- Você não se lembra nem daquele que lhe criou? – perguntou Jasper, curioso.                                                                                    

- Não. Eu não lembro nada, nem de quem me transformou ou como foi, nem nada. Acordei assim. Sozinha. – Alice deu os ombros, não era exatamente o assunto que ela queria ter com Jasper, mas ela sabia que eles iriam dividir tudo, então não se importou - Sei que vivia num sanatório antes de ser vampira porque acordei no terreno de um, e vestindo o uniforme dos pacientes, mas fora isso não sei de nada.

- Sei... Interessante. Geralmente as lembranças da vida humana são fracas e um pouco difusas, mas nunca conheci ninguém que não tivesse nenhuma delas.

- Acho que eu sou mesmo única. – e ela sorriu tímida. Ela se sentiu vitoriosa quando percebeu que ele sorria junto. Talvez ele não fosse tão difícil de dobrar afinal.  Mas Alice estava cantando vitória com antecedência demais, pois a expressão dele voltou a ficar séria e ele perguntou:

- Isso não explica ainda porque você me esperou. Se você realmente me viu chegar então você deveria ter fugido como confessou que fazia antes.

Ele era inteligente. E ela não tinha a menor idéia de como dar uma explicação plausível exceto confessando o "detalhe" que eles iriam se apaixonar. Mas ela não podia despejar tudo nele ainda. Era muito cedo.

- Eu vi que vamos conviver. Eu já lhe disse que posso ver que vamos ser amigos...

- Ah, mas isso está totalmente fora de ordem. Eu viajo sozinho, Alice. Não estou procurando companhia. Ainda mais uma que fica tão ansiosa para me responder coisas simples como isso.

- Jasper... – era tão bom poder finalmente falar o nome dele em voz alta. Ela já estava cansada de sonhar com esse rapaz, sem nunca poder encontrá-lo. Ela segurou as mãos dele na mesa e uma nova corrente elétrica aconteceu. Ela podia dançar de felicidade, será que ele não via como eles eram perfeitos?

 – Eu sei que não faz sentido para você agora, mas preciso que você confie em mim. Eu posso ver o futuro. Nós vamos conviver e isso vai ser muito bom...

- É ótimo que você pode ver o futuro, Alice. Realmente ótimo, mas acredite em mim agora: você não sabe de tudo.

A expressão dele era mais dura e séria desde que havia se sentado com ela. Ela não precisava ter uma habilidade como a dele para saber que ele estava se irritando. Alice sentiu a maior vontade de chorar desde que tinha acordado vampira. Será que ela poderia?

- Você não pode saber quem eu sou apenas por uma visão, Alice. Você não sabe o que eu fiz nos meus quase cem anos... Eu não sou quem você pensa que eu sou.

Ele soltou a sua mão da mão dela e se levantou rapidamente. Alice entrou em choque, por meio segundo sua mente ficou apenas em choque, "Ele vai embora de mim" ela pensou com um toque de pânico, mas logo reagiu e ficou em pé ao lado dele. O restaurante estava quase vazio pelo horário e ninguém se importou com os dois. Jasper apertou os olhos quando Alice colocou com cuidado uma mão no braço dele e disse:

- Eu sei, Jasper. Mas, por favor, me entenda... Eu posso não saber nada sobre o que aconteceu, mas eu sei o que interessa. Eu sei o futuro!... – Alice sussurrou a última frase tão baixo que se ele não fosse um vampiro com super audição não teria condições de ouvi-la.

- Eu sinto todos os seus sentimentos junto com você, Alice. Eu posso sentir como você treme de... – ele parou pra pensar, quase como se não tivesse certeza se devia dizer aquilo em voz alta. Demorou uns dois segundos, mas ele terminou a frase também sussurrando como Alice tinha feito – ...de desejo por mim quando me toca. Eu não sei o que você viu, o que quer que eu possa vir a fazer com você, mas eu já me decidi que não vou fazer nada desrespeitoso para uma menina como você. Desculpe, senhorita, mas eu já tive uma parceira e não estou procurando nenhuma outra.

Alice não conseguiu se mexer de choque. Ela se imobilizou tal qual uma estatua de mármore. Que ele queria dizer com "parceira"? Quer dizer que ele já tinha outra mulher com ele? O coração dela já estava morto, claro, mas não quer dizer que ele não poderia se partir.

- Desculpe por magoá-la, Alice. Eu sinto muitíssimo, mas realmente já lhe disse que não tenho interesse algum por...

- Você não tem ninguém agora! Eu sei que não tem. Não tem mulher nenhuma no seu futuro exceto eu! – Jasper deu um passo para trás, ele estava deixando ela, Alice podia sentir.

- Jasper, espera. Eu não queria brigar com você. Por mais que você não estava procurando companhia para viajar, eu sei que você não iria se importar de me fazer companhia apenas por hoje. Afinal, eu nunca havia visto nenhum outro além de mim, não importa porque a razão disso... – Alice acrescentou depressa quando ele apertou os olhos pra ela. Ela não queria que ele voltasse à posição defensiva de antes. – Será que você não poderia apenas conversar um pouco comigo hoje. Amanhã você pode continuar o seu caminho como quiser...

Ele a observou com cuidado por algum tempo antes de respondê-la.

- Alice, eu não acho que seja apropriado para você ficar só comigo... Eu não acho que eu seja...

- Tem um monte de coisas que eu gostaria de perguntar a você, Jasper. Nunca tive ninguém que pudesse me explicar às coisas antes. Demorei um dia inteiro de transformada antes de beber sangue pela primeira vez simplesmente porque eu não sabia de quê era minha sede.
A expressão dele suavizou um pouco com o pedido sincero dela. Mas ela sabia que ainda precisava apelar mais.

-aliais nem sei por que não podemos nos revelar para eles. – Alice falou se referindo aos humanos.

-ora Alice essa é nossa lei. – ele falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

- Lei? – a voz dela ficou um pouco mais aguda. "Quantas coisas eu não sei afinal..." – Mas que lei é essa? E isso quer dizer que nós temos um governo então?

Ele riu de leve com os olhos fechados por uma fração de segundo, e ela pode se deixar aproveitar para analisar o rosto dele de novo. Ele tinha cicatrizes no queixo e pescoço exatamente como ela se lembrava de uma visão que havia tido com ele há um tempo atrás, de que toda parte superior do corpo dele também era marcada por marcas de mordidas. Mas o rosto dele era tranqüilo, calmo. Os olhos dele mostravam que ele estava se divertindo e ela via só carinho e conforto nele.

Ele abriu os olhos rapidamente, com certeza sentindo a mudança de sentimentos dela.

- Você promete controlar esses sentimentos? Eu não quero magoar você quando for embora amanhã. Porque não importa o que você ver no futuro, eu vou embora amanhã.

Ela concordou com a cabeça e sorriu. Alice não via nada disso...

- Bom, mas alguém precisa mesmo lhe explicar sobre os Volturi ou você pode se colocar em alguma encrenca...

- Volturi? Quem são esses? Vampiros como nós?

Ele sorriu pra ela. Um sorriso que parecia genuinamente divertido.

- São os vampiros mais poderosos do mundo. Eles determinam o comportamento de todos os outros, mas não quero entrar nesse assunto aqui no meio do restaurante. Por acaso você teria algum lugar mais apropriado que possamos ir? Não acho que aqui seja o melhor lugar para que eu possa lhe dar uma aula satisfatória sobre a vida de um vampiro, não acha?