Harry Potter e o segredo de Slytherin escrita por Absolem the oracle


Capítulo 12
Capítulo 11 - Uma nova vitima




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Meredith acordou no dia seguinte realmente atordoada. Novamente teve um estranho sonho com um garoto que usava o uniforme da Sonserina. Estava mais preocupada com tudo o que estava acontecendo e agora com um longo trabalho em um pergaminho de dois metros e meio. Ela faria o dela e o de Pansy. Já entediada de fazer o trabalho foi tomar café da manha deixando o trabalho pronto de Pansy sobre a cama dela e o próprio perdido em algum canto do armário.

Voou para o banheiro feminino no terceiro andar logo depois do café da manhã. Resolveu não comentar nada sobre ter ficado na enfermaria. Não sabia se isso poderia colocar Harry em maus lençóis, e no momento o principal era combater a coisa que estava fazendo tudo aquilo, afinal, ela era sangue ruim.

- Sou eu. - Harry disse entrando e fechando a porta atrás de si.

- Harry Você nos deu um baita susto, entre, como está o seu braço? - Hermione abriu a porta do boxe.

- Ótimo! - respondeu Harry espremendo-se dentro do boxe. Havia um velho caldeirão encarrapitado em cima do vaso e uma série de estalos informaram a Harry que os amigos tinham acendido um fogo embaixo. Conjurar fogos portáteis, à prova de água, era uma especialidade de Hermione.

- Pretendíamos ir ao seu encontro, mas decidimos começar a Poção Polissuco. - Rony enquanto Harry, com dificuldade, tornava a trancar o boxe.

- Decidimos que este era o lugar mais seguro para escondê-la. - Meredith disse mechendo o caldeirão com uma colher de madeira.

Harry começou a contar aos dois o que acontecera com Colin, mas Hermione o interrompeu.

- Já sabemos, ouvimos a Prof. McGonagall contar ao Prof. Flitwick hoje de manhã. E foi por isso que decidimos começar...

- Quanto mais cedo a gente obtiver uma confissão de Draco, melhor . - Rony rosnou - Sabem o que é que eu penso? Ele estava tão furioso depois do jogo de Quadribol, que descontou no Colin.

- Eu não acho... - Meredith murmurou.

- Mas há outra coisa. - Harry observando Hermione picar feixes de sanguinárias e jogá-los na poção enquanto Meredith mexia vagarosamente.

- Você vai contar? - Meredith perguntou surpresa.

- Dobby veio me visitar no meio da noite.

Rony e Hermione ergueram a cabeça, espantados enquanto Meredith se concentrava na poção. Harry contou tudo que Dobby disse, ou deixou de contar a ele. Mas não falou nada sobre Meredith.

Os dois escutaram boquiabertos.

- A Câmara Secreta já foi aberta antes? - exclamou Hermione.

- Isso esclarece tudo - Rony disse em tom triunfante - Lúcio Malfoy deve ter aberto a Câmara quando esteve aqui na escola e agora ensinou ao nosso querido Draco como fazer o mesmo. É óbvio. Mas eu bem gostaria que Dobby tivesse lhe dito que tipo de monstro tem lá dentro. Quero saber como é que ninguém reparou nele rondando a escola.

- Talvez ele consiga ficar invisível - Hermione disse empurrando as sanguessugas para o fundo do caldeirão - Ou talvez possa se disfarçar, fingir que é uma armadura ou uma coisa qualquer, já li a respeito de vampiros-camaleôes...

- Hum... - Meredith resmungou - Você lê demais Hermione. - Meredith disse mechendo incessantemente o caldeirão enquanto Rony despeja os hemeróbios mortos por cima das sanguessugas.

Amassou o saco vazio e olhou para Harry.

- Então o Dobby impediu a gente de pegar o trem e quebrou o seu braço... - ele abanou a cabeça - Sabe de uma coisa, Harry? Se ele não parar de tentar salvar a sua vida vai acabar matando você.

- Também acho. - Meredith disse baixinho. Tinha um péssimo pressentimento aqueles dias.

A noticia de que Colin Creevey fora atacado e agora se achava deitado como morto na ala hospitalar espalhou-se pela escola inteira até a manhã de domingo. A atmosfera se carregou de boatos e suspeitas. Os alunos do primeiro ano agora andavam pelo castelo em grupos unidos, como se tivessem medo de ser atacados, caso se aventurassem a andar sozinhos.

Gina Weasley, que se sentava ao lado de Colin Creevey na aula de Feitiços, parecia atormentada, mas Harry e Rony acharam que era porque Fred e Jorge estavam tentando animá-la do jeito errado. Revezavam para assaltá-la pelas costas, cheios de pêlos e pústulas. Só pararam quando Percy, apoplético, ameaçou escrever a Sra. Weasley e contar que Gina estava tendo pesadelos. Sempre que Gina e Meredith se encontravam era quase inevitável que se olhassem nos olhos como se estivessem hipnotizadas uma com a outra. Mas Meredith sempre desviava o olhar para o chão depois de alguns segundos.

Nesse meio tempo, escondido dos professores, assolava a escola um próspero comércio de talismãs, amuletos e outras mandingas protetoras. Neville Longbottom já comprara um cebolão verde e malcheiroso, um cristal pontiagudo e púrpura e um rabo podre de lagarto, quando os outros alunos da Grifinória lhe lembraram que ele não corria perigo; era puro sangue e, portanto, uma vítima pouco provável.

- Eles foram atrás de Filch primeiro, - Neville disse seu rosto redondo cheio de medo. - E todo mundo sabe que sou quase uma aberração.

Na segunda semana de dezembro a Prof. McGonagall veio, como sempre fazia, anotar os nomes dos alunos que continuariam na escola durante as festas de Natal. Harry, Rony e Hermione assinaram a lista. Meredith tinha seu nome lá automaticamente, e foi assinado por Snape. Ouviram dizer que Draco ia ficar também, o que acharam muito suspeito. As festas seriam o momento perfeito para usar a Poção Polissuco e tentar extrair do garoto uma confissão.

Infelizmente a poção ainda estava na metade. Precisavam do chifre de bicórnio e da pele de ararambóia, e o único lugar onde poderiam obtê-los era no estoque particular de Snape. Pessoalmente Harry achava que era preferível encarar o monstro lendário da Sonserina a deixar Snape apanhá-lo assaltando sua sala.

- O que precisamos. - disse Hermione, eficiente, quando se aproximava a aula dupla de Poções na quinta-feira à tarde - É de uma distração. Então um de nós pode entrar escondido na sala de Snape e tirar o que for preciso.

Harry e Rony olharam para ela, nervosos.

- Acho que é melhor eu fazer o roubo propriamente dito. - continuou Hermione num tom trivial. - Vocês dois vão ser expulsos caso se metam em mais uma encrenca, mas eu tenho a ficha limpa. Então só o que têm a fazer é causar bastante confusão para distrair Snape por uns cinco minutos.

Meredith conseguiu uma cópia da chave de Snape, já que ela tinha passe livre para a sala do professor. Harry deu um leve sorriso. Provocar confusão na aula de Poções de Snape era quase tão seguro quando espetar o olho de um dragão adormecido.

A aula de Poções era dada em uma das masmorras maiores. A de quinta-feira à tarde transcorreu como sempre. Vinte caldeirões fumegavam entre as carteiras de madeira, sobre as quais havia balanças e frascos de ingredientes. Snape andava por entre os vapores, fazendo comentários mordazes sobre o trabalho dos alunos da Grifinória, enquanto os da Sonserina davam risadinhas de aprovação. Draco Malfoy, que era o aluno favorito de Snape, não parava de mostrar olhos de peixe baiacu para Rony e Harry, que sabiam que se revidassem receberiam uma detenção mais rápido do que conseguiriam dizer "injustiça".

Snape reclamou com Harry sobre sua poção para inchar estar muito rala, mas ele estava ocupado demais para se importar. Todos esperavam o sinal de Hermione. Quando Snape deu as costas para implicar com Neville, Hermione olhou para Harry e fez um aceno com a cabeça.

Harry se abaixou depressa por trás do próprio caldeirão, tirou do bolso um dos fogos Filibusteiro de Fred e deu-lhe um leve toque com a varinha. O fogo começou a borbulhar e a queimar. Sabendo que só dispunha de segundos, Harry se levantou, mirou e atirou o fogo no ar; ele caiu dentro do caldeirão de Goyle.

Meredith automaticamente “sem querer” conseguiu atirar seu caldeirão no chão, fazendo sua poção derramar sobre a bancada e agora começar a inunda o chão. Meredith deu um pulo se afastando a tempo.

A poção de Goyle explodiu, chovendo sobre a classe inteira. Os alunos gritaram quando os borrifos da Solução para Fazer Inchar caiu neles. Draco ficou com a cara coberta de poção e seu nariz começou a inchar como um balão, Goyle saiu esbarrando nas coisas, as mãos cobrindo os olhos, que tinham inchado até atingir o tamanho de um prato. Snape tentava restaurar a calma e descobrir o que estava acontecendo. Na confusão, Harry viu Hermione entrar discretamente na sala do professor.

- Silêncio! SILÊNCIO! - Snape rugiu - Os que receberam borrifos, venham aqui tomar uma Poção para Fazer Desinchar, quando eu descobrir quem foi o autor disso...

Harry procurou não rir ao ver Draco correr para frente da sala, a cabeça pendurada por causa do peso de um nariz do tamanho de um melão. Enquanto metade da classe se arrastava até a mesa de Snape, alguns sobrecarregados com braços grossos como bastões, outros com os lábios tão inchados que não conseguiam falar, Meredith viu Hermione tornar a entrar, sorrateiramente, na masmorra, com a frente das vestes estufadas.

Depois que todos tomaram uma dose do antídoto e seus inchaços murcharam, Snape foi até o caldeirão de Goyle e pescou os restos retorcidos e negros do fogo de artifício. Fez-se um silêncio repentino.

- Se eu um dia descobrir quem jogou isso... - Snape sussurrou - ... vou garantir que esse aluno seja expulso.

Harry tomou o cuidado de fazer cara de espanto. Snape olhava diretamente para ele, e o sinal que tocou dez minutos depois não poderia ter sido mais bem-vinda.

- Ele sabia que fui eu. - Harry disse enquanto corriam para o banheiro da Murta Que Geme. - Eu senti.

- Eu percebi... - Meredith disse em meio a uma risada.

Hermione jogou os novos ingredientes no caldeirão e começou a misturá-los febrilmente.

- Vai ficar pronto daqui a duas semanas! - ela anunciou alegremente.

- Snape não pode provar que foi você! - Rony disse tranqüilizando Harry. - Que é que ele pode fazer?

- Conhecendo Snape, uma maldade... - Harry disse enquanto a poção espumava e borbulhava.

- Qualquer coisa, diga que fui eu. Ele não vai me expulsar... Dumbledore não deixa! Vai dizer que ele foi incompetente então duvido que ele vá falar algo.

Uma semana mais tarde, Harry, Rony, Hermione, Meredith e Queen iam atravessando o saguão de entrada quando viram uma pequena aglomeração em torno do quadro de avisos, os alunos liam um pergaminho que acabara de ser afixado. Simas Finnigan e Dino Thomas fizeram sinal para eles se aproximarem, com ar ansioso.

- Vão reabrir o Clube dos Duelos! - Simas disse - A primeira reunião é hoje à noite! Eu não me importaria de tomar aulas de duelo poderiam vir a calhar um dia desses...

- Quê, você acha que o monstro da Sonserina sabe duelar? - Rony perguntou mas também leu o aviso com interesse.

- Poderia vir a calhar... - disse aos outros quando entraram para jantar. - Vamos?

Harry e Hermione foram a favor do clube, Meredith nada disse e Queen afirmou que só iria para assistir. Assim, às oito horas daquela noite os cinco voltaram correndo para o Salão Principal. As longas mesas de jantar tinham desaparecido e surgira um palco dourado encostado a uma parede, cuja iluminação era produzida por milhares de velas que flutuavam no alto. O teto voltara a ser um veludo negro, e a maior parte da escola parecia estar reunida sob ele, as varinhas na mão e as caras animadas.

- Quem será que vai ser o professor? - Hermione disse enquanto se reuniam aos alunos que tagarelavam sem parar - Alguém me disse que Flitwick foi campeão de duelos quando era moço, talvez seja ele.

- Eu apostaria no Snape... - Meredith disse confiante.

- Duvido... ele não ia entrar nisso. Desde que não seja... - Harry começou, mas terminou com um gemido:

Gilderoy Lockhart vinha entrando no palco, resplandecente em suas vestes ameixa-escuras, acompanhado por ninguém mais do que Snape, em sua roupa preta habitual. Lockhart acenou um braço pedindo silêncio e disse em voz alta:

- Aproximem-se, aproximem-se! Todos estão me vendo? Todos estão me ouvindo? Excelente! O Prof. Dumbledore me deu permissão para começar um pequeno clube de duelos, para treiná-los, caso um dia precisem se defender, como eu próprio já precisei fazer em inúmeras ocasiões, quem quiser conhecer os detalhes, leia os livros que publiquei.

- Harry... um eu estava certa, dois, coitado de você com esse idiota. - Meredith riu.

- Ah, cale a boca! Você não sabe de nada! - Harry retrucou mal humorado.

- Deixem-me apresentar a vocês o meu assistente, Prof. Snape - Lockhart disse dando um largo sorriso. - Ele me conta que sabe alguma coisa de duelos e desportivamente concordou em me ajudar a fazer uma breve demonstração antes de começarmos. Agora, não quero que nenhum de vocês se preocupe, continuarão a ter o seu professor de Poções mesmo depois de eu o derrotar, não precisam ter medo!"

- Não seria bom se os dois acabassem um com o outro? - cochichou.

- Talvez. Mas o Prof. Snape com certeza vai vencer.

O lábio superior de Snape crispou-se. Harry e Meredith ficaram imaginando por que Lockhart continuava a sorrir, se Snape estivesse olhando para ele daquele jeito, Harry já estaria correndo o mais depressa que pudesse na direção oposta e Meredith se esconderia rapidamente deixando Snape ir atrás de Harry.

Lockhart e Snape se viraram um para o outro e se cumprimentaram com uma reverência, pelo menos Lockhart cumprimentou com muitos meneios, enquanto Snape curvou a cabeça, irritado. Em seguida, os dois ergueram as varinhas como se empunhassem espadas.

- Vai Snape! Mostre pra ele! - Meredith resmungava torcendo e prestando máxima atenção.

Os dois ergueram as varinhas acima da cabeça e as apontaram para o oponente. Snape exclamou:

- Expelliarmus! - viram um lampejo vermelho ofuscante e Lockhart foi lançado para o alto: voou para os fundos do palco, colidiu com a parede, foi escorregando e acabou estatelado no chão.

Draco e outros alunos da Sonserina deram vivas. Nem Meredith resistiu a comemorar fervorosamente. Hermione dançava nas pontas dos dedos dos pés para ver melhor.

- Vocês acham que ele está bem? - guinchou tampando a boca com a mão.

- Quem se importa? - Harry, Rony e Meredith disseram juntos - Viva! - exclamaram animados.

Lockhart foi-se levantando tonto. Seu chapéu caíra e os cabelos ondulados estavam em pé.

- Muito bem! - disse, cambaleando de volta ao palco. - Isto foi um Feitiço de Desarmamento, como viram, perdi minha varinha, ah, muito obrigado, Srta. Brown... Sim, foi uma excelente demonstração, Prof. Snape, mas se não se importa que eu diga, ficou muito óbvio o que o senhor ia fazer, se eu tivesse querido detê-lo teria sido muito fácil, mas achei mais instrutivo deixá-los ver...

Snape tinha uma expressão assassina no rosto. Lockhart possivelmente notou porque acrescentou:

- Chega de demonstrações! Vou me reunir a vocês agora e separá-los aos pares. Prof. Snape, se o senhor quiser me ajudar...

Os dois caminharam entre os alunos, formando os pares.

Lockhart juntou Neville com Justino Finch-Fletchley, mas Snape chegou até Harry, Rony e Meredith primeiro.

- Acho que está na hora de separar a equipe dos sonhos... - caçoou - Weasley você luta com Finnigan. Potter...

Harry virou-se automaticamente para Hermione.

- Acho que não. - disse Snape, sorrindo estranhamente. - Sr. Malfoy, venha cá. Vamos ver o que o senhor faz com o famoso Potter. E a senhorita, pode fazer par com a Srta. Bulstrode. Meredith... - ele disse em um tom autoritário - Faça par com Pansy.

Draco se aproximou com arrogância, sorrindo. Atrás dele caminhava uma garota da Sonserina, que lembrava a Harry uma foto que vira em Férias com Bruxas Malvadas. Era grande e atarracada, e seu queixo pesado se projetava para a frente, agressivamente. E Pansy com suas feições duras e seu olhar eternamente dissimulado chegou logo depois.

Hermione lhe deu um breve sorriso que ela não retribuiu.

- De frente para os seus parceiros! - Lockhart disse de volta ao tablado - E façam uma reverência!

- Como vocês vêem, estamos segurando nossas varinhas na posição de combate normalmente adotada. - Lockhart disse aos alunos em silêncio - Quando contarmos três, lançaremos os primeiros feitiços. Nenhum de nós está pretendendo matar, é claro.

- Eu não teria certeza disso. - Meredith sussurrou a Harry quando viu o sorriso de Snape.

- Um... Dois... Três...

Harry e Draco mal inclinaram as cabeças, e não tiraram os olhos um do outro.

- Preparar as varinhas! - Lockhart gritou - Quando eu contar três, lancem seus feitiços para desarmar os oponentes, apenas para desarmá-los, não queremos acidentes, um... Dois... Três...

Harry ergueu a varinha bem alto, mas Draco começara no "dois" e seu feitiço atingiu Harry com tanta força que parecia que ele levara uma frigideirada na cabeça. Ele cambaleou, mas tudo parecia estar em ordem, e, sem perder mais tempo, Harry apontou a varinha direto para Draco e gritou:

- Rictusempra!

Um jorro de luz prateada atingiu Draco no estômago e ele se dobrou, com dificuldade de respirar.

- Eu disse desarmar apenas! - Lockhart gritou assustado por cima das cabeças dos combatentes, quando Draco caiu de joelhos; Harry o golpeara com o Feitiço das Cócegas, e ele mal conseguia se mexer de tanto rir.

Meredith aproveitou a situação e gritou as palavras que lhe vieram a mente fazendo Pansy pegar fogo.

Harry recuou, com a vaga impressão de que seria pouco esportivo enfeitiçar Draco ainda no chão, mas isso foi um erro, tomando fôlego, Draco apontou a varinha para os joelhos de Harry, e disse engasgado:

- Tarantallegra! - e no segundo seguinte as pernas de Harry começaram a sacudir descontroladas numa espécie de marcha rápida.

- Parem! Parem! - berrou Lockhart, mas Snape assumiu o controle.

- Finite Incantatem! - ele gritou e os pés de Harry pararam de dançar. Draco parou de rir e eles puderam erguer a cabeça. Snape gritou novamente e Pansy já estava normal.

Uma névoa de fumaça verde pairava sobre a cena. Neville e Justino estavam caídos no chão, ofegantes; Rony estava segurando um Simas branco feito papel, pedindo desculpas pelo que sua varinha quebrada pudesse ter feito, mas Hermione e Emília Bulstrode ainda lutavam; Emilia dera uma chave de cabeça em Hermione, que choramingava de dor as varinhas das duas jaziam esquecidas no chão. Meredith cutucava Pansy que estava jogada no chão com os cabelos e vestes chamuscadas.

Harry deu um salto à frente e fez Emilia soltar Hermione. Foi difícil: a garota era muito maior do que ele.

- Ai, ai-ai, ai-ai! - Lockhart exclamou passando por entre os duelistas, para ver o resultado das lutas - Levante, Macmillan... Cuidado, Miss Fawcett... Aperte com força, vai parar de sangrar em um segundo, Boot...

- Acho que é melhor ensinar aos senhores como se bloqueia feitiços hostis ... - Lockhart disse parando no meio salão. Ele olhou para Snape, cujos olhos negros brilhavam, e desviou rápido o seu olhar - Vamos arranjar um par voluntário, Longbottom e Finch-Fletchley, que tal vocês...

- Uma má idéia, Prof. Lockhart. - Snape disse deslizando até ele como um enorme morcego malévolo - Longbottom causa devastação até com o feitiço mais simples. Vamos ter que mandar o que sobrar de Finch-Fletchley para a ala hospitalar em uma caixa de fósforos. - o rosto redondo e rosado de Neville ficou ainda mais rosado - Que tal Malfoy e Potter? - Snape sugeriu com um sorriso enviesado.

- Ótima idéia! - Lockhart disse fazendo um gesto para Harry e Draco irem para o meio do salão, enquanto os demais alunos se afastavam para lhes dar espaço.

- Agora, Harry. - Lockhart disse - Quando Draco apontar a varinha para você, você faz isto.

Ele ergueu a própria varinha, tentou um complicado floreio e deixou-a cair. Snape abriu um sorriso quando Lockhart a apanhou depressa, dizendo:

- Epa, minha varinha está um tanto ansiosa, ate demais...

Meredith abanava a cabeça dizendo não para Harry.

Snape aproximou-se de Draco, curvou-se e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. O garoto riu também. Harry ergueu os olhos, nervoso, para Lockhart e disse:

- Professor, podia me mostrar outra vez como se bloqueia?

- Apavorado? - Draco murmurou falando baixo para Lockhart não poder ouvi-lo.

- Vai sonhando! - Harry respondeu pelo canto da boca.

Lockhart deu uma palmada bem-humorada no ombro de Harry.

- Faça exatamente como fiz, Harry!

- O quê, deixar cair à varinha?

Mas Lockhart não estava mais escutando.

- Harry, tome cuidado! - Meredith o advertiu.

- Três... Dois... Um... Agora! - gritou ele.

Draco ergueu a varinha depressa e berrou:

- Serpensortia!

A ponta de sua varinha explodiu. Harry observou, perplexo, uma comprida cobra preta se materializar, cair pesadamente no chão entre os dois e se erguer, pronta para atacar. Os alunos gritaram recuando rapidamente, abrindo espaço.

Não se mexa, Potter. - Snape disse tranquilamente, sentindo visível prazer de ver Harry parado imóvel, cara a cara com a cobra irritada - Vou dar um fim nela...

- Permita-me! - Lockhart gritou e brandiu a varinha para a cobra, ao que se ouviu um grande baque; a cobra, em lugar de desaparecer, voou três metros no ar e tornou a cair no chão com um estrondo. Enraivecida, sibilando furiosamente, ela deslizou direto para Justino Finch-Fletchley e se levantou de novo, as presas expostas, armada para o bote.

Harry imediatamente correu e falou com a serpente. Meredith entendeu cada palavra. E como ele estava se saindo bem resolveu não interferir. A serpente estava dócil e mansa.

Harry olhou para Justino, sorrindo, esperando o colega parecer aliviado, intrigado ou até grato, mas certamente não zangado nem apavorado.

- De que é que você acha que está brincando? - ele gritou e antes que Harry pudesse responder alguma coisa, Justino virou-lhe as costas e saiu do salão enfurecido.

Meredith chamou a cobra que seguia vagarosamente ate ela. Parecia assustada e com dor.

Snape se adiantou, acenou a varinha e a cobra desapareceu com uma pequena baforada de fumaça preta antes que Meredith pudesse a pegar. Snape olhou Harry calculista, o analizando, e depois mandou um olhar reprovador a Meredith. Uma mão apareceu ao lado de Meredith puxando as vestes de Harry. Era Rony.

- Vamos. - a voz de Rony ao seu ouvido. - Mexa-se, vamos...

Rony guiou-o para fora do salão, Hermione e Meredith corriam para acompanhá-los. Quando atravessaram o portal, as pessoas de cada lado recuaram como se tivessem medo de apanhar uma doença. Harry não tinha a menor idéia do que estava acontecendo, e nem Rony, Hermione e Meredith explicaram nada até terem arrastado Harry para a sala comunal da Grifinória, naquele momento vazia. Então Rony empurrou Harry para uma poltrona e disse:

- Você é um ofidioglota. Por que não nos contou?

- Eu sou o quê? - perguntou Harry.

- Um ofidioglota! - disse Rony. - Você é capaz de falar com as cobras! E você também! Pode se explicar! - Meredith ia saindo da sala comunal - Acha que não vi você falar com ela?

- Eu sei. Quero dizer, é a segunda vez que faço isso. Uma vez no zoológico aticei, por acaso, uma jibóia contra o meu primo Duda, uma longa história... Ela estava me contando que nunca tinha estado no Brasil e eu meio que a soltei sem querer, isso foi antes de saber que era bruxo.

- Uma jibóia contou a você que nunca tinha ido ao Brasil? - Rony repetiu baixinho.

- E daí? Aposto que um monte de gente aqui pode fazer isso. - Meredith disse rebatendo.

- Ah, não. De jeito nenhum. Isto não é um dom muito comum. Isso não é legal.

- O que não é legal? - disse Harry começando a ficar com muita raiva. - Qual é o problema com todo mundo? Escuta aqui, se eu não tivesse dito àquela cobra para não atacar Justino...

- Ah, então foi isso que você disse?

- Que quer dizer com isso? Vocês estavam lá, vocês me ouviram...

- Ouvi você falar esquisito. - Rony disse - Língua de cobra. E você também sussurrou, eu ouvi, estava do seu lado. Vocês podiam ter dito qualquer coisa, não admira que o Justino tenha entrado em pânico, parecia que você estava convencendo a cobra a fazer alguma coisa, deu arrepios, sabe...

Harry ficou de boca aberta. Meredith desviou o olhar.

- Eu falei uma língua diferente? Mas, eu não percebi, como posso falar uma língua sem saber que posso falá-la?

Rony sacudiu a cabeça. Tanto ele quanto Hermione faziam cara de enterro.

- Mas... quando falo com a Titi... eu falo normalmente...

- Eu também... falo normalmente. Querem me dizer o que há de errado em impedir uma enorme cobra de arrancar a cabeça do Justino? Que diferença faz como foi que eu fiz isso, desde que o Justino não precise se associar ao clube dos Caçadores Sem Cabeça?

- Não é importante como foi feito! E sim que Harry salvou Justino. - “e eu salvei Harry”, Meredith diria, mas se calou antes de terminar.

- Faz diferença, sim. - Hermione disse falando, afinal, num tom abafado - Porque a capacidade de falar com cobras foi o dom que tornou Salazar Slytherin famoso. É por isso que o símbolo da Sonserina é uma serpente.

O queixo de Harry caiu. Meredith arregalou os olhos e fitou Hermione.

- Exatamente - Rony confirmou - E agora a escola inteira vai pensar que você é o tetra-tetra-tetra-tetra-neto ou coisa parecida... Pelo menos não te ouviram falar Meredith... seria bem pior já que você é da Sonserina.

- Mas eu não sou! Não sou parente de Salazar Slytherin. - Harry disse sentindo um pânico que não conseguia explicar e olhou para Meredith.

- Ih, não olha pra mim não! Eu não sou descendente dele!

- Vocês vão achar difícil provar isso - Hermione falou - Ele viveu há mil anos; pelo que se sabe, você podia muito bem ser descendente dele Harry. Apesar de ser mais fácil ser a Meredith, já que ela está na Sonserina, mas como vocês dois podem provar o contrário?

Meredith ficou remoendo as palavras de Hermione por algum tempo. Para ela era mais fácil provar o contrário. Achou muitas coisas estranhas na casa de sua “família”. Encontrou algumas cartas de sua avó. Nada muito revelador.

Ela ficou imaginando.

Imaginando.

Ela não deveria ser uma sangue puro? Deveria ser rica, respeitada principalmente por Malfoy. Tudo deveria ser diferente, e isso era o suficiente para Meredith crer que não era nada de Slytherin. Provavelmente Harry era a pessoa. Ele poderia ter aberto a câmara durante a noite...

Os flocos de neve caiam delicados, no parapeito da janela.O sono chegou devagar e interrompeu os pensamentos de Meredith.

Mas na manhã seguinte, a neve que começara a cair de noite se transformara numa nevasca tão densa que a última aula de Herbología do período letivo foi cancelada.

A Prof. Sprout queria pôr meias e echarpes nas mandrágoras, uma operação complicada que ela não confiaria a mais ninguém, agora que era tão importante as mandrágoras crescerem depressa para ressuscitar Madame Nor-r-ra e Colin Creevey.

Harry preocupava-se junto com Meredith com isso sentado junto à lareira na sala comunal da Grifinória, enquanto Rony e Hermione aproveitavam o tempo para jogar uma partida de xadrez de bruxo e Queen torcia freneticamente vendo as partidas.

- Pelo amor de Deus, Harry! - Hermione disse irritada quando um bispo de Rony desmontou um cavalo dela e o arrastou para fora do tabuleiro - Vá procurar o Justino se isso é tão importante para você.

- Se quiser ajuda... - Meredith disse desconfiada de Harry. Ia ficar atrás de Harry para saber se ele só estava se fazendo de vitima e condenando a única chance de Meredith não viver como uma trouxa junto aos MacWisth .

Então Harry se levantou e saiu pelo buraco do retrato, e Meredith o acompanhou.

O castelo estava mais escuro do que normalmente era durante o dia, por causa da neve grossa e cinzenta que descia rodopiando pelo lado de fora das janelas. Tremendo de frio, Harry e Meredith passaram por salas onde havia aulas, captando vislumbres do que acontecia lá dentro. A Prof. McGonagall gritava com alguém que, pelo que parecia, tinha transformado o colega em um texugo. Passaram adiante, resistindo ao impulso de espiar para dentro e Meredith lembrando que Justino talvez estivesse usando o tempo livre para tirar o atraso em alguma matéria, sugeriu verificar primeiro na biblioteca.

Vários alunos da Lufa-Lufa que deviam estar na aula de Herbologia se encontravam de fato sentados no fundo da biblioteca, mas não pareciam estar trabalhando.

Entre as longas fileiras de estantes podia se ver que suas cabeças estavam muito juntas e que aparentemente mantinham uma conversa absorvente. Não conseguiram ver se Justino estava no grupo. Foram andando em direção a eles e, quando começaram a ouvir alguma coisa do que diziam, pararam para escutar melhor, escondido na seção da Invisibilidade.

- Por que isso é tão importante... - Meredith reclamou - Justino nem se importa em ouvir você... que tipo de amigo é esse?

- Então, em todo o caso... - um menino forte falava -... eu disse ao Justino para se esconder no nosso dormitório. Quero dizer, se Potter o escolheu para sua próxima vítima, é melhor ele ficar pouco visível por uns tempos.

- É claro que o Justino estava esperando uma coisa dessas acontecer desde que deixou escapar para o Potter que vinha de família trouxa. Justino chegou até a contar que os pais tinham feito reserva para ele em Eton. Isto não é o tipo de coisa que se fale assim, com o herdeiro de Slytherin à solta, não é mesmo?

- Então decididamente você acha que é o Potter, Ernie? - uma menina loura de marias-chiquinhas perguntou ansiosa - E aquela garota loira? A da Sonserina que vive com eles?

- Ana... - o garoto forte disse solenemente -... ele é um ofidioglota. Todo mundo sabe que isso é a marca do bruxo das trevas. Você já ouviu falar de um bruxo decente que soubesse falar com cobras? Chamavam o próprio Slytherin de língua de serpente. E a garota, é só uma seguidora dele! Mais uma prova, já que ninguém da Sonserina é confiável.

Seguiram-se muitos murmúrios depois disso e Ernie continuou:

- Lembram o que estava escrito na parede? Inimigos do herdeiro, cuidado. Potter teve um problema com o Filch. Logo em seguida a gata de Filch é atacada. E ele sempre esta com a garota da Sonserina. Quem sabe se ele não esta junto com todos os sonserinos? Aquele aluno do primeiro ano, o Creevey, estava aborrecendo Potter no jogo de Quadribol, tirando fotos dele estirado na lama. Logo em seguida, Creevey foi atacado.

- Mas ele sempre pareceu tão gentil! - Ana disse em dúvida - E ele foi quem fez Você-Sabe-Quem desaparecer. Ele não pode ser tão ruim assim, pode?

Ernie baixou a voz, misterioso, os alunos da Lufa-Lufa se curvaram mais para frente, e Harry se aproximou mais para poder captar as palavras de Ernie puxando Meredith.

- Ninguém sabe como foi que ele sobreviveu a aquele ataque do Você-Sabe-Quem, quero dizer, ele era só um bebê quando a coisa toda aconteceu. Devia ter explodido em pedacinhos. Só um mago das trevas realmente poderoso poderia ter sobrevivido a um ataque daqueles. - E baixando a voz até quase um sussurro, continuou: - Vai ver é por isso que Você-Sabe-Quem queria matá-lo para começar. Não queria outro bruxo das trevas concorrendo com ele. Que outros poderes será que o Potter anda escondendo?

Harry não conseguiu agüentar mais. Pigarreando alto, saiu de trás das estantes. Ele pparecia realmente furioso, mas a cena era realmente engraçada: cada aluno da Lufa-Lufa parecia ter se petrificado só devê-lo, e a cor foi se esvaindo do rosto de Ernie.

- Olá - Harry disse - Estou procurando o Justino Finch-Fletchley.

- Vocês viram ele?- Meredith deu um sorriso malicioso para conter as gargalhadas.

Os receios dos garotos da Lufa-Lufa claramente se confirmaram. Todos olharam cheios de medo para Ernie.

- Que é que você quer com ele? - Ernie perguntou com a voz trêmula.

- Te interessa? - Meredith falou respondendo mal criada.

- Eu queria dizer a ele o que realmente aconteceu com aquela cobra no Clube dos Duelos. - Harry tentou melhorar as coisas.

Ernie mordeu os lábios brancos, tomou fôlego e disse:

- Nós estávamos todos lá. Vimos o que aconteceu.

- Então vocês repararam que depois que falei com a cobra ela recuou? - perguntou Harry.

- Só o que eu vi... - Ernie disse insistente, embora tremesse enquanto falava -... foi você falando em língua de cobra e atiçando o bicho para cima de Justino.

- Eu não aticei a cobra para cima dele! - Harry protestou com a voz trêmula de raiva.

- A cobra nem encostou nele! - Meredith levantou a voz.

- Por pouco. E caso você esteja tendo novas idéias - acrescentou depressa -, é melhor eu informá-lo que pode investigar minha família por nove gerações de bruxos, e que o meu sangue é tão puro quanto o de qualquer outro, portanto...

- Cala a boca! - Meredith disse descrente - Você nem sabe do que está falando!

- Não ligo a mínima para o tipo de sangue que você tem! - Harry disse furioso. - Por que eu iria querer atacar pessoas que nasceram trouxas?

- Ouvi falar que você detesta os trouxas com quem mora... - Ernie disse na mesma hora.

- É impossível morar com os Dursley e não detestá-los. Eu gostaria de ver você no meu lugar.

- E ele é amigo da Hermione. E meu. E eu nem sei se tenho algum sangue mágico alem do meu!

E dando meia-volta, Harry saiu furioso da biblioteca, ganhando um olhar de reprovação de Madame Pince, que estava lustrando a capa dourada de um grande livro de feitiços. Meredith ainda não tinha tomado uma posição, mas não ia desistir ate descobrir se Harry era ou não o herdeiro.

Harry saiu pelo corredor às tontas puxando Meredith pelo pulso, mal reparando aonde ia, tal era a sua fúria. O resultado foi que bateu em alguma coisa muito grande e sólida, que o derrubou no chão em cima de Meredith.

- Ah, olá, Hagrid! - disse erguendo a cabeça.

- Sai de cima Potter. - Meredith reclamou empurrando Harry.

O rosto de Hagrid estava inteiramente oculto pelo gorro de lã esbranquiçado de neve, mas não podia ser mais ninguém porque ele praticamente ocupava o corredor com aquele seu casacão de pele de toupeira. Um galo morto pendia de suas enormes mãos enluvadas.

- Tudo bem, Harry? - ele perguntou empurrando o gorro para trás para poder falar - Vocês não estão em aula?

- Cancelada. - Harry disse se levantando.

- Que é que você está fazendo aqui? - Meredith perguntou esticando as roupas.

Hagrid ergueu o galo inerte.

- É o segundo que matam neste período letivo. - explicou - Ou é raposa ou bicho-papão e preciso permissão do diretor para lançar um feitiço em volta do galinheiro.

Por debaixo das sobrancelhas grossas e salpicadas de neve, ele examinou Harry com mais atenção.

- Você tem certeza de que está bem? Está cheio de calor e zanga...

Harry não conseguiu se forçar a repetir o que Ernie e o resto dos garotos da Lufa-Lufa tinham andado dizendo.

- Não é nada. É melhor eu ir andando, Hagrid, a próxima aula é Transformações e tenho que apanhar meus livros.

Ele se afastou pensativo.

- Não se preocupe! Ele está bem! - Meredith sussurrou antes de ser puxada.

Harry subiu a escada batendo os pés e entrou em outro corredor que estava particularmente escuro; os archotes tinham sido apagados por uma corrente de ar forte e gelada que entrava por uma vidraça solta. Estavam na metade do corredor quando caiu estendido em cima de uma coisa que havia no chão.

Virou-se para ver melhor em cima do que caíra enquanto Meredith soltava um gemido.

Justino Finch-Fletchley jazia no chão, duro e frio, uma expressão de choque fixa no rosto, os olhos, sem visão, voltados para o teto. E não era tudo. Ao lado dele outro vulto, a visão mais estranha que Harry já encontrara.

- Ah não! - Meredith gemeu desesperada.

Era Nick Quase Sem Cabeça, que agora deixara de ser branco-pérola e transparente e se tornara preto e fumegante, e que estava imóvel na horizontal, a mais de um metro e meio do chão. Sua cabeça estava quase inteiramente solta, e seu rosto tinha uma expressão de choque idêntica à de Justino.

Harry ficou em pé, a respiração rápida e superficial, o coração produzindo uma espécie de rufo de tambor em suas costelas. Fora de si, olhou para um lado do corredor deserto e para o outro e viu uma fila de aranhas que se afastava o mais depressa possível do corpo. Os únicos sons que ouvia eram as vozes abafadas dos professores nas salas de aula de cada lado.

Poderiam correr e ninguém saberia que estiveram ali. Mas não podiam simplesmente deixá-lo caído... Tinham que procurar ajuda.

- Ninguem vai acreditar que não fomos nós!- Meredith choramingou. Sentia medo de ser expulsa e ter de voltar a morar com os MacWisth.

Enquanto estavam parados, cheios de pânico, uma porta se abriu com uma batida. Pirraça o poltergeist saiu em disparada.

- Ora, é o Potter Pirado! - zombou ele, entortando os óculos de Harry ao passar por ele. - Que é que o Potter está aprontando com a Riddle traidora da casa? Por que é que o Potter e a Riddle estão juntos rondando...

Pirraça parou no meio de uma cambalhota no ar de cabeça para baixo, deparou com Justino e Nick Quase Sem Cabeça. Desvirou-se na mesma hora, encheu os pulmões de ar e, antes que Harry ou Meredith pudessem impedi-lo, gritou:

- ATAQUE! ATAQUE! MAIS UM ATAQUE! NEM MORTAL NEM FANTASMA ESTÃO SEGUROS! SALVEM SUAS VIDAS! ATAAÂAAQUE!

Bam - bam - bam - porta atrás de porta se escancarou ao longo do corredor que foi invadido por um mundão de gente. Durante vários minutos, a cena era de tal confusão que Justino correu o risco de ser esmagado, e as pessoas não paravam de passar através de Nick Quase Sem Cabeça. Harry e Meredith estavam imprensados contra a parede enquanto os professores gritavam pedindo calma. A Prof. McGonagall veio correndo, seguida por seus alunos em sua cola, um dos quais ainda tinha os cabelos listrados de preto e branco. Ela usou a varinha para produzir um alto estampido e restaurar o silêncio, e mandou todos de volta para as salas de aula. Nem bem o corredor se esvaziara um pouco quando Ernie, o garoto da Lufa-Lufa chegou, ofegante, à cena.

- Apanhado na cena do crime! - Ernie berrou o rosto lívido, apontando dramaticamente para Harry e Meredith - Você e sua cúmplice!

- Agora já chega, Macmillan! - a professora disse ríspida. Pirraça subia e descia no ar, e agora sorria malvadamente observando a cena já que adorava o caos. Enquanto os professores se curvavam sobre Justino e Nick Quase Sem Cabeça, examinando-os, Pirraça começou a cantar:

- Ah, Potter, podre, veja o que você fez. E ainda pediu ajuda a Riddle. Matar alunos não é nada cortês...

- Já chega, Pirraça! - a Prof. MacGonagall vociferou e Pirraça saiu voando de costas e estirando a língua para Harry e Meredith.

Justino foi levado para a ala hospitalar pelo Prof. Flitwick e o Prof. Sinistra, do departamento de astronomia, mas ninguém sabia o que fazer com Nick Quase Sem Cabeça. Por fim, a Prof. McGonagall conjurou um grande leque de ar, e entregou-o a Ernie com instruções para abanar Nick Quase Sem Cabeça até o andar de cima.

Ernie obedeceu e abanou Nick como se fosse um aerofólio silencioso. Assim Harry, Meredith e a professora ficaram a sós.

- Por aqui, Potter e Riddle. - ela falou.

- Professora! - disse Harry depressa - Eu juro que não...

- Isto não está mais em minhas mãos, Potter - interrompeu ela secamente.

Meredith fez que não com a cabeça para que Harry se calasse. Não era aquele o momento de falar. Os três caminharam em silêncio, viraram um canto e ela parou diante de uma gárgula de pedra feíssima.

- Gota de limão! - disse.

Era evidentemente uma senha, porque a gárgula logo ganhou vida e afastou-se para o lado, ao mesmo tempo que a parede atrás dela se abria em dois. Mesmo temendo o que os aguardava, não puderam deixar de se admirar. Atrás da parede havia uma escada em caracol que subia suavemente, como uma escada rolante. Nem bem ele e a Prof. McGonagall pisaram nela, ouviu-se a parede fazer um barulho seco e se fechar às costas dos três. Subiram em círculos, cada vez mais altos, até que por fim, ligeiramente tontos viram uma porta de carvalho reluzindo à sua frente, com uma aldrava em forma de grifo.

Souberam então aonde tinham sido levados. Era a residência de Dumbledore.


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