Harry Potter e o segredo de Slytherin escrita por Absolem the oracle


Capítulo 18
Capítulo 18 - Um Riddle, dois Riddles...




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Os dois estavam parados no fim de uma câmara muito comprida e mal iluminada. Altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar.

Ficaram escutando o silêncio hostil com os corações batendo depressa. Será que o basilisco estaria à espreita num canto sombrio, atrás de uma coluna? E onde estaria Gina?

Ele puxou a varinha e avançou por entre as colunas serpentinas. Meredith estava logo atrás com a varinha apertada entre os dedos, e as correntinhas com os cristais balançavam vertiginosamente. Cada passo cauteloso ecoava alto nas paredes sombreadas. Mantiveram os olhos semicerrados, prontos para fechá-los depressa ao menor sinal de movimento. As órbitas ocas das cobras de pedra pareciam segui-los. Mais de uma vez, com um aperto no estômago, pensaram ter visto alguma delas se mexer.

Meredith resmungava baixo. Suas costas principalmente e todo o seu corpo foram dominados por um calor estranho. O mesmo que sentia quando acordava de um dos pesadelos... O mesmo que sentiu quando estava perto do Prof. Quirrell no ano anterior, só que muito mais forte.

Então, quando o último par de colunas estava a vista, uma estátua alta como a própria Câmara apareceu contra a parede do fundo.

Havia um rosto gigantesco lá no alto. Era antigo e simiesco, com uma barba longa e rala que caía quase até a barra das vestes esvoaçantes de um bruxo de pedra, onde havia dois pés cinzentos enormes apoiados no chão liso da Câmara. E entre os pés, de bruços, jazia um pequeno vulto de cabelos flamejantes vestido de negro.

- Gina! - Harry murmurou correndo para ela e se ajoelhando - Gina... Não esteja morta... Por favor, não esteja morta... - ele largou a varinha de lado, segurou Gina pelos ombros e virou. Meredith correu ficando atenta, com a varinha já preparada. Seu rosto estava branco e frio como o mármore, mas tinha os olhos fechados, portanto não estava petrificada. Então devia estar...

- Gina, por favor, acorde! - Harry murmurou desesperado,a sacudindo. A cabeça de Gina balançou desamparada de um lado para o outro.

- Harry! Cuidado! Você vai machucar ela! - Meredith se agacho e tentou dar leves tapinhas no rosto de Gina.

- Ela não vai acordar - disse uma voz indulgente.

Harry se sobressaltou e se virou ainda de joelhos. Meredith subiu o olhar nervosa.

Um garoto alto, de cabelos negros, o observava encostado à coluna mais próxima. Tinha os contornos estranhamente borrados, como se estivessem o vendo através de uma janela embaçada. Mas não havia como se enganar...

- Tom ...Tom Riddle?

- T-Tom? - Meredith falou com os olhos marejados e a voz embargada.

Riddle confirmou com a cabeça, sem tirar os olhos dos rostos dos dois.

- Que é que você quer dizer com "ela não vai acordar"? - perguntou desesperado - Ela não está... Não está...?

- Ainda está viva - Riddle disse - Mas por um fio.

Harry arregalou os olhos para ele. Tom Riddle estivera em Hogwarts cinqüenta anos atrás, contudo achava-se ali parado, envolto por uma luz estranha e enevoada, com os seus exatos dezesseis anos. Meredith começou a chorar silenciosamente para o desespero de Harry.

- Você é um fantasma? - Harry perguntou incerto.

- Não... - Meredith falou devagar.

- Uma lembrança. - Riddle disse com suavidade - Conservada em um diário durante cinqüenta anos. E apontou para o chão perto dos enormes pés da estátua.

Caído ali encontrava-se o pequeno livro preto que Harry encontrou no banheiro da Murta Que Geme. E que Meredith havia encontrado antes e “perdido”.

- Você tem que me ajudar, Tom. - Harry disse levantando a cabeça de Gina outra vez - Temos que tirá-la daqui. Tem um basilisco... Não sei onde está, mas pode chegar a qualquer momento... Por favor, nos ajude...

- Ele... não vai ajudar... - Meredith falou em um tom choroso.

- Então, você! Me ajude! - Harry falou preocupado.

- E-eu não posso... - Meredith verteu em lágrimas. Ela se sentia como se estivesse colada no chão.

Riddle não se mexeu. Harry, suando, conseguiu levantar metade do corpo de Gina do chão a levantou por inteiro e se curvou para apanhar de novo sua varinha.

Mas a varinha desapareceu.

- Você viu?

Ele ergueu a cabeça. Riddle continuava a observá-lo e girava a varinha de Harry entre os dedos compridos.

- Obrigado! - Harry disse estendendo a mão para a varinha. Um sorriso encrespou os cantos da boca de Riddle. Continuava a encarar Harry, girando distraidamente a varinha.

- Escute aqui! - Harry disse com urgência, seus joelhos cedendo sob o peso morto de Gina - Temos que ir embora! Se o basilisco chegar.

- P-por favor... pelo menos, deixe eu... levá-la... - Meredith falou entre soluços.

- Não, Meredith. E ele não virá até ser chamado. - Riddle disse calmamente. Harry depositou Gina outra vez no chão com a cabeça no colo de Meredith, incapaz de continuar a sustentá-la.

- Que quer dizer? Olhe me dê a minha varinha, posso precisar dela...

O sorriso de Riddle se alargou.

- Você não vai precisar dela.

Harry encarou-o.

- Que é que você quer dizer, não vou...?

- PARE! - Meredith gritou. Ela sabia... todos os sonhos tinham sido reais. E Tom sabia que Meredith ainda não conhecia toda a verdade.

- Esperei muito tempo por isto, Harry Potter. Por uma chance de vê-lo. De lhe falar.

- Olhe... - Harry disse perdendo a paciência - Acho que você não está entendendo. Estamos na Câmara Secreta. Podemos conversar depois...

- Vamos conversar agora. - Riddle disse ainda sorrindo, e guardando a varinha no bolso.

Harry o encarou. Ele percebeu que havia alguma coisa muito estranha acontecendo ali...

- Como foi que Gina ficou assim? - Meredith perguntou com a voz lenta.

- Bom, essa é uma pergunta interessante. - Riddle disse em um tom agradável -É uma história bastante comprida. Suponho que a razão de Gina Weasley estar assim é porque abriu o coração e contou todos os seus segredos para um estranho invisível.

- Do que é que você está falando?

- Do diário. Do meu diário. A pequena Gina anda escrevendo nele há meses, me contou suas tristes preocupações e mágoas, como os irmãos implicavam com ela, como teve que vir para a escola com vestes e livros de segunda mão, como... - os olhos de Riddle brilharam -... como achava que o bom, o famoso, o importante Harry Potter jamais iria gostar dela...

Todo o tempo que falava, os olhos de Riddle não desgrudavam do rosto de Harry. Havia neles uma expressão quase faminta.

- É claro que eu não teria conseguido sem a minha doce Meredith. - ele olhou profundamente nos olhos dela - E ela não tivesse aceitado a serpente, eu não teria conseguido a controlar. Descobri que você estava aqui, e mandei ela entregar meu diário para ter certeza. E quando você assinou seu nome da primeira vez... foi ótimo. Naquele dia eu cuidei para que você levasse o diário para Harry. Mas Gina fez questão de entregar e acabou escrevendo nele.

Roddle parecia sentir prazer em ver a agonia estampada no rosto de Meredith, a culpa por ter feito tais coisas, mesmo sem ter controle do próprio corpo.

- É muito chato ter que ouvir os probleminhas bobos de uma garota de onze anos. Mas fui paciente. Respondi. Fui simpático, gentil. Gina simplesmente me adorou. "Ninguém nunca me compreendeu como você... Tom... É uma alegria ter este diário para fazer confidências... É como ter um amigo portátil que se leva para todo lado no bolso..."

Riddle deu uma risada aguda e fria que não combinava com ele. Fez os cabelos na nuca de Harry se arrepiarem.

- Ainda que seja eu a dizer, Harry, sempre fui capaz de encantar as pessoas de quem precisei. Então Gina me revelou sua alma, e por acaso essa alma era exatamente o que eu queria... Fui ficando cada vez mais forte com a dieta dos seus medos mais arraigados e segredos mais íntimos. Fiquei poderoso, muito mais poderoso do que a pequena Srta. Weasley. Suficientemente poderoso para começar a alimentá-la com alguns dos meus segredos, e começar a instilar nela um pouco da minha alma, assim como fiz em Meredith, mas nosso caso é diferente...

- Do que é que você está falando? - Harry, que sentia boca muito seca, perguntou.

- Você ainda não adivinhou, Harry Potter? - Riddle disse baixinho - Meredith Riddle abriu a Câmara Secreta. E Gina Weasley estrangulou os galos da escola e escreveu mensagens ameaçadoras nas paredes. Mensagens que Meredith lhe disse dias antes dela escrever. Ela atiçou a serpente de Slytherin contra quatro sangues-ruins e a gata daquela aberração do Filch, e Meredith disse quais seriam.

- E-eu... não sabia... - Meredith falou com arrependimento na voz, mas Harry a olhava com desprezo.

- Não. - Harry sussurrou.

- Sim. - confirmou Riddle calmamente. - É claro que elas não sabia o que estava fazendo no inicio. Era muito divertido. Eu gostaria que você tivesse visto as anotações que a garota fez no diário depois... Ficaram muito mais interessantes... "Querido Tom" - ele recitou observando a expressão horrorizada de Harry - "Acho que estou perdendo a memória. Tem penas de galos nas minhas vestes e não sei como foram parar lá. Querido Tom, não me lembro do que fiz na noite das Bruxas, mas um gato foi atacado e a frente da minha roupa está suja de tinta. Querido Tom, Meredith passa mal constantemente antes dos ataques. Percy me diz o tempo todo que estou pálida e que estou diferente do que era... Acho que ele suspeita de mim... Houve outro ataque hoje e não sei onde é que eu estava. Querido Tom, Meredith pergunta quase todos os dias pra mim se eu estou bem. Ela diz que está preocupada comigo, mas ela não tem nenhum motivo para isso. Ela mal me conhece. Tom que é que eu vou fazer? Acho que estou ficando maluca... Acho que sou a pessoa que está atacando todo mundo, Tom!"

Os punhos de Harry se fecharam, as unhas se enterraram nas palmas das mãos.

- Levou muito tempo para a burrinha da Gina parar de confiar no diário. - Riddle continuou - Mas ela finalmente desconfiou e tentou jogá-lo fora. E foi aí que você entrou, Harry. Você o encontrou e eu não poderia ter me sentido mais satisfeito. Tive trabalho para fazer Meredith entregá-lo para você. Ela realmente resistiu muito ao meu controle. Mas eu consegui e de todas as pessoas que podiam tê-lo apanhado, foi você, exatamente a pessoa que eu estava mais ansioso para conhecer...

- E para que você queria me conhecer? - Harry perguntou. A raiva corria pelas veias dele, e precisou de muito esforço para manter a voz firme.

- Bem, veja, Gina me contou tudo sobre você, Harry. Toda a sua história fascinante. - os olhos de Riddle percorreram a cicatriz em forma de raio na testa de Harry e sua expressão se tornou mais voraz - Senti que precisava descobrir mais a seu respeito, conversar com você, conhecer você, se pudesse. Então, decidi lhe mostrar a minha famosa captura daquele bobalhão do Hagrid para ganhar sua confiança...

- Hagrid é meu amigo! - Harry disse a voz trêmula. - E foi você que o incriminou, não foi? Pensei que você tivesse se enganado, mas...

- Por que Hagrid? - Meredith perguntou com pesar na voz.

Riddle deu aquela risada aguda outra vez.

- Foi a minha palavra contra a de Hagrid, Harry. Bem, você pode imaginar o que pareceu ao velho Armando Dippet. De um lado, Tom Riddle, pobre, mas brilhante, órfão, mas muito corajoso, monitor, aluno modelo... Do outro lado, o trapalhão do Hagrid, que vivia se metendo em encrencas, tentava criar filhotes de lobisomens debaixo da cama, fugia para a Floresta Proibida para brigar com trasgos... Mas admito que até eu mesmo fiquei surpreso que o plano tivesse funcionado tão bem. Achei que alguém devia perceber que Hagrid não poderia ser o herdeiro de Slytherin. Eu gastei cinco anos inteiros para descobrir tudo que podia sobre a Câmara Secreta e encontrar a entrada... Como se Hagrid tivesse cabeça, ou poder para tanto! Só o professor de Transformações, Dumbledore, pareceu pensar que Hagrid era inocente. E convenceu Dippet a conservar Hagrid aqui e treiná-lo para guarda-caça. E, acho que ele talvez tivesse adivinhado... Dumbledore nunca pareceu gostar de mim tanto quanto os outros professores...

- Aposto que Dumbledore não se deixou enganar por você! - Meredith disse com raiva. Harry cerrou os dentes.

- Bem, não há dúvida de que ele ficou me vigiando de maneira incômoda depois que Hagrid foi expulso. - Riddle disse indiferente - Percebi que não seria seguro tornar a abrir a Câmara enquanto ainda estivesse na escola. Mas não ia desperdiçar os longos anos que passei procurando por ela. Resolvi deixar aqui um diário, preservando o meu eu de dezesseis anos em suas páginas, de modo que um dia, com sorte, eu pudesse conduzir alguém pelas minhas pegadas e terminar a nobre tarefa de Salazar Slytherin.

- Bem, você não a terminou! - Harry disse em tom de vitória. - Desta vez ninguém morreu, nem mesmo a gata.

- Dentro de algumas horas a Poção de Mandrágoras estará pronta e todos que foram petrificados voltarão à normalidade outra vez... - Meredith disse apoiando Harry.

- Acho que ainda não lhe disse... - Riddle falou em voz baixa -... que matar sangues ruins não me interessa mais. Há muitos meses agora, meu novo alvo tem sido... Você Harry. E Meredith se tornou uma ótima arma.

Harry o encarou.

- Imagine a raiva que tive quando na vez seguinte que alguém abriu o meu diário, era a Gina que estava me escrevendo e não você. Ela o viu com o diário, sabe, e entrou em pânico. E se você descobrisse como usá-lo, e eu repetisse todos os segredos dela para você? E se, o que seria pior, eu contasse a você quem tinha andado estrangulando os galos? Então a boba da pirralha esperou o seu dormitório ficar deserto e roubou o diário. Mas eu sabia o que precisava fazer. Tinha ficado claro para mim que você estava na pista do herdeiro de Slytherin. Por tudo que Gina tinha me contado, eu sabia que você não mediria esforços para solucionar o mistério, principalmente se um dos seus melhores amigos fosse atacado. E Gina tinha me contado que a escola inteira estava alvoroçada porque você sabia falar a língua das cobras... Enfim, fiz Gina escrever o bilhete de adeus na parede e descer aqui para esperar. Ela resistiu, chorou e ficou muito chateada. Mas não resta nela muita vida... Ela transferiu muita força para o diário, para mim. É claro que tive que contar com os maravilhosos dons de Meredith, já que ela pode sugar alem de vida, a magia e depois pode devolver para outra pessoa. Por meio dela consegui o suficiente para eu poder finalmente deixar aquelas páginas... Estive esperando você aparecer desde que chegamos aqui. Sabia que você viria. Tenho muitas perguntas a lhe fazer, Harry Potter.

- Por exemplo? - Harry disse com rispidez e com os punhos ainda fechados.

- Bem... - Riddle disse agradável -... como foi que você um garoto magricela, sem nenhum talento mágico excepcional, conseguiu derrotar o maior bruxo de todos os tempos? Como foi que você escapou apenas com uma cicatriz, enquanto os poderes do Lord Voldemort foram destruídos?

Surgia agora em seus olhos vorazes um brilho estranho e avermelhado.

- Que lhe interessa como escapei? - Harry perguntou lentamente - Voldemort foi depois do seu tempo...

- Voldemort... - Riddle disse com indulgência -... é o meu passado, presente e futuro, Harry Potter...

E, tirando a varinha de Harry do bolso, ele escreveu no ar três palavras cintilantes:

TOM MARVOLO RIDDLE

Em seguida, agitou a varinha uma vez e as letras do seu nome se rearrumaram:

EU SOU LORD VOLDEMORT

- Entenderam? Era um nome que eu já estava usando em Hogwarts, só para os meus amigos mais íntimos, é claro. Você acha que eu ia usar o nome nojento do meu pai trouxa para sempre? Eu, em cujas veias corre o sangue do próprio Salazar Slytherin, pelo lado de minha mãe? Eu, conservar o nome de um trouxa sujo e comum, que me abandonou mesmo antes de eu nascer, só porque descobriu que minha mãe era bruxa? Não, Harry, criei para mim um nome novo, um nome que eu sabia que os bruxos de todo o mundo um dia teriam medo de pronunciar, quando eu me tornasse o maior bruxo do mundo. E é claro que escolhi bem a mulher com quem decidi ter meus descendente. Sabia que uma hora ia precisar de sangue do meu sangue, e Lucy era só uma garota, boba como Gina, que eu tive o prazer de encantar. Ela tinha sangue puro, um sangue mais puro do que de muitos bruxos de famílias inteiramente bruxas, já que jamais nenhum trouxa tinha sido aceito em sua família. E é obvio qual de meus filhos herdou todo o meu poder, não é Meredith...?

O cérebro de Harry parecia ter enguiçado. Chocado, ele fixava Riddle, o garoto órfão que crescera para assassinar seus pais e tantos outros...

- O que? - Meredith disse aterrorizada.

- Não finja que não entendeu. Você soube no momento em que disse que me chamava Tom. E como eu abriria a câmara sem um descendente de Salazar Slytherin? Devo admitir, que fiquei maravilhado com o seu dom. - ele falava com um ar megalomaníaco - é uma espécie de... beijo da vida... Acredite, eu tentei te encontrar, mas sua maldita mãe te escondeu. Minha magia foi cancelada quando ela estava esperando você, e então ela acabou vendo a verdade.

- Você... matou ela? - as lágrimas rolaram copiosamente - Você me condenou a viver com os malditos MacWisth? Me obrigou a sofrer...? - Meredith sentiu um ódio indescritível naquele momento - Você não é meu pai. Você não é nada! Eu te renego ate o dia em que eu morrer e renego depois! - Meredith gritou furiosa.

- Não é! - Harry disse com a voz baixa e cheia de ódio.

- Não é o quê? - perguntou Riddle com rispidez.

- Não é o maior bruxo do mundo. - Harry disse respirando depressa. - Desculpe desapontá-lo, e tudo o mais, mas o maior bruxo do mundo é Alvo Dumbledore. Todos dizem isso. Mesmo quando você era poderoso, você não se atreveu a tentar dominar Hogwarts. Dumbledore viu através de você quando freqüentou a escola e ainda o amedronta hoje, onde quer que você se esconda...

O sorriso desaparecera da cara de Riddle, substituído por um olhar muito sinistro.

- Dumbledore foi afastado do castelo meramente pela minha lembrança - sibilou.

- Ele não está tão afastado quanto você poderia pensar! - Harry retrucou - Ele nunca faria o que você fez com a Meredith! Nem com a Gina! Ele é muito mais forte que você, e sem precisar usar os outros. - Harry parecia realmente acreditar em suas palavras. Isso ascendeu uma centelha de esperança em Meredith. Dumbledore estaria ali enquanto houvesse que acreditasse nisso, foi o que ele disse na cabana de Hagrid. E se fosse assim, Dumbledore iria salvá-los.

Riddle abriu a boca, mas congelou.

Ouviram uma música vinda de algum lugar. Riddle se virou para percorrer com os olhos a câmara vazia. A música se tornava cada vez mais alta.

Era misteriosa, de dar arrepios, sobrenatural. Fez Meredith sentir calafrios, e ficou tão alta que Meredith podia sentir seu corpo vibra com ela. Chamas irromperam no alto da coluna mais próxima, vorazes e furiosas.

Um pássaro vermelho do tamanho de um cisne apareceu, cantando aquela música esquisita para a abóbada do teto. Tinha uma cauda dourada e faiscante, comprida, e garras douradas e reluzentes que seguravam um embrulho esfarrapado.

Um segundo depois, o pássaro voava direto para Harry. Deixou cair no chão o embrulho que carregava, depois pousou pesadamente em seu ombro. Quando fechou as asas enormes, era possível ver que ele tinha um bico dourado, longo e afiado e olhos redondos e escuros.

O pássaro parou de cantar. Sentou-se imóvel e cálido junto à bochecha de Harry, olhando com firmeza para Riddle. Meredith pegou o embrulho e jogou, e ele cai aos pés de Harry.

- É uma fênix... - Riddle disse encarando-o de volta com um olhar astuto.

- Fawkes? - Meredith disse em um grito cheio de esperança.

- E isso... - Riddle disse agora examinando o embrulho esfarrapado que Fawkes deixara cair -... seria o velho Chapéu Seletor...

E era. Remendado, esfiapado, sujo, o chapéu jazia imóvel aos pés de Harry.

Riddle começou a rir outra vez. Riu tanto que a Câmara ecoou com o seu riso, como se dez Riddles estivessem rindo ao mesmo tempo...

- Isto é o que Dumbledore manda ao seu defensor! Um pássaro dourado e um velho chapéu! Você se sente cheio de coragem, Harry Potter? Se sente seguro agora?

Harry não respondeu. Talvez não entendesse qual era a utilidade de Fawkes ou do Chapéu Seletor, mas já não estava sozinho e esperou com crescente coragem Riddle parar de rir.

- Aos negócios, Harry! - Riddle falou ainda com um largo sorriso - Duas vezes, no seu passado, ou no meu futuro, nós nos encontramos. E duas vezes não consegui matá-lo. Como foi que você sobreviveu? Conte-me tudo. Quanto mais tempo falar... - acrescentou brandamente -... mais tempo continuara vivo.

Meredith avaliou aflita a situação. Riddle tinha a varinha. Harry, tinha Fawkes e o Chapéu Seletor, nenhum dos quais adiantaria muito em um duelo. A situação parecia ruim, não havia dúvida... Mas quanto mais tempo Riddle ficasse ali, mais depressa a vida de Gina se esgotava... Os contornos de Riddle ficavam cada vez mais sólidos. Meredith resolveu se arrastar aos poucos para perto de Harry já que estava a três passos de distancia e tinha uma varinha.

- Ninguém sabe por que você perdeu seus poderes ao me atacar. - Harry disse e surpreendeu Riddle - Nem mesmo eu sei. Mas sei por que você não pôde me matar. Foi porque minha mãe morreu para me salvar. Minha mãe trouxa e comum. - acrescentou com um tom de raiva reprimida na voz - Ela impediu você de me matar. E eu vi o seu eu verdadeiro. Vi no ano passado. Você está uma ruína. Mal se mantém vivo. Foi isso que você ganhou com todo o seu poder. Você vive escondido. Você é feio, você é nojento...

O rosto de Riddle se contorceu. Então ele deu um horrível sorriso amarelo.

- Então, sua mãe morreu para salvar você. É, isso é um contra-feitiço poderoso. Estou entendendo agora... Afinal de contas você não tem nada especial. Assim como não havia em Lucy. Há uma estranha semelhança entre nós. Até você deve ter notado. Nós dois somos mestiços, órfãos, criados por trouxas. Meredith acabou sendo criada também. Provavelmente, desde o grande Slytherin, somos os três falantes da língua das cobras a freqüentar Hogwarts. Pelo menos Meredith é sangue-puro e diferente de você, ela tem poder. No fim até nos parecemos fisicamente... Mas no final, foi um simples acaso que salvou você de mim. Era só o que eu queria saber.

Os dois esperaram tenso que Riddle erguesse a varinha. Mas o sorriso enviesado de Riddle voltou a se alargar.

- Agora, Harry, vou lhe dar uma liçãozinha. Vamos medir os poderes do Lord Voldemort, herdeiro de Slytherin, com os do famoso Harry Potter, e as melhores armas que Dumbledore pôde lhe dar...

Ele lançou um olhar divertido a Fawkes e ao Chapéu Seletor, em seguida se afastou.

Harry, o medo se espalhando pelas pernas dormentes, observou Riddle parar entre as altas colunas e olhar para o rosto de pedra de Slytherin, muito acima dele na obscuridade.

Riddle abriu bem a boca e sibilou, mas eles entenderam o que ele estava dizendo...

- Fale comigo, Slytberin, o maior dos Quatro de Hogwarts.

O gigantesco rosto de pedra de Slytherin se mexeu. Aterrorizado, Harry viu sua boca abrir, cada vez mais, e formar um enorme buraco negro.

E alguma coisa estava se mexendo dentro da boca da estátua. Alguma coisa começava a escorregar para fora de suas profundezas.

Harry recuou até bater na escura parede da Câmara. Estava desesperado. Meredith apenas observou tudo.

Algo descomunal bateu no piso de pedra da Câmara. Sentiram o chão tremer levemente.Ela algo descomunal. Então se ouviu a voz sibilante de Riddle:

- Mata ele.

O basilisco estava vindo em sua direção. Com os olhos ainda fechados, Harry começou a correr as cegas para os lados, as mãos estendidas à frente, tateando o caminho, Voldemort dava risadas...

Harry tropeçou. Caiu com força no chão e a cobra estava a uma pequena distância

Logo acima dele houve um som alto.

A enorme cobra, de um verde luzidio e venenoso, grossa como um tronco de carvalho, erguia-se no ar e sua enorme cabeça balançava bêbeda entre as colunas. Fawkes sobrevoava sua cabeça e o basilisco tentava abocanhá-la, furioso, com as presas finas como sabres...

Fawkes mergulhou. Seu longo bico dourado desapareceu de vista e uma chuva repentina de sangue escuro salpicou o chão. O rabo da cobra chicoteou, errando Harry por pouco e, antes que o garoto pudesse fechar os olhos, ela se virou e encarou Harry com os dois olhos perfurados.

- NÃO! - Harry ouviu Riddle gritar. - DEIXE O PÁSSARO! DEIXE O PÁSSARO! O GAROTO ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ! VOCÊ AINDA PODE FAREJÁ-LO! MATE-O!

- Pare. Volte para seu sono! - Meredith sibilou para o basilisco que parecia confuso.

- Você não vai fazer isso! - Riddle a pegou pelos cabelos loiros e tampou a boca de Meredith com a mão. Ele a segurou com força para evitar que Meredith se intrometesse.

A cobra cega balançou, confusa, ainda letal. Fawkes descrevia círculos em volta de sua cabeça, cantando aquela música estranha, atacando aqui e ali o nariz escamoso da cobra, enquanto o sangue jorrava dos seus olhos destruídos.

- Me ajudem, me ajudem. - Harry murmurou -, alguém, qualquer um... - Meredith deu um grito abafado pela mão de Riddle.

O rabo da cobra voltou a chicotear o chão. Harry se abaixou.

O basilisco varreu o Chapéu Seletor para os braços de Harry. Ele o agarrou. Era só o que lhe restava, sua única chance. O enfiou na cabeça e se atirou ao comprido no chão quando o rabo do basilisco tornou a golpear passando por cima dele.

Harry fechou os olhos desesperado.

Nada. Mas repentinamente algo parecia ter batido em sua cabeça, e ele agarrou a ponta do chapéu com firmeza para tirá-lo. Uma refulgente espada de prata apareceu dentro do chapéu, o punho cravejado de rubis rutilantes do tamanho de ovos.

- MATE O GAROTO! DEIXE O PÁSSARO! O GAROTO ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ!FAREJE, FAREJE!

Harry estava de pé, pronto. A cabeça do basilisco foi baixando, o corpo se enroscando, batendo nas colunas ao se torcer para atacá-lo de frente. Meredith viu o corpo imenso, as órbitas ensangüentadas, a boca escancarada, grande suficiente para engolir Harry inteiro, cheia de dentes compridos como a sua espada, pontiagudos, faiscantes, venenosos...

- NÃO! ESTÁ NA DIREITA! - Meredith gritou se desvencilhando da mão de Riddle. Deu-lhe um pisão no pé e saiu correndo.

A cobra atacou às cegas, confusa com tantas ordens... Harry a evitou e bateu na parede da Câmara. Ela atacou de novo, e sua língua bifurcada golpeou o lado de Harry. Ele ergueu a espada com as duas mãos...

O basilisco tornou a atacar, e desta vez na direção certa... Harry pôs todo o seu peso na espada e enfiou-o até a bainha no céu da boca da cobra...

- Estupefaça! - Meredith gritou enfeitiçando Riddle. Ele foi jogado a uma certa distancia.

- Ah! - Harry gritou atingido pela serpente.

Harry escorregou pela parede. Agarrou a presa que espalhava veneno pelo seu corpo e arrancou-a do braço. Era tarde demais. Meredith pegou o diário que estava próximo a Gina e correu para perto de Harry.

- Fawkes... - ele disse com a voz enrolada. - Você foi fantástico, Fawkes...

Meredith olhava Harry desesperada.

- Não ouse morrer! - ela falou com os olhos novamente marejados - Não...

Meredith não pode terminar a frase. Sentiu um frio agonizante atravessando o peito, e logo veio a dor. Ela pode ver uma ponta, vermelho escuro saindo de seu peito. Uma ponta de algo como... um punhal.

- Você está morto, Harry Potter. - ouviram a voz de Riddle do alto - Morto. Até o pássaro de Dumbledore sabe disso. Você está vendo o que ele está fazendo, Potter? Está chorando. - ele puxou o punhal que fez um barulho metálico e Meredith soltou um barulho baixo de dor - Prefiro você morta, do que não te ter ao meu lado. Não posso deixar seu poder ser usado por qualquer sangue-ruim que queira tentar me derrotar. Se você sobreviver, o que eu tenho certeza que não vai acontecer, eu lhe darei outra chance de ser fiel a mim.

Meredith piscou os olhos. O mundo saia de foco. Mas Meredith sentia os respingos do choro da fênix.

- Vou me sentar aqui e apreciar você morrer, Harry Potter. Pode demorar à vontade. Não tenho pressa. Meredith... só uma coisa, se você não morrer pelo ferimento, este punhal tem um veneno, não tão potente quanto o do basilisco, mas ele vai te matar dolorosamente. Desculpe minha filha, mas não posso arriscar o meu futuro.

Meredith se sentiu zonza. Tudo à sua volta parecia estar girando. Pode por um segundo perceber que Harry estava prestes a dormir e morrer.

- Assim termina o famoso Harry Potter! - disse a voz distante de Riddle - Sozinho na Câmara Secreta, com uma traidora, abandonado pelos amigos, finalmente derrotado pelo Lord das Trevas que ele tão insensatamente desafiou. Não conseguiu salvar sua fã ridícula, nem a sua “amiguinha” traidora da Sonserina.Você vai voltar para a sua querida mãe de sangue-ruim em breve, Harry... Ela comprou para você mais doze anos de vida... Mas Lord Voldemort acabou por vencê-lo, como você sabia que ele faria...

Meredith via tudo com dificuldade, mas Harry parecia estar se recuperando. Fawkes havia pousado próxima a Harry e agora chorava sobre seu braço.

- Afaste-se dele, pássaro - a voz de Riddle disse inesperadamente - Afaste-se dele, eu falei, afaste-se...

Harry levantou a cabeça. Riddle estava apontando a varinha de Harry para Fawkes. Meredith se preocupou. Seria realmente o fim? Tinham ido até ali por nada? Se pelo menos Harry ou Gina sobrevivessem teria tido qualquer sentido se arriscar. Ouviram um estampido como o de um revólver e Fawkes levantou vôo outra vez num redemoinho dourado e vermelho.

- Lágrimas de fênix... - Riddle disse baixinho olhando o braço de Harry - É claro... Poderes curativos... Me esqueci...

Ele olhou para o rosto de Harry.

- Mas não faz diferença. Na realidade, prefiro assim. Só você e eu, Harry Potter... Você e eu...

E ergueu a varinha...

Então, Meredith que estava apoiada na parede com uma mão e com a oura segurava ferimento, tirou a mão de cima de seu corte e com suas poucas forças jogou o diário para Harry, mas ele caiu no chão.

Por uma fração de segundo, Harry e Riddle, com a varinha ainda erguida, olharam para o diário. Então, sem pensar, sem raciocinar, como se tivesse pretendido fazer isso o tempo todo, Harry agarrou a presa do basilisco no chão ao lado dele e enterrou-a direto no centro do livro.

Um grito longo e cortante. Um rio de tinta jorrou do diário, escorreu pelas mãos de Harry, inundou o chão. Riddle se contorcia, gritando e se debatendo e então...

Desapareceu. A varinha de Harry caiu no chão e em seguida o silêncio. Silêncio, exceto pelo pinga-pinga da tinta que ainda escorria do diário, ou de Meredith que tinha escorregado pela parede deixando uma mancha de sangue vermelho vivo. A presa venenosa do basilisco abiu um buraco no livro.

O corpo inteiro tremendo, Harry se levantou. Lentamente, recolheu a varinha e o Chapéu Seletor e, com um violento puxão, retirou a espada faiscante do céu da boca do basilisco.

- Vá ver a Gina... - Meredith falou - Se me tirar daqui agora posso acabar morrendo tentando chegar nela.

Então chegou aos seus ouvidos um gemido fraco lá do fundo da Câmara. Gina estava se mexendo. Enquanto Harry corria para a garota, ela se sentou. Seus olhos espantados ziguezaguearam do enorme vulto do basilisco morto para Harry, com as vestes encharcadas de sangue, e daí para o diário em sua mão. Ela inspirou profundamente, estremecendo, e as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto.

- Harry, ah, Harry, eu tentei lhe contar no café, mas não pude contar na frente do Percy... Fui eu, Harry... Mas... j-juro que não tive intenção... Riddle me obrigou, ele me levou até lá... E... Como foi que você matou aquele... Aquela coisa? Onde está Riddle? A última coisa que me lembro é dele saindo do diário.

- Tudo bem. - Harry disse levantando o diário e mostrando à Gina o furo feito pela presa - O feitiço de Riddle acabou. Olhe! Ele e o basilisco. Anda Gina, vamos dar o fora daqui!

- Vou ser expulsa! - Gina choramingou enquanto Harry a ajudava, desajeitado, a ficar em pé - Sonhei em vir para Hogwarts desde que G-Gui veio e ag-gora vou ter que sair e... q-que-que papai e mamãe vão dizer?

Fawkes estava à espera deles, sobrevoando a entrada da Câmara. Harry insitava Gina a avançar. Os dois saltaram por cima das voltas inertes do basilisco morto.

- Ei! Será que alguém pode me ajudar? - Meredith falou com a voz fraca e rouca e depois riu desdenhosa - É... se eu morrer eu te mato Potter.

- Meredith! - Gina soltou um grito. Tirou o casaco e amarrou ao peito de Meredith para estancar o sangramento.

- Minha blusa era branca... era... - ela reclamou.

Gina e Harry apoiaram Meredith que andava devagar e eles atravessaram a penumbra cheia de ecos e voltaram ao túnel. Ouviram as portas de pedra se fecharem às suas costas.

Depois de caminharem alguns minutos pelo túnel escuro, ouviram o som distante de pedras que se deslocavam lentamente.

- Rony! - ele berrou se apressando - Gina está bem! Está comigo!

Ouviram Rony soltar um viva sufocado e, ao virarem a curva seguinte viram uma boa brecha, o suficiente para passarem.

- Gina!- Rony enfiou um braço pelo buraco para puxá-la primeiro. - Você está viva! Não acredito! Que aconteceu! Como... Que... De onde veio o pássaro?

Fawkes mergulhou no buraco atrás de Gina.

- É do Dumbledore. - respondeu Harry respondeu lá de dentro jogando a espada pelo buraco.

- Onde arranjou uma espada? - Rony disse boquiaberto ao ver a arma.

- Explico quando sairmos daqui. Agora temos problemas maiores.

- Mas...

- Mais tarde. - Harry ajudou Meredith a passar pelo buraco.

- Oi Rony. Onde anda Lockhart? - ela falou com a voz fraca.

- Lá atrás. Você tá bem? - ele parecia surpreso e preocupado com o ferimento.

- O suficiente para sairmos daqui. - ela se levantou do chão com a ajuda de Gina enquanto Rony ajudava Harry a passar pelo buraco. - E o Lockhart?

- Está bem ruinzinho. Venha ver.

Guiados por Fawkes, cujas penas vermelhas produziam uma luminosidade dourada no escuro, eles caminharam de volta à boca do cano.

Gilderoy Lockhart estava sentado, cantarolando tranqüilamente para si mesmo.

- A memória dele desapareceu. - Rony disse - O Feitiço da Memória saiu pela culatra. Atingiu ele em vez de nós. Ele não tem a menor idéia de quem é, onde está ou de quem somos. Eu o mandei vir esperar aqui. É um perigo para ele mesmo.

Lockhart mirou os garotos, bem-humorado.

- Alô! - ele disse - Lugar esquisito, esse, não acham? Vocês moram aqui?

- Não - Rony respondeu erguendo as sobrancelhas.

Harry se abaixou e espiou para dentro do cano longo e escuro.

- Você já pensou como é que vamos subir por isso para voltar? - Meredith perguntou com a voz tremida de dor.

Rony sacudiu a cabeça, mas Fawkes, a fênix, passou por eles e agora esvoaçava à sua frente, seus olhos de contas brilhando no escuro. Ela acenava com as compridas penas douradas da cauda. Harry olhou-a hesitante.

- Parece que ela quer que você a agarre... - Rony disse com um olhar perplexo - Mas você é pesado demais para um pássaro arrastá-lo por ali...

- Fawkes não é um pássaro comum. - Harry se virou depressa para os outros. - Temos que nos segurar uns nos outros. Gina, agarre a mão de Rony. Prof. Lockhart...

- Ele está se referindo ao senhor - Rony disse rispidamente a Lockhart.

- Segure a outra mão de Gina... Meredith fique segurando nas costas, se você não agüentar a dor e acabar se soltando, nós damos um jeito de te pegar.

Assim todos se seguraram, Meredith ao torso do pássaro entrelaçando suas mãos ao pescoço dele e Harry segurou firmemente em sua cauda.

Uma leveza extraordinária pareceu se espalhar por todo o seu corpo e, no segundo seguinte, o grupo voava pelo cano em meio a um farfalhar de asas. Ouviram Lockhart, pendurado atrás dele, exclamar: "Incrível! Incrível! Isso parece magia!" O ar frio fazia os cabelos de todos se agitarem e, antes que estivessem enjoado da viagem, ela terminou. Os cinco bateram no chão molhado do banheiro da Murta Que Geme, e enquanto Lockhart endireitava o chapéu, a pia que escondera o cano voltou a se encaixar suavemente no lugar.

Murta arregalou os olhos para Harry.

- Você está vivo! - ela exclamou desconcertada - E você... - ela falou frustrada para Meredith.

- Não precisa parecer tão desapontada. - Harry disse sério, limpando os salpicos de sangue e o limo dos óculos. Meredith já estava novamente encostada em uma parede, sentindo a dor do veneno se espalhar, mas agora a ajuda já estava próxima.

- Ah, bem... Andei pensando... Se você tivesse morrido, seria bem-vindo a dividir o meu boxe... - a Murta disse com o rosto tingindo-se de prateado. Ela se virou e viu Meredith quieta e manchada de sangue.

Surpreendentemente, a Murta se aproximou dela e disse:

- Tome isso... vai desfazer o veneno. - ela estendeu a mão e abriu, e Meredith viu um pequeno frasquinho amarelo escuro. - Abra a boca. - Meredith abriu e a Murta despejou as poucas gotinhas do frasco na boca da garota.

- Arre! - Rony exclamou ao saírem do banheiro para o corredor escuro e deserto - Harry! Acho que Murta está gostando de você! Gina você ganhou uma concorrente!

Mas as lágrimas continuavam a escorrer silenciosamente pelo rosto de Gina.

- Onde agora? - perguntou Rony, lançando um olhar ansioso a Gina que auxiliava Meredith.

- Pra enfermaria? - Meredith resmungou - Eu fui esfaqueada droga! - mas o ferimento já se curava.

Harry apontou.

Fawkes tomou a frente, refulgindo ouro pelo corredor. Eles o seguiram e momentos depois se encontravam à porta da sala da Prof. McGonagall.

- Vamos resolver isso... Mesmo eu estando assim quero ver! - Meredith falou mais animada para Gina. Ela realmente tinha aprendido a se controlar quando o assunto era dor, já que a Sra. MacWisth batina nela constantemente.

Harry bateu e empurrou a porta, a abrindo.


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