primeira estação que achei, um homem falava as notícias mais recentes de LA. Um roubo daqui, uma batida de carro de um bêbado qualquer ali... E enquanto isso eu virava mais e mais a garrafa.

Até que uma hora o cara anunciou que o plantão de notícias havia acabado, anunciou o horário – já se passava das três e meia – e as músicas deram início de novo. Para mim que para animar a madrugada, alguma batida eletrônica tocaria, mas não, a música mais depressiva do mundo deu início. Parecia até algum tipo de brincadeira, eu lá tentando afogar minhas mágoas no estoque de bebida alcoólica do meu pai e uma música me recorda de tudo que passei.

– E agora, com vocês... Here Without You, 3 Doors Down. –Abaixei minha cabeça entre meus joelhos dobrados e fechei meus olhos, enquanto a letra da música fazia sentido para mim.

I'm here without you baby, but you're still on my lonely mind

Estou aqui sem você amor, mas você ainda está em minha mente solitária

I think about you baby and I dream about you all the time

Eu penso em você amor e sonho com você o tempo todo

I'm here without you baby, but you're still with me in my dreams

Estou aqui sem você, mas você ainda está comigo nos meus sonhos

And tonight, it's only you and me

E esta noite, é só você e eu.

(Música: http://www.youtube.com/watch?v=hqK9awp7ImQ)

Desliguei o rádio, sentindo a dor voltar junto com minha leve embriaguez. Um sentimento de vazio atingiu em cheio no meu peito, conseguindo ser pior ainda que a dor que chegava em todos meus sentidos.


– Droga... –Murmurei, fechando meus olhos com força e sentindo minha cabeça latejar. – Mais whisky. –Tornei a descer as escadas com a garrafa vazia em minha mão, cuidando para não rolar escada abaixo.

Bebi até o sol surgir por entre as nuvens, três garrafas de whisky me fizeram ficar acordado, mas me deixaram muito bêbado também. Adormeci sentado ao lado da porta, as garrafas caídas ao meu lado e o cheiro do álcool inundando meu quarto. A solidão tomando conta do meu coração. Eu estava sozinho, mais uma vez.


...


– Rony, querido? –As batidas na porta pareciam aumentadas cem vezes por causa da dor que deu em minha cabeça.

– Merda de ressaca. –Comentei baixinho, vendo todo o quarto girar. A ânsia de vômito tomou meu ser e me peguei vomitando no chão com força, a porta que não estava trancada se abriu rapidamente.

– Meu Deus, ARTHUR! –Gritou minha mãe.

– Não... Não... –Murmurei, limpando minha boca com a mão. Meu pai chegou correndo e pude ver minha forca sendo feita, mas antes que ele pudesse me xingar de qualquer coisa, pude ver seus olhos se encherem de algo nunca visto antes: Pena.

– Molly, nos deixe sozinhos. –Minha mãe estava muito nervosa, por minha causa. – Preciso conversar com ele, de homem para homem.

– Mas Arthur, ele está muito mal, olha só! Tomou três garrafas de whisky! Ele poderia facilmente entrar em um coma alcoólico e...

– E não entrou. Por favor, vá. –Ela saiu me olhando com seu rosto pálido e seus olhos preocupados. Senti remorso do que fiz na madrugada passada, pela primeira vez.

– Antes que comece a me xingar, eu vou comprar seus whiskys e... –Comecei a falar, mas meu pai me impediu.

– Você brincou com coisa séria, Rony. Poderia ter morrido. Não me importo com esses whiskys, posso comprar outro quando quiser, trabalhei a vida toda para ter uma vida boa e tenho, então essas bebidas não me valem nada. Mas você é tudo na minha vida, Rony, você e seus irmãos. Tudo na vida da sua mãe e na minha vida. Será que você pode parar de tentar se matar? –Suspirei.

– Pensei que isso fosse pelo menos acalmar minhas dores...

– E agora viu que não acalmou, certo? Está com dor de cabeça, vomitando e além de tudo isso, sua dor retornou. Entrar em coma alcoólico não vai ajudar em nada, sei que está sofrendo, perdi as contas de quantas vezes sofri pela sua mãe, as irmãs malditas dela faziam de tudo para me tirar do caminho, pois não iam com a minha cara. Só que eu nunca cheguei a esse ponto que você está, Rony. –Ele falava calmamente, mas sua voz parecia um grito na minha cabeça, fazendo-a doer mais ainda. – Não estou aqui para te dar lição de moral, estou aqui para te ajudar, dividir as dores que sei que parecem insuportáveis agora.

– Obrigado, pai. –Seus braços me envolveram paternalmente e me senti acolhido, o que fez com que as lágrimas voltassem a tona.


Hermione POV

Já era de noite na casa da minha vó, eu tinha tomado uma sopa no jantar só porque ela insistiu, mas a fome havia me abandonado. Minha tia chegou com o marido depois do jantar, e ao invés de simplesmente calar a boca e me deixar em paz sabendo que eu não estava bem, ficou me enchendo a noite toda.


– ...e a Penélope foi lá e fez xixi no pé do Derek, acredita? –Lucy me contava a quarta história sobre suas poodles, com o seu marido Derek que mais parece um ogro ao seu lado, rindo feito um orangotango.

– Hum... –Soltei desanimada, sentindo pela primeira vez, ódio por ter vindo para cá.

– Deixe ela em paz, Lucy. Ela não está muito boa para ficar ouvindo suas histórias. –Minha tia não sabia do que havia acontecido comigo, porque segundo minha avó, ela iria com certeza malhar o pau em Rony dizendo que ele havia me traído, me fazendo sentir pior ainda. E eu ia acabar estapeando-a e gritando que ele jamais me trairia.

– Ora, por que ela está tão mal? –Perguntou ela, achando que eu tinha vindo para cá curtir as férias.

– TPM, não é querida? –Concordei com minha vó. – Vá se deitar.

– Boa noite a todos. –Falei antes de subir para o quarto de hóspedes, onde minha vó já tinha arrumado tudo para que eu passasse uma noite perfeita, sendo que com certeza não conseguiria dormir.

– Durma bem, meu anjo. –Ela beijou minha testa e se retirou do quarto, encostando a porta. Peguei meu pijama dentro da mochila e fui para o banheiro, onde me enfiei rapidamente debaixo do chuveiro.

Durante o jantar havia prendido o choro, batendo o recorde de uma hora sem chorar. E foi só deixar a água quente do chuveiro descer pelo meu corpo, que minha garganta se apertou e lágrimas foram descendo pelo ralo junto com a água.

Me controlei para não soluçar alto demais, mas era impossível. Agora eu me via aqui na casa da minha avó, sem minhas amigas por perto que já deveriam saber o que tinha acontecido comigo e estariam morrendo de preocupação, sem meus pais que também deveriam estar muito preocupados... Eu estava sozinha, e por vontade própria.

Além de sofrer, sofreria sem o apoio de ninguém, sentiria a dor em silêncio, choraria sem o ombro de nenhuma pessoa para me consolar.

Sai do banho e me vesti, pronta para cair na cama e passar as horas encarando nada mais que o teto. Deixei a janela do lado da minha cama aberta e fiquei olhando o céu, que estava incrivelmente lindo. Será que Rony pensava em mim agora? Será que ele sofria? Sentia minha falta como eu estava sentindo dele?

Olhei para o lado e percebi uma peça diferente de roupa misturada dentro da minha mochila. Tirei a peça azul marinho do meio das outras roupas e meu coração latejou, era o moletom de Rony. Tinha o cheiro dele ainda.

Mesmo sabendo que isso me machucaria mais ainda, me abracei ao moletom, inspirando profundamente, sentindo as lágrimas escorrerem e molharem ele. A solidão tomava conta da cratera formada em meu peito, fechei meus olhos tentando abandonar aqueles sentimentos, mas não havia jeito. Eu estava condenada a passar minha noite com aquela dor.

Não me lembro de quando adormeci, a última coisa que me recordo foi de ver um feixe luz dourado subir por entre as árvores. Foi um sono sem sonhos, até porque logo minha avó já veio me chamar, achando que eu tinha dormido suficiente. Mas eu nem ligava, se passasse o dia cansada poderia dormir um pouco melhor a noite.

Estava preparada para passar um dia que duraria um século, mais um dia longe de tudo e de todos, mais um dia longe de quem me importava, só por egoísmo, por medo de machucar mais meu coração.


...


13 de fevereiro, segunda-feira.

O dia da minha prova havia chegado, era uma manhã nublada e sem graça, representando o meu estado interior nesse momento.

Havia passado uma semana desde minha vinda para San Francisco, e durante esse tempo estudei algumas horas por dia no notebook, mas meu cérebro se recusava a gravar os assuntos e se ocupava em pensar em tudo que tinha ocorrido, o que me fazia engolir o choro em diversos momentos.

A prova iria ser realizada em uma cidade mais próxima, a pelo menos uma hora de carro. Para minha tristeza, meus tios iam me levar, já preparei meus nervos para não acabar dando uns tapas neles.

Me vesti com algo apropriado como uma calça skinny e um moletom e sai de casa depois de almoçar, a prova seria a tarde.


– Boa sorte, minha filha. Sei que vai se sair bem. –Vovó Charlotte falou sorrindo e me abraçou. – Sua mãe ligou, te desejou uma boa sorte junto com seu pai, sua irmã, seus amigos e os Weasley. Muitas pessoas gostam de ti, Mione. –Suspirei.

– Sei disso, vó. Sei disso. Agradeça a todos. –Acenei e entrei no carro do meu tio.

A viagem foi tranqüila, ninguém falou nada. Fiquei me entretendo com uma das poodles, a Popp, no banco de trás. Era incrível como as cadelas eram tratadas feito crianças, tinham até cinto de segurança.

Chegando no local da prova, as pessoas já iam chegando. Era muita gente que iria competir comigo, senti um frio percorrer na minha espinha. Aquela Hermione com muita confiança em si mesma sumiu a uma semana.

Depois de deixar meus pertences fora da sala, entrei e olhei em volta, aquelas centenas de cadeiras ocupadas me intimidaram. Tentei rever tudo que aprendi em segundos na minha mente, sentei na cadeira e me ajeitei. Depois, três homens distribuíram as provas e explicaram as regras.

Antes de olhar para a folha posta na minha frente, pensei que tinha tudo na minha cabeça. Mas foi ler a primeira questão que percebi que não sabia nada, era como se tudo tivesse evaporado da minha cabeça e as horas que passei me esforçando não valeram para nada.

Comecei a tremer da cabeça aos pés, o choro subindo na minha garganta novamente. Além de não ter meu namorado comigo, ter passado o que passei semana passada, não entraria para Harvard. Era uma tragédia atrás de outra, e minha vontade foi de levantar, derrubar minha cadeira contra o chão e sair desamparada pela porta.

Respirei fundo, secando a lágrima que escorreu, uma menina loira ao meu lado percebeu.


– Está muito difícil para você? –Perguntou ela e apenas assenti nervosamente, não iria contar meus problemas em meio a uma prova em que qualquer conversa com outra pessoa iria me render expulsão.

Fui respondendo na base do chute, diante de cem perguntas, três horas de prova, respondi corretamente no máximo cinco delas. Já os que estavam a minha volta, pareciam muito cheios de si e respondiam como se fosse um currículo de emprego.


– Droga... Droga... –Murmurei, sentindo minha cabeça chegar ao ponto de explodir. E a sineta tocou, avisando que o tempo havia acabado. Entreguei a prova e sai quase que correndo da sala, juntei minha bolsa na saída sentindo meu rosto se inundar em lágrimas.

– Hermione, como foi? –Questionou a voz do meu tio, abri a porta do carro e entrei antes que ele percebesse que eu chorava.

– Mione, o que houve? –Perguntou a voz preocupada da minha tia. Tarde demais, ela percebeu. Contei meio por cima que havia me esquecido de tudo, e eles ficaram com muita pena de mim. Pena não iria adiantar.

Voltei para casa chorando silenciosamente a viagem toda. Chegando lá, minha avó aguardava sorrindo, provavelmente para me perguntar se fui bem e me parabenizar, qual fosse meu desempenho, mas ela nem teve tempo de falar, quando sai do carro desabei em seu ombro e solucei alto.

Mais uma noite sem dormir, mais uma noite cheia de preocupações, mais uma noite tendo ódio de mim mesma por ter saído de LA. Pensei em voltar na manhã seguinte, mas agora eu estava pior do que antes e só minha avó conseguiria me consolar.

Recebi mais ligações que não pude responder, minha avó se encarregou de responder as pessoas preocupadas comigo e com a prova. Eu não conseguiria contar que fui terrível numa prova que todos tinham certeza que iria passar. Meu pai tentou me consolar dizendo que não recebi minha nota, mas nada me animaria, nada.

Parecia que o mundo todo queria me botar para baixo. Mais ainda quando o dia 15 chegou e recebi uma visita inesperada, e que fez com que a tristeza fosse substituída por ódio, muito ódio.


– Mione, tem um menino ali na frente querendo falar com você. –Meu coração deu um pulo quando minha avó adentrou em meu quarto e falou isso.

– Quem? É algum amigo meu? É... o Ron? –Perguntei com um fio de voz. A saudade martelou no meu peito.

– Não sei quem é, disse que quer falar rapidamente com você, só deixar um recado. –Levantei da minha cama desconfiada e sai do quarto, desci as escadas e fui para a frente da casa, espiando o lado de fora do portão.


Congelei no lugar. Um menino de cabelos loiros que visitava meus piores pesadelos constantemente estava parado no portão, com uma expressão impaciente no rosto.


– VAI EMBORA, MALFOY! –Bradei descontrolada indo em direção dele, pronta para socar sua cara esnobe. – Já não estragou minha vida o suficiente com sua namoradinha?

– Calma Hermione, não vim aqui com pedras na mão, eu só quero te avisar uma coisa e...

– NÃO TEM CALMA! Como me achou? Andou me perseguindo, é? Lilá te mandou aqui para me dar um aviso? Ela ainda não se contentou com o estrago que fez comigo? –Eu tremia de ódio, meus punhos estavam cerrados clamando pelo nariz de Draco quebrando em meio aos meus dedos.

– NÃO TEM NADA A VER COM A LILÁ! –Gritou ele e eu me calei, percebendo um leve tom de verdade na sua voz.

– É alguma pegadinha, não é? Cadê a câmera? Aposto como Lilá está aqui por perto...

– Escuta aqui. Eu te achei porque Cho colocou no facebook dela que estava quase indo para San Francisco te buscar, Lilá não faz ideia de que estou aqui. –Continuei calada, aguardando explicações. – E sim, sei o que aconteceu contigo porque... Bem, eu ajudei. –Minha boca caiu ao chão.

– Não sei nem porque estou surpresa, não é novidade alguma que você quer acabar com minha vida, não é Malfoy? –Rosnei. – E outra coisa, não sou padre para você vir se confessar, pode ir embora.

– CALMA! Me dê cinco minutos.

– Cinco minutos. –Ordenei, em tom áspero.

– Olha, ajudei Lilá a levar seu namorado até a mesa, ela o despiu e depois ficou daquele jeito com ele. Padma participou, ligando para você, ela quase desistiu do plano, mas Lilá ameaçou ela e a família dela, e como a Patil sabe do que ela é capaz, continuou no plano. Depois de você ter fugido, mandei uma mensagem a Rony dizendo que era pra ele fazer um exame de sangue, para comprovar que tinha sonífero no café, seria a prova dele contra ela. E sim, troquei de lado. –Minha vontade era de pegá-lo pelos ombros, sacudi-lo, estapear seu rosto fino e pálido, e por fim gritar “QUEM É VOCÊ E O QUE FEZ COM O OTÁRIO QUE ME ODEIA?”, mas me calei, com uma expressão de nojo no rosto, nojo dele por estar me contando tudo isso normalmente.

– Prove então que mudou de lado e que isso não é uma armadilha da vadia oxigenada. –Ele suspirou.

– Se você voltar para Los Angeles, vou na delegacia com você e Rony, conto tudo o que ajudei a fazer com Lilá e vou preso. Está bom assim para você? –Arqueei uma sobrancelha.

– Você vai se entregar para provar que mudou de lado? –Malfoy assentiu. – Vai contar tudo que já fez? Que tentou me estuprar, que estragou minha formatura e me deixou desacordada durante duas semanas...? –Pude ver seu rosto se contrair em uma careta de quem está chupando um limão.

– Olha, eu me arrependo de tudo que te fiz, ok? E queria pedir desculpas, se não aceitar tenho outra forma de me desculpar, e é essa de me entregar e ficar preso o tempo que for necessário. –Franzi minha testa, desconfiada.

– O que deu em você, hein?

– Quer que eu volte a ser mau, Hermione? –Neguei com a cabeça. – Que bom. Enfim, o motivo para eu mudar desse jeito, são vários. Primeiramente porque Lilá me tratava como se eu fosse o resto de comida no seu prato que ela daria para um cachorro de rua, depois porque... Porque...

– Fala.

– Porque eu sempre fui apaixonado por você, é isso. –Encarei-o séria por um momento e depois quase rolei no chão de tanto rir, soltei uma gargalhada escandalosa, um riso sem humor, apenas um riso de deboche.

– Aham, tá. Conta outra, Malfoy. É sério, onde está a câmera? –Sua expressão séria me fez acreditar que ele não brincava.

– Cresci em uma família que não demonstra o amor, Hermione. Meu pai não é nada gentil com minha mãe, pobre Narcisa, meu pai sempre me tratou como se eu fosse seu criado e não seu filho... Não aprendi a amar e sempre soube que a Hermione sabe-tudo, aluna modelo da classe, nunca iria se apaixonar por uma pessoa sem coração feito eu. Por isso que descontava minha frustração em você. E depois que descobri que você estava com Rony, o cabelos de fogo tapado da sala, fiquei mais frustrado ainda. Botei na minha cabeça que se ele podia te ter, eu poderia também, só que você estava muito apaixonada por ele e tive a certeza que jamais teria minha paixão de infância para mim. E mais uma vez, descontei em você, com a ajuda de Lilá, uma menina que passava pela mesma coisa que eu. Frustração.

Eu não sabia o que falar, era muita informação para minha cabeça, apenas aguardei calada.


– Lilá queria ter seu Rony de volta, e percebeu que ele jamais te deixaria para ficar com ela. Como eu queria ficar com você e ela com ele, nos juntamos. Foi a pior coisa que já fiz na minha vida, a pior decisão tomada. E agora, estou arrependido, demorei muito, eu sei. Se não quiser me perdoar, eu entendo, se não quiser acreditar em mim, entendo também. Mas saiba que estou sendo o mais sincero o possível. –A desconfiança ainda brotava no meu peito, mas ele parecia estar falando a verdade. Só que eu não entregaria o jogo tão fácil assim, seria a mesma coisa que roubar o machado do carrasco e depois entregar de volta para ele, confiante de que ele não cortaria seu pescoço na primeira oportunidade que tivesse.


– Certo... Você está oferecendo sua cabeça para a guilhotina, então?

– Sim. Agora, pelo amor de deus, faça meu esforço valer a pena e volte para Los Angeles. E por favor, volte com Rony. Ele te ama como nunca vi um cara amar tanto uma menina, ele jamais te trocaria por alguém e fiquei sabendo que ele quase entrou em coma alcoólico depois que você se foi. –Arregalei meus olhos.

– Meu... Deus. –Foi a única coisa que falei, minha cabeça rodava de tantas coisas entrando bruscamente dentro dela.

– Boa sorte, Hermione. Nos encontramos lá em Los Angeles, e felicidades. –Draco deu um sorriso fraco e entrou no seu carro que estava estacionado próximo a calçada.

– Obrigada. –Minha voz parecia ter sumido. Eu continuei parada no lugar por algum momento, absorvendo cada informação que saiu da boca do Malfoy. Depois de alguns minutos, sai correndo para dentro de casa.

– Hermione, o que houve? –Gritou minha vó quando eu comecei a subir as escadas correndo em disparada.

– Vou voltar... Para Los Angeles! –Berrei, enfiando minhas roupas de qualquer jeito na mochila.

– O que aconteceu para te deixar assim? –Ela perguntou, visivelmente contente pela minha mudança súbita de humor.

– Meu anjo da guarda desceu no corpo de um menino que eu odeio, e que agora ganhou um ponto positivo. –Minha avó me encarou sem entender. – Explico melhor depois, agora vou indo. –Beijei sua bochecha e voltei a correr.

– Deus te acompanhe, minha filha! Vá com calma! –Sorri e acenei para ela já na calçada, entrando no meu carro. Deixei-o conversível mesmo, para sentir o vento percorrer meus cabelos.

A falta que eu sentia de todos apertava em meu coração, e saber que daqui a algumas horas iria revê-los me aquecia por dentro. A saudade de Rony fazia meu peito queimar, agora eu sentia vontade de chorar pelo desespero de vê-lo, olhar em seus olhos calmos feito o mar do Caribe, abraçá-lo com força e dizer o quanto eu o amava.

Agora era como se uma força repentina tivesse me atingido, não estava mais fraca e essa sensação era ótima. Dirigi o mais rápido o possível furando alguns sinais, cantando pneu nas curvas e recebendo várias buzinas de motoristas furiosos, mas eu nem ligava, só queria chegar logo em Los Angeles.


Rony POV

Faziam nove dias. Nove dias que ela me deixou, nove dias de noites mal dormidas, nove dias sem comer direito...

A saudade que sentia de olhar em seus olhos cor de mel, acariciar seus cabelos volumosos, tocar sua pele macia feito pêssego e ouvir sua voz melodiosa dizendo que me amava, fazia meu peito doer como nunca antes.

Era dia 15 e já não agüentava mais meu coração latejando de dor, eu iria até San Francisco e traria Hermione nas costas se fosse preciso. Não era humana a dor que eu sentia, e isso estava me deixando a beira da loucura.


– Estou indo para San Francisco. –Avisei decidido aos meus pais que jogavam uma partida de xadrez na sala, Gina e Harry olhavam os dois.

– Como assim? –Perguntou minha irmã se pondo de pé.

– Vou buscar Hermione, já estou ficando louco Gina, NÃO AGUENTO MAIS! –Bradei. – Eu preciso dela, ela é meu ar, minha vida, e esses dias sem ela estão me sufocando pouco a pouco. –Peguei a chave do meu carro e sai porta a fora, sendo seguido por todos.

– Rony, você está muito nervoso, não come nem dorme a dias, não pode viajar assim! –Gritou minha mãe.

– Se não vê-la pelo menos uma vez, não vou voltar a comer nem a dormir, mãe! Quer me ver definhando ao seus olhos? –Gritei de volta e ela congelou no lugar.

– Vai. –Pediu ela.

– Mas Molly... –Começou meu pai.

– Vai atrás do seu amor. –Falou ela com os olhos marejados.

– É Rony, vai. –Gina disse com um leve sorriso.

– Boa sorte, amigo. –Harry me apoiou, sorrindo.

– Obrigado. –Entrei no carro e sai cantando pneu pela rua, sentindo o desespero bater em mim. Era agora ou nunca.


Hermione POV


Quando vi a placa de Los Angeles, quase gritei de felicidade, só me contive, pois havia policiais por perto. Minhas mãos tremiam no volante, daqui a alguns minutos eu iria rever os olhos azuis que habitavam meus sonhos, sentir o calor da sua pele, o gosto do seu beijo, os seus braços em volta de mim...

Enquanto eu sonhava alto dirigindo em direção da casa dos Weasleys, um baque me atingiu sem dó. E se Rony me rejeitasse? E se ele me odiasse por ter deixado-o? Eu não iria suportar, morreria se isso acontecesse. O desespero tomou conta de mim e pisei no acelerador, se ele me rejeitasse seria o mais breve, não iria tornar esse momento mais longo.

Como Draco havia me contado, ele quase entrou com coma alcoólico por causa de mim. Deveria estar tão ferido... Como pude ser tão burra? Tão egoísta, tão idiota... Não liguei para os sentimentos dele, só para meus sentimentos.

Mas agora não era hora de me arrepender de tudo que fiz ou deixei de fazer. Era hora de agir.

Chegando na casa dos Weasleys, senti meu corpo todo tremer violentamente de tanto nervosismo. Estacionei de ré na garagem que estava aberta e desci do carro, ouvindo a porta da frente abrir.

Olhei receosa para a frente da casa e Molly estava na porta, quando me viu, gritou de alegria.


– HERMIONE! –E correu para me abraçar.

– O que? Hermione? COMO ASSIM? –Berrou a voz estridente de Gina, quando me viu começou a chorar e me abraçou junto com a mãe. Logo, enxerguei os olhos verdes de Harry brilharem e Arthur vir sorrindo me abraçar.

– Cadê Rony? –Perguntei com a voz urgente, depois de abraçar a todos.

– Foi para San Francisco. –Respondeu Molly.

– Como assim?

– Te buscar, Mi.

– Ah meu deus, e agora? –Coloquei as mãos na cabeça, desesperada.

– Vou ligar pra ele e digo para ele voltar e...

– NÃO! Eu vou atrás dele. –Corri e entrei no carro novamente.

– Hermione, ele não está muito longe, posso ligar e...

– Bem por isso Molly, vou atrás dele. –Repeti, ligando o carro com as mãos trêmulas e começando a suar frio.

– Vá com cuidado! –Gritou Arthur enquanto eu acelerava para fora da garagem.

Mas parece uma praga, quando mais estamos nervosos ou desesperados, parece que as tragédias são atraídas para nós. Foi só eu sair por cima da calçada e virar na rua seguinte, que alguém bateu de frente comigo. Eu estava prestes a sair do carro xingando o filho da mãe desgraçado e cego que havia batido em mim, no meu carro novo. Mas quando estiquei o pescoço para olhar na cara de quem havia feito isso, meus olhos caíram no automóvel com a frente também amassada feito a do meu carro.

Era uma Maserati. E o motorista que me olhava como se eu fosse uma divindade, possuía os olhos azuis presos em mim e seus cabelos ruivos voavam ao vento.


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Notas finais do capítulo

como sempre, termino nas melhores partes para dar um tchan, e creio que todas vão querer me matar por isso também ): SHASHAUSHAUSAU espero que não né, hm
e draco malfoy retorna de um jeitinho que ninguém esperava... e ai? quantas confiam na palavra dele e quantas possuem uma pulga atrás da orelha? acontecimentos inacreditáveis, não?
quero saber se gostaram né, primeiramente... por mais que abusei da minha boa desenvoltura com drama (resumindo: sou muita dramática mesmo u_u HAHAHAHAHA) espero que tenham gostado :3
no próximo capítulo tem o reencontro dos dois lindões, Lilá abaixando sua crista na frente de um tribunal... sim minha gente, vai pegar fogo sexta que vem.
beijinhos e até o próximo, florzinhas ;*