Harry Potter e o segredo de Slytherin escrita por Absolem the oracle


Capítulo 11
Capítulo 10 - Um tolo




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Desde o desastroso episódio com os diabretes, o Prof. Lockhart não trouxera mais seres vivos para a aula. Em vez disso, lia trechos dos seus livros para os alunos, e, por vezes, dramatizava algumas passagens mais pitorescas. Em geral ele escolhia Harry para ajudá-lo nessas dramatizações. Até aquele momento o garoto fora obrigado a representar um camponês simplório da Transilvânia, de quem Lockhart curara um feitiço de gagueira, um iéti com um resfriado na cabeça e um vampiro que se tornara incapaz de comer outra coisa a não ser alface, depois que Lockhart dera um jeito nele.

Harry foi chamado à frente da classe na aula seguinte de Defesa contra as Artes das Trevas, desta vez para representar um lobisomem. Se não tivesse uma boa razão para deixar Lockhart de bom humor, ele teria se recusado.

- Um belo uivo, Harry, exato, e então, queiram acreditar, eu saltei sobre ele, assim, joguei-o contra a porta, assim, consegui contê-lo com uma das mãos, com a outra apontei a varinha para o pescoço dele, e então reuni toda a força que me restava e lancei o Feitiço Homorfo, muitíssimo complicado, e ele soltou um gemido de dar pena... Vamos, Harry mais alto, bom, o pêlo dele desapareceu, as presas encurtaram, e ele voltou a virar homem. Simples, mas eficiente, e mais uma aldeia que se lembrará de mim para sempre como o herói que os salvou do terror dos ataques de lobisomem.

O sinal tocou e Lockhart ficou em pé.

- Dever de casa... Compor um poema sobre a minha vitória sobre o lobisomem de Wagga Wagga! Exemplares autografados de O Meu Eu Mágico para o autor do melhor trabalho!

Os alunos começaram a sair. Harry voltou ao fundo da sala, onde Rony e Mione esperavam.

- Prontos? - murmurou Harry.

- Espere até todos saírem! Meredith ainda não chegou. -Hermione pediu nervosa. - Certo...

- Gente! - Meredith chegou ofegante abrindo a porta devagar - Eu tive que fingir que estava mal pra Prof. Sprout. Foi um inferno lidar com aquelas plantas carnívoras da Cornuália!

- Está bem! Vamos logo. - Hermione transpassou impaciência na voz.

Ela se aproximou da mesa de Lockhart, um papelzinho seguro firmemente na mão, Harry e Rony logo atrás.

- Ah... Prof. Lockhart? - Hermione gaguejou - Eu queria... Retirar este livro da biblioteca. Só para ter uma idéia geral do assunto. - ela estendeu o papelzinho com a mão ligeiramente trêmula - Mas o problema é que ele é guardado na Seção Reservada da biblioteca, então preciso que um professor autorize, tenho certeza de que o livro me ajudaria a entender o que o senhor diz em Como se Divertir com Vampiros sobre os venenos de ação retardada...

- Ah, Como se divertir com vampiros!- Lockhart exclamou apanhando o papelzinho de Hermione e lhe dando um grande sorriso. - Possivelmente é o livro de que mais gosto. Você gostou?

- Gostei! - Hermione disse depressa - Muito esperto o modo com que o senhor apanhou aquele último, com o coador de chá...

- Bem, tenho certeza de que ninguém vai se importar que eu dê à melhor aluna do ano uma ajudinha extra! - Lockhart disse calorosamente e puxou uma enorme pena de pavio - Bonita, não é? - ele disse interpretando mal a expressão de indignação no rosto de Rony - Em geral eu a uso para autografar livros.

Ele rabiscou uma enorme assinatura cheia de floreios no papel e devolveu-o a Hermione.

- Então, Harry... - Lockhart disse enquanto Hermione dobrava o papel com dedos nervosos e o guardava na mochila - Creio que amanhã é a primeira partida de Quadribol da temporada. Grifinória contra Sonserina, não é? Ouvi dizer que você é um jogador muito útil. Eu também fui apanhador. Convidaram-me para tentar a seleção nacional, mas preferi dedicar minha vida à erradicação das Forças das Trevas. Ainda assim, se algum dia você achar que precisa de um treino pessoal, não hesite em me pedir. Fico sempre feliz de passar minha experiência a jogadores menos capazes...

Harry fez um barulhinho discreto na garganta e saiu correndo atrás de Rony, Hermione e Meredith.

- Eu não acredito! - ele disse quando os quatro examinaram a assinatura no papel - Ele nem olhou o nome do livro que queríamos.

- Eu não disse que ia ser fácil? Podemos pegar qualquer livro que quisermos, já que ele é um idiota!

- Ele não é idiota! - Hermione protestou.

- Ele é um panaca desmiolado! - Rony disse - Mas quem se importa, temos o que precisávamos...

- Ele não é um panaca desmiolado! - disse Hermione em voz alta quando se dirigiam quase correndo à biblioteca - Parem com isso, os dois.

- Só porque ele disse que você é a melhor aluna do ano... - Meredith retrucou enquanto e Rony concordou com cada palavra.

Eles baixaram a voz ao entrar na quietude abafada da biblioteca. Madame Pince, a bibliotecária, era uma mulher magra e irritável que parecia um urubu subnutrido.

- Pociones Muy Potentes? - repetiu ela desconfiada, tentando tirar a autorização da mão de Hermione, mas a garota não deixou.

- Eu pensei que talvez pudesse guardar a autorização... - disse Hermione ofegante.

- Ah, qual é? - Rony protestou arrancando a autorização da mão dela e a entregando a Madame Pince - Nós lhe arranjamos outro autógrafo. Lockhart assina qualquer coisa que fique parada tempo suficiente.

Meredith deu um pisão no pé de Rony, que nada disse alem de “ai”, já que percebeu que tinha falado demais.

Madame Pince ergueu o papel contra a luz, como se estivesse decidida a descobrir uma falsificação, mas a autorização passou no teste. Ela desapareceu silenciosamente entre as estantes altas e voltou vários minutos depois trazendo um livro grande de aparência mofada. Hermione o guardou cuidadosamente na mochila e os quatro foram embora, procurando não andar rápido demais nem parecer muito culpados.

Cinco minutos depois, estavam juntos mais uma vez no banheiro interditado da Murta Que Geme. Hermione tinha vencido as objeções de Rony lembrando que seria o último lugar em que alguém sensato iria, e com isso garantiram alguma privacidade.

Murta Que Geme chorava alto no seu boxe, mas eles não lhe prestavam atenção nem a fantasma aos garotos.

Hermione abriu o Pociones Muy Potentes com cuidado, e os quatro se debruçaram sobre as páginas manchadas de umidade. Era claro, ao primeiro olhar, a razão por que o livro pertencia à Seção Reservada. Algumas das poções produziam efeitos medonhos demais só de se imaginar, e havia algumas ilustrações muito impressionantes, que incluíam um homem que parecia ter virado do avesso e uma bruxa com vários pares de braço que saíam da cabeça.

- Aqui! - Meredith exclamou ansiosa ao encontrar a página intitulada "A Poção Polissuco". Estava decorada com desenhos de pessoas a meio caminho de se transformarem em outras. Harry sinceramente desejou que as expressões de dor intensa em seus rostos fossem imaginação do artista.

- Esta é a poção mais complicada que já vi! - Hermione disse quando examinavam a receita - Hemeróbios, sanguessugas, descutainia e sanguinária... - ela murmurou correndo o dedo pela lista de ingredientes. - Bem, esses são bem fáceis, estão no armário dos alunos, podemos tirar o que precisarmos... Ah, olhem só isso, pó de chifre de bicórnio, não sei onde vamos arranjar isso... Pele de ararambóia picada, essa vai ser uma fria também... E, é claro, um pedacinho da pessoa em quem quisermos nos transformar.

- Não é tão surpreendente! É pra se transformar em outra pessoa! Já era de se esperar que fosse difícil. - Meredith resmungou.

- Dá para repetir isso? - Rony disse ríspido. - Que é que você quer dizer com um pedacinho da pessoa em quem quisermos nos transformar? Não vou tomar nada que tenha unhas do pé de Crabbe dentro...

Hermione continuou como se não tivesse o ouvido.

- Ainda não temos que nos preocupar com isso, porque os pedacinhos só entram no fim...

Rony virou-se, sem fala, para Harry, que tinha outra preocupação.

- Você percebe quanta coisa vamos ter que roubar, Mione? Pele de ararambóia picada, decididamente não está no armário dos alunos. Que vamos fazer, assaltar o estoque particular de Snape? Não sei se é uma boa idéia...

Hermione fechou o livro com força.

- Bem, se vocês dois vão amarelar, ótimo. - seu rosto se malhara de vermelho vivo e os olhos cintilavam mais do que o normal - Eu não quero desrespeitar o regulamento, vocês sabem muito bem. Acho que ameaçar gente que nasceu trouxa é muito mais sério do que preparar uma poção difícil. Mas se vocês não querem descobrir se é o Draco, eu vou direto à Madame Pince agora mesmo e devolvo o livro, e...

- Eu nunca pensei que veria o dia em que você nos convenceria a desrespeitar o regulamento - Meredith disse surpresa.

- Muito bem, nós topamos. Mas unhas dos pés não, está bem? - Rony falou animado.

- E quanto tempo vai levar para preparar a poção? - perguntou Harry, de cara feliz, quando Hermione reabriu o livro.

- Bom, uma vez que a descurainia tem que ser colhida na lua cheia e os hemeróbios precisam cozinhar durante vinte e um dias... Eu diria que vai levar mais ou menos um mês para ficar pronta, se conseguirmos todos os ingredientes.

- Um mês? - Rony exclamou.

- Até lá, Draco poderia atacar metade dos nascidos trouxas na escola! - Meredith disse preocupada - E não se você se lembra, mas eu você e Harry somos.... meio trouxas. E seremos de cara os primeiros alvos dele

Mas os olhos de Hermione tornaram a se estreitar perigosamente e ela acrescentou depressa:

- Mas é o melhor plano que temos, portanto, vamos tocar para frente a todo vapor!

No entanto, quando Hermione foi verificar se a barra estava limpa para eles saírem do banheiro, Rony cochichou para Harry.

- Daria muito menos trabalho se você simplesmente derrubasse Draco da vassoura amanhã.

- Não seja idiota Rony! - Meredith resmungou reprovando a sugestão que ouviu por acidente.

Harry pareceu decidido a derrotar a Sonserina no jogo. Meredith no fundo se sentia incomodada. Era sua casa, seu time. E ela tinha algumas colegas da Sonserina. E apesar de tudo, Snape era seu diretor e seu responsável. Meredith se sentia traindo algo importante.

- Eu só estou espiando eles... - ela tentou se convencer. Sinceramente não sentia nada de especial em relação a Harry, Rony e Hermione.

Á medida que às onze horas se aproximaram, a escola inteira começou a tomar o caminho do estádio de Quadribol.

Fazia um dia mormacento com sinais de trovoada no ar. Rony, Hermione e Meredith vieram correndo desejar a Harry boa sorte quando ele ia entrando no vestiário. O time vestiu os uniformes vermelhos da Grifinória e depois se sentou para ouvir a preleção que Wood sempre fazia antes do jogo.

Harry Rony Hermione e Queen se amontoaram em um canto da arquibancada. Quando os times entraram no campo, foram saudados por um vozerio, muitos vivas, porque a Corvinal e a Lufa-Lufa estavam ansiosas para ver a Sonserina derrotada, mas os alunos da Sonserina nas arquibancadas vaiaram e assobiaram, também. Madame Hooch, a professora de Quadribol, mandou Flint e Wood se apertarem as mãos, o que eles fizeram, lançando um ao outro olhares ameaçadores e pondo mais força no aperto que era necessário.

- Quando eu apitar - Madame hooch disse -Três... Dois... Um...

Com um rugido de incentivo das arquibancadas, os catorze jogadores subiram em direção ao céu carregado. Harry foi mais alto do que qualquer outro, apertando os olhos à procura do pomo.

- Tudo bem aí, ó Cicatriz? - Draco berrou passando por baixo dele como se quisesse mostrar a velocidade de sua vassoura.

Harry não teve tempo de responder. Naquele mesmo instante, um pesado balaço negro veio voando a toda em sua direção, ele o evitou por tão pouco que sentiu o balaço arrepiar seus cabelos ao passar.

- Esse foi por um triz, Harry! - Jorge disse emparelhando com ele de bastão na mão, pronto para rebater o balaço para os lados de um jogador da Sonserina. Harry viu Jorge dar uma forte bastonada na direção de Adriano Pucey, mas o balaço mudou de rumo em pleno ar e tornou a voar direto para Harry.

O garoto mergulhou depressa para evitá-lo, e Jorge conseguiu atingir o balaço com força na direção de Draco. Mais uma vez, o balaço voltou como um bumerangue e disparou contra a cabeça de Harry.

- Tem algo errado... - Meredith disse a Hermione observando Harry no céu.

- Não se preocupe. - ela respondeu atenta.

Harry imprimiu velocidade à vassoura e voou para o outro extremo do campo. Ouvia o assobio do balaço vindo em seu encalço. Que estava acontecendo? Os balaços nunca se concentravam em um único jogador, sua função era tentar desmontar o maior número possível de jogadores...

Fred Weasley aguardava o balaço no outro extremo. Harry se abaixou quando Fred rebateu o balaço com toda força, desviando-o de curso.

- Peguei você! - Fred berrou alegremente, mas estava enganado, como se estivesse magneticamente atraído para Harry o balaço saiu atrás dele outra vez e o garoto foi forçado a voar a toda velocidade.

Começou a chover,grossos pingos de chuva caiam. Harry não parecia não ter a menor idéia do que estava acontecendo no jogo até ouvir Lino Jordan, locutor da partida, dizer: "Sonserina na liderança, sessenta a zero..."

As vassouras superiores da Sonserina obviamente estavam dando conta do recado, enquanto o balaço furioso estava fazendo o possível para tirar Harry do ar.

Fred e Jorge agora voavam tão junto dele, um de cada lado, que Harry não via nada exceto braços se agitando no ar e não tinha chance de procurar o pomo, muito menos de apanhá-lo.

- Alguém... Alterou... Esse... Balaço... - Fred rosnou brandindo o bastão com toda força quando o balaço desfechou um novo ataque contra Harry.

- Precisamos de tempo. - Jorge disse tentando simultaneamente fazer sinal a Wood e impedir o balaço de quebrar o nariz de Harry.

Wood obviamente entendera o sinal. O apito de Madame Hooch soou e Harry, Fred e Jorge mergulharam até o chão, ainda tentando evitar o balaço maluco.

- Que está acontecendo? - Wood perguntou quando o time da Grifinória se reuniu à sua volta ao som das vaias da Sonserina.

- Estamos sendo arrasados. Fred, Jorge, onde é que vocês estavam quando aquele balaço impediu Angelina de fazer gol?

- Estávamos seis metros acima dela, impedindo outro balaço de matar Harry, Olívio. - Jorge respondeu aborrecido. - Alguém alterou aquele balaço, ele não deixa o Harry em paz. E não tentou pegar mais ninguém o tempo todo. O pessoal da Sonserina deve ter feito alguma coisa com ele.

- Mas os balaços estiveram trancados na sala de Madame Hooch desde o nosso último treino, e não havia nada errado com eles... - Wood disse ansioso.

Madame Hooch veio andando em direção ao grupo. A torcida e o time da Sonserina caçoavam de Harry.

- Escutem. - Harry disse ao vê-la chegar cada vez mais perto - Com vocês dois voando em volta de mim o tempo todo o único jeito de apanhar aquele pomo é ele entrar voando na minha manga. Se juntem ao resto do time e deixem que eu cuido do balaço errante.

- Não seja burro! - Fred disse - Ele vai arrancar sua cabeça.

Wood olhava de Harry para os Weasley.

- Olivio, isso é loucura! - Alicia Spinnet disse zangada. - Você não pode deixar o Harry enfrentar aquela coisa sozinho. Vamos pedir uma investigação...

- Se pararmos agora, perderemos a partida! - Harry disse - E não vamos perder para a Sonserina só por causa de um balaço maluco! Anda, Olivio, diz para eles me deixarem em paz!

- Isto é tudo culpa sua! - disse Jorge furioso com Wood - "Apanhe o pomo ou morra tentando", que coisa idiota para dizer a ele...

Madame Hooch se reunira aos jogadores.

- Estão prontos para recomeçar a partida? - perguntou a Wood.

Wood olhou para a expressão decidida no rosto de Harry.

- Muito bem. Fred, Jorge, vocês ouviram o que Harry disse, deixem-no em paz e deixem que ele cuide do balaço sozinho.

A chuva caía mais pesada agora. Ao apito de Madame Hooch, Harry deu um forte impulso para o alto e ouviu o assobio que indicava que o balaço vinha atrás dele. Ganhou cada vez mais altura; fez loops e subiu, espiralou, ziguezagueou e balançou.

Meredith tinha ido para junto da torcida Sonserina, próxima o suficiente para Rony ou Hermione chamarem por ela. Ela se sentia zonza. Tinha avisado aos dois que havia algo errado, mas eles nada fizeram alem de olhar, e neste momento ela se sentia tão fraca que não conseguiria nem levantar a varinha sem muito esforço.

Harry voava a torto e direito, aparentemente sendo idiota. Isso arrancou gargalhadas da torcida Sonserina. Mas Meredith sabia muito bem por que Harry voava daquela maneira, desesperado, fugindo do balaço que o perseguia. Adrian Pucey tentava ultrapassar Wood...

O balaço quase o acertou indo muito longe. Harry logo seu meia volta e continuou a fugir dele.

- Está treinando para fazer balé, Potter? - Draco berrou quando Harry foi obrigado a dar uma volta ridícula em pleno ar para evitar o balaço e fugir com o balaço o rastreando a pouco mais de um metro e então, virando-se para olhar Draco cheio de ódio. O pomo de ouro pairava poucos centímetros acima da orelha esquerda de Draco, e o garoto, ocupado em rir de Harry, não o viu.

Harry parou o olhando e não percebeu o balaço vindo certeiro em sua direção. Permanecera parado um segundo a mais. O balaço finalmente o atingiu, bateu no seu cotovelo. Harry escorregou para um lado da vassoura encharcada, um joelho ainda enganchando-a por baixo, o braço direito pendurado inútil, mas o balaço retornava a toda para um segundo ataque, desta vez mirando o seu rosto , se Harry desviou parecendo decidido a fazer algo.

Ele mergulhou em direção à cara debochada abaixo dele e viu os olhos de Draco se arregalarem de medo. O garoto achou que Harry ia atacá-lo.

- Que di...- ele exclamou inclinando-se para longe de Harry.

Harry tirou a mão boa da vassoura e tentou agarrar o pomo às cegas; sentiu os dedos se fecharem sobre a bola fria, mas agora só estava preso à vassoura pelas pernas. A arquibancada urrou, e ele parecia que ia desmaiar. Ficou ali pendurado e dois segundos depois suas pernas não aguentaram.

Ele bateu no chão, levantando lama, e rolou para o lado para desmontar da vassoura.

Seu braço estava pendurado num ângulo muito estranho. As t Focalizou o pomo seguro na mão boa.As três outras casas enlouqueceram gritando e comemorando. Meredith sentiu uma náusea que não foi possível ignorar. Ela se arrastou ate Hermione. Enquanto isso Harry levantava o braço bom com o pomo de ouro entre os dedos.

- Aha... - disse vagamente - Ganhamos.

E desmaiou.

Lá embaixo, Lockhart parecia decidido a fazer uma magia para arrumar o braço de Harry apesar de todos pedirem que ele fosse levado à enfermaria.

Rony, Hermione e Meredith chegaram logo.

Colin Creevey começou a fotografar furiosamente. O feitiço tinha feito algo estranho com o braço de Harry. Nem de longe se parecia com um braço.

- Ah! - Lockhart disse - É, às vezes isso pode acontecer. Mas o importante é que os ossos não estão mais fraturados. Isto é o que se precisa ter em mente. Então, Harry, vá, dê uma chegada na ala hospitalar, ah, Sr. Weasley, Srta. Granger, Srta. Riddle, podem acompanhá-lo? E Madame Pomfrey poderá... Hum... Dar um jeito nisso.

Quando Harry se levantou parecia estranho. Seu braço parecia estar mole. Ele fez um esforço para mexer os dedos mas nada aconteceu. Lockhart não tinha currado seu braço, tinha tirado os ossos dele.

Madame Pomfrey não ficou nada satisfeita.

- Você deveria ter vindo me procurar diretamente! - ela dizia furiosa erguendo a lamentável sobra do que fora, meia hora antes, um braço útil - Posso emendar ossos num segundo, mas fazê-los crescer outra vez...

- A senhora vai conseguir, não é? - Harry perguntou desesperado.

- Claro que vou, mas vai ser doloroso. - disse Madame Pomfrey sombriamente, atirando um pijama para Harry. - Você vai ter que passar a noite...

Hermione e Meredith esperavam do outro lado da cortina que fora fechada em torno da cama de Harry, enquanto Rony o ajudava a vestir o pijama. Levou algum tempo para enfiar na manga o braço mole e sem ossos.

- Como é que você consegue defender o Lockhart agora, Hermione, hein? - Rony perguntou através da cortina enquanto puxava os dedos inertes de Harry pelo punho da manga - Se Harry quisesse ser desossado ele teria pedido.

- Qualquer um pode se enganar - Hermione respondeu - E não está doendo mais, está Harry?

- Não - disse Harry, entrando na cama. - Mas também não faz mais nada.

- Esse professor é deprimente! E ainda por cima envolve os outros nas burradas que ele faz! - Meredith disse a Hermione - Nem tudo nos livros é verdade... - ela falou com um ar de deboche.

Quando ele se deitou, o braço balançou molemente. Hermione, Meredith e Madame Pomfrey deram a volta à cortina. Madame Pomfrey vinha segurando um garrafão de alguma coisa rotulada Esquelesce.

- Você vai enfrentar uma noite difícil! - ela disse servindo um copo grande de boca larga e fumegante e entregando-o a Harry.

- Fazer ossos crescerem de novo é uma coisa complicada. E tomar Esquelesce, também.

O liquido queimou a boca e a garganta de Harry e desceu, fazendo-o tossir e cuspir. Ainda lamentando os esportes perigosos e os professores ineptos, Madame Pomfrey se retirou, deixando Rony, Hermione e Meredith ajudarem Harry a engolir um pouco de água.

- Mas ganhamos! - Rony disse um grande sorriso se abrindo no rosto - Foi uma captura e tanto a que você fez. A cara do Malfoy... Ele parecia que ia matar alguém...

- Vocês venceram. - Meredith resmungou

- Eu queria saber como foi que ele alterou aquele balaço - Hermione disse sombriamente.

- Podemos acrescentar mais esta à lista de perguntas que vamos fazer a ele quando tomarmos a Poção Polissuco. - Meredith falou brincando com um estranho objeto que encontrou no criado mudo do leito de Harry.

- Espero que tenha um gosto melhor do que esta coisa... - Harry disse afundando nos travesseiros.

- Com pedacinhos de alunos da Sonserina dentro? Você deve estar brincando... - Rony disse.

- Hunf! - Meredith resmungou para Rony.

A porta do hospital se escancarou naquele momento. Imundos e encharcados, os demais jogadores da Grifinória chegaram para ver Harry.

- Incrível aquele vôo, Harry. - disse Jorge. - Acabei de ver Marcos Flint berrando com Draco. Estava falando alguma coisa sobre ter o pomo sobre a cabeça e nem notar. Draco não parecia muito feliz.

- E você, aposto que tem algo a ver com isso! - Olívio Wood acusava Meredith.

- Eu não! Você tem provas? Então não me acuse. - ela respondeu mal criada. Depois se escondeu debaixo da cama de Harry. Ia esperar que os outros fossem embora para falar sobre o que havia percebido durante o jogo.

Os jogadores tinham trazido bolos, doces e garrafas de suco de abóbora que arrumaram em volta da cama de Harry e davam início ao que prometia ser uma festança, quando Madame Pomfrey apareceu como um tufão, gritando:

- Esse menino precisa de descanso, precisa fazer crescer trinta e três ossos! Fora! FORA!

E Harry foi deixado sozinho, sem nada para distraí-lo da dor horrível no braço inerte.

Meredith acabou por pegar no sono esperando Madame Pomfrey sair da enfermaria.

Muitas horas depois Harry acordou Meredith gritando.

- Fora daqui! - gritou ele alto e em seguida - Dobby!.

- Harry Potter voltou para a escola - uma voz murmurou infeliz - Dobby avisou e tornou a avisar Harry Potter. Ah, meu senhor, por que não prestou atenção em Dobby? Por que Harry Potter não voltou para casa quando perdeu o trem?

Harry se mexeu na cama fazendo ela ranger.

- Que é que você está fazendo aqui? - perguntou. - E como sabe que perdi o trem?

- Foi você! - Harry disse lentamente - Você impediu a barreira de nos deixar passar! - ele acusava a voz.

- Filho da mãe! - Meredith pensou - Por sua culpa Snape fica pegando no meu pé sempre que pode!

- Com certeza, meu senhor! - Dobby confirmou - Dobby se escondeu e esperou Harry Potter e selou o portão, e Dobby teve que passar as mãos a ferro depois! Mas Dobby não se importou, meu senhor, porque pensou que Harry Potter estava seguro, e Dobby nunca sonhou que Harry Potter fosse chegar a escola por outro meio!

- Dobby ficou tão chocado quando soube que Harry Potter tinha voltado a Hogwarts que deixou o jantar do seu dono queimar! Dobby nunca foi tão açoitado, meu senhor...

Harry afundou de volta nos travesseiros.

- Você quase fez com que Rony e eu fôssemos expulsos! - Harry disse furioso - É melhor desaparecer antes que os meus ossos voltem, Dobby, ou eu ainda estrangulo você.

- Dobby está acostumado com ameaças de morte, meu senhor. Em casa, Dobby as recebe cinco vezes por dia.

- Sério? Que ótimo! Por que eu quase me ferrei também Harry, não se esqueça! - Meredith saiu de debaixo da cama surpreendendo Dobby e Harry. Ele arregalou os olhos imensos e esbugalhados para Harry.

- Não se preocupe! Pode continuar o que veio falar! - Harry disse irritado.

O elfo assoou o nariz numa ponta da fronha imunda que usava, parecendo tão patético, que Harry derrepente parecia sentir pena ao invés de raiva

- Por que você usa isso, Dobby? - perguntou curioso.

- Isso, meu senhor? - Dobby disse puxando a fronha - Isto é a marca de escravidão do elfo doméstico, meu senhor. Dobby só pode ser libertado se seus donos o presentearem com roupas, meu senhor. A família toma cuidado para não passar a Dobby nem mesmo uma meia, meu senhor, se não ele fica livre para deixar a casa para sempre.

Dobby enxugou os olhos saltados e disse de repente:

- Harry Potter precisa ir para casa! Dobby achou que o balaço dele seria suficiente para fazer...

- O seu balaço? - Harry disse e a raiva parecia tornar a lhe subir a cabeça - Que é que você quer dizer com o seu balaço? Você fez aquele balaço tentar me matar?

- Não matar, meu senhor, nunca matá-lo! - Dobby disse chocado - Dobby quer salvar a vida de Harry Potter! Melhor mandá-lo para casa, seriamente machucado, do que ficar aqui, meu senhor! Dobby só queria que Harry Potter se machucasse o bastante para ser mandado para casa!

- Só isso? - Meredith estava um tanto pasma - não seria mais fácil amarrá-lo e prender em uma mala? Você quase matou ele.... coisa! Poderia ter machucado ele de verdade!

- Suponho que você não vai me contar por que queria me mandar para casa aos pedaços?

- Ah, se ao menos Harry Potter soubesse! - Dobby disse com mais lágrimas escorrendo pela fronha esfarrapada - Se ele soubesse o que significa para nós, para os humildes, para os escravizados, para nos escória do mundo mágico! Dobby se lembra de como era quando Ele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado estava no auge dos seus poderes, meu senhor! Nós, elfos domésticos, éramos tratados como vermes, meu senhor! É claro que Dobby ainda é tratado assim, meu senhor. - admitiu enxugando o rosto na fronha.

- Mas em geral, meu senhor, a vida melhorou para gente como eu desde que o senhor venceu Ele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Harry Potter sobreviveu, e o poder do Lord das Trevas foi subjugado, e raiou uma nova alvorada, meu senhor, e Harry Potter brilhou como um farol de esperança para todos nós que achávamos que os dias de trevas nunca terminariam, meu senhor... E agora, em Hogwarts, coisas terríveis vão acontecer, talvez já estejam acontecendo, e Dobby não pode deixar Harry Potter ficar aqui, agora que a história vai se repetir, agora que a Câmara Secreta foi reaberta...

- A câmara secreta é? - Meredith falou maldosamente - Então ela existe...

Dobby congelou, tomado de horror, e agarrou a jarra de água sobre o criado mudo e quebrou na própria cabeça, desaparecendo de vista. Um segundo depois, tornou a subir na cama, vesgo, murmurando:

-Dobby ruim, Dobby muito ruim!

- Então há uma Câmara Secreta! - Harry disse a Meredith - E... Você está me dizendo que ela já foi aberta antes? Me conte, Dobby? - Meredith agarrou o elfo pelo pulso ossudo quando viu a mão dele tornar a se aproximar devagarinho da jarra de água - Mas eu não nasci trouxa, como posso estar ameaçado pela Câmara?

- Ah, meu senhor, não pergunte mais nada ao pobre Dobby. - o elfo gaguejou com os olhos enormes na escuridão. - Feitos tenebrosos estão sendo tramados em Hogwarts, mas Harry Potter não deve estar aqui quando acontecerem, vá para casa, Harry Potter, vá para casa. Harry Potter não deve se meter nisso, meu senhor, é perigoso demais...

- Quem é, Dobby? - Harry perguntou - Quem abriu a Câmara?

- Quem a abriu da outra vez? - Meredith disse impaciente.

- Dobby não pode, minha senhora, Dobby não pode, Dobby não deve falar! - o elfo guinchou - Vá para casa, Harry Potter, vá para casa! E você também menina Meredith. Vá ou vai sofrer de um mal terrível!

- Eu não vou a lugar nenhum! - Harry respondeu com ferocidade - Uma das minhas melhores amigas nasceu trouxa; ela será a primeira da lista se a Câmara realmente foi aberta... - Meredith sorriu - A Hermione!

- Ingrato! - Meredith reclamou.

- V-você também... - ele tentou reparar o erro.

- Harry Potter arrisca a própria vida pelos amigos! - Dobby gemeu numa espécie de êxtase de infelicidade - Tão nobre! Tão valente! Mas ele precisa se salvar, deve, Harry Potter, deve ter cuidado com os que são seus amigos... não deve...

Dobby de repente congelou, suas orelhas de morcego estremeceram. Harry e Meredith ouviram também. Havia ruído de passos no corredor.

- Dobby tem que ir! - suspirou o elfo, aterrorizado. Houve um estalo alto, e Meredith subitamente não estava segurando mais nada. Ele tornou a afundar na cama, os olhos fixos no portal escuro da ala hospitalar enquanto os passos se aproximavam e Meredith se jogava debaixo da cama.

No momento seguinte, Dumbledore entrou de costas no dormitório, usando uma longa camisola de lã e uma touca de dormir. Carregava uma extremidade de alguma coisa que parecia uma estátua. A Prof. McGonagall apareceu um segundo depois, carregando os pés. Juntos, eles depositaram a carga sobre uma cama.

- Chame Madame Pomfrey. - sussurrou Dumbledore, e a Prof. McGonagall desapareceu rapidamente de vista, passando pelos pés da cama de Harry. O garoto ficou deitado muito quieto, fingindo que dormia enquanto Meredith se espremia contra a parede na cabeceira da cama para evitar de ser vista. Ouviu vozes urgentes e então a Prof. McGonagall reapareceu, seguida de perto por Madame Pomfrey, que vestia um casaquinho por cima da camisola. Eles ouviram alguém inspirar com força.

- Que aconteceu? - Madame Pomfrey cochichou para Dumbledore, debruçando-se sobre a estátua na cama.

- Mais um ataque. - Dumbledore respondeu - Minerva o encontrou na escada.

- Havia um cacho de uvas ao lado dele. - a professora disse - Achamos que ele estava tentando chegar aqui escondido para visitar Potter. - Harry se remecheu na cama e Meredith levantou a pontinha do lençol para ver também.

Era Colin Creevey. Seus olhos estavam arregalados e, as mãos, erguidas diante dele, segurando a máquina fotográfica.

- Petrificado? - sussurrou Madame Pomfrey.

- Está. - a Prof. McGonagall respondeu - Mas estremeço de pensar... Se Alvo não estivesse descendo para tomar um chocolate quente... Quem sabe o que poderia...

Os três contemplaram Colin. Então Dumbledore se curvou e tirou a máquina fotográfica das mãos rígidas do menino.

- Você acha que ele conseguiu bater uma foto do atacante? - a professora perguntou ansiosa.

Dumbledore não respondeu. Abriu a máquina.

- Meu Deus! - Madame Pomfrey exclamou.

Um jato de vapor saiu sibilando da máquina. Harry e Meredith a três camas de distância, sentiu o cheiro acre do plástico queimado.

- Derretidas. - Madame Pomfrey disse pensativa - Todas derretidas...

- O que significa isto, Alvo? - a Prof. MacGonagall perguntou receosa.

- Significa que de fato a Câmara Secreta foi reaberta.

Madame Pomfrey levou a mão à boca.

McGonagall arregalou os olhos para Dumbledore.

- Mas, Alvo... Com certeza... Quem?

- A pergunta não é quem. - Dumbledore disse com os olhos postos em Colin - A pergunta é, como...

E pelo que os dois puderam ver do rosto sombreado da Prof. MacGonagall, ela não entendia muito mais que ele.


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