Sequestro Relâmpago escrita por Mayara Rabelo


Capítulo 2
A luta está quase no fim...


Notas iniciais do capítulo

Por favor, se aparecer algum erro, foi porque postei apressadamente, e escondido. Rs' Não revisei. Espero que gostem.



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“Às vezes, é fácil esquecer que lutar pelo amor pode não ser apenas desespero e preocupação, além do medo de ser assassinada. Às vezes, pode ser um trabalho maravilhoso.”

(Julieta Imortal)

.....

Grissom não poderia negar que o medo o havia atingido. A sensação de medo nesse momento está tão poderosa quanto às batidas descompassadas de seu coração. O incrível é que o medo não é de morrer, muito menos de perder suas coisas materiais. Era de deixar Sara sozinha nesse mundo. Deixá-la viúva tão cedo...

Mas espera! Não é preciso disso tudo. Não tem necessidade desse sofrimento. Grissom iria viver. Nem que para isso lutasse com todas as suas forças e...

- Hey tio! Onde você guarda a sua carteira? – Perguntou em tom de autoridade o rapaz que parecia ser o chefe.

- No meu bolso. – Sua voz saiu um pouco distorcida.

Com toda a brutalidade que existia em si, o homem virou Grissom ainda dentro daquele porta malas, e tirou a carteira. Fez sinal para que os seus “capangas”, como assim Grissom pensou em chamar, o tirar de dentro do carro. Enquanto isso, o bandido revirava a carteira, dando de cara com a identidade.

- Gilbert Arthur Grissom. – Falou em voz alta. – Vejam rapazes, nome bonito não é? – Todos riram e Grissom sentia nojo daqueles braços fortes e fedorentos o segurando apertado. – É casado, tio?

- Não lhe interessa. – Sua raiva estava tão forte, que seu rosto ficou ruborizado. Com uma vermelhidão que dava impressão de que sua circulação parou e seu sangue estava totalmente em sua cabeça.

- Que sofisticado... – O sorriso frio naquele rosto feio por vida dava medo. – Ex-perito. Achei sua carteira de aposentadoria. Tem muito dinheiro então... – Deu uma risadinha sínica. – Quer me contar onde está?

- Se eu disser que não? Vai adiantar?

- É melhor falar direito comigo, tio. – O homem chegou perto de Grissom com a expressão de raiva horripilante. – Se não vai ter um preço mais alto. Sua vida. Ou de quem você mais ama... Que eu sei que você tem uma família... Essas fotos aqui não negam! – Sua voz estava calma, mas ao mesmo tempo amedrontadora.

- Por Deus! – Gritou em desespero. – Não! Não faça nada com eles! São minha vida... Por favor! Dou tudo que tenho. Todo meu dinheiro, tudo mesmo. Mas deixe minha vida! Quero cuidar deles dois... – Uma lágrima escapou de seus olhos.

- Olha que coisa mais linda. – Debochou o canalha do bandido. – O tio está chorando. Não chora! – Ele passa a mão no rosto de Grissom que reage ao toque virando seu rosto. – Trate de me obedecer! E ai terá sua vida.

.....

O que Sara poderia fazer? Correr? Gritar? Chamar seus amigos? Seu coração palpitava tão forte que poderia escutar as batidas. Não tinha ação. O telefone permanecia em sua mão, mas a coragem lhe faltava de alertar sobre o que aconteceu á alguém. E se Grissom estiver certo? Se fosse pior?

- Você não pode nos deixar, meu amor. Não pode! – Falava pra si mesma. – O que eu faria de minha vida sem você?

Um choro agudo pode ser ouvido. Brian devia ter acordado. Colocou o telefone na mesa e seguiu ao quarto do lado do seu e de Grissom. Todo decorado da cor azul bebê, a cor dos olhos de Brian. Parece que eles adivinharam ao decorar. Entrou e encontrou seu filho em pé se segurando nas grades do berço, os olhinhos de azul ofuscantes passaram para uma cor mais escura. Estava chorando muito.

- O que houve, meu anjo? – Sua voz também era aguçada, triste. Tudo por conta das lágrimas que ainda desciam em seu rosto. – Está com fome?

Sara retirou seu filho de dentro do berço, dando um beijo na testa. Brian ainda chorava um tanto desesperado. Como se estivesse sentindo uma dor. Imaginou que ele estava assim, pois poderia estar a vendo chorar, ou está sentindo dentro de seu coraçãozinho que seu pai não está bem. Que está na mira de bandidos. Sara não sabia... Podia ser só impressão.

Sentou-se na cadeira de balanço que Grissom havia comprado para poder se acomodar enquanto amamentava Brian quando ele acordasse no meio da noite, aos choros de fome. Abaixou suavemente uma alça de sua blusa e de seu sutien, colocando seu seio para fora na posição que seu filho pudesse se alimentar.

Brian aceitou o seio da mãe com volúpia. Enquanto sugava, levava sua mão tão pequena no rosto de Sara. Seus olhos atentos á cada soluço que ela dava, seus dedos passando a limpar desajeitadamente as lágrimas que teimavam em descer, mas mesmo assim não perdia o foco e continuava mamando.

Com a própria fralda de seu filho, Sara afagou seu rosto tentando não assustar seu filho com seu desespero. Seu coração dizia que Grissom estava bem, mas que precisaria ficar atenta e não contar pra ninguém. Com toda certeza seria pior.

E queria seu marido ainda vivo.

.....

Não deve haver algo pior do que aquele cheiro de axila. Axila suada. Grissom estava em tempo de vomitar de tanto nojo. Fora isso estava tudo calmo. O lugar era uma cabana no meio do deserto, um pouco longe da cidade. Sentado em uma cadeira que doía suas costas, ainda amordaçado, pensava em como Sara estava. Desesperada, talvez. Mas tinha que pensar positivo.

Só dois homens estavam de vigia. Os outros, além do chefão ridículo, foram tirar todo seu dinheiro do banco. Pode uma coisa dessas? Seqüestram, pedem a senha e seu cartão, e depois? E depois o que fazem? Matam?

Pedia muito. Rezava. Suplicava para não morrer. E também agradecia. Agradecia ao poder de inteligência que havia herdado. Se não fosse esse talento, estaria na barriga da miséria. Por quê? Porque deu aos ladrões a senha e sua conta no banco, mas a maior parte de seu dinheiro estava guardada na poupança de Brian.

Assim que Brian nasceu, Grissom resolveu tirar a sua aposentadoria. Então, fez uma troca de dinheiro, tirando-o da sua poupança original, pra de Brian, que realmente foi uma grande quantidade, e tudo foi por segurança. Pois bem, deu certo. Ainda restaria muito dinheiro. Pois em sua conta original, havia só uns cinco mil dólares. Enquanto na de seu filho, tinha absolutamente tudo que conseguiu em sua carreira. Acredite, tinha dois milhões de dólares.

- Vocês são tão fedorentos. Porque não tomam um banho? – Disse para um dos caras que passavam por ele, andando de um lado para o outro.

- Cala boca, idiota! – Grissom levou uma tapa que o barulho ecoou no lugar. O cara falou emanando um odor insuportável de sua boca. Mas Grissom observou-o mais, e resolveu se comportar. Estavam todos armados.

.....

- Seu infeliz!

Ah, o poderoso chefão chegou. E com toda raiva que pode existir. Parecia um touro fungando, ou então um dragão colocando fogo pelas ventas.

- Seu velho imprestável! – Empurrou Grissom no chão com cadeira e tudo. – Como você só tem cinco mil em sua poupança? Como pode?

- Minha esposa teve um parto complicado. Tivemos que gastar muito. – Sua voz era cortante. – E também, há uns anos atrás, precisei fazer ma cirurgia na audição. – Tudo era verdade, mas não usou nem a metade de seu dinheiro para isso.

- Você só tem aquilo? Nada mais? – Grissom não conseguia se mexer muito bem, mas conseguiu assentir. – Desgraçado! – Um chute. – Infeliz! – Mais um chute.

Grissom só sentia a dor e não se mexia, não fazia nada. Não era necessário. Se fizesse mais algum movimento, pelo mínimo que fosse, saberia que era dada sua hora. Por isso, agüentou firme. Tudo por sua vida. Para sua família.

- Tudo bem. – Ele parou de bater. – Não tem mais dinheiro, fazer o que? Eu quero te matar! Eu deveria te matar. – Bufou.

- Não faça isso... Eu te imploro! – Grissom chorava. – Você já amou alguém? Já sentiu a necessidade de cuidar de alguém?

- Não é hora pra romantismo. – Andava de um lado para o outro passando as mãos pelos cabelos crespos.

- Não falo de romantismo. Falo de amor de verdade. – Grissom olhou para ele. – Eu amo minha mulher. Amo tanto... Tanto... Que não sei explicar. E meu filho? Ah, meu filho é o fruto de nosso amor. Não há como não amá-lo. Eles são meu tudo. – O homem pareceu se comover, se virou para Grissom o encarando. – Porque você não tenta? Tenta fazer uma família para ver o sentido que isso tem...

- Tio eu... – Grissom o interrompeu.

- Me deixe terminar! – Seu grito ecoou e todos ficaram em silêncio. – Eu quero viver, porque antes fiz minha mulher sofrer, e agora pretendo fazê-la feliz. – Grissom fechou os olhos. – Só de lembrar que ela vivia me pedindo pra jantar e eu recusava, e que quando eu tomei a decisão de ficar com ela, não havia desistido de mim... E é por isso que quero viver. Para amá-la e amar meu filho. Dar a ela o amor que merece.

Suas lágrimas teimavam em descer, seus ombros balançavam freneticamente por conta do choro desesperador.

- Se eu fechar meus olhos consigo ver o seu rostinho sorrindo pra mim. E vejo a cena de quando ela amamenta meu filho. – Ele abre os olhos e encara o homem novamente. – Foi a cena mais linda que já presenciei em toda minha vida. – Sorriu de lado. – A mulher da minha vida me deu um filho. E eu preciso viver pra agradecê-la por essas e outras... Eu a amo. Por favor... – Suspirou antes de terminar. – Me deixe viver.

Os homens se entreolharam, não tinham a capacidade de rir malignosamente numa situação como essa. Simplesmente, sentiram a necessidade de ficar em silêncio, porque era tudo o que conseguiram fazer depois daquela declaração.

Saiu turbulenta, tremida, mas o homem conseguiu dizer alguma coisa, ainda emocionado com o que acaba de ouvir.

- Tirem esse homem daqui. Mas o deixem em casa.


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Notas finais do capítulo

Vocês choraram?