Harry Potter e o segredo de Slytherin escrita por Absolem the oracle


Capítulo 6
Capítulo 5 - A pior punição




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 O fim das férias de verão chegou muito depressa para o gosto de Meredith. Todos estavam ansiosos para regressar a Hogwarts, mas aquele mês na Toca fora o mais feliz de sua vida. Era difícil não ter inveja de Rony quando pensava nos MacWisth e no tipo de boas-vindas que poderia esperar se algum dia os encontrasse.

Na última noite de férias, a Sra. Weasley fez aparecer um jantar suntuoso que incluiu todos os pratos favoritos de Harry, o que foi um pouco irritante, terminando com um pudim caramelado de dar água na boca. Fred e Jorge encerraram a noite com uma queima de fogos Filibusteiro, encheram a cozinha de estrelas vermelhas e azuis que ricochetearam do teto para as paredes durante no mínimo uma hora. Então chegou a hora da última caneca de chocolate quente e de ir para a cama.

Mas Meredith acabou ficando um pouquinho mais, tentando gravar tudo aquilo na mente, quando Percy apareceu.

- Tudo bem?

- Tudo. Só não quero esquecer daqui...

- M-meredith... eu queria falar uma coisa com você... Sobre o beijo... eu...

- Esquece! - ela falou em um tom animado - Aconteceu. Só isso. E foi realmente importante pra mim, mas você não precisa se preocupar, por que o que aconteceu, foi no passado. - Percy suspirou aliviado - Posso ser sua amiga... tá?

Ela subiu saltitando as escadas e foi dormir no quarto de Gina.

Eles demoraram para  viajar na manhã seguinte. Acordaram ao nascer do sol, mas por alguma razão pareciam ter um bocado de coisas para fazer. A Sra. Weasley corria de um lado para outro mal-humorada, procurando meias e seus malditos outros pés sempre sumidos e penas de escrever, as pessoas não paravam de dar encontrões nas escadas, meio vestidas, levando pedaços de torradas nas mãos, e o Sr. Weasley quase quebrou o pescoço, ao tropeçar em uma galinha solta quando atravessava o quintal carregando o malão de Gina até o carro.

Meredith não conseguiu imaginar como é que nove pessoas, sete malões, duas corujas, uma cobra e um rato iam caber em um pequeno Ford Anglia. É claro que ele não contara com os acessórios especiais que o Sr. Weasley acrescentara.

- Nem uma palavra a Molly... - cochichou ele a Harry e Meredith quando abriu a mala do carro e lhe mostrou como a aumentara por artes mágicas para que a bagagem coubesse sem problemas.

Quando finalmente todos tinham embarcado no carro, a Sra. Weasley olhou para o banco traseiro, onde Harry, Rony, Meredith, Fred, Jorge e Percy estavam sentados confortavelmente lado a lado e disse:

- Os trouxas sabem mais do que nós queremos reconhecer, não é? - ela e Gina entraram no banco dianteiro que fora aumentado de tal maneira que parecia um banco de jardim público. - Quero dizer, olhando de fora, a pessoa nunca imaginaria como o carro é espaçoso, não é?

O Sr. Weasley ligou o motor e saiu do quintal, enquanto Meredith se virava para trás para dar uma última olhada na casa. Mal teve tempo para pensar quando a veria outra vez e já estavam de volta: Jorge esquecera a caixa de fogos Filibusteiro. Cinco minutos depois, tornaram a parar no quintal para Fred ir buscar depressa sua vassoura. Tinham quase chegado à rodovia quando Gina gritou que deixara o diário em casa. Na altura em que tornaram a embarcar no carro eles já estavam muito atrasados e muito mal-humorados.

O Sr. Weasley olhou para o relógio e depois para a sua mulher.

- Molly, querida...

- Não, Artur.

- Ninguém veria. Esse botãozinho aqui é um multiplicador de invisibilidade que instalei, isso nos faria decolar e voar acima das nuvens. Estaríamos lá em dez minutos e ninguém saberia...

- Eu disse não, Arthur, não em plena luz do dia.

Eles chegaram à estação de King's Cross às quinze para onze. O Sr. Weasley disparou até o outro lado da Rua para buscar carrinhos para a bagagem e todos correram para a estação.

Meredith tomou o Expresso de Hogwarts no ano anterior. A parte complicada era chegar à plataforma 9 3/4, que não era visível aos olhos dos trouxas. O que a pessoa tinha que fazer era atravessar uma barreira sólida que separava as plataformas 9 e 10. Não machucava, mas tinha que ser feito com cautela, de modo que os trouxas não vissem a pessoa desaparecer.

- Percy primeiro. - a Sra. Weasley disse consultando nervosa o relógio no alto, que indicava que tinham apenas cinco minutos para desaparecer pela barreira sem ser vistos.

Percy adiantou-se com passos firmes e desapareceu. O Sr. Weasley o seguiu; depois Fred e Jorge.

- Vou levar Gina e vocês três venham logo atrás de nós. - disse a Sra. Weasley a Harry, Rony e Meredith, agarrando a mão de Gina e se afastando. Num piscar de olhos as duas tinham desaparecido.

-Vamos juntos, só temos um minuto - disse Rony a Harry.

Meredith enrolou Titi no pescoço. Se sentia absolutamente confiante porque isso não era nem de longe tão desconfortável quanto usar o Pó de Flu. Os três se abaixaram sob a barra dos carrinhos e avançaram decididos para a barreira, ganhando velocidade. Quando faltavam apenas poucos passos eles desataram a correr e... BUM.

Os dois carrinhos bateram na barreira e quicaram de volta, e o Carrinho de Meredith que estava atrás bateu de leve nos garotos por ela frear em cima da hora. O malão de Rony caiu com estrondo, Harry foi derrubado pelo carrinho, a gaiola de Edwiges saiu saltando pelo chão encerado e ela rolou para fora, gritando indignada, Perebas guinchou, e Titi quase enforcou Meredith. As pessoas à volta olharam e um guarda próximo berrou:

- Que diabo vocês acham que estão fazendo?

- Perdi o controle do carrinho... - Harry ofegou apertando as costelas ao se levantar. Rony teve que recolher Edwiges, a coruja fazia tanto escândalo que muitos dos que passavam resmungaram contra a crueldade para com os animais.

- O que houve? - Meredith perguntou um pouco engasgada por ter acabado de conseguir se soltar de Titi.

- Por que não podemos atravessar? - Harry perguntou para Rony.

- Não sei...

Rony olhou desorientado para os lados. Uns dez curiosos continuavam a observá-los.

- Vamos perder o trem! - Rony cochichou - Não entendo por que o portão se fechou...

Harry olhou para o enorme relógio no alto e Meredith o imitou com uma sensação ruim na boca do estômago. Dez segundos... Nove segundos... Harry levou o carrinho à frente com cautela até encostá-lo na barreira e empurrou-o com toda a força. O metal continuou sólido. Três segundos... Dois segundos... Um segundo...

- Já foi. - Rony falou parecendo atordoado - O trem foi embora. E se o pai e a mãe não conseguirem voltar para nós?  Vocês têm algum dinheiro de trouxas?

Harry deu uma risada cavernosa.

- Os Dursley não me dão dinheiro há uns seis anos.

Rony encostou o ouvido na barreira fria.

- Eu tenho o suficiente pra comprar um picolé... - Meredith falou frustrada.

- Não ouço nada. - Rony informou tenso - O que vamos fazer? Não sei quanto tempo vai levar para mamãe e papai voltarem.

Eles olharam para os lados. As pessoas continuavam a vigiá-los, principalmente por causa dos gritos de Edwiges que não paravam.

- Acho que é melhor irmos esperar ao lado do carro. - Harry sugeriu.

- Estamos atraindo atenção de mais... - Rony resmungou.

- Gente! - Meredith exclamou com os olhos brilhando. - O carro!

- Que tem o carro? - Rony perguntou mal humorado.

- Podemos voar para Hogwarts no carro!

- Mas eu pensei... - Harry já ia reclamar.

- Estamos imobilizados, certo? E temos que voltar para a escola, não é?

-  E até os bruxos de menor idade podem usar a magia quando há uma emergência grave, seção dezenove ou coisa assim da Lei de Restrição ao... - Rony foi interrompido.

- Mas sua mãe e seu pai... - Harry disse empurrando mais uma vez a barreira na esperança inútil de que ela cedesse - Como é que vão chegar em casa?

- Eles não precisam do carro! - Rony disse impaciente. - Eles sabem aparatar, sabe, desaparecer aqui e reaparecer em casa! Eles só usam o Pó de Flu e o carro porque somos todos menores e ainda não temos permissão para aparatar.

A sensação de pânico de Harry de repente pareceu se transformar em excitação.

- Você sabe voar? - Meredith perguntou tentando ser racional.

- Não tem problema! - Rony disse virando o carrinho de frente para a saída - Anda, vamos. Se nos apressarmos poderemos seguir o Expresso de Hogwarts.

Passaram então pela aglomeração de trouxas curiosos, saíram da estação e voltaram à Rua secundária onde ficara estacionado o velho Ford Anglia.

Rony destrancou a enorme mala do carro com vários toques seguidos de varinha. Tornaram a carregar a bagagem na mala, puseram Edwiges no banco traseiro e embarcaram.

- Veja se não tem ninguém olhando... - Rony disse ligando a ignição com outro toque de varinha. Harry meteu a cabeça para fora da janela: o tráfego roncava pela estrada principal adiante, mas a rua deles estava deserta.

- Tudo bem. - falou.

- Aqui atrás também... - Meredith disse olhando pela janela traseira do carro.

Rony apertou um botãozinho prateado no painel. O carro em que estavam desapareceu, e eles também. Meredith sentiu o banco traseiro vibrar embaixo dela, ouviu o ruído do motor, sentiu as mãos em cima dos joelhos e Titi se enroscando nela, viraram pares de olhos que flutuavam acima do chão, numa rua suja cheia de carros estacionados.

- Vamos! - a voz de Rony disse vindo da direita.

E o chão e os edifícios sujos de cada lado se distanciaram e foram desaparecendo de vista, à medida que o carro decolava; em segundos, Londres inteira estava lá embaixo, enfumaçada e cintilante.

Então ouviu-se um estampido e o carro, Harry e Rony reapareceram na visão de Meredith.

- Epa! - Rony exclamou batendo no botão da invisibilidade.

- Está com defeito?

Os dois socaram o botão. O carro desapareceu. E tornou a reaparecer aos pouquinhos.

- Parem de socar... só vai piorar mais! - Meredith disse colocando o torso no espaço entre os dois bancos da frente.

- Segure firme! - Rony gritou e pisou fundo no acelerador. Eles dispararam em linha reta para dentro de nuvens baixas e repolhudas e tudo ficou cinzento e enevoado.

- E agora? - Harry perguntou piscando diante da camada sólida de nuvens que os comprimia de todos os lados.

- Temos que ver o trem para saber que direção vamos tomar. - Rony disse.

- Mergulhe outra vez... Depressa.

Eles baixaram até ficar sob as nuvens e se viraram no banco, tentando ver o solo.

- Estou vendo! - Harry gritou.

- Bem na nossa frente, lá. - Meredith apontou a direção na bussola do painel - Rumo norte

O Expresso de Hogwarts ia correndo embaixo deles como uma cobra vermelha.

- Tudo bem, só vamos precisar verificar de meia em meia hora mais ou menos, segure firme... - E eles dispararam para o alto, furando as nuvens. Um minuto depois, saíram numa camada banhada de sol.

Era um mundo diferente. Os pneus do carro roçavam de leve o mar de nuvens fofas, o céu um azul forte e infinito sob um sol claro de cegar. - Agora só temos que nos preocupar com os aviões... - Rony disse.

Eles se entreolharam e caíram na gargalhada; durante algum tempo não conseguiram parar.

- Essa era uma coisa que nunca pensei que fosse possível... - Meredith estava encantada com a visão do céu daquele angulo.

Era como se tivessem mergulhado num sonho fabuloso. Isto, Meredith pensava, era sem dúvida um modo único de viajar, deixando para trás os redemoinhos e as torrinhas de nuvens branquíssimas, em um carro inundado pela Luz quente e clara do sol, com um pacotão de caramelos no porta-luvas, e a expectativa de ver as caras invejosas de Fred e Jorge quando eles aterrissassem, suave e espetacularmente, no vasto gramado diante do castelo de Hogwarts.

Eles verificavam regularmente a posição do trem durante o vôo que os levava cada vez mais para o norte e, em cada mergulho abaixo das nuvens, descortinavam uma paisagem diferente. Londres não tardou a ficar muito para trás, substituída por campos verdes e geométricos que, por sua vez, cederam lugar a grandes extensões de terra roxa, pantanosa, uma metrópole entupida de carros que lembravam formigas multicoloridas, cidadezinhas com igrejas de brinquedo.

Várias horas tranqüilas depois, no entanto, eles tiveram que admitir que o divertimento estava começando a cansar. Os caramelos tinham deixado os três cheios de sede e não havia nada para beber. Harry e Rony tinham despido os suéteres, mas a camiseta de Harry estava grudando no encosto do banco, Meredith que estava com um vestido azulado e com a saia bem cheia e um casaco de veludo azul marinho, já tinha tirado a meia calça branca e os sapatos de boneca pretos e lustrosos, e não fazia idéia de onde estaria o casaco, alem de ter o cabelo agora na altura dos ombros que ficava grudado nos rosto e pescoço. Ela deixou de reparar nas formas fantásticas das nuvens e agora pensava com saudades no trem, quilômetros abaixo, onde podia comprar suco de abóbora bem gelado em um carrinho empurrado por uma bruxa gorda. Porque não tinham podido chegar à plataforma 9 3/4?

- Não pode faltar muito mais, não é? - Rony perguntou rouco, horas depois, quando o sol começou a afundar pelo chão de nuvens, o tingindo de rosa forte.

- Pronto para verificar outra vez a posição do trem?

O trem continuava embaixo deles, contornando uma montanha de pico nevado.  Escureceu bastante sob a abóbada de nuvens.  Rony pisou fundo no acelerador e fez o carro subir outra vez, mas ao fazer isto, o motor começou a soltar um silvo agudo.

Harry e Rony trocaram olhares apreensivos.

- Provavelmente ele está cansado. - Rony disse - Nunca foi tão longe antes...

E os três fingiram não notar o ruído que ficava cada vez mais forte, à medida que o céu ia escurecendo cada vez mais. As estrelas pipocavam na escuridão.

Harry tornou a vestir o suéter, tentando fingir que não via que os limpadores do pára-brisa agora se moviam devagar, como se protestassem e Meredith estava em uma infindável caçada ao pé direito do sapato.

- Falta pouco... - Rony disse mais para o carro do que para Harry e Meredith - Falta pouco agora... - e deu umas palmadinhas nervosas no painel.

Quando voltaram a voar sob as nuvens um pouco mais tarde, tiveram que apurar a vista na escuridão para encontrar um marco que conhecessem.

- Ali! - Harry gritou sobressaltando Rony e Meredith - Bem em frente!

Recortado no horizonte escuro, no alto do penhasco sobre o lago, estavam as torres muros do castelo de Hogwarts.

Mas o carro começava a tremer e a perder velocidade.

- Vamos! - Rony disse em tom de quem está desesperado dando uma sacudida no volante - Quase chegamos, vamos...

O motor gemia. Finas linhas de fumaça saíam por debaixo do capô. Harry agarrou as bordas do banco com toda força ao voarem em direção ao lago.

O carro deu um tremido preocupante. Ao espiar pela janela, Meredith viu a superfície lisa, escura e espelhada da água, um quilômetro e meio abaixo. Os nós dos dedos de Rony estavam brancos de tanto apertar o volante E Meredith agora tentava acalmar Edwiges que piava alto e se debatia na gaiola. O carro estremeceu outra vez.

- Vamos... - Rony murmurou.

Sobrevoaram o lago... O castelo estava bem à frente... Rony apertou o acelerador.  Ouviram uma batida metálica e alta, um engasgo e o motor morreu de vez.

- Epa! - exclamou Rony, em meio ao silêncio.

- Rony... - Meredith falou com um pouco de temor, mas ele ficou em silêncio. O nariz do carro afundou - RONY!!!! O CARRO!!!

Estavam caindo, ganhando velocidade, rumando direto para a parede maciça do castelo.

- Nããaaao! - Rony berrou dando um golpe no volante. Eles erraram o escuro muro de pedra por centímetros, porque o carro descreveu um grande arco e voou sobre as estufas às escuras, depois sobre a horta e depois sobre os gramados sombrios, perdendo altura todo o tempo.

Rony largou de vez o volante e puxou a varinha do bolso traseiro.

- PARE! PARE! - Rony berrou golpeando o painel e o pára-brisa, mas eles continuaram a mergulhar, o chão voando ao seu encontro...

- CUIDADO COM AQUELA ÁRVORE! - Harry urrou tirando-se sobre o volante, mas era tarde demais...

Com um estrondo de ensurdecer, de metal batendo em madeira, eles colidiram com um tronco avantajado e despencaram no chão com um baque forte. O vapor que saía por baixo do capô amassado formava nuvens enormes. Edwiges guinchava de terror. Harry passava a mão na cabeça que bateu no pára-brisa, com o óculos meio amassado, Rony deixou escapar um gemido baixo e desesperado, estava com o rosto vermelho, quase sem ar, com as mãos duras e doloridas segurando volante, Meredith havia sido praticamente jogada no painel do carro e ficou ali esmagada entre os dois bancos e caída sobre a alavanca para trocar as marchas, de cara no painel.

- Vocês estão bem? - Harry perguntou com urgência na voz.

- Minha varinha! - Rony respondeu com a voz trêmula - Olhe a minha varinha!

Ela quase se partira em duas; a ponta balançava inerte, segura apenas por meia dúzia de farpas de madeira.

- Da pra colar... Lá na escola agente arruma. - Meredith tentou o confortar.

Harry abriu a boca para dizer algo, mas nem chegou a falar. Naquele mesmíssimo instante, alguma coisa bateu na lateral do carro com a força de um touro furioso, atirando Harry contra Rony e imprensando Meredith entre os dois, ao mesmo tempo que outra pancada igualmente pesada atingia o teto.

- Aaaaaaa!!! - Meredith deu um grito, mal conseguia respirar e sentia que ia quebrar ao meio.

- Que está acontecen... - Rony exclamou arregalando os olhos para o pára-brisa, enquanto Harry virava a cabeça a tempo de ver um galho grosso como uma jibóia que o amassava. A árvore em que tinham batido atacava os três. Curvara o tronco quase ao meio e seus ramos nodosos socavam cada centímetro do carro que conseguiam alcançar.

- Caraca! - Rony exclamou quando outro ramo retorcido fez uma grande mossa na porta do lado dele, o pára-brisa agora vibrava sob uma saraivada de golpes aplicados por galhinhos em forma de nós, e um galho grosso como um aríete socava furiosamente o teto, que parecia estar afundando...

- Se manda! - Rony gritou atirando todo o peso contra a porta e dando espaço para Meredith sair dali, mas no segundo seguinte ele era empurrado de volta contra o colo de Harry por um direto no queixo dado por outro galho.

- Estamos perdidos! - Harry gemeu quando o teto afundou, mas de repente o fundo do carro começou a vibrar. O motor tinha pego outra vez.

- Dê marcha ré, caramba! - Meredith berrou quase sem ar enquanto puxava a alavanca de qualquer jeito e o carro disparou para trás. A árvore continuava a tentar atingi-los e eles ouviam as raízes rangerem como se rasgassem, tentando golpeá-los enquanto se afastavam dela a toda.

- Essa... - Rony ofegou - Foi por pouco. Muito bem, carro.

O carro, porém, chegara ao limite de suas forças. Com dois fortes trancos, as portas se escancararam e Harry sentiu o banco deslizar para um lado. Pancadas fortes lhes informaram que o carro estava ejetando a bagagem deles da mala, e Meredith foi jogada pelo porta-malas junto com elas. A gaiola de Edwiges voou pelos ares e se abriu e ela soltou um guincho raivoso, voou veloz para o castelo sem nem ao menos olhar para trás e Titi já tinha saído junto com Perebas. Então, amassado, arranhado e fumegando o carro saiu roncando pela escuridão, as lanternas traseiras brilhando com raiva.

- Volte aqui! - Rony gritou para o carro, brandindo a varinha partida - Meu pai vai me matar!

Mas o carro desapareceu de vista com uma última gargalhada do cano de descarga.

- Filho da mãe! - Meredith falou surpresa - Você está ferrado senhor Weasley... - ela tentou imitar o jeito como Snape falava.

- Dá para acreditar na nossa sorte? - Rony disse infeliz, se abaixando para recolher Perebas - De todas as árvores em que podíamos ter batido, tínhamos que bater nessa que revida?

Meredith não segurou uma risadinha dolorida, e os outros dois riram junto a ela da própria má sorte. Ela espiou por cima do ombro a velha árvore, que continuava a agitar os ramos ameaçadoramente.

- Vamos. - Harry disse cansado - É melhor irmos logo para a escola...

Não se pareceu nada com a chegada triunfal que eles tinham imaginado. Os músculos duros, enregelados e contundidos quase em frangalhos, os três apanharam as alças dos malões e começaram a arrastá-los pela encosta gramada acima, em direção à imponente porta de entrada de carvalho.

- Acho que a festa já começou. - Rony comentou largando a mala ao pé dos degraus da entrada e indo espiar silenciosamente por uma janela iluminada - Ei, venham ver, é a Seleção!

Eles correram à janela e juntos, os três contemplaram o Salão Principal.

Uma quantidade de velas pairava no ar sobre as quatro mesas compridas e lotadas, fazendo os pratos e taças de ouro faiscarem. No alto, o teto encantado, que sempre refletia o céu lá fora, pontilhado de estrelas.

Em meio à floresta de chapéus cônicos de Hogwarts, Meredith viu uma longa fila de principiantes de cara assustada entrar no Salão. Aquilo a lembrou da estranha forma de como Meredith tinha chego ali. Gina estava entre eles, facilmente identificável pelos cabelos da família Weasley, com aquele vermelho quase fogo. Entrementes a Prof. MacGonagall, uma bruxa de óculos que usava os cabelos presos em um coque, estava colocando o famoso Chapéu Seletor sobre um banquinho diante dos recém-chegados.

Todo ano, aquele chapéu antigo, remendado, esfiapado e sujo, selecionava os novos alunos para as quatro casas de Hogwarts. Meredith lembrava da noite que o colocou. Por horas a fio teve que esperar a resposta e ela receou que o chapéu fosse a colocar em uma casa ruim e ela acabou na Sonserina, a casa de onde saía um número maior de bruxos e bruxas das trevas do que de qualquer outra, mas Harry  acabara indo para a Grifinória, junto com Rony, Hermione e o resto dos Weasley.

Um garoto muito pequeno, de cabelos castanho-acinzetados  foi chamado para colocar o chapéu na cabeça. O olhar de Meredith passou por ele e foi pousar no lugar em que Dumbledore, o diretor, assistia à cerimônia sentado à mesa dos funcionários, sua longa barba prateada e os óculos de meia-lua brilhando à luz das velas. Vários lugares adiante, Meredith viu Gilderoy Lockhart, com suas vestes azuis. E lá na ponta sentava-se Hagrid, enorme e peludo, bebendo grandes goles de sua taça.

- Espere aí... - Harry cochichou - Há uma cadeira vaga na mesa dos funcionários... Onde está o Snape?

Severo Snape era o professor de que Harry menos gostava. Isso era bem visível a todos e por acaso, ou não, Harry era o aluno de quem Snape menos gostava também. Ele era considerado cruel, irônico e era detestado por todo mundo, exceto pelos alunos de sua própria casa, mas havia algo naquele professor, algo que Meredith achava estranho... e talvez... bom.

- Vai ver ele está doente! - Rony disse esperançoso.

- Vai ver ele foi embora - Harry disse -, porque não conseguiu o lugar de professor de Defesa contra as Artes das Trevas outra vez!

- Duvido! Talvez ele esteja no banheiro... ou sei lá... - Meredith disse preocupada.

- Ou vai ver foi despedido! - Rony disse entusiasmado. - Quero dizer, todo mundo o detesta...

- Ah isso é exagero! - Meredith o defendeu de Rony.

- Ou vai ver... - disse uma voz muito seca atrás deles - ...está esperando para saber por que vocês três não chegaram no trem da escola.

- Ai, ai... - Meredith disse como se sentisse dor.

Harry se virou depressa. Ali, as vestes negras ondeando à brisa gelada, achava-se parado Severo Snape. Era um homem magro, com a pele macilenta, um nariz curvo e cabelos negros e oleosos até os ombros e, naquele momento, sorria de um jeito que dizia a Harry, Rony e Meredith que eles estavam numa baita encrenca.

- É ele que está ai, ele mesmo? Eu não quero olhar... - Meredith gemeu esperançosa mas logo foi puxada pelo colarinho.

- Me acompanhem. - Snape disse.

Sem nem ousarem se entreolhar, os três seguiram Snape pela escada e entraram no enorme saguão cheio de ecos, iluminado por tochas. Um cheiro delicioso de comida vinha do Salão Principal, mas Snape os levou para longe do calor e da luz e desceu uma estreita escada de pedra que levava às masmorras.

- Para dentro! - ele disse indicando a porta que abrira no corredor frio.

Eles entraram na sala de Snape, trêmulos. As paredes sombrias estavam cobertas de prateleiras com grandes frascos, em que flutuava todo tipo de coisa nojenta e naquele momento, seus nomes não eram nem um pouco importantes. A lareira estava apagada e vazia. Snape fechou a porta e virou-se para encará-los.

- Então, - disse com suavidade - o trem não é bastante bom para o famoso Harry Potter, seu leal escudeiro Weasley e pelo que vejo sua mais nova cortesã. Queriam chegar acontecendo, não foi, rapazes?

- Não, senhor, foi a barreira na estação de King s Cross, ela...

- Silêncio! - Snape disse secamente - Que foi que fizeram com o carro?

Rony engoliu em seco. Não era a primeira vez que Snape dava a impressão de ser capaz de ler pensamentos. Mas um momento depois, ele compreendeu, quando Snape desdobrou o Profeta Vespertino daquele dia.

- Vocês foram vistos. - o professor sibilou mostrando a manchete: FORD ANGLIA VOADOR INTRIGA TROUXAS. E começou a ler em voz alta:

 "Dois trouxas em Londres, convencidos de terem visto um velho carro sobrevoar a torre dos Correios... Ao meio-dia em Norfolk, a Sra. Hetty Bayliss, quando pendurava roupa para secar... O Sr. Angus Fleet, de Peebles, comunicou à policia..."

- Um total de seis ou sete trouxas. Acredito que o seu pai trabalha no departamento que coíbe o mal uso de artefatos dos trouxas? - ele perguntou erguendo os olhos para Rony com um sorriso ainda mais desagradável. - Tsk, tsk, tsk... O próprio filho dele...

Harry parecia estar péssimo com o que acontecia. Se alguém descobrisse que o Sr. Weasley havia enfeitiçado o carro... Não tinha pensado nisso...

- E você... Eu esperava mais de você senhorita Riddle, mais que se envolver com dois idiotas. Eu quero crer que foi forçada. - ele pigarreou e prosseguiu - Reparei na minha busca pelo parque que houve considerável dano a um salgueiro lutador muito valioso.

- Aquela árvore causou mais dano a nós do que nós a... - Rony deixou escapar.

- Silêncio! - disse Snape outra vez - Infelizmente vocês não fazem parte da minha Casa, e a decisão de expulsá-los não cabe a mim. Vou buscar as pessoas que têm este prazeroso poder. Esperem aqui. E você, senhorita Riddle, logo eu resolvo seu caso.

Harry, Rony e Meredith se entreolharam pálidos. Ninguém mais sentia mais fome. Sentiam extremamente enjoados. Meredith tentou não olhar para uma coisa grande e pegajosa que estava suspensa em um liquido verde, em uma prateleira atrás da escrivaninha de Snape.

- Desculpem, mas vou ter que dizer que não queria ir...

- O que? - os dois protestaram.

- Vocês tem mais chance com a MacGonagall... o Snape vai me expulsar na hora.... - e depois todos se calaram.

Se Snape tivesse ido buscar a Prof. MacGonagall, diretora da Grifinória, eles tampouco estariam em melhor situação.  Poderia ser mais justa do que Snape, mas era rigorosíssima. Dez minutos depois, Snape voltou e não deu outra, era a Prof. MacGonagall que o acompanhava. Meredith já tinha visto ela várias vezes, mas ou se esqueceu como a boca da professora ficava contraída, ou nunca a viu zangada antes.

Ela ergueu a varinha no momento em que entrou. Os dois, Os três se encolheram e prenderam o ar, mas ela meramente a apontou para a lareira apagada, onde as chamas irromperam instantaneamente.

- Sentem-se. - ela disse e os dois recuaram e se sentaram em cadeiras junto à lareira - Você também. - ela olhou para Meredith - Expliquem-se -  a prof. disse os óculos brilhando agourentos.

Rony saiu contando a história a começar pela barreira da estação que se recusara a deixá-los passar.

- ... Então não tivemos outra escolha, professora, não podíamos embarcar no trem.

- E eu não pude impedir. - Meredith falou baixo.

- Por que não nos mandaram uma carta por coruja? Creio que você tem uma coruja? - a Prof. MacGonagall disse olhando para Harry com frieza.

Harry ficou boquiaberto. Agora que ela disse, parecia à coisa óbvia para ter sido feita.

- Eu... Não pensei...

- Isto é óbvio. - a prof. MacGonagall disse quase pasma.

As palavras fizeram o coração de Meredith doer ouvir aquilo e ter que concordar.

Ouviram uma batida na porta da sala, e Snape, agora com a cara mais feliz que nunca, abriu-a. Parado à porta achava-se o diretor, o Prof. Dumbledore.

 Dumbledore parecia anormalmente sério.  Olhou por cima daquele nariz curvo dele, e Meredith subitamente, desejou que eles  ainda estivessem apanhando do salgueiro lutador.

Fez-se um longo silêncio. Então Dumbledore disse:

- Por favor, expliquem por que fizeram isso.

Teria sido melhor se tivesse gritado. O desapontamento que havia na voz dele fez Meredith se sentir mal. Por alguma razão, Harry não conseguiu encarar Dumbledore nos olhos e, em vez disso, falou para os próprios joelhos. Contou a Dumbledore tudo, exceto que o Sr. Weasley era o dono do carro enfeitiçado, fazendo parecer que ele e Rony tinham encontrado o carro voador estacionado do lado de fora da estação, por acaso.

Eles sabiam que Dumbledore perceberia a coisa na mesma hora, mas o diretor não fez perguntas sobre o carro. Quando Harry terminou, ele apenas continuou a observá-los através dos óculos de meia-lua.

- Vamos buscar as nossas coisas. - Rony disse com desesperança na voz, e os dois começavam a se levantar.

- Você ficará Srta. Riddle. - a voz de Snape foi ouvida quando Meredith fez menção de se levantar.

- De que é que está falando, Weasley? - vociferou a Prof. MacGonagall.

- Bem, os senhores vão nos expulsar, não é? - Rony disse.

Harry olhou rapidamente para Dumbledore e Meredith encarou o chão.

- Hoje não, Sr. Weasley. - Dumbledore disse - Mas preciso mostrar a vocês a gravidade do que fizeram. Vou escrever às duas famílias hoje à noite.  Devo também preveni-los de que se fizerem isto de novo, não terei escolha se não expulsar os dois. E você, Srta. Riddle vai conversar comigo e com Snape daqui a pouco.

Snape fez cara de quem acaba de ouvir que o Natal foi cancelado. Pigarreou e disse:

- Prof. Dumbledore, esses garotos zombaram da lei que restringe o uso de magia por menores, causaram sérios danos a uma árvore antiga e valiosa... Com certeza atos desta natureza...

- A Prof. MacGonagall é quem decidira sobre o castigo dos meninos, Severo. - Dumbledore disse calmamente - Fazem parte da casa dela e, portanto são responsabilidade dela. - E se virou para a professora - Preciso voltar para a festa, Minerva, tenho que dar alguns avisos. Vá indo que logo eu e Severo iremos.

Snape lançou um olhar de puro veneno a Harry e Rony quando deixaram a sala coma a Prof. MacGonagall

- Me esperem! - ela sussurrou para os garotos.

- Bem Meredith... - Dumbledore falava serenamente - Como você deve saber, por ser uma bruxa menor eu sou seu responsável. Você está ciente o que fez? Poderiam ter exposto a sociedade mágica aos trouxas... Sinceramente, seria muito complicado ter que expulsá-la, assim eu acabaria tendo que a mandar para outra escola ou academia de magia. - ele parou de falar e Snape tomou a palavra.

- Por estar muito ocupado, Srta. Riddle, Dumbledore tem encontrado dificuldades em administrar sua educação, e ter os cuidados necessários em sua formação como bruxa. Por isso eu recebi a tarefa de discipliná-la.

O espanto de Meredith era indescritível.

- Isso já estava sendo decidido, e depois do que houve hoje, concluímos que você precisa de mais atenção.

- Como Snape é o diretor de sua casa, concordamos que ele deveria cuidar de você quando eu não puder... - Dumbledore suspirou - Por tanto, Snape a partir de agora assim como eu, é seu “responsável” legal. Se tudo correr bem, e esse tipo de acidente não voltar a se repetir, poderei ser seu único responsável novamente ate o final do ano.

- Eu... não... entendi... direito.... - Meredith estava quase entrando em choque - Snape... vai ser.... uma espécie de pai?

- Não. - ele respondeu com rispidez.

- Algo do tipo.Vamos para o salão comunal agora, tem um torta de amoras incrível!

- Dumbledore! - Meredith falou alto.

- Não se preocupe. Snape vai te ajudar com qualquer problema.

Ele se levantou e os dois saíram da masmorra. Meredith saiu logo atrás, pegando uma parte da conversa da Prof. MacGonagall com Harry e Rony.

- É melhor ir à ala hospitalar, Weasley, você está sangrando.

- Não é nada demais. - Rony disse limpando depressa com a manga o corte sobre o olho - Professora, eu queria ver a minha irmã ser selecionada...

- A cerimônia da Seleção já terminou - ela respondeu - Sua irmã também ficou na Grifinória.

- Ah, que bom.

- E por falar na Grifinória... - MacGonagall disse muito ríspida, mas Harry a interrompeu.

- Professora, quando apanhamos o carro, o ano letivo não tinha começado, por isso... Por isso Grifinória não deve perder pontos, deve? - ele terminou a observando ansioso. Ninguém percebeu a chegada de Meredith.

A Prof. MacGonagall lançou um olhar penetrante e eles tiveram certeza de que ela quase sorriu. Pelo menos ficou menos contraída.

- Não vou tirar pontos da Grifinória. - e Harry sentiu o chão muito mais leve. - Mas os dois vão receber uma detenção.

A Prof. MacGonagall ergueu novamente a varinha e apontou pela porta aberta para a escrivaninha de Snape. Um grande prato de sanduíches, três taças de prata e uma jarra de suco de abóbora gelado apareceram com um estalo.

- Vocês vão comer aqui e depois vão direto para o dormitório - Ela disse voltando - Eu também preciso voltar à festa.

Quando a porta se fechou, Rony deixou escapar um assobio baixo e longo.

- Achei que estávamos ferrados... - ele disse agarrando o sanduíche.

- Eu também. - Harry disse se servindo.

- Mas dá para acreditar na nossa falta de sorte? - Rony perguntou com a voz pastosa porque tinha a boca cheia de galinha e presunto enquanto Meredith desabava em uma cadeira próxima - Fred e Jorge devem ter voado naquele carro umas cinco ou seis vezes e nunca nenhum trouxa viu os dois. - Ele engoliu e deu outra grande dentada. - Por que não conseguimos atravessar a barreira?

Harry sacudiu os ombros.

- Mas vamos ter que nos cuidar daqui para frente... - ele disse tomando um grande gole do suco de abóbora, cheio de gratidão - Gostaria de termos podido ir à festa...

- Ela não queria que fôssemos nos exibir. - Rony disse tendo um juízo repentino e surpreendente - Não quer que as pessoas pensem que somos espertos, porque chegamos de carro voador.

- Meredith, pegou uma detenção séria? - Harry perguntou e os dois finamente notaram a expressão derrotada dela.

- A pior de todas...

- Como assim? - Rony se exaltou.

- Dumbledore... ele é como se fosse meu pai... por que e meu responsável...

- E o que tem isso? - Rony novamente encheu a boca.

- Ele deu uma ordem ao Snape para cuidar de mim. Ele também é meu "pai" agora. - ela fez as aspas com os dedos desanimada.

- OQUE? - Harry quase gritou - Dumbledore nunca faria isso!

- Ele fez... Deixe-me comer, por que, não sei se vou estar viva até amanhã... Bem Dumbledore disse que se tudo correr bem ele volta a ser meu único responsável. - Ela se levantou e foi em direção a comida.

- Se Dumbledore é seu pai... Snape seria... sua mãe? - Harry perguntou achando aquilo no mínimo bizarro,  Rony riu.

Meredith nada respondeu e atacou os sanduíches e  bebeu o máximo de suco de abóbora que podia... Tentava, talvez, refrescar a mente com o gelado o suco. Não que fosse ruim ter Snape como tutor, só seria péssimo se ele resolvesse a seguir, principalmente quando Meredith estava se metendo em alguma encrenca com Harry, Rony e Hermione.

Quando acabaram de comer tudo o que puderam, por que prato sempre tornava a se encher sozinho, eles se levantaram e deixaram a sala, tomando o caminho familiar para a Torre da Grifinória. O castelo estava silencioso e parecia que a festa havia acabado. Os três passaram pelos quadros que resmungavam e as armaduras que rangiam, e subiram a estreita escada de pedra, até chegarem, finalmente, à passagem onde se escondia a entrada secreta para a Grifinória, atrás do retrato a óleo de uma mulher muito gorda, de vestido de seda rosa.

- Vou entrar um pouquinho com vocês e depois vou pro dormitório da Sonserina.

- Tá bem! - Rony concordou.

- Merediiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiith!!!! - era uma vozinha conhecida.

- Queen. - Ela se virou percebeu o abraço apertado, e sufocante, da amiga.

- O que houve? Por que você não estava no trem?

- Uma longa história. Depois de te conto.

- Senha? - perguntou ela quando os dois se aproximaram.

- Ããã... Ã - murmurou Harry.

Eles não sabiam a senha do novo ano, ainda não tinham encontrado o monitor da Grifinória, mas o socorro chegou quase imediatamente, ouviram passos e quando se viraram deram com Hermione que corria ao encontro deles.

- Aí estão vocês! Onde se meteram? Os boatos mais ridículos... Alguém disse que vocês foram expulsos por terem batido com um carro voador.

- Bem, não fomos expulsos... - Harry garantiu.

- Vocês não vão me dizer que realmente chegaram aqui voando? -  Hermione disse em tom quase tão severo quanto o da Prof. MacGonagall - Meredith... isso foi idéia sua?

- Pior que foi... - Harry disse e Meredith assentiu com a cabeça.

- Pode poupar o sermão! - Rony disse impaciente - E nos dizer qual é a nova senha.

- É maçarico... - Hermione respondeu impaciente - ...mas não é isto que está em questão...

Suas palavras, porém, foram interrompidas, pois o retrato da mulher gorda se abriu em meio a uma repentina tempestade de aplausos. Parecia que todos os alunos da Grifinória ainda estavam acordados, espremidos na sala comunal redonda, trepados nas mesas fora de esquadro e nas poltronas que afundavam, esperando os dois chegarem.

Braços passaram pela abertura do retrato para puxar Harry e Rony , que puxou Meredith, para dentro deixando Hermione subir depois e sozinha.

- Genial! - Lino Jordan berrou - Um achado! Que entrada! Aterrissar um carro voador no salgueiro lutador, vão comentar isso durante anos!

"Parabéns", disse um quintalista . Alguém dava palmadinhas nas costas de Harry como se ele tivesse acabado de ganhar uma maratona.  Fred e Jorge abriram caminho por entre os colegas aglomerados e perguntaram ao mesmo tempo:

- Por que não viemos no carro, hein? - Rony estava com a cara vermelha e sorria constrangido, mas Meredith acabava de ver uma pessoa que não parecia nada feliz.

Percy era visível por cima das cabeças de uns alunos de primeira série animados, e parecia estar querendo se aproximar o suficiente para começar a ralhar com eles.

- Vocês estão felizes? - Hermione disse mau humorada - Foi culpa da Meredith... Que idéia estúpida foi essa que você deu?

Harry cutucou Rony nas costelas, Meredith nas costas e fez sinal em direção a Percy. Os dois entenderam na mesma hora.

- Temos que subir... Um pouco cansados - ele disse e os dois começaram a abrir caminho em direção à porta do lado oposto da sala, que levava à escada circular e aos dormitórios.

- Noite. - Harry falou por cima do ombro para Hermione, que estava com uma cara tão feia quanto Percy.

- Nós vamos também não é Queen, só pra pegar o que o Harry tem que me devolver...

- Ah é... - ela concordou sem entender direito, mas a essa altura já estava a par do ocorrido na escola.

Os garotos conseguiram chegar ao outro lado da sala comunal, ainda recebendo palmadinhas nas costas, e alcançaram a paz das escadas. Subiram a escada correndo, direto para cima e, finalmente, chegaram à porta do antigo dormitório, que agora tinha um letreiro que dizia ALUNOS DA SEGUNDA SÉRIE. Entraram no quarto circular que já conheciam, com camas de quatro colunas e cortinas de veludo vermelho, e suas janelas altas e estreitas. Os malões tinham sido trazidos até o quarto e colocados aos pés das camas.

Rony sorriu com ar de culpa.

- Sei que não devia ter curtido isso nem nada, mas...

- Tudo bem... - Harry concordou com aquela felicidade boba.

- Bem mas afinal alguém me conte o que foi toda essa loucura? - Queen estava desesperada para saber de todos os fatos.

Harry começou contando da fuga de casa, depois Rony tomou a palavra sobre a saída da plataforma 9 3/4, e sobre a mirabolante, e idiota, idéia de Meredith, descrevendo também a viagem e a queda no salgueiro, e por fim sobrou para Meredith contar sobre o encontro com Snape sobre sua punição

- Nossa que horror! Ninguém merece o Prof. Snape como tutor.

- Eu sei! Alias temos que ir. Amanha te dou o presente que trouxe.

- E a Titi?

- Eu... não sei... Deve estar por ai. - Agora que Meredith tinha parado pra pensar, Titi havia sumido quando chegaram nas masmorras.

A porta do dormitório se escancarou e por ela entraram os outros secundaristas da Grifinória, Simas Finnigan, Dino Thomas e Neville Longbottom.

- Inacreditável!- Simas exclamou radiante.

- Legal. - Dino disse.

- Um assombro! - Neville atônito acrescentou .

- Assombro? Quem fala assim? - Meredith disse e riu de Neville.

Harry não conseguiu se controlar e sorriu também.

- Agradeçam a Meredith pela idéia estúpida! - Rony disse rindo.

- De nada... - ela se curvou agradecendo os aplausos.

- Vou indo, já está tarde.

Dito isso ela e Queen saíram do dormitório da Grifinória. Logo as duas se separaram, e Meredith estava próxima a fria masmorra.

Lá estava ela, sozinha no corredor, sem saber a senha.

Mas a inesquecível, garota sexy, apareceu.

- Orgulho verde. - Judy Foster falou com uma voz forçada.

As duas entraram. Ali Meredith se jogou no sofá.

- Soube o que você fez...

- Vai me censurar por isso? - ela perguntou desafiando Judy.

- Não... Você quase encrencou os vermelhos garota... Você ainda tem futuro... - Ela saiu rindo de lado com um certo desdém.

A sala comunal estava com poucos alunos, a grande maioria estava nos quartos, e Meredith seguiu o exemplo.

Chegando lá viu a incomoda Pansy, com o mesmo corte de cabelo. A novidade era mais uma aluna no quarto.

Meredith logo foi cuidar do malão, e dispôs como sempre, os materiais debaixo da cama, e as roupas jogadas no guarda roupa.

Foi colocar a sua velha caixinha de musica com seu medalhão na gaveta da escrivaninha, a qual ela tinha a chave, e viu Titi enroscada em algo... uma espécie de caderno com uma capa que parecia ser de couro preto.

- Titi... Que caderno é esse? - ela pegou desenroscando o caderno da cobra.

Abriu e viu que estava em branco. Logo o tomou como seu, escreveu seu nome e sua casa. As letras sumiram logo depois.  Ela ficou intrigada, trancou o caderno na gaveta, e foi dormir. Onde Titi teria arrumado uma coisa tão estranha?


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