Jennifer soltou a arma ali mesmo, abrindo um sorriso e se pondo a correr até Sherlock. Ela pulou sobre ele, que a agarrou em um abraço, erguendo-a do chão. 

­- Eu também te amo, Sherlock Holmes. - Holmes sorriu, lembrando-se da declaração que fizera a jovem quando ela ainda estava em coma. Ele a colocou no chão, tirando os cabelos que estavam grudados no rosto pálido e delicado da amada e a beijou.

Jonh Watson se colocou ao lado de Mycroft Holmes, e, juntos, viam a cena de longe.

- Você já imaginou que ele seria capaz de amar? - Jonh perguntou. A chuva havia parado, e por incrível que pareça, o sol estava saindo. Um lindo arco íris se formou no céu.

- Nunca achei que um Holmes pudesse fazê-lo. Ao que tudo indica, Jennifer Mars é um milagre. - E, sorrindo para o casal, ainda com o guarda chuva, se virou e se pôs a caminhar, indo em direção há algum lugar.

- Mycroft! - Ele escutou a voz da jovem o chamar. Ele se virou. - Obrigada! - O Holmes mais velho esboçou um sorriso e fez um aceno com a cabeça, se virando novamente e sumindo. 

- Jonh disse-me que você estava usando um Degas como escudo! - Sherlock disse, ainda abraçado na jovem.

- Oh sim, minha mãe deve ter se revirado no túmulo apenas de me ver segurá-lo sem luvas apropriadas. - Ambos riram.

- Você está bem? - Jennifer se afastou de Sherlock e disse:

- Melhor impossí... - Entretanto, antes de terminar, ela desequilibrou. Holmes a segurou. - Acho que a melhor resposta é: mais ou menos. - E ela riu.

- Melhor levarmos ela para o hospital. - Disse Jonh.

- Não! - mas os dois foram irredutíveis. - Cara, eu odeio hospitais. Pelo menos me prometam uma coisa: que vai ser a Mary que vai me tratar, já que assim, Jonh vai ter um motivo para vê-la. - Holmes a segurou, ajudando-a a andar até um táxi, e Jonh apenas riu. Voltou ao lugar onde ela havia deixado a arma e, depois de juntá-la, correu para alcançar os amigos.

Já no hospital, Jennifer teve mais visitas do que o necessário. É claro, só poderia haver quatro pessoas por vez no quarto e Jennifer não permitia que Sherlock saísse dali nem sob tortura. Primeiro houve Mrs. Hudson, Mac e o novo padre do orfanato, que na realidade era padre Leo que decidiu voltar. Depois veio Lestrade e a família, e teve também Trinity e um namorado desconhecido que também era da Inglaterra. Ambos vieram correndo quando souberam o que havia acontecido. Na realidade, Trinity havia vindo correndo e o garoto, que se chama Luiz, havia vindo de companhia.

- Você quase me mata de susto! - A amiga disse.

- Ah, mas você deveria estar acostumada já. - Jen disse rindo.

- Eu acho que vou deixá-las a sós... - Sherlock disse, se levantando.

- Não! - Jen falou. Isso, é claro, intrigou a velha amiga.

- Eu preciso de um café. - Ele disse. - Prometo não demorar. - Ele foi até a cama e beijou-a na testa. Luiz achou que era uma boa idéia ir junto.

- E seja bom com o garoto Mr. Holmes, ou você vai se ver comigo! - Disse Trinity, Jen riu. Trinity contou até dez, deduzindo que os dois estariam bem longe e disse:

- Eu não acredito! Não, falando sério, isso é... AI MEU DEUS!

- Trinity, fala baixo, estamos em um hospital!

- Vocês dois... Juntos... Ok, é tipo assim, a coisa mais certa que eu já vi. Vocês dois são iguais.

- Ele vai acabar não me deixando ajudá-lo nos casos. Vai dizer que são muito perigosos...

- E você vai acabar o convencendo.

- Oh sim! - e ambas riram. - Eu não sei... Eu neguei isso por tempo de mais. Eu nunca lhe contei, mas naquela noite, na festa a fantasia...  Eu fui seqüestrada e salva. Na época eu não sabia quem tinha me salvo, mas havíamos nos beijado. Eu descobri, muito recentemente, que havia sido ele. Ele também não sabia, não na hora. Mas, quem é o gostosão que veio de Mykonos com você?

- Luiz? Oh, ele é inglês... Tipo, da nobreza.

- Uou! - Ela riu.

- É, ele meio que me pediu em namoro...

- E você meio que aceitou. - Ela concordou.

- Agora vocês podem parar de falar de mim. - Disse Luiz, entrando e sendo seguido por Sherlock e Dra. Mary.

- Oh não, - Jen falou. - Ela ainda não me contou nadinha. Espero que saiba que se ela acabar com o coração machucado, você vai acabar com a cara sendo esfolada no asfalto. - Ele riu.

- Trinity me disse que você falaria algo parecido.

- Acho que eu não preciso repetir isso para você, Mr. Holmes? - Trinity disse. Ele sorriu.

- Oh, não acho que seja necessário.

- Bem, Jen. - Mary começou a dizer. - Está na hora de mais alguns exames, sim? - O sorriso na face de Jen diminuiu. - Eu sei, mas é necessário, temos que ter certeza que o coma não vai retornar, e que você já está curada. Teve sorte por só ficar em coma quando foi atropelada, mas não podemos correr riscos agora.

- Bem, não posso discutir com isso. - Disse a jovem. - Vamos lá. E... Sorte por ficar em coma? - Disse Jen.

- Você entendeu. - Ela riu.

- Oh sim, imagine o que Moriarty faria se eu tivesse uma perna quebrada.

Sherlock não seguiu a garota, mas foi até onde Jonh estava.

- E então, como ela está? - Watson pediu.

- Bem, Mary acabou de levá-la para mais alguns exames.

- Oh sim, provavelmente ela vai poder sair daqui logo. Mac disse que ela deve voltar a morar no orfanato, mas não achei que você ou Jen vão concordar com isso. Mrs. Hudson disse que não se importa que ela fique conosco, mas agora que vocês dois... Bem, não sei o que ela vai decidir. 

- Ela deve ficar conosco. - Sherlock disse. - Não vejo porque não. 

- Mas Sherlock... - Mas Holmes não prestava mais atenção em Jonh, ele tinha os olhos em alguma coisa lá fora.

Mais especificamente, em alguém.