The Best Thing Thats Ever Been Mine escrita por manupotter


Capítulo 29
When all those shadows almost killed your light...


Notas iniciais do capítulo

heyheyhey, como estão coisinhs cuties da manu? :3 nesse capítulo iremos iniciar com um POV Harry. Sim, no decorrer da fic vai ser necessário POV's de outros personagens além do Ron e da Mione, mas POV's pequenininhos, o foco é no casalzinho lindo mesmo.
confesso que de tanto tentar sentir a emoção do Rony para poder escrever esse capítulo, ACABEI CHORANDO GENTE. pois é, me internem. HAHAHAHAH
foi bem diferente do que estou acostumada a escrever, foi meio que uma mudança súbita porque em um capítulo fiz a surpresinha linda do Ron pra Mione, os dois ficaram in love total, nasceu a Victoire, e nesse capítulo agora... Bom, não vou dar spoilers :B
créditos para a nicole, é óbvio. passamos algumas aulas desenvolvendo ideias para esse capítulo. SIM, não prestamos atenção na aula pra falar sobre fanfic HAHAHAHA
sem mais delongas, matem sua curiosidade e boa leitura para todas (:
beijinhos e até sexta que vem ;*



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...I remember you said, don't leave me here alone. (Taylor Swift – Safe & Sound)


Harry POV


- Seu idiota! Olha o que você fez! –Gritei indo para cima de Rony, mas Cedrico me impediu antes que eu fizesse alguma besteira. Hermione é como uma irmã para mim, e eu não iria deixar bastardo nenhum machucá-la.

– Não se mete, Harry! Você não sabe como estou me sentindo! –Esbravejou ele. – Se coloque em meu lugar!

– Se coloque primeiro no lugar da sua namorada, Ronald! –Gritei e Gina veio tentar me acalmar.

– E se fosse com você, Harry? Se você descobrisse ter chifre de uma hora para outra?

– Primeiro: Você nem tem certeza de que aquela mensagem é verdade. Segundo: Se fosse comigo, eu resolveria na conversa. É isso que homens de verdade fazem, Ronald! Não magoamos a menina e depois conversamos. E outra coisa, você está bêbado, cara!

– Mas tenho consciência de tudo que estou fazendo!

– Ah, óbvio que tem. –Debochei. – Você vai se arrepender muito ainda do que fez. –Antes que Rony pudesse rebater, Cho interveio.

– JÁ CHEGA! Temos uma menina magoada por um idiota para cuidar. Meninas, vamos lá ver como a Mione está e depois conversaremos com esse idiota aqui. –Cho apontou Rony com a cabeça.

– Não, daqui vocês não saem. Vocês vão acabar só piorando a situação. –Ordenou McLaggen.

– Mas amor, ela deve estar muito mal! –Luna implorou.

– Eu sei, amor. Mas vamos deixar a poeira abaixar primeiro. –O silêncio se instalou no nosso canto, só a música que o DJ tocava e respirações alteradas vindas de mim e de Rony eram ouvidas.

– E ai Rony, as máscaras estão começando a cair, não é? –Lilá passou pela gente com um sorriso de deboche no rosto.

– Foi você... FOI VOCÊ! SUA PUTA! –Ele foi para cima dela e Luna o barrou.

– Chega! Vem comigo, você precisa acordar desse seu mundinho alcoólico. –A loira puxou Rony para o banheiro masculino e ele sumiu das nossas vistas, quase espumando de raiva.

– Lilá, se você não quiser uma coleção de olhos roxos, some daqui. –Avisou Cho.

– Ui, que medinho. –Cerrei meus punhos tamanho era o ódio que crescia em mim. Era óbvio que essa piranha havia provocado a briga, só que agora não era hora de mais confusões, ela ainda iria pagar.

– CALA ESSA BOCA, Brown! –Gritou minha namorada. - Se eu precisar repetir mais uma vez que você não é nem um pouco bem vinda, você vai levar na cara.

– Calma, Gi. –Sussurrei, acariciando seus braços.

– Só porque sou muito legal. –Ela saiu rebolando e bufei de raiva. Alguns segundos de silêncio depois, consegui ouvir gritos vindo do lado de fora.

– Tem alguma acontecendo lá fora! –Alertei e sai correndo em direção da saída de emergência. Desviei de várias pessoas enquanto ouvia pessoas chamando pelo meu nome, mas não dei bola, poderia ser Hermione ou outra pessoa em perigo.

Escancarei a porta da saída e dei de cara com Draco Malfoy com um olhar assustado e correndo para longe do salão. Olhei para minha esquerda e Hermione estava caída no chão.


– SEU FILHO DA PUTA, O QUE VOCÊ FEZ? –Berrei, indo em direção de Hermione rapidamente. Ela não estava totalmente desacordada, seu nariz sangrava e ela delirava gemendo de dor. – Hermione, vai ficar tudo bem, eu estou aqui. –Me abaixei e percebi marcas de dedo em alto relevo na sua bochecha.

– Eu não sou só mais uma vadia... Não... Eu não sou...

– Shhh, quietinha, vai ficar tudo bem. –Vi os outros se aproximando correndo e Hermione desmaiou de vez. – Pelo amor de deus, alguém me ajuda! –Quando minha namorada viu a melhor amiga no chão machucada, começou a surtar.

– O que houve com ela, Harry? –Gina perguntou desesperada. As outras meninas chegaram e entraram no mesmo estado de nervos que eu.

– Malfoy veio aqui e deu um tapa nela, ela deve ter batido com a cabeça no chão e por isso está mal assim. O covarde filho de uma cadela fugiu e deixou-a aqui. –Falei e todos se chocaram.

– Vou chamar uma ambulância! –Cedrico disse pegando o celular e discando para a emergência. Rony chegou por último e quando viu Hermione, entrou em choque.


Rony POV


– Vem comigo, você precisa acordar desse seu mundinho alcoólico. –Luna me puxou pela gola da minha camisa e me fez entrar no banheiro masculino com ela. Os caras que utilizavam o banheiro saíram assustados com a presença da menina.

– Qual é o seu problema, Luna? –Perguntei totalmente confuso.

– Quietinho! –Ela me jogou debaixo do único chuveiro do lugar e o ligou, fazendo com que a água gelada em molhasse por inteiro. – Esse é seu castigo por beber, seu idiota! Você falou o que não devia e agiu feito um otário! Agora a Mione está sofrendo por sua causa! Isso que dá quando irresponsáveis bebem... –Tentei fugir da ducha, só que a loira parecia ter ficado mais forte, e estar cambaleando de bêbado não me ajudava em nada.

– Acordei, Luna! Acordei! Agora eu tenho contas para acertar com a Lilá, se não se importa!

– Você não vai agir precipitado, não vai!

– GENTE! –Cho entrou correndo e gritando. – A Hermione está caída lá no estacionamento, ela bateu com a cabeça na calçada e segundo Harry, o culpado foi Malfoy!

– O QUE? –Berrei, não acreditando nas palavras que adentraram nos meus ouvidos.

– Bem isso que eu falei, vamos! –Sai correndo escorregando um pouco por estar molhado e as meninas foram comigo. Esbarrei em várias pessoas no meio do caminho, mas nada mais me importava agora, eu só queria ver minha namorada, e vê-la bem. Queria que a notícia fosse engano.

Quando cheguei no estacionamento e desviei do amontoado de pessoas para ver o que estava acontecendo, achei Hermione caída no chão desacordada sangrando. E foi ai que a ficha caiu e um filme passou na minha cabeça me trazendo memórias horríveis de quando magoei ela, meu coração se apertou sem dó provocando uma dor enorme, só que não liguei, eu merecia aquilo e muito mais. Merecia todas as maiores dores reunidas no meu peito.

Me aproximei de Harry que estava olhando minha garota e meus olhos começaram a ser inundados por lágrimas.


– Como isso aconteceu e quem fez isso com ela? –Perguntei com uma mistura de ódio e angústia em minha voz.

– Malfoy. Não sei como foi toda a história, mas pelo visto ele bateu nela e fugiu percebendo que iria se ferrar. –Respondeu Harry, cerrando os punhos de raiva.

– Esse desgraçado vai morrer! –Bradei totalmente descontrolado. – Ela vai ficar bem, não vai? Por favor, me diga que vai, Harry! –Implorei enquanto chorava sem parar.

– Se acalma, Rony! –Pediu Cho se aproximando de mim. – Ficar nervoso não vai adiantar!

– Como não vou ficar nervoso, Cho? Fui o culpado de tudo isso! Se eu não tivesse falado aquelas coisas, ela não teria corrido para cá! Eu sou um estúpido, um babaca, um idiota...

– Se auto flagelar também não vai adiantar, Rony! –Gritou Luna.

– O que está havendo aqui? A festa é lá dentro, otários. –Olhei para trás e Lilá se aproximava com seu olhar de desdém. Péssima hora para ela aparecer, péssima hora. – Ops, desculpe, não sabia que tinha uma menina machucadinha aqui. Melhoras para ela! –A vagabunda virou as costas rindo debochada e a puxei pelo braço, lembrando de quando fiz isso com Hermione. Uma pontada atingiu meu coração feito uma adaga afiada.

– Foi você, não foi? Foi você que mandou aquela mensagem, EU SEI QUE FOI! ADMITE!

– Tem provas? Me solta seu nojento, ou vou chamar a polícia! –Gritou ela e isso só fez a raiva crescer mais ainda dentro de mim.

– Rony, não perde tempo com essa vadia! –Pediu Gina. – E é claro que foi ela, quem mais tentaria destruir seu namoro?

– Você um dia ainda vai pagar muito caro por tudo que já fez comigo e com a Hermione, Lilá. Guarde bem essas palavras. –Soltei seu braço e Cho voou pra cima da piranha.

– SUA CADELA! Vai aprender a nunca mais mexer com o namoro dos outros! –A japonesa puxava os cabelos de Lilá que gritava de dor, as gêmeas Patil não sabiam o que fazer.

– ME SOLTA, CACHORRA! –Gina se juntou na briga não deixando Lilá fugir dos ataques de Cho. Cedrico e McLaggen tentaram intervir, mas nada das duas pararem de espancar a vagabunda.

– JÁ CHEGA! –Cedrico puxou Cho e McLaggen puxou Gina. Lilá se virou para mim com um olho roxo, toda descabelada, sangue escorrendo da sua boca e vários arranhões pelo corpo, a japonesa e a ruiva espumavam de raiva.

– SUAS VADIAS! Vocês vão pagar por isso! Me aguardem!

– Só não te bato também Lilá, porque é muito mais divertido ver tudo de camarote VIP! –Disse Luna.

– Quer saber? Vão tudo se fuder, seus miseráveis. Não vou perder mais meu precioso tempo com vocês, só que se um dia algo de péssimo acontecer na vida de vocês, lembrem-se de mim. –Revirei os olhos, com uma vontade enorme de estrangulá-la com minhas próprias mãos. – E só para completar, fui eu sim, Weasley. –Ela saiu rindo debochada e gritei de ódio, indo atrás dela.

– Não vale a pena fazer isso, Rony! Você sabe que não vale! Você vai acabar se ferrando por causa dessa puta, e você tem uma namorada para cuidar agora. –Cedrico me alertou, me segurando para que eu não voltasse a ir atrás da vadia e voltei a chorar, com uma mistura de sentimentos lutando dentro de mim sem parar.

Ódio mortal de Lilá e Draco, angústia por Hermione, raiva de mim mesmo por ter falado aquelas coisas para ela, medo de que ela não me perdoasse.


E se ela não me perdoar? Ah meu deus. Contanto que ela melhorasse, eu poderia levar a culpa de tê-la magoado para sempre, eu merecia.


– O socorro está chegando! –Disse Gina, correndo para fora do estacionamento quando ouvimos a sirene da ambulância. Harry foi atrás dela para alertar onde a emergência era.

Olhei para Hermione e ela continuava desacordada, ninguém havia mexido nela porque se não poderia agravar alguma fratura que ela poderia ter, mas minha vontade era pegá-la em meus braços e fugir dali. Longe de tudo, longe de todos, para viver a nossa vida, a nossa felicidade. Só que agora ela deveria me odiar, as lágrimas que haviam escorrido de seus olhos borraram a maquiagem e algumas linhas com rímel estavam desenhadas em suas bochechas, além de marca de dedos.

Draco Malfoy e Lilá Brown. Esses dois já estavam no topo da minha lista negra, e da próxima vez que eu ver a cara deles, não vou perdoar. Nem que eu vá preso, mas que a justiça vai ser feita, ah se vai. Pelo menos na prisão vou ter a sensação de missão cumprida.

A ambulância estacionou próximo a calçada e quatro paramédicos desceram, se aproximando da minha namorada.


– Alguém mexeu nela? –Perguntou uma paramédica checando a respiração e os batimentos cardíacos de Hermione.

– Não. –Respondeu Harry. – Eu fui o primeiro a encontrá-la assim.

– Ela já estava desacordada?

– Quando cheguei ela estava delirando, alguns segundos depois ficou inconsciente.

– Qual é a ficha? –Questionou um paramédico para a mulher.

– Batimentos cardíacos em freqüência anormal, pressão arterial decaindo, suspeita de TCE. –Ela respondeu.

– Leve ou grave? –Meu coração deu um nó. Eles estavam falando da situação de Hermione.

– Veremos. Ligaram para os responsáveis dela?

– Ai que droga, esquecemos dos pais dela. Rony, liga para eles. –Abri a boca mais não saiu som algum. Eu estava no ápice do meu nervosismo, não ia conseguir contar o que aconteceu para meus sogros. Eles confiavam em mim e agora essa confiança poderia acabar.

– Tudo bem, eu ligo, Ron não está bem. –Minha irmã repousou uma das mãos em meu ombro e a outra alcançou seu celular em sua bolsa. Depois que o Sr. e a Sra. Granger foram avisados e orientados para irem ao California Hospital Medical Center e aguardarem lá a chegada da ambulância com sua filha, eles estavam prontos para levá-las para o hospital.

– Alguém vai junto na ambulância?

– Eu vou! –Me movi pela primeira vez em minutos de imobilização causada pelo meu estado de nervos e Gina me puxou de volta.

– Não Rony, você está muito mal e precisa de um banho.

– Mas Hermione é minha namorada, eu tenho que ir com ela! –Implorei com as lágrimas retornando aos meus olhos.

– Depois você vai. Harry e eu te levamos para casa, você toma um banho e depois você vai para o hospital, feito? –Assenti, sabendo que não conseguiria discutir com ela. Antes de sair com minha irmã e meu cunhado, acariciei a mão de Hermione que agora estava deitada em uma maca respirando por uma máscara de oxigênio.

– Você vai ficar bem, eu sei que vai. –Os paramédicos fecharam a porta da ambulância e saíram rapidamente do local em direção do hospital.

Peguei um táxi com Gina e Harry enquanto os outros faziam o mesmo, com o mesmo objetivo que eu, tomar um banho e partir para o hospital. O táxi parecia andar a 1km por hora, eu já estava quase pulando do automóvel e indo correndo para casa. E para ajudar tinha um tráfego gigante a caminho de casa.

Chegando em casa, deixei que Harry explicasse o que havia ocorrido para meus pais que estavam sozinhos em casa. Subi as escadas correndo e fui para meu quarto, onde tomei o banho mais rápido da minha vida. Nem me sequei direito, vesti uma calça jeans qualquer com uma camiseta e um tênis com um nó mal feito, nem liguei para a água que pingava do meu cabelo e molhava toda as minhas costas e fui para o andar de baixo.


– Potter, Gina, vamos! –Gritei e meus pais me barraram. Já estava aguardando uma bronca merecida por ter deixado aquilo acontecer, mas pelo jeito Harry me acobertou.

– Daqui a pouco estamos indo para lá também, filho. Cuide-se. –Disse minha mãe e assenti. Minha irmã apareceu seguida do namorado e corremos para o carro. Saímos cantando pneu e ultrapassando todos os outros veículos, pois o caminho era longo e devia ser feito rapidamente.

A viagem que demoraria 30 minutos andando corretamente no trânsito levou 10 minutos com a nossa pressa. Chegando no hospital, paramos no estacionamento e os outros já estavam lá.


– Cadê a Hermione? –Perguntei logo que desci do carro, me aproximando dos outros.

– Se acalma ai, ruivão. Ela já entrou e está fazendo todos os exames necessários, estamos aguardando o médico. –Cho disse.

– Não tiveram uma mísera notícia do estado dela? –Perguntei com a preocupação retornando no tom da minha voz.

– A única coisa que descobrimos foi que “TCE”, como eles disseram antes, é traumatismo cranioencefálico. Ela bateu a cabeça, sabemos disso, só não sabemos se foi leve ou grave. –Luna explicou.

– Agora teremos que aguardar por uma notícia. –Falou McLaggen abraçando a cintura da namorada.

– Já volto. –Sai meio atordoado pelo estacionamento e perguntaram aonde eu iria. Não respondi, apenas continuei andando até chegar na frente do hospital. Sentei no meio fio da rua e abaixei minha cabeça na altura dos meus joelhos, colocando minhas mãos na cabeça e rezando para que Deus ouvisse minhas preces e tirasse Hermione daquela situação. Que ela acordasse, dissesse que me perdoa e deixaria esses acontecimentos para trás.

– O que faz ai, Rony? Virou mendigo? –Levantei meu olhar e tive que piscar algumas vezes para que as lágrimas parassem de embaçar minha visão e eu pudesse visualizar quem era.

– Fred? O que faz aqui? –Me levantei do chão e o abracei com força.

– Vim ver o que houve com minha cunhadinha, é óbvio. Ela é importante para mim também, caso não saiba. –Ele retribuiu meu abraço.

– Papai e mamãe estão aqui também? E Jorge?

– Estão. Jorge está na casa da Angelina, não quis atrapalhá-los, por mais que ele vá me matar quando descobrir que escondi uma coisa dessas dele. Mas enfim, me conta o que aconteceu. –Fred sentou seu corpo alto e magro no meio fio e fez um sinal para que eu voltasse a me sentar. Sentei novamente e comecei a contar tudo.

– Estou me sentindo péssimo, Fred. Não sei qual sensação é pior, ódio de mim mesmo, medo de que Hermione não me perdoe e angústia sobre seu estado de saúde. –Falei, deixando uma lágrima escorrer.

– Cara, você realmente ama ela.

– Só agora que percebeu isso?

– Não, desde que vocês dois viviam feito cão e gato percebi isso. –Dei um longo suspiro. – Lembra quando a Mione te chamou de feio e disse que te odeia, e você voltou para casa chorando? –Assenti. – Você deveria ter uns nove anos e foi a primeira vez que chorou por uma menina. Lembro que você deitou no meu colo, chorou e chorou mais um pouco, repetindo que você não ligava de ser chamado de “feio”, só que ela ter dito que te odiava foi o cúmulo, o fim do mundo, o apocalipse.

– E eu te perguntei se ela realmente me odiava...

– E eu respondi que não, pois sabia que dentro daquele coraçãozinho sábio existia um espaçinho para você.

– Posso deitar no seu colo? Que nem aqueles tempos. –Perguntei sem pensar muito, eu só precisa de um ombro amigo, só isso.

– Deita, maninho. –Deitei minha cabeça nos joelhos dele e suspirei.

– Hermione vai te perdoar sim, cara. Relaxa. Mas vai com calma, você machucou o coração dela, estraçalhou, pisou nele, partiu em pedaços...

– Cara, não está me ajudando.

– Desculpe, não sou muito bom para consolar os outros. –Rimos, mas não um riso verdadeiro, um riso com um misto de preocupação e dor. – Mas é, você machucou ela, e vai ter que ir passando bálsamo na ferida até que ela se cure, nem que isso demore. –Fiz sinal positivo com a cabeça e emergi nos meus pensamentos, até que Fred ergue minha cabeça do colo dele e me dá um tapa na cara.

– Mas por que...? –Arregalei meus olhos confuso.

– Isso é por você ter magoado minha Mimi, idiota! Desculpe Rony, não consigo ser bonzinho o tempo todo, você merece uns tapas. Agora vou lá dentro com a mãe e o pai, vem junto?

– Vou depois. –Ele assentiu e se levantou, subindo as escadas da entrada do hospital e indo para a recepção.

Olhei para meu relógio de pulso e já se passavam da uma e meia da manhã, olhei para o céu e percebi pela primeira vez que a noite estava linda. O céu escuro era iluminado pela lua e estrelas cintilantes que formavam constelações, nenhuma nuvem estavam cobrindo a beleza da noite. Em um canto, uma das estrelas se destacava, brilhando mais do que as outras, era a estrela que agora tinha o nome de Hermione.


– Minha estrela, não vai, por favor. –Falei como se estivesse olhando nos olhos cor de mel de Hermione e acariciando seus cabelos ondulados que cheiravam a baunilha. – Minha estrela, não pode ir. –Senti algo quente escorrendo pela minha bochecha e sequei rapidamente, fechando meus olhos e implorando novamente para que todas as divindades existentes e inexistentes cuidassem da minha Hermione, só minha Hermione.

Levantei e segui para dentro do hospital, onde encontrei meus pais, Gina e Fred, meus sogros e meus amigos.


– Oh Rony, você deve estar tão mal. –Dona Rachel se aproximou de mim com lágrimas no olhos e me abraçou.

– Alguma notícia dela, Sra. Granger? –Retribui o abraço e a soltei, ela negou com a cabeça e começou a chorar. Sr. Granger se aproximou e abraçou a esposa.

Um homem de jaleco branco apareceu segurando uma prancheta e todos olharam para ele, esperando que falasse algo.


– Por favor, os pais de Hermione, me acompanhem. –Rachel soluçou e segurou na mão do marido, que a lançou um olhar que dizia “se acalme, vai ficar tudo bem”. Os dois acompanharam o médico e eu quase surtei.

– Então é assim? Vão ficar de segredinho?

– Calma, Ron. –Pediu Gina.

– Calma? Como calma? Eu quero saber como está minha namorada!

– Rony, sei que está nervoso, mas acalme-se, daqui a pouco eles voltam com uma resposta. –Passei as mãos pelo meu cabelo em um puro ato de nervosismo e me sentei em uma das poltronas na sala de espera.

– Quer uma água, cara? –Perguntou Cedrico com uma das mãos em meu ombro.

– Não. –Respondi seco, já demonstrando que eu não precisava de nada, só de uma resposta que só o médico poderia dar.

– Certo. –Cho cochichou algo no ouvido dele e os dois se retiraram para longe de mim. Bem melhor assim, sozinho. Sofrendo minhas dores quieto em um canto sem ninguém para interferir.

Passados alguns minutos, uma enfermeira apareceu e disse que tinha informações sobre Hermione. Levantei da poltrona em um pulo e cheguei correndo até ela.


– O que houve? Pelo amor de deus, fala! –Meu pai me segurou para que eu não pulasse e tirasse aquela prancheta das mãos da moça.

– Hermione entrou em estado de coma por TCE, um tipo de traumatismo craniano. O estado dela é delicado, por mais que o trauma dela seja leve. Ela não corre risco, só não sabemos quando irá acordar. Vamos aguardar pacientemente por melhoras. –Minha boca caiu ao chão. Coma, como assim coma?

– Como não sabem quando ela irá acordar? –Perguntei andando de um lado para o outro.

– Ficamos sabendo pelos pais de Hermione que quando criança ela sofreu um trauma e provocou uma lesão em seu nervo vago, e essa lesão faz com que quando ela desmaie, demore para retomar a consciência. Pessoas normais acordam segundos ou minutos depois de uma síncope, só que com Hermione não é assim.

– Então... Vocês não tem nem uma ideia de quando ela vai acordar? –A enfermeira negou com a cabeça, fazendo uma expressão triste. – Não... Não pode ser... Vocês são médicos, ora! Foram ensinados para curarem as pessoas, descobrirem doenças, tratá-las... É obrigação saber quando minha namorada irá acordar!

– Desculpe, mas não temos nem uma previsão. Bem que queríamos, mas...

– Não, se vocês quisessem mesmo ter uma previsão, tentariam de tudo e descobririam.

– Rony, deu. –Pediu minha mãe.

– Hermione não reage a estímulos visuais, de voz ou de dor, ela entrou em coma senhor. Iremos avaliá-la todos os dias, fazer todos os testes, todos os exames, mas o organismo dela terá que colaborar também. Não depende só de nós. –Eu não queria aceitar aquelas palavras, simplesmente não queria. E se Hermione tivesse entrado em coma profundo e nunca mais acordasse? Quem sabe quando o tal do “nervo vago” vai funcionar normalmente e vai acordá-la? Pode demorar horas, dias, semanas, meses... O desespero tomou conta de mim e sai do hospital com os olhos inundados.
Isso não podia estar acontecendo, não podia. Simplesmente não podia.

– Ande Hermione, acorde e mostre para todos esses otários que se dizem médicos, que você é forte e não depende deles. –Gritei olhando para a estrela brilhando no céu e meus amigos vieram correndo.

– Ron, vai ficar tudo bem! –Repetia Cho com lágrimas nos olhos. Todos eles me abraçaram e começamos a chorar juntos.

– Eu quero vê-la. –Falei com convicção secando meu rosto com minha camiseta.

– Vamos pedir para o médico, então. –Disse Gina, pegando na minha mão. – Vai ficar tudo bem, irmãozão, relaxa. –Ela sorriu com os olhos triste e entramos novamente no hospital, o Sr. e a Sra. Granger já haviam retornado e Rachel chorava nos braços do marido.

– Aquele Malfoy... Ele tem que ser preso, Robert! Ou nunca deixará nossa filha em paz novamente. –Ela se virou para nós e se aproximou da gente. – Harry querido, chamamos a polícia para nos acompanhar até a casa de Draco para resolvermos da forma mais correta o que ele fez com a minha filha. Você nos acompanharia para comprovar que viu ele fugindo depois de deixar minha pequena Hermione daquele jeito?

– Claro, Sra. Granger. Sem dúvidas acompanho.

– Rony, aproveita e tenta ir ver a Mione. –Disse Gina e eu assenti.

– Onde está o médico? –Luna foi em busca do médico e fiquei aguardando na sala de espera

– Sra. Rachel, a polícia já está ali fora aguardando a senhora e o Sr. Robert. –Avisou uma da recepcionistas.

– Certo. Vamos, Harry? –Ele assentiu e acompanhou Robert até o lado de fora do hospital.

– Rony, meu querido. –Rachel se aproximou de mim sorrindo fraco. – Hermione vai ficar bem, ela sempre foi forte. Quando acordar, vai correr para seus braços com os olhinhos brilhando, você vai ver. –No fundo, torci muito para que isso que tudo isso que saía da boca dela fosse a mais pura verdade.

– Sei disso, Sra. Granger. –A abracei e ela retribuiu. – Boa sorte com Malfoy, estarei torcendo aqui para que ele pague por tudo que já fez.

– Ele vai pagar, ah se vai. Vou indo gente, volto mais tarde. –Rachel beijou a bochecha de Molly, abraçou Arthur e Fred, acenou para meus amigos e saiu do hospital.

– O médico está ali, vou ver se você pode ver a Mione, maninho. –Minha irmã saiu de perto da gente e foi até o médico que conversava com uma outra funcionária do hospital.

– Quer comer alguma coisa, Rony? Você está pálido, não está bem.

– Ah, sério McLaggen? Por que diabos será que eu não estou bem? –Respondi ríspido.

– Rony, não fala assim com ele cara. –Suspirei.

– Desculpa, cara. Estou nervoso e preciso ver minha namorada, só isso. Não se preocupem comigo.

– Certo. Mas saiba que vamos estar aqui para te dar toda a força necessária. –McLaggen colocou a mão em meu ombro, Cedrico imitou seu ato e eu dei um sorriso triste.

– Maninho, pode subir. –Levantei da poltrona em que eu havia acabado de sentar e deixei o copo de água pela metade em cima de uma mesinha de centro. – Vai lá no elevador que um novo médico que assumiu o caso da Mione está te aguardando.

– Ok, muito obrigado Gina. –Beijei o rosto da minha irmã, que sorriu fraco e retribuiu. Corri até o elevador e encontrei o tal médico.

– Rony? –Chegando mais perto, reconheci ser o pai de Cedrico.

– Amos? Que bom te ver. –Abracei o homem baixo, calvo de óculos, que retribuiu calorosamente.

– Bom te ver também, só que preferiria te encontrar em outro lugar, e não em um hospital.

– Penso o mesmo. –Dei um longo suspiro.

– E então, quer ver como está sua amada, não é? –Assenti rapidamente. – Me acompanhe. –Adentrei no elevador com ele e Sr. Diggory apertou os botões para nos levar no andar correto.

– Desde quando o senhor trabalha aqui? Eu já sabia que era médico, mas que trabalhava em outro hospital. –Perguntei curioso.

– Depois de anos de experiência e finalmente ganhar o merecido reconhecimento, fui transferido para cá. Não faz mais de três meses que estou aqui. –Arqueei uma sobrancelha indicando surpresa.

– E como pegou o caso de Hermione? –A porta do elevador se abriu e segui ele pelo corredor cheio de portas.

– O médico que iria cuidar do caso dela estava muito ocupado, e Hermione necessita de cuidados especiais pela situação que ela está passando, e o outro médico não teria o tempo necessário para os cuidados que ela precisa. Já eu, como sou conhecido dela, vou ter o prazer de atuar nesse caso. –Sr. Diggory parou na frente da porta do quarto 206 e olhou para mim. – Este é o quarto. Tem certeza que não está muito nervoso para entrar?

– Posso estar nervoso, mas não vou conseguir sossegar até ver Hermione. –Afrouxei o nó dos meus dedos e respirei fundo algumas vezes.

– Certo. Vamos entrar então. –Colocou a chave na fechadura e abriu a porta devagar. Ele foi o primeiro a entrar, em seguida de mim. Olhei rapidamente em volta e percebi que o local era claro e super limpo, típico de quartos de hospitais. Havia uma tv em cima de um rack, um telefone em cima do criado-mudo e outra porta que deveria ser o banheiro.

Só que o que prendeu minha atenção foi Hermione deitada em uma cama totalmente branca, vestindo uma camisola azul, com os braços para fora da coberta fina. Um tubo fininho estava preso dentro de sua veia despejando soro, seus olhos estavam fechados como se dormisse serenamente, seu peito subia e descia levemente, a respiração sendo facilitada por um tubo de oxigênio preso em seu nariz. Senti uma lágrima escorrer, mas a ignorei, pois estava chocado demais com a cena que presenciava.

Hermione parecia frágil demais, quebrável demais, fraca demais. E aquilo partiu meu coração em mil pedaços que foram triturados para aumentar minha dor. Marcas roxas cobriam seus braços e sua bochecha, me perguntei silenciosamente se uma daquelas marcas em seu braço não tinha sido eu que havia feito, e isso me deu vontade de morrer.

– Vai ficar uns cinco minutos com ela?

– Cinco minutos? Eu vou ficar aqui até que ela acorde! –Protestei.

– Mas é impossível, Rony. As visitas devem ser rápidas, mais ainda no estado em que Hermione se encontra.

– Não. Eu vou ficar aqui, nem que precise colar minha bunda na cadeira. –O Sr. Diggory suspirou.

– Vá ali com ela, tome o tempo que precisar e depois conversamos. –Ele saiu da sala me deixando sozinho e caminhei lentamente até a cama onde Hermione estava deitada. Ao lado da cama tinha uma cadeira, me sentei nela e observei minha namorada.

– Amor... –Acariciei sua mão esquerda repousada na coberta. – Queria tanto que pudesse me ouvir, sentir o meu toque... Mas nem tudo que a gente quer se torna realidade. Só queria que você soubesse o quanto eu te amo e o quanto me arrependo de ter falado aquilo para você. Você não é só mais uma vadia, não é. –Deixei uma lágrima cair na coberta. – Você é minha princesa, minha menina, minha mulher, minha alma, minha vida, meu tudo. E eu não entendo como você, a menina mais perfeita que existe, foi se apaixonar por um idiota feito eu. Às vezes penso que não te mereço, que existem caras melhores do que eu pelo mundo afora, mas ai você chega e me abraça, e percebo que ali é meu lugar, em seus braços, e o seu lugar é em meus braços. Vou te esperar aqui, nem que demore uma semana, duas semanas, três semanas, um mês... Tanto faz, mas vou ficar aqui aguardando ver seus olhos cor de mel que eu tanto amo me olhando. –Apertei levemente a mão dela, sentindo a textura da sua pele macia e deitei minha cabeça no colchão.

– Rony... –Amos voltou dando leves batidinhas na porta para avisar seu retorno e fechou a porta novamente. – Desculpa te interromper, mas é que você tem que ir. –Me mantive sentado em protesto. – Você poderá visitá-la todos os dias por um tempo e juro que ligo se ela acordar, não importa a hora.

– O senhor não entende que quero ficar?

– Entendo mais do que imagina. –Ele inspirou profundamente demonstrando cansaço e se sentou na poltrona do quarto. – Minha mulher teve câncer de mama com 18 anos, foi um baque total para nós que estávamos planejando casar. Ela ficava mais no hospital do que em casa, fazendo quimioterapia. Ela perdeu cabelo, mas eu estava lá para dizer que estava linda como sempre. Um dia, descobrimos que o câncer havia passado para o pulmão, e ela caiu em coma profundo. Meu mundo desabou nesse dia. Eu só queria ficar no hospital cuidando dela, por mais que ela mal falasse comigo por causa da falta de ar, mas só o fato de sentir sua pele, olhar seu belo rosto, já me fazia bem. Até que me obrigaram a sair do hospital para pelo menos dormir uma semana em casa, se não seria preso. Eu já estava a beira de uma depressão, depois disso acabou tudo para mim. Nada passava na minha garganta, não pregava o olho à noite e nenhuma palavra saía da minha boca. Vendo que eu iria entrar em estado vegetativo, me colocaram de volta no hospital depois de três dias sofrendo em casa. E minha mulher melhorou, graças a Deus, mas ficou muito preocupada comigo. Depois que voltamos para casa juntos, voltei a ser esse homem de hoje em dia e dois anos depois, veio Cedrico para deixar a família mais perfeita ainda. –Dei um sorriso cansado.

– Fico feliz que tudo deu certo.

– É, e vai dar para vocês dois também, vocês vão ver. Vou conversar com o diretor geral e implorar para que você possa ficar aqui por uma semana, se prometer descansar, cuidar da alimentação e todo o resto.

– Eu prometo.

– Certo. Vou lá, pense positivo.

Depois, os outros vieram vê-la. Minha mãe insistiu para que eu fosse embora, mas neguei até o fim.


– Filho...

– Não mãe. –Ela deu um profundo suspiro.

– Tudo bem. Só prometa que vai dormir bem, comer bem e ligar quando precisar de algo.

– Vai ser a segunda pessoa que terei que prometer algo. Eu prometo, mãe. –Mamãe sorriu fraco e me abraçou.

– Se cuide, querido. Amanhã viemos vê-la novamente. –Beijei seu rosto.

– Até amanhã então. –Acenei para os outros que foram se retirando do quarto.

– Aqui está seu travesseiro. –O Sr. Diggory deixou um travesseiro e uma coberta em cima da poltrona. – Descanse bem, seus olhos estão até fundos. Se precisar de algo, clique no botão ao lado da cama que uma enfermeira te atenderá.

– Obrigado Doutor. Tenha uma boa noite.

– Igualmente. –Ele saiu da sala me deixando lá sozinho novamente e sentei na poltrona. Ela estava longe demais de Hermione, e por isso arrastei-a para mais perto da minha namorada, quase encostando na cama. Coloquei o travesseiro no braço da poltrona, me encolhendo no assento e me cobrindo com a coberta.

– Boa noite, amor. Tenha bons sonhos. Eu te amo, muito. –Acariciei a mão direita de Hermione que estava com o soro e fechei os olhos ainda com minha mão na sua. Se eu dormi, cochilei apenas. Várias vezes durante a madrugada, abri os olhos para ver minha namorada. Ela continuava do mesmo jeito, o que me deixava ainda mais angustiado.

Meus olhos estavam pesados, meu corpo estava cansado, minha mente estava exausta, mas de jeito nenhum eu dormia. Era impossível. O “tic tac” que o relógio fazia estava me irritando, era como se ele zombasse da minha cara.

Passou mais um segundo e Hermione não se mexeu.
Tic
Mais um segundo e você não consegue dormir.

Tac

Olhei pela janela do hospital e o sol já nascia, somente às seis horas da manhã uma enfermeira loira já com seus 40 anos adentrou no quarto trazendo uma bandeja.


– Bom dia Sr. Weasley. Espero não ter lhe acordado. –Me espreguicei para fingir que havia acabado de acordar.

– Não, sou acostumado a acordar cedo. –A enfermeira deixou a bandeja em cima de uma mesa.

– Aqui está seu café da manhã. Coma e daqui a pouco voltarei para checar como Hermione está. Alguma alteração durante a madrugada?

– Nada. –Falei com um nó crescendo em minha garganta.

– Certo, já volto. Se precisar de alguma coisa, aperte o botão. –Ela saiu do quarto e me levantei com o corpo todo doído, típico de uma noite mal dormida. Cheguei próximo a mesa e puxei a cadeira para perto, sentei e mexi na bandeja para ver o que tinha. Tinha um copo médio de suco de maçã e sanduíche natural, além de um bolo de cenoura. Era comida de hospital, o que eu esperava? Um banquete? Cutuquei o bolo de cenoura forçando a descida na minha garganta, fiz o mesmo com o sanduíche e só tomei todo o suco, pois estava com sede.

Quinze minutos depois, a enfermeira retorna.


– Vejo que comeu, fico feliz por isso. –Ela se aproximou de Hermione sorrindo. Pude ver em seu crachá escrito “Lisa”

– Se não fosse vital e eu não tivesse prometido que iria comer, isso não estaria o meu estômago agora. –Lisa me lançou um olhar de desaprovação, mas não comentou nada. Apenas checou a temperatura de Hermione e todo o resto.

– Como ela está?

– Ela está bem. Ontem estava com indício de febre, mas agora estabilizou, isso é ótimo. Fora isso, tudo normal. Batimentos cardíacos normais, respiração um pouco difícil ainda. Depois o doutor vai verificar sua escala de coma. –Ela pegou a prancheta e se afastou. - Pode ligar a tv. O controle está em cima do aparelho. –Assenti e me levantei. Peguei o controle e liguei a tv, sentando na poltrona novamente.

Coloquei em um canal de desenhos para criança, onde passava Moranguinho.


– Hey amor, se lembra da festa da Sosô? Você se divertiu a beça, não foi? –Dei uma risada cansada, recordando da cara emburrada de Hermione no dia da festinha. Logo meu riso se desfez, quando lembrei da situação em que me encontrava.

– Bom dia, Rony. –Dr. Diggory chegou às oito horas no quarto segurando uma prancheta.

– Bom dia.

– Vamos ver como nossa pequena está? –Fiz sinal positivo com a cabeça, mesmo sabendo que os resultados não seriam tão valiosos. Amos fez de tudo com Hermione, abriu suas pálpebras ligando uma lanterninha nos olhos dela, tentou chamá-la por comando de voz, tentou ver sua reação com o estímulo da dor, e nada. Uma outra enfermeira adentrou no quarto e ficou ao lado do doutor.

– Avaliação?

– AO, MRV e MRM em um.

– O que isso quer dizer, doutor?

– Nenhuma melhora, Rony. Infelizmente. –Suspirei, ignorando a dor que crescia em meu peito.


(N/A: para entender melhor a avaliação da Mione: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Coma_de_Glasgow)


E os dias se passaram. Já era dia 5, uma quarta-feira, e nada de Hermione melhorar. Cinco dias sem uma resposta, sem um movimento, sem um resultado positivo. Ela se manteve saudável, só precisava abrir os olhos, só isso. E nada disso acontecer.

Meus pais, meus irmãos e meus amigos vieram fazer visitas, muitas vezes apenas para me ver e cuidar de mim. Gina me barbeou, Harry viu jogo de basquete comigo, meu pai me distraiu com suas conversas interessantes... Só que nada me tirava do meu estado quase vegetativo. Eu só comia porque era obrigado, várias vezes vomitei tudo no banheiro, pois meu estômago estava rejeitando os alimentos de lá e até os que compravam para mim, eu estava há quase uma semana sem dormir e a dor no meu peito se mantinha, me torturando dia após dia.


Era madrugada de sábado, o penúltimo dia que eu poderia dormir aqui no hospital. Eu estava quase cochilando com a cabeça encostada no colchão, quando ouvi gritos. Pensei primeiro que fosse um sonho, mas quando abri a cabeça, Hermione gritava e se debatia na cama.


– Hermione? HERMIONE? –Gritei desesperado apertando o botão para chamar uma enfermeira. Lisa logo veio correndo para o quarto. – O que está dando com ela? –Perguntei com lágrimas nos olhos.

– Se acalme, ela deve estar tendo um pesadelo. –A enfermeira correu até a cama. – Hermione, se estive me ouvindo, aperte minha mão. –Ela segurou a mão da minha namorada e não houve resposta. Lisa abriu as pálpebras dela e então ela se acalmou. – Só um pesadelo. Hermione ainda não está consciente.

Abaixei minha cabeça começando a soluçar. Chorei a madrugada toda, sem pausa para respirar, somente de manhã é que tive um leve descanso. O dia todo passei em choque, eu estava arrasado, minha vida estava se diluindo a cada minuto que se passava, e na madrugada de domingo os pesadelos retornaram, desta vez Hermione falava, gritava e se debatia. Eu queria tanto poder acordá-la, abraçá-la e dizer que foi só um pesadelo, que eu estava ali para protegê-la, mas não dava.

Além de tudo isso, pude ouvir claramente saindo de seus lábios rosados a frase “Eu não sou só mais uma vadia”. Se até agora eu não estava em depressão, agora eu estava. Passei o último dia que poderia ficar com ela abraçado aos meus joelhos próximo a cama espremendo meu coração para que as últimas lágrimas caíssem.

Não relutei em ficar no hospital, apenas cumpri o que havia prometido. Eu já estava saindo do quarto quando o Dr. começou a gritar:


– Ela mexeu um dedo! EU VI! –Sai correndo até a cama e peguei na mão dela.

– Amor, você consegue me ouvir? –Perguntei com a esperança crescendo em mim. Sem resposta. As esperanças caíram ao chão. – Vou ficar aqui até que ela acorde. E que ninguém ouse tentar me tirar daqui. –Sentei novamente na poltrona e Amos suspirou.

Mais uma semana. Mais uma semana sem respostas. Mais uma semana sem qualquer movimento, qualquer palavra, qualquer piscada... Mais uma semana sem dormir, sem comer direito, sem falar com ninguém, sem sorrir.

Já era dia 14. Duas semanas completas. Já era de manhã e o sol nascia tímido no horizonte, o frio que passava pela minha espinha alertava que o inverno estava chegando. Dessa vez, antes de dormir, resolvi beijar minha namorada. Dei um beijo casto em seus lábios e me enrolei na coberta felpuda que haviam me dado, deitando a cabeça no colchão, como de costume. Dessa vez segurei mais fortemente a mão de Hermione, como se ela fosse meu bichinho de pelúcia e eu precisasse dela para dormir. Fechei meus olhos e inspirei fundo, tentando sentir ao máximo o cheiro de Hermione. Até que senti a mão fria e imóvel dela apertar a minha. Pensei que estivesse sonhando com isso, pois até delirando eu já estava depois de tantos dias sem dormir. Só que quando abri meus olhos e levantei meu olhar, vi um par de olhos cor de mel me encarando. Seria só delírio meu?


– Hermione?


Hermione POV

Senti minha mente se ligar como um interruptor e logo depois disso, minha boca ser tocada por algo. Era como se eu estivesse acordando de uma hibernação, meus olhos estavam pesados e eu sentia meu corpo cansado. Eu estava no hospital?

Lembro de bater a cabeça e de desmaiar, depois disso meu corpo esqueceu de me ligar para a vida. Depois de diversas tentativas de abrir minhas pálpebras que pareciam estar coladas, consegui finalmente abrir meus olhos. Só que uma luz intensa branca atingiu minha visão, o que fez com que eu fechasse os olhos novamente.

Fui me acostumando pouco a pouco com a iluminação que nem deveria ser exagerada, mas meus olhos estavam sensíveis demais. Minha visão foi se moldando a partir da luz que captava e fui voltando a enxergar, com um pouco de dificuldade ainda. Pisquei algumas vezes, tentando afastar a espécie de “neblina” que se formou em meus olhos, até que tudo ficou nítido.


Olhei em volta e era óbvio que eu estava em um hospital. Mas por quanto tempo? Quando era pequena, desmaiei e acordei uma semana depois. Podia ser um caso desses, não podia? Só que o que prendeu minha atenção, não foi minha preocupação sobre por quanto tempo fiquei dormindo feito a bela adormecida, mas em quem estava segurando minha mão.


Rony dormia com a cabeça encostada no colchão e segurava minha mão de um jeito possessivo, como se eu fosse fugir se ele soltasse. Ele parecia mal, muito mal. Seus olhos estavam cobertos por olheiras e a coberta estava molhada, típica de quem chorou antes de ir dormir.


Um filme começou a passar na minha cabeça, desde o começo da formatura até quando perdi a consciência. Quando dois olhos azuis se abriram e me olharam, com a íris tomando um brilho intenso, todas as lembranças de Rony me dizendo aquelas coisas horríveis evaporaram da minha cabeça.


– Hermione? –Sua voz soou com um misto de felicidade e ao mesmo tempo, dúvida, como se ele não acreditasse no que via.


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Notas finais do capítulo

e aaai, gostaram? choraram? estilo Branca de Neve, não é? amanhã (02/06) vou ver Branca de Neve no cinema, coincidência será? HAHAHAHA
manu não matou a Mione, YEY HAHAHAHAH eu não seria maléfica a esse ponto, juro. mas traumatismos cranianos podem deixar sequelas tipo falha na memória, distúrbios na fala, paralisia de um lado do corpo, alterações no comportamento... Manu aprendeu bastante com esse capítulo. Sabemos que ela acordou, mas... Será que a nossa Mione vai ficar com alguma sequela? D: Tomara que não, né?
deixem sua opinião, reviews e recomendações são bem vindas :3 beijinhos e até o próximo capítulo :*



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