Harry Potter e o segredo de Slytherin escrita por Absolem the oracle


Capítulo 5
Capítulo 4 - Sangue bom, Sangue ruim




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 A vida na Toca era a mais diferente possível da vida com os MacWisth.  Eles gostavam de tudo extremamente limpo e arrumado e a casa dos Weasley era cheia de coisas estranhas e inesperadas. Não se incomodavam com Titi, que ficava se esgueirando pela casa e assustando Rony. Harry teve um choque na primeira vez que se olhou no espelho sobre o console da lareira da cozinha, pois o espelho gritou:

"Ponha a camisa para dentro, seu desleixado!" e Meredith não pode deixar de gargalhar da cara de pânico de Harry.

O vampiro no sótão uivava e derrubava canos sempre que sentia que a casa estava ficando muito quieta, e as pequenas explosões que vinham do quarto de Fred e Jorge eram consideradas perfeitamente normais.

 Meredith conversava mais com Gina do que com os outros já que estava dormindo em seu quarto, mas os assuntos eram triviais, o resto do tempo lia os livros que encontrava e ninguém lhe dava muita atenção, preocupados com o "incrível" senhor Potter.

A Sra. Weasley se preocupava com o estado das meias dele e tentava forçá-lo a repetir a comida três vezes por refeição. O Sr. Weasley gostava que Harry se sentasse ao lado dele, na mesa do jantar, para poder bombardeá-lo com perguntas sobre a vida com os trouxas, pedindo-lhe para explicar como funcionavam coisas como as tomadas e o correio postal.

As vezes quando Harry parecia indisposto para falar o Sr. Weasley se voltava para Meredith, e ela tinha que explicar os segredos das torradeiras e telefones.

- Fascinante! - o Sr. Weasley exclamou, quando Meredith lhe contou como se usava o telefone - Engenhoso, verdade, quantas maneiras os trouxas encontraram de viver sem o auxílio da magia.

Meredith recebeu notícias de Hogwarts, numa bela manhã, cerca de uma semana depois de chegar à Toca. Ela, Rony e Harry desceram para tomar café e encontraram o Sr. e a Sra. Weasley e Gina já sentados à mesa da cozinha. No instante em que viu Harry, Gina sem querer derrubou a tigela de mingau no chão fazendo um estardalhaço. A garota parecia muito propensa a derrubar coisas sempre que Harry entrava. Ela mergulhou debaixo da mesa para apanhar a tigela e reapareceu com o rosto rubro como um sol poente.

Aquilo deixava Meredith com um pouco de raiva, como Gina podia ser tão boba se importando tanto com Harry? Harry por sua vez fingiu não notar o comportamento nervoso da garota, sentou-se e aceitou a torrada que a Sra. Weasley lhe oferecia.

- Cartas da escola. - o Sr. Weasley disse, passando a Harry, Rony e Meredith envelopes idênticos de pergaminho amarelado, endereçados com tinta verde. - Dumbledore já sabe que vocês estão aqui, ele não perde um detalhe, aquele homem. Vocês dois também receberam. - ele acrescentou, quando Fred e Jorge entraram descontraídos, ainda de pijamas.

Durante alguns minutos fez-se silêncio enquanto todos liam as cartas. A de Harry mandava-o tomar o Expresso de Hogwarts como sempre na estação de King's Cross, no dia 1º de setembro. Trazia também uma lista dos novos livros que ia precisar para o próximo ano letivo.

MATERIAL PARA OS ALUNOS DA SEGUNDA SÉRIE:

* O Livro Padrão de feitiços, 2ª série de Miranda Goshawk.

* Como dominar um espírito agourento de Gilderoy Lockhart.

* Como se divertir com vampiros de Gilderoy Lockhart.

* Férias com bruxas malvadas de Gilderoy Lockhart.

* Viagens com trasgos de Gilderoy Lockhart.

* Excursões com vampiros de Gilderoy Lockhart.

* Passeios com lobisomens de Gilderoy Lockhart.

* Um ano com o Ieti de Gilderoy Lockhart

Fred, que terminou de ler a lista, deu uma espiada na de Harry.

- Mandaram vocês comprarem todos os livros de Lockhart também! - ele disse admirado - O novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas deve ser fã dele, aposto que é uma bruxa.

Ao dizer isto, o olhar de Fred cruzou com o de sua mãe e ele rapidamente voltou à atenção para a sua geléia.

- Esse material não vai sair barato... - Jorge comentou, lançando um olhar rápido aos pais. - Os livros de Lockhart são bem carinhos...

- Daremos um jeito. Dumbledore mandará dinheiro para o material de Meredith, e Harry também não será uma preocupação - a Sra. Weasley disse tentando parecer relaxada embora tivesse a expressão preocupada - Espero poder comprar a maioria do material de Gina de segunda mão.

- Ah, você vai entrar para Hogwarts este ano? - Harry perguntou a Gina.

Ela confirmou com a cabeça, corando até a raiz dos cabelos flamejantes e enfiou o cotovelo na manteigueira. Felizmente ninguém percebeu exceto Meredith que estava sentada ao lado dela e Harry, porque naquele momento, o irmão mais velho de Rony, Percy, entrou na cozinha. Já estava vestido, o distintivo de monitor em Hogwarts preso no suéter sem mangas.

- Bom dia... - Percy falou animado - Lindo dia.

Ele sentou na única cadeira desocupada, mas quase imediatamente levantou-se de um salto, erguendo do assento um espanador de penas cinzentas que parecia estar na muda, pelo menos foi isso que Meredith pensou que fosse, até ver que a coisa respirava.

- Errol! - Rony exclamou recolhendo a coruja inerte da mão de Percy e extraindo uma carta que ela trazia presa na pata - Finalmente chegou a resposta da Hermione. Escrevi a ela avisando que íamos tentar salvar você dos Dursley. Sua cobra tem algo a ver com isso? - Rony perguntou enquanto tentava reanimar Errol.

- Não! - Meredith respondeu brava.

Ele levou Errol até um poleiro na porta dos fundos e tentou fazê-lo encarrapitar-se, mas a coruja tornou a desmontar, por isso Rony a deitou na tábua de escorrer, resmungando "Patético". Em seguida ele abriu a carta de Hermione e leu em voz alta.

"Queridos Rony, Harry, se estiver aí, e Meredith....

Espero que tudo tenha corrido bem, que Harry esteja bem e que você não tenha feito nada ilegal para tirá-lo de lá, Rony, porque isso criará problemas para o Harry também. E espero que não tenha seguido nenhuma das idéias de Meredith, temo que nenhuma delas vá dar em boa coisa...”

 - O que ela quis dizer com isso? - Meredith reclamou irritada - Como se as idéias dela fossem muito melhores...

“...Tenho estado realmente preocupada e, se Harry estiver bem, por favor, mande me dizer logo, mas talvez seja melhor usar outra coruja, porque acho que mais uma entrega talvez mate essa.

Estou muito ocupada, estudando, é claro..."

- Como é que pode! - Rony exclamou horrorizado. - Estamos de férias!

- A Hermione devia relaxar um pouquinho... - Meredith concordou.

"E vamos a Londres na próxima quarta-feira comprar os livros novos. Porque não nos encontramos no Beco Diagonal?

Mande notícias do que está acontecendo, assim que puder.

 Afetuosamente, Mione".

- Bom, isso se encaixa perfeitamente. Podemos ir comprar todo o material de vocês, também! - a Sra. Weasley disse começando a tirar a mesa - Que é que vocês estão planejando fazer hoje?

Harry, Rony, Meredith, Fred e Jorge estavam pensando em subir o morro até um pequeno prado que pertencia aos Weasley. Era cercado de árvores que bloqueavam a visão da cidadezinha embaixo, o que significava que podiam praticar Quadribol lá, desde que não voassem muito alto. Não podiam usar bolas de Quadribol de verdade, pois seria difícil explicar se escapulissem e sobrevoassem a cidade; em vez disso, atiravam maçãs uns para os outros. Revezaram-se para montar a Nimbus 2000 de Harry, que era, sem nenhum favor, a melhor vassoura; a velha Shooting Star de Rony muitas vezes perdia na corrida para as borboletas que apareciam. É claro que Meredith reprovava quando Harry ficava se mostrando por em cima da vassoura.

Cinco minutos depois os garotos estavam subindo o morro, as vassouras nos ombros. Tinham perguntado a Percy se queria acompanhá-los, mas ele respondeu que estava ocupado.

 - Gostaria de saber o que ele está aprontando - Fred disse franzindo a testa. - Está tão mudado. O resultado das provas dele chegou um dia antes de você, doze N.O.M.s e ele nem cantou vitória.

- Níveis Ordinários em Magia .- Jorge explicou vendo o olhares intrigados de Harry e Meredith - Gui recebeu doze também. Se não nos cuidarmos vamos ter outro monitor-chefe na família. Acho que não iríamos suportar a vergonha.

- Ha ha, isso é bem diferente da fama de vocês em Hogwarts... Pode pegar mau. - Meredith implicava com Jorge.

Gui era o filho mais velho dos Weasley. Ele e o irmão logo abaixo, Carlinhos, já tinham terminado Hogwarts. Meredith nunca tinha visto nenhum dos dois, mas sabia que Carlinhos estava na Romênia estudando dragões e Gui, no Egito, trabalhando no banco dos bruxos, o Gringotes, pelas conversas animadas durante o jantar.

- Não sei como a mãe e o pai vão poder comprar todo o nosso material escolar este ano... -  Jorge disse depois de algum tempo. - Cinco conjuntos de livros do Lockhart! E Gina precisa de vestes, uma varinha e todo o resto...

Harry não disse nada. E Meredith não estava muito melhor que a família Weasley, já que não tinha nenhum centavo além do dinheiro que Dumbledore mandava.

- Qualquer coisa... se eu puder ajudar, podem pegar o dinheiro que o homem de Hogwarts mandou!

- Homem de Hogwarts? - Rony disse com uma expressão esquisita no rosto.

- Dumbledore. - ela logo esclareceu.

- Ah... - Harry resmungou um pouco incomodado.

A Sra. Weasley os acordou bem cedo na quarta-feira seguinte. Depois de comerem rapidamente uma dúzia de sanduíches de bacon cada um, eles vestiram os casacos e a Sra. Weasley apanhou um vaso de flor no console da cozinha e espiou dentro dele.

- Posso levar a Titi...? - Meredith perguntou para o ar.

- Não! - Rony respondeu na mesma hora.

- Estamos com o estoque baixo, Arthur... - suspirou - Teremos que comprar mais hoje...

- Ah, muito bem, hóspedes primeiro! Pode começar, Harry querido!

E ela lhe ofereceu o vaso de flor.

Harry olhou para os Weasley, que o observavam.

- Q-que é que eu tenho que fazer? - gaguejou.

- Ele nunca viajou com Pó de Flu! - Rony disse de repente. - Desculpe Harry, eu me esqueci.

- Nunca? - o Sr. Weasley se admirou - Mas como foi que você chegou ao Beco Diagonal para comprar seu material escolar no ano passado?

- Fui de metrô...

- Verdade? - o Sr. Weasley  exclamou animado. - Havia escapadas rolantes? Como é que...

- Agora não, Arthur - a Sra. Weasley disse o cortando rapidamente - O Pó de Flu é muito mais rápido, querido, mas meu Deus, se você nunca o usou antes...

- Ele vai conseguir, mãe. - Fred disse - Harry observe a gente primeiro.

- É fácil Harry... Pegue o pó e jogue na lareira, depois entre no fogo e pronto... chegou lá! - Meredith disse já com o pó na mão fechada.

Fred apanhou uma pitada de pó brilhante de um grafite escuro no vaso de flor, foi até a lareira e atirou o pó no fogo.

Com um rugido, as chamas ficaram verde-esmeralda e mais altas do que Fred, que entrou nelas e gritou "Beco Diagonal!" e desapareceu.

- Você precisa falar bem claro, querido! - a Sra. Weasley disse a Harry quando Jorge mergulhou a mão no vaso. - E se certifique se está saindo na grade certa...

- Na o quê certa? - Harry perguntou nervoso enquanto as chamas rugiam e arrebatavam Jorge de vista.

- Bem, há um número enorme de lareiras de bruxos para você escolher, sabe, mas se você falar com clareza...

- Ele vai acertar, Molly, não se preocupe. - o Sr. Weasley disse se  servindo de Pó de Flu  também.

Meredith se incomodou com o primeiro nome da Sra. Weasley, mas logo sua atenção se voltou para Titi que pedia para ir junto.

- Não, meu bem... - Ela respondeu num sussurro amável para Titi que se enroscava nela enquanto devolvia o Pó de Flu para o pote.

- Mas, querido, se ele se perder, como é que iríamos explicar à tia e ao tio dele?

- Eles não se importariam... - Harry a tranqüilizou - Duda ia achar que teria sido uma piada genial se eu me perdesse dentro de uma lareira, não se preocupe.

- Bem... Está bem... Você vai depois de Arthur. - a Sra. Weasley disse - Agora, quando entrar no fogo, diga aonde vai...

- E mantenha os cotovelos colados ao corpo... - Meredith aconselhou.

- E os olhos fechados. - a Sra. Weasley recomendou - A fuligem...

- Não se mexa. - Rony disse - Ou pode acabar caindo na lareira errada... Mas cuidado para não entrar em pânico e sair antes da hora. Espere até ver Fred e Jorge.

Harry, fazendo força para guardar tudo isso na cabeça, apanhou uma pitada de Pó de Flu e avançou até a beira do fogo.

- Eu vou com você. - Meredith deu um passo firme e ficou ao lado de Harry, dando-lhe a mão - Fale bem alto, tá?

Ele inspirou profundamente, lançou o pó nas chamas e entrou, e fogo lembrou uma brisa morna. Ele abriu a boca e imediatamente engoliu um monte de cinzas quentes.

- B-be-co Diagonal - tossiu.

A sensação de estar sendo sugado por um enorme ralo. Eles pareciam estar girando muito rápido. Harry apertava com força a mão de Meredith, que não o soltava por nenhum segundo.

O rugido em seus ouvidos era ensurdecedor e Harry tentou manter os olhos abertos, mas o rodopio das chamas verdes parecia lhe dar enjôo... Uma coisa dura bateu no cotovelo de Harry e no braço de Meredith e ela o prendeu com firmeza junto ao corpo, sempre girando... Apertando os olhos eles viram uma sucessão de lareiras indistintas e relances de aposentos além...

Os sanduíches de bacon reviravam em suas barrigas... Harry tornou a fechar os olhos  e Meredith desejou desesperadamente que aquilo parasse e então... Caiu de cara no chão, em cima de uma pedra fria e Meredith caiu por cima dele.

Tontos e machucados, cobertos de fuligem, Meredith rolou para o lado e se levantou desajeitada já que tinha caído sobre Harry e ele segurava os óculos partidos na frente dos olhos. Estavam totalmente sozinhos, mas onde estavam... eles não faziam idéia.

Só sabiam dizer que estavam de pé numa lareira de pedra, em um lugar que parecia ser uma loja de bruxo grande e mal-iluminada, mas nada que havia ali tinha a menor probabilidade de aparecer numa lista de material escolar de Hogwarts.

- Quando fui com Hagrid não foi tão ruim assim! - Meredith sussurrou observando junto a Harry aquele lugar.

- Desculpe... - ele parecia mais preocupado com aquele lugar que com o comentário.

Um mostruário próximo continha uma mão murcha em cima de uma almofada, um baralho manchado de sangue e um olho de vidro arregalado. Máscaras diabólicas o espiavam das paredes, uma variedade de ossos humanos jazia sobre o balcão e instrumentos pontiagudos e enferrujados pendiam do teto, E o que era pior, a rua estreita e escura que eles via pela vitrine empoeirada da loja que decididamente não era Beco Diagonal.

Quanto mais cedo saíssem dali melhor.  Harry ainda com a mão no nariz dolorido com a queda se encaminhou na frente depressa e silenciosamente para a porta, mas antes que cobrissem metade da distância, duas pessoas apareceram do outro lado da vitrine, e uma delas era a última pessoa que Harry e Meredith queriam encontrar estando perdidos, cobertos de fuligem, com os óculos partidos e cabelos desgrenhados, Draco Malfoy.

Meredith olhou depressa a toda volta e viu um grande armário preto à esquerda, correu para ele puxando Harry e se fechou com ele dentro, deixando apenas uma frestinha na porta para espiar. Segundos depois, uma sineta tocou e Malfoy entrou na loja.

O homem que entrou atrás dele só podia ser o pai. Tinha a mesma cara fina e pontuda e olhos idênticos, frios e cinzentos.

O provável Sr. Malfoy andou pela loja examinando descansadamente os objetos expostos e tocou uma campainha em cima do balcão antes de se virar para o filho e dizer:

- Não toque em nada, Draco.

 Draco, que esticara a mão para o olho de vidro, retrucou:

- Pensei que você ia me comprar um presente.

- Eu disse que ia lhe comprar uma vassoura de corrida. - o pai disse tamborilando no balcão.

- De que me serve uma vassoura se não faço parte do time da casa? - Draco respondeu com a cara amarrada. - Harry Potter ganhou uma Nimbus 2000 no ano passado. Permissão especial de Dumbledore para ele poder jogar pela Grifinória. Ele nem é tão bom assim, só que é famoso... Famoso por ter uma cicatriz idiota na testa...

Malfoy se abaixou para examinar uma prateleira cheia de crânios.

- Apoio ele, senhor testa rachada... - Meredith sussurrou e Harry lhe deu um cutucão a fazendo se calar.

- Todo mundo acha que ele é tão sabido, o maravilhoso Potter com sua cicatriz e sua vassoura...

- Você já me contou isso no mínimo dez vezes. - o Sr. Malfoy disse com um olhar de censura para o filho - E gostaria de lembrar-lhe que não é, prudente, demonstrar que não gosta de Harry Potter, não quando a maioria do nosso povo acha que ele é o herói que fez o Lord das Trevas desaparecer... Ah, Sr. Borgin.

Um homem curvado aparecera atrás do balcão, alisando os cabelos untados de óleo para afastá-los do rosto.

- Sr. Malfoy, que prazer revê-lo - o Sr. Borgin disse engordurado como os seus cabelos. - Encantado, e o jovem Malfoy, também, encantado. Em que posso servi-los? Preciso lhes mostrar, chegou hoje, e a um preço muito módico...

- Não vou comprar nada hoje, Sr. Borgin, vou vender. - o Sr. Malfoy disse.

- Vender? - O sorriso se embaçou levemente no rosto do Borgin.

- O senhor ouviu falar, é claro, que o Ministério está fazendo mais blitz...  - o Sr. Malfoy disse puxando um rolo de pergaminho do bolso interno do casaco e desenrolando-o para Sr. Borgin ler - Tenho em casa uns, ah, objetos que podem me causar embaraços, se o Ministério aparecesse...

O Sr. Borgin encaixou um pequeno óculos na ponta do nariz e percorreu a lista.

- O Ministério certamente não ousaria incomodá-lo, não é, meu senhor?

O Sr. Malfoy crispou os lábios.

- Até agora não me visitaram. O nome Malfoy ainda impõe um certo respeito, mas o Ministério está ficando cada vez mais intrometido. Há boatos de uma nova lei de proteção aos trouxas: com certeza aquele bobalhão pulguento, apreciador de trouxas, Arthur Weasley está por trás disso...

Harry sentiu uma onda escaldante de raiva e franziu o cenho.

- Harry, não! - Meredith sussurrou o segurando dentro do armário. Sair naquele momento poderia criar sérias complicações. Harry se acalmou um pouco e agora prestava mais atenção do que nunca.

- ... E como vê, alguns desses venenos poderiam fazer parecer...

- Compreendo, meu senhor, naturalmente. - o Sr. Borgin disse - Deixe-me ver...

- Pode me dar aquilo? - Draco interrompeu apontando para a mão murcha sobre a almofada.

- Ah, a Mão da Glória! - o Sr. Borgin disse abandonando a lista de Malfoy e correndo para perto de Draco - Ponha-lhe uma vela e ela dá luz apenas a quem a segura! A melhor amiga dos ladrões e saqueadores! O seu filho tem ótimo gosto, meu senhor.

- Espero que o meu filho venha a ser mais do que um ladrão ou um saqueador, Borgin. - o Sr. Malfoy disse com frieza, ao que o Sr. Borgin respondeu depressa:

- Sem ofensa, meu senhor, não tive intenção de ofender...

- Mas, se as notas dele não melhorarem - disse o Sr. Malfoy com maior frieza ainda -, pode ser que ele realmente só tenha talento para isto.

- Isso não é surpresa pra mim.- Harry falou debochando.

- Ele é ruim... grande novidade. - ela respondeu ao sussurro de Harry.

- Não é minha culpa! - Draco retrucou - Todos os professores têm alunos preferidos, aquela Hermione Granger...

- Pensei que você sentiria vergonha se uma menina que nem pertence à família de bruxos passasse a sua frente em todos os exames - o Sr. Malfoy comentou com rispidez.

- Ha! - Harry exclamou baixinho, satisfeito de ver Draco com cara de quem está ao mesmo tempo envergonhado e aborrecido.

- Shhh! - Meredith o censurou mas também estava orgulhosa de Hermione.

- É a mesma coisa em toda parte... - o Sr. Borgin disse com sua voz engordurada - Ter sangue de bruxo conta cada vez menos em toda parte...

- Não para mim. - o Sr. Malfoy respondeu com as narinas tremendo.

- Não, meu senhor, nem para mim! - o Sr. Borgin disse fazendo uma grande reverencia.

- Neste caso, talvez possamos voltar à minha lista - disse o Sr. Malfoy rispidamente. - Estou com um pouco de pressa, Borgin, tenho negócios importantes a tratar hoje em outro lugar.

Os dois começaram a barganhar. Harry observou nervoso que Draco se aproximava cada vez mais do lugar em que ele estava escondido, examinando os objetos à venda e Meredith tentava bolar um plano de fuga. Draco parou para examinar um grande rolo de corda de enforcar e para ler, rindo, o cartão colocado em um magnífico colar de opalas.

“Cuidado:

Não toque. Amaldiçoado.”        

- Tirou a vida de dezenove donos trouxas até hoje.

Draco se virou e notou o armário bem em frente.

Adiantou-se... Esticou a mão para o puxador e...

- Fechado! - o Sr. Malfoy disse ao balcão - Vamos, Draco! Harry enxugou a testa na manga e Meredith soltou o ar aliviada ao verem Draco se afastar - Bom dia para o senhor, Sr. Borgin. Aguardo-o amanhã em casa para apanhar a mercadoria.

No instante em que a porta se fechou, o Sr. Borgin abandonou seus modos gordurosos.

- Bom dia para o senhor, Senhor Malfoy, e, se as histórias que correm forem verdadeiras, o senhor não me vendeu metade do que tem escondido em sua casa... - e continuando a resmungar ameaçador, o Sr. Borgin desapareceu no quarto dos fundos.

Eles esperaram um pouco, caso ele voltasse, e, em seguida, o mais silenciosamente possível, saíram do armário, passaram pelos mostruários de vidro e pela porta afora.

Harry olhou para os lados, segurando os óculos partidos. Saíra em uma ruela sombria que parecia totalmente ocupada por lojas que se dedicavam às Artes das Trevas. A que ele acabara de deixar, a Borgin & Burkes, parecia ser a maior, mas em frente havia uma grande coleção de cabeças jívaras na vitrine, e duas portas abaixo, uma enorme gaiola pululava com gigantescas aranhas negras. Dois bruxos mal vestidos o observavam da sombra de um portal, cochichando entre si. Apreensivos, Harry e Meredith saíram caminhando, ele tentando segurar os óculos no lugar e esperando, sem muita esperança, conseguir encontrar uma saída daquele lugar e ela se agarrando no braço livre de Harry rezando para ninguém os notar, pois os olhares não eram os melhores.

Uma velha placa de madeira, pendurada acima de uma loja que vendia velas envenenadas, informava que eles se encontravam na Travessa do Tranco. Isto não adiantou muito, pois nem Harry nem Meredith tinham ouvido falar naquele lugar. Talvez Harry não tivesse falado com bastante clareza ao entrar na lareira dos Weasley porque tinha a boca cheia de cinzas. Pensaram no que fazer, tentando ficar calmos.

- Não estão perdidos, estão queridos? - uma voz disse aos seus ouvidos os assustando.

Uma bruxa idosa estava ao lado dele, segurando uma bandeja com objetos que se pareciam horrivelmente com unhas humanas. Ela riu dele mostrando dentes cobertos de limo. Harry recuou.

- Estou bem, obrigado! - Harry disse assustado.

- Não queremos sua ajuda, velha! - Meredith falou se impondo.

- MEREDITH?! HARRY!!!O que vocês estão fazendo aqui?

O coração dos dois deu um salto. O da bruxa também: as unhas cascatearam por cima dos seus pés e ela começou a xingar ao mesmo tempo que a forma maciça de Hagrid, o guarda-caças de Hogwarts veio se aproximando em grandes passadas, seus olhinhos de besouros negros faiscando por cima da barba arrepiada.

- Hagrid! - Harry exclamou revelando alivio na voz rouca. - Eu me perdi... o Pó de Flu... e ela veio junto...

- Nós não sabemos o que aconteceu! - Meredith falou em um tom choroso, por que estava tão assustada quanto Harry.

Hagrid agarrou os dois pela nuca e os afastou da bruxa, derrubando a bandeja que ela levava. O guincho que ela soltou acompanhou-os durante todo o trajeto pelas ruelas tortuosas até tornarem a ver a luz do sol. O alivio veio para o dois quando viram um edifício de mármore muito branco que já conheciam: o Banco de Gringotes. Hagrid os levou direto ao Beco Diagonal.

- Vocês estão horríveis! - Hagrid exclamou espanando a fuligem que cobria Harry com tanta força que quase o derrubou numa barrica de uma nojenta saliva de dragão à porta da farmácia. - Se esquivando pela Travessa do Tranco, não sei, não, um lugar suspeito, Harry, não quero que ninguém o veja lá...

Meredith se afastou se limpando, preferia se limpar sozinha a ser quebrada ao meio por Hagrid.

- Isso eu percebi. - Meredith comentou se reaproximando um pouquinho mais limpa.

- Eu lhe falei, eu me perdi, que é que você estava fazendo lá? - Harry fugiu de uma nova ajuda de Hagrid.

- Eu estava procurando repelente para lesmas carnívoras - Hagrid rosnou - Elas estão acabando com os repolhos da escola. Vocês estão sozinhos?

- Estamos na casa dos Weasley, mas nos separamos... - Harry explicou.

- Alias temos que encontrá-los...

Os três começaram a descer a rua juntos.

- Por que é que você nunca respondeu às cartas? - Hagrid perguntou  a Harry enquanto caminhavam, sendo que os dois tinham que dar três passos a cada um de Hagrid.

Harry explicou tudo sobre Dobby e os Dursley.

- Trouxas nojentos ...- Hagrid rosnou - Se eu tivesse sabido...

- Harry! Meredith! Aqui!

Meredith ergueu os olhos e viu o olhar de Harry pousado sob Hermione Granger que estava parada no alto das escadas brancas de Gringotes. A garota desceu correndo ao encontro deles, os cabelos castanho-acobreados e fartos esvoaçando para trás.

- Que aconteceu com os seus óculos?  Meredith, isso é culpa sua? Olá Hagrid... Ah, que maravilha rever vocês... Vai entrar no Gringotes, Harry?

- Assim que encontrarmos os Weasley. - Meredith respondeu por Harry.

- Vocês não vão ter que esperar muito. - Hagrid disse com sorriso.

Harry, Hermione e Meredith se viraram, e correndo pela rua cheia de gente vinham Rony, Fred, Jorge, Percy e o Sr. Weasley.

- Meredith! Harry! - o Sr. Weasley ofegou - Tivemos esperança de que você só tivesse ultrapassado uma grade de lareira... - Ele enxugou a careca reluzente. - Molly está alucinada... Aí vem ela.

- Molly? - Meredith fez uma cara estranha e resmungou qualquer coisa.

- Onde foi que vocês saíram? - Rony perguntou.

- Na Travessa do Tranco... - Hagrid informou de cara feia.

- Que ótimo! - Fred e Jorge exclamaram juntos.

- Nunca nos deixaram entrar lá. - Rony comentou invejoso.

- Ainda bem. - Hagrid rosnou.

A Sra. Weasley aproximava-se correndo, a bolsa balançando loucamente em uma das mãos, Gina agarrada à outra.

- Ah, Harry, ah, minha querida, vocês podia ter ido parar em qualquer lugar...

Tomando fôlego ela tirou uma grande escova de roupas da bolsa e começou a escovar furiosamente a fuligem do vestido que Meredith pegou emprestado com Gina. Ela sentia que o vestido estava um tanto curto e apertado. O Sr. Weasley apanhou os óculos de Harry, deu uma batida com a varinha e os devolveu como se fossem novos.

- Bom, tenho que ir andando. - Hagrid disse enquanto a mão era apertada pela Sra. Weasley ("Travessa do Tranco! Se você não o tivesse encontrado, Hagrid!") -Vejo vocês em Hogwarts! - E o guarda-caças se afastou a passos largos, a cabeça e os ombros mais altos do que os de todo mundo na rua cheia.

- Adivinhem quem encontramos na Borgin & Burkes? - perguntou Harry a Rony e a Hermione enquanto subiam as escadas do Gringotes.

- Draco e o pai dele. - Meredith respondeu aos dois.

- Lúcio Malfoy comprou alguma coisa? - o Sr. Weasley perguntou sério logo atrás deles.

- Não, ele estava vendendo. - Meredith falou despreocupada.

- Então está preocupado. - o Sr. Weasley comentou com uma cruel satisfação - Ah, eu adoraria pegar Lúcio Malfoy por alguma coisa...

- Tenha cuidado, Arthur! - a Sra. Weasley disse com severidade quando eram cumprimentados pelo duende à porta do banco. - Aquela família significa confusão.  Não abocanhe mais do que você pode mastigar.

- Então você não acha que sou adversário para o Lúcio Malfoy? - o Sr. Weasley respondeu indignado, mas foi distraído quase no mesmo instante pela visão dos pais de Hermione, que estavam parados nervosos no balcão que ia de uma ponta a outra do saguão de mármore, esperando que Hermione os apresentasse.

- Mas vocês são trouxas! - o Sr. Weasley exclamou encantado - Precisamos tomar um drinque! Que é que têm aí? Ah, estão trocando dinheiro de trouxas.

- Molly, olhe! - Ele apontou excitado para as notas de dez libras na mão do Sr. Granger.

Toda vez que Meredith ouvia esse nome se sentia incomodada.

- Te encontro lá no fundo! - Rony disse a Hermione quando os Weasley, Harry e Meredith foram conduzidos aos cofres subterrâneos por outro duende de Gringotes.

Chegava-se aos cofres a bordo de vagonetes pilotados por duendes, que os manobravam em alta velocidade por trilhos de bitola estreita através dos túneis subterrâneos do banco.

Meredith curtiu a viagem vertiginosa até o cofre dos Weasley. Havia uma pequena pilha de sicles de prata lá dentro e apenas um galeão de ouro no cofre dos Weasley. A Sra. Weasley tateou pelos cantos antes de varrer tudo para dentro da bolsa. Harry tentou bloquear a visão do conteúdo enquanto enfiava, apressadamente, mãos cheias de moedas em uma bolsa de couro quando entrou em seu cofre. Parecia estar sendo bem pão duro sem emprestar um tostão daquela pequena fortuna.

Já no imenso saguão, um duende entregou uma sacola com algumas moedas douradas a Sra. Weasley que por sua vez deu a Meredith.

- Tome! - Meredith pegou um punhado de moedas e deu a Sra. Weasley, que tentou não aceitar, mas no fim pegou.

De volta aos degraus de mármore, eles se separaram. Percy murmurou qualquer coisa sobre a necessidade de comprar uma pena nova. Fred e Jorge tinham visto um amigo de Hogwarts, Lino Jordan. A Sra. Weasley e Gina iam a uma loja de vestes de segunda mão. O Sr. Weasley insistia em levar os Granger ao Caldeirão Furado para tomar um drinque.

- Vamos nos encontrar na Floreios e Borrões dentro de uma hora para comprar o material escolar. - a Sra. Weasley disse se afastando com Gina - E nem pensar em entrar na Travessa do Tranco! - ela gritou para os gêmeos que seguiam na direção oposta.

Meredith seguiu atrás de Harry, Rony e Hermione e eles caminharam pela Rua tortuosa, calçada de pedras. A bolsa de ouro, prata e bronze que retinia alegremente no bolso de Harry estava pedindo para ser gasta, de modo que ele comprou quatro grandes sorvetes de morango e manteiga de amendoim, que os quatro lamberam felizes enquanto subiam o beco, examinando as vitrines fascinantes das lojas. Rony admirou, cobiçoso, um conjunto completo de vestes da grife Chudley Cannon, na vitrine da Artigos de Qualidade para Quadribol, até que Hermione puxou os três para irem comprar tinta e pergaminho na loja ao lado.

Na Gambol & Japes - Jogos de Magia, eles encontraram Fred, Jorge e Lino Jordan, que estavam fazendo um estoque de fogos de artifício. Dr. Filisbuteiro, que disparavam molhados e, não aqueciam, e num brechó cheio de varinhas quebradas, balanças de latão empenadas e velhas capas manchadas de poções, os garotos deram de cara com Percy, profundamente absorto na leitura de um livro muito chato intitulado Monitores-chefes que se tornaram poderosos.

- Você ainda fuma cigarros? - Hermione perguntou apreensiva a Meredith - Por que no ano passado...

- Não fumo... Foi só pra fazer tipo, e pra te irritar....hahaha - ela riu desdenhosa se divertindo com a cara feia que Hermione fez antes das duas entrarem na loja.

- Um estudo dos monitores-chefes de Hogwarts e suas carreiras. - Rony leu alto os escritos na capa. - Parece fascinante...

- Dêem o fora - Percy disse com rispidez.

- Tá bem... - Meredith resmungou e Percy levantou os olhos do livro.

- D-desculpe! - os três olharam para Percy e Meredith desconfiando de algo.

- Nada, nada... - ela respondeu se virando.

- E claro que ele é muito ambicioso, o Percy já planejou tudo... quer ser Ministro da Magia... -  Rony comentou para Harry, Meredith e Hermione em voz baixa quando deixaram o irmão sozinho.

Uma hora depois eles rumaram para a Floreios e Borrões. Não eram de maneira alguma os únicos que se dirigiam à livraria. Ao se aproximarem, viram, para sua surpresa, uma quantidade de gente que se acotovelava na porta da loja, tentando entrar. A razão disso estava anunciada em uma grande faixa estendida nas janelas do primeiro andar.

“GILDEROY LOCKHART

Autografa sua autobiografia

"O MEU EU MÁGICO"

Hoje das 12:30h às 16:30h”

- Vamos poder conhecê-lo! - Hermione gritou esganiçada - Quero dizer, ele é o autor de quase toda a nossa lista de livros!

- Graaande coisa Hermione... - Meredith reclamou, não gostava muito de multidões eufóricas.

A aglomeração parecia ser formada, em sua maioria, por bruxas mais ou menos da idade da Sra. Weasley. Um bruxo com ar de heroi estava postado à porta, dizendo:

- Calma, por favor, minhas senhoras... Não empurrem, isso... Cuidado com os livros, agora...

Harry, Rony, Hermione e Meredith se espremeram para entrar. Uma longa fila serpenteava até o fundo da loja, onde Gilderoy Lockhart autografava seus livros. Cada um dos meninos apanhou um exemplar de O Livro Padrão dos Feitiços, 2ª série, e se enfiaram sorrateiros no inicio da fila onde já aguardavam os outros meninos com o Sr. e a  Sra. Weasley.

- Ah, chegaram, que bom! - a Sra. Weasley disse. Ela parecia ofegante e não parava de ajeitar os cabelos. - Vamos vê-lo em um minuto...

Aos poucos Gilderoy Lockhart se tornou visível, sentado a uma mesa, cercado de grandes cartazes com o próprio rosto, todos piscando e exibindo dentes ofuscantes de tão brancos.

O verdadeiro Lockhart estava usando vestes azul-ciano que combinavam à perfeição com os seus olhos; seu chapéu cônico de bruxo se encaixava em um ângulo pomposo sobre os cabelos ondulados.

Um homenzinho irritadiço dançava à sua volta, tirando fotos com uma máquina enorme que soltava baforadas de fumaça púrpura a cada flash cegante.

- Saia do caminho, você ai!- ele rosnou para Rony, recuando para se posicionar em um ângulo melhor. - Trabalho para o Profeta Diário.

- Grande coisa! - Rony disse esfregando o pé que o fotógrafo pisara.

Gilderoy o ouviu. Ergueu os olhos. Viu Rony, e em seguida viu Harry Potter.

Encarou-o. Então se levantou de um salto e decididamente gritou:

- Não pode ser, Harry Potter!

A multidão se dividiu, murmurando agitada; Lockhart adiantou-se, agarrou o braço de Harry e puxou-o para frente. A multidão irrompeu em aplausos. A cara de Harry estava em fogo quando Lockhart apertou sua mão para o fotógrafo, que batia fotos feito louco, dispersando fumaça sobre os Weasley.

- Dê um belo sorriso, Harry! - Lockhart disse por entre os dentes faiscantes. - Juntos, você e eu valemos uma primeira página.

Quando ele finalmente soltou a mão de Harry, ele tentou se esgueirar para junto dos Weasley, mas Lockhart passou um braço pelos seus ombros e segurou-o com firmeza ao seu lado.

- Minhas senhoras e meus senhores! - disse em voz alta, ao mesmo tempo pedia silêncio com um gesto. - Que momento extraordinário este! O momento perfeito para anunciar uma novidade que estou guardando só para mim há algum tempo!

- Quando o jovem Harry entrou na Floreios e Borrões hoje, só queria apenas comprar a minha autobiografia, com a qual eu terei o prazer de presenteá-lo agora. - A multidão tornou a aplaudir.

- Que cara idiota! - Meredith falou para Hermione, e ela concordou com a cabeça.

- Ele não fazia idéia, - continuou Lockhart, dando uma sacudida em Harry que fez os óculos do menino escorregarem para a ponta do nariz - que em breve estaria recebendo muito, muito mais do que o meu livro O Meu Eu Mágico. Ele e seus colegas irão receber o meu eu mágico em carne e osso.

- Sim, senhoras e senhores, tenho o grande prazer de anunciar que, em setembro próximo, irei assumir a função de professor de Defesa contra as Artes das Trevas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts!

- Ai meu Merlin! - Meredith e Rony falaram em coro, com descrença na voz.

- Já volto Rony. - Meredith saiu da multidão e esbarrou com Gina.

A multidão deu vivas e bateu palmas, e Harry se viu presenteado com as obras completas de Gilderoy Lockhart. Harry apareceu um segundo depois cambaleando sob o peso dos livros, ele conseguiu fugir das luzes da ribalta para a periferia do salão, onde Gina estava parada com o seu novo caldeirão e de seu lado Meredith o censurava com o olhar.

- Fique com eles. - Harry murmurou para a menina, virando os livros no caldeirão - Eu vou comprar os meus...

- Aposto que você adorou isso, não foi, Potter? - disse uma voz que não tiveram problema em reconhecer. Harry endireitou o corpo e Meredith se virou e eles se viram cara a cara com Draco Malfoy, que exibia o sorriso de desdém de sempre.

- O Famoso Harry Potter... - continuou Draco - Não consegue nem ir a uma livraria sem parar na primeira página do jornal.

- Pior que eu tenho que concordar... - Meredith ainda o olhava reprovando sua atitude, e sabia que ele acabava adorando aquilo.

- Deixe ele em paz, ele nem queria isso! - Gina disse. Era a primeira vez que falava na frente de Harry. E olhava feio para Malfoy.

- Potter, você arranjou uma namorada! - disse Draco arrastando as sílabas.

- Cala a boca... você não tem nenhuma, lerdo! Nenhuma garota seria louca ou idiota o suficiente pra ficar com você. - Meredith retrucou a piadinha de Draco.

Gina ficou escarlate enquanto Rony e Hermione lutavam para chegar até eles, carregando desajeitadamente pilhas de livros de Lockhart.

- Ah, é você... - Rony exclamou olhando para Draco como se ele fosse uma coisa desagradável, grudada na sola do sapato. - Aposto como ficou surpreso de ver Harry aqui, hein?

- Não tão surpreso como estou de ver você numa loja, Weasley, ou essas trouxas nojentas... - Draco respondeu maldosamente - Imagino que seus pais vão passar fome um mês para pagar todas essas compras Hermione... E você, nem sei que truque sujo vai usar pra pagar Meredith.

Rony ficou tão vermelho quanto Gina. Largou os livros no caldeirão, também, e partiu para cima de Draco, mas Harry e Hermione o agarraram pelo casaco e Meredith entrou na sua frente.

- Rony! - o Sr. Weasley chamou, e procurava se aproximar com Fred e Jorge. - Que é que está fazendo? Está muito cheio aqui, vamos para fora.

- Ora, ora, ora, Arthur Weasley.

Era o Sr. Malfoy. Estava parado com a mão no ombro de Draco, com um sorriso de desdém igual ao do filho.

- Lúcio... - o Sr. Weasley disse dando um frio aceno com a cabeça.

Meredith ergueu a sobrancelha e fitou Draco, que respondeu com um sorrisinho "vitorioso".

- Muito trabalho no Ministério, ouvi dizer. - o Sr. Malfoy falou - Todas aquelas blitz... Espero que estejam lhe pagando hora extra!

Ele meteu a mão no caldeirão de Gina e tirou do meio dos livros de capa lustrosa de Lockhart, um exemplar muito antigo e surrado de um Guia Sobre Transfiguração Para Principiante.

- É óbvio que não... - o Sr. Malfoy concluiu - Ora veja, de que serve ser uma vergonha de bruxo se nem ao menos lhe pagam bem para isso?

O Sr. Weasley corou com mais intensidade do que Rony e Gina.

- Nós temos idéias muito diferentes do que é ser uma vergonha de bruxo, Malfoy.

- Visivelmente... - o Sr. Malfoy disse desviando seus olhos claros para o Sr. e  Sra. Granger, que observavam apreensivos - As pessoas com quem você anda, Weasley... e eu que pensei que sua família já tinha batido no fundo do poço...

Ouviu-se uma pancada metálica quando o caldeirão de Gina saiu voando. Artur se atirara sobre o Sr. Malfoy, o derrubando contra uma prateleira. Dúzias de livros de soletração despencaram com estrondo em sua cabeça; ouviu-se um grito "Pega ele, papai" dado por Fred e Jorge, a Sra. Weasley gritava "Não, Arthur, não" e a multidão estourou, recuando e derrubando mais prateleiras.

- Senhores, por favor, por favor! - o assistente pedia, e, depois, mais alto que a algazarra da multidão - Vamos parar com isso, cavalheiros, vamos parar com isso...

Hagrid caminhava em direção aos dois atravessando um mar de livros. Num instante ele separou Arthur e Lúcio Malfoy. O Artur com o lábio cortado e Lúcio Malfoy fora atingido no olho por uma Enciclopédia dos sapos. Ele ainda segurava o livro velho de Gina sobre transfiguração. Atirou nela com os olhos brilhando de malícia.

- Aqui, tome o seu livro, é o melhor que seu pai pode lhe dar... - por sorte Meredith o pegou antes que atingisse Gina.

E se desvencilhando da mão de Hagrid, o Sr. Malfoy chamou Draco e saíram da loja.

- Você devia ter fingido que ele não existia, Arthur! - Hagrid disse quase erguendo o Sr. Weasley do chão enquanto este endireitava as vestes - Podre até a alma, a família toda, todo mundo sabe disso. Não vale a pena dar ouvidos a nenhum Malfoy. Sangue ruim é o que é. Vamos agora, vamos sair daqui.

O assistente parecia querer impedi-los de sair, mas mal chegava à cintura de Hagrid e pareceu pensar duas vezes. Eles subiram a rua apressados, os Granger tremendo de susto e a Sra. Weasley fora de si de fúria.

- Um belo exemplo para os seus filhos... Saindo no tapa em público... Que é que o Gilderoy Lockhart deve ter pensado...

- Ele estava satisfeito. - Fred informou - Você não ouviu o que ele disse quando estávamos saindo? Perguntou àquele cara do Profeta Diário se ele podia incluir a briga na notícia, disse que tudo era publicidade.

- Ele quase machucou a Gina! - Rony falou indignado - Se não fosse a Meredith... - Hermione não evitou mandar um olhar sério para Meredith. Definitivamente a garota ainda não confiava nela.

Mas foi um grupo mais sereno que voltou à lareira do Caldeirão Furado, de onde Harry, os Weasley e todas as compras iriam retornar à Toca, usando o Pó de Flu. Eles se despediram dos Granger, que iriam atravessar o bar para chegar à rua dos trouxas, do outro lado, o Sr. Weasley começou a perguntar ao casal como funcionavam os pontos de ônibus, mas parou de repente ao ver o olhar da Sra. Weasley.

Harry tirou os óculos e guardou-os bem seguros no bolso antes de se servir do Pó de Flu. 

Meredith respirou fundo e prendeu os cabelos, tomando coragem. Decididamente não era o seu meio de transporte favorito.


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