Sociedade Dark escrita por Nynna Days


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos Darks e Carmins aqui está mais um capítulo. Quero dizer que já tenho alguna capítulo adiantados e já sei como tudo irá terminar. Ah, e terá uma terceira parte chamada Sociedade Renegada.
Na terceira parte, vamos saber mais sobre os Renegados. Dãããã.
KKKKKK, aproveitem.



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A festa ao meu redor fluía sem nenhum esforço. Eu estava me sentindo perdida ali, parada no meio de tantas pessoas desconhecidas com um copo de bebida na mão. Drake tinha ido procurar Annice por entre a multidão e eu me encostei em uma parede, suspirando e incomodada com a máscara que estava em meu rosto.

A verdade é que, enquanto observava aquelas pessoas rindo e se divertindo, me sentia realmente usando uma máscara. Me sentia tão deslocada ali, quanto na Sociedade Carmim. O lado bom de usar aquilo, era que escondia as olheiras das lágrimas derramas até poucos minutos atrás. Eu tinha contado tudo a Drake, até sobre a minha visão com Ethan. Obviamente, não contei a visão que veio antes, que era a do nosso beijo.

Sorri ao ver Annice ao longe, dançando com algumas amigas e balançando os cabelos escuros como se não houvesse amanhã. Eu tinha inveja do seu jeito descontraído, mesmo depois de tantas coisas acontecendo ao seu redor. Eu não sei como ficaria se eu soubesse que, nas vésperas do meus aniversário de 18 anos que eu corria o risco de perder o trono para uma garota que pensava que estava morta.

Mas ali estava ela. Olhei na direção das escadas, onde estava o meu pai, em pé, observando. Ele, pegando o fluxo do meu pensamento me olhou e sorriu. Eu retribui o sorriso e encarei Annice novamente, no exato momento em que Drake chegou até ela e sussurrou algo em seu ouvido.

Annice ficou tensa e olhou na minha direção. Desviei o olhar, não querendo que ela visse a dor da minha alma refletida em minhas pupilas acinzentadas. Mordi o lábio, segurando um novo choro, enquanto as lembranças ainda frescas tocavam minha mente como o mais doce veneno. Eu agradeci por estar apoiada em algo, por conta das minhas pernas que começaram a bambear.

Evitei o olhar de todos a minha volta mesmo sabendo que, diferente da Sociedade Carmim, ninguém me dava um segundo olhar. Eu era mais uma com um vestido longo e uma máscara. Talvez me olhasse pelos soluços que hora ou outra eu tentava segurar, mas o som era tão alto que apenas as pessoas ao meu lado conseguiam ter uma leve percepção da minha tristeza.

“Segure”

Levantei os meus olhos ao escutar o sussurro de Annice. Seus olhos escuros estavam sérios e os lábios pressionados em minha reta. Drake estava de braços cruzados a alguns passos de nós, mas de costas. Era como se ele quisesse ter certeza que ninguém iria se intrometer entre mim e Annice. Sem nenhuma palavra, ela me levou até o seu quarto e fechou a porta, fazendo com o que o som da festa se tornasse quase inaudível.

“Me conte”, ela exigiu assim que fechou a porta.

Eu me sentei em sua cama e suspirei, arrancando a máscara do meu rosto.

“Ethan”, eu disse.

Só de dizer aquele nome, minha garganta se apertou e eu tive que segurar mais um soluço. Meus olhos arderam e eu respirei fundo, olhando para cima. Annice deixou que seus ombros caíssem, mas sem diminuir a tensão e se sentou ao meu lado, pondo uma mão em minha perna. Seus grandes olhos castanhos eram compreensíveis.

“Prima”, ela suspirou. “Esse Ethan”, ela balançou a cabeça e suspirou novamente. Annice parecia querer procurar as palavras certas. “Querendo ou não, tenho que concordar com Drake. Ele está te fazendo sofrer muito. Um dia você está feliz e alegre, então é só encontrá-lo que tudo se torna tristeza.”

“Eu não consigo deixar de amá-lo. Sou muito burra.”, lamentei meu rosto em minhas mãos e deixando as lágrimas rolarem. “É só que, quando ele pensava que eu era humana...”, me calei, incapaz de terminar aquela frase. Era tão mais fácil dois meses atrás. “Só queria que ele visse a Jordan, não a Jordana mestiça.”

“Mas, pense se isso não foi o melhor, Jordan”, Annice disse e eu a encarei como se fosse louca. Minha prima tirou a máscara e deu um sorriso amargo. Seus olhos se fixaram na máscara, como se ela tivesse presa em alguma lembrança. “As vezes, as pessoas que queremos, não nos vêem do jeito que deveriam. Eu sei como é ser vista como a princesa e nunca como a pessoa em si. Você acha que metade dessa gente que está ali embaixo, é meu amigo?”

“Mas...”

“Conhecidos, Jordan.”, ela me interrompeu e levantou os olhos, que agora estavam tristes. “Os meus únicos amigos verdadeiros são você e Drake.”, então ela soltou um riso amargo. “Poderia me atrever a dizer que Christina também é minha amiga, mesmo que seja entre tapas e beijos. E seu pai”, ela balançou a cabeça com um sorriso no rosto. Dessa vez, um verdadeiro. “Ele é quase como um pai para mim. Minha mãe era humana e meu pai me pegou assim que eu nasci, então eu nunca a conheci.”

Meus olhos se arregalaram.

“Sim, Jordan.”, Annice disse, como se lesse os meus pensamentos. “Eu também fui abandonada, mas diferente de você, minha mãe nunca veio atrás de mim. E seu pai já a encontrou e disse que me criava. Ela nunca se deu ao trabalho de ligar. E eu nunca me dei ao trabalho de conhecê-la”, ela deu de ombros.

E eu olhei Annice com outros olhos. Não os de pena, pois nunca gostei que me olhassem assim. Mas os da igualdade. Então, sem dizer nada, eu apenas a abracei. Annice não hesitou em me abraçar de volta. Era incrível como ela conseguiu desviar o meu foco inicial de dor que era Ethan, para a sua própria dor.

“Deixe eu voltar para o meu foco inicial”, ela disse se afastando e riu. “Sou tão egoísta que ao invés de te ajudar, estou deslocando sua dor para mim.”

“Não, tudo bem”, eu disse apressada. “Na verdade, prefiro assim”

“Mas temos que conversar.”, ela suspirou. “Drake não gostou nada de você ter beijado Ramirez. Ele não quis dizer nada porque você estava naquele estado, mas sabe que ele não consegue segurar essas coisas por muito tempo.”

Eu assenti. Sabia bem como Drake era. E sabia exatamente o que ele faria quando fosse me levar para casa. Só de lembrar da visão, minha garganta se fechou, mas dessa vez de tensão. Mas, quando lembrei da parte do beijo, senti meu corpo se aquecendo, mas de tesão. Eu respirei fundo e levantei, passando a mão por meu rosto.

“Eu não quero magoar Drake.”, eu disse e mordi meu lábio. Annice apenas me observou. “É só que... Não é ele.”, balancei minha cabeça com força, repetindo aquilo para mim mesma e percebendo o quão verdadeiro era aquilo. “Meu coração é de Ethan”, ou era antes de ser partido. “Não importa quanto tempo eu lute. Ou quanto eu sofra. Eu posso seguir em frente, mas meu coração sempre fica preso no passado”

Terminei respirando fundo e rápido, sentindo o impacto daquelas palavras. Era tão frustrante o jeito como Ethan ainda me fazia lutar por algo que ele mesmo disse que estava perdido. Tive vontade de me bater. Ou me jogar da sacada do quarto de Annice. Mas me segurei. Annice finalmente teve uma reação. Deitou-se na cama, espalhando o cabelo escuro em contraste com o lençol branco.

“Belo discurso.”, Annice bateu palmas e se inclinou para frente, se apoiando pelos cotovelos. “Agora só me responda uma coisa: Quando você repeti essas palavras, elas são mais para você ou para quem está ouvindo?”

Eu abri minha boca, pronta para responder. Mas então percebi que estava sem resposta.

“Eu imaginei que essa seria a sua reação”, Annice se levantou. “Sei como é ser amada e rejeitada, prima. Isso já aconteceu comigo, mas meu passado não vem ao caso.”, ela parou na minha frente e pôs a mão em meu ombro. “Você tem que perceber que as vezes, o que nós amamos, não é o que nos faz bem. Sei que você e Ramirez tiveram uma bela história, Christina me contou, mas não acha que está na hora de seguir em frente?”

“Com Drake?”, perguntei irritada.

Por que todo mundo me queria com Drake?

“Com qualquer um que te faça sorrir”, ela disse me surpreendendo. “Estou cansada de te ver se arrastando pelos lugares, com o olhar vazio. Esperando algo que talvez nunca aconteça. Ethan te ama? Eu não sei. Mas se realmente amar, ele virá atrás de você. Então, apenas dê tempo ao tempo. Viva. Não precisa parar no passado, só porque Ethan está dividido entre o amor e o que foi ensinado quando criança”

Novamente eu fiquei sem palavras. Aquela parada na minha frente, não parecia a mesma garota que eu tinha conhecido a uma semana atrás. Era mais madura. Eram os 18 anos? Ou tinha sido a desilusão amorosa que ela havia tido? E será que tinha sido com Drake? Mas, ela parecia ter superado tão bem.

Eu queria poder fingir assim.

“Não precisa se defender das palavras que eu disse”, Annice começou a me empurrar levemente até a cama. “Só quero que você descanse e esqueça um pouco tudo o que aconteceu hoje. Drake te levará amanhã para casa. E não se preocupe.”, ela se ajoelhou na minha frente e pegou uma das minhas mãos. “Ninguém virá aqui até o amanhecer.”

“Obrigada”

Annice piscou se movendo até a porta.

“Não há de que”, ela já estava saindo, quando se deteve. “Ah, um dia a dor passa”

Então, sem mais nenhuma palavra, ela saiu.

********************

Não sei que horas eu adormeci. E nem sei como adormeci. Só me lembro de ter acordado com uma boa dor de cabeça e os olhos pesados e inchados. As recordações daqueles sintomas vieram como uma bomba. Ethan não me queria mais. Ele ainda tinha nojo de mim. Eu suspirei passando a mão por meus olhos. Tinha certeza que meu canal lacrimal tinha se esgotado.

Me levantei e me troquei. Olhei o quarto de Annice, me surpreendo pelo fato dele ser totalmente branco. A cama tão grande quanto a minha tinha os lençóis quase que intactos, evidenciando o meu estado de quase paralisação. Fui até a janela e puxei as cortinas para longe, dando bom dia ao som e sentindo o calor sendo absorvido pela minha pele.

Uma batida na porta me despertou.

“Pode entrar”, murmurei.

A porta rangeu e se abriu. Drake entrou sem hesitar e sério. Seus olhos estavam tão escuros que quase chegavam a ser pretos. Ele estava com uma blusa branca e uma jaqueta de couro, mesmo que o dia estivesse fresco. Sua calça tinha rasgos nos joelhos e as botas de ataque tinham algumas manchas de lama. Incrivelmente, aquilo tudo pareceu sexy.

Mas eu estava com medo. Porque, eu sabia que aquele seria um dia que acabaria mal. Eu gostaria de poder evitar, mas parecia que eu sempre fazia as coisas exatamente iguais. Qual era a graça de ver o futuro quando não se pode impedí-lo. Seus olhos focaram em mim, e os raios solares fizeram com que suas pupilas clareasse, se tornando aquele azul familiar.

“Está na hora de ir para casa.”


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Notas finais do capítulo

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