Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 32
Capítulo 32 - Sayonara Solitaire


Notas iniciais do capítulo

Sayonara Solitaire - Saeko Chiba
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Todos acordaram cedo no dia seguinte, prontos para outro dia de diversão na praia, mas esse infelizmente não era o caso de Nagihiko. Depois do que fez com a pessoa mais preciosa para ele na noite passada, depois de ter atacado Tadase mais uma vez, já não tinha vontade de fazer mais nada, nem de sair da cama, muito menos coragem de encarar o próprio Tadase. E depois de fingir ter pego uma insolação e precisar ficar até mais tarde na cama (o que não era tão fingimento assim), e também após os demais garotos saírem do quarto, Nagihiko narrava os acontecimentos da última noite (com alguns cortes, é claro) e também sua decisão para Rhythm:


– Voltar pra Europa?! Você pirou de vez, Nagi??
– Antes fosse isso... acho que pela primeira vez estou pensando com clareza, Rhythm - o garoto respondeu, ainda com os cabelos bagunçados e de pijamas, recusando-se a sequer levantar da cama. Não tinha vontade nem de fazer isso - Será que não percebe? Enquanto eu podia continuar apenas ao lado do Hotori-kun, como um amigo, ajudando e protegendo ele, estava tudo bem... mas somente isso já não me satisfaz. Não consigo mais ficar ao lado dele sem desejar tocá-lo, abraçá-lo, sentir seu cheiro... só o menor toque já é o suficiente pra me fazer perder o controle, é como se eu fosse morrer sufocado em ter essas coisas negadas
– Sei... e pra consertar isso, você vai se afastar dele?! Isso é como cometer suicídio! - o Chara exasperou-se - Pense direito, você está muito abalado por causa do que aconteceu ontem, essa não é a decisão correta!
– Mas é a melhor que eu consigo encontrar. Não consigo suportar a idéia de que meus descontroles possam amedrontar ou constranger o Hotori-kun, se isso continuar, ele vai acabar me odiando... isso se já não me odiar depois do que eu fiz ontem
– Isso não está certo, Nagi... por que você precisa sofrer tanto por causa disso afinal?! - Rhythm exasperou-se, com uma expressão anormalmente séria no rosto - Pense bem, essa não é a decisão correta! Você já fugiu pra Europa uma vez, e não deu certo, você não esqueceu o Tadase! Por que funcionaria dessa vez?!
– Porque dessa vez... eu não vou voltar - o garoto respondeu com um nó na garganta - Por mais que me doa, por mais que eu sofra e me desespere em ter que ficar longe dele, não importa... desde que seja apenas eu a sofrer, e desde que isso garanta a segurança do Hotori-kun, estará tudo bem pra mim
– Ainda acho que você está cometendo um erro... essa não é a decisão certa a se tomar. E tenho certeza de que a Temari concordaria comigo - o Chara falou, um tanto incoformado - Bem, se você está tão decidido assim, não me resta outra opção a não ser te apoiar... mas, eu tenho um último conselho pra você
– É, acho que estou desesperado o suficiente pra ouvir seus conselhos - o Valete comentou, com um fraco sorriso - Qual é?
– Já que você está tão decidido assim a partir... então se declare primeiro - Rhythm falou e, antes que seu dono começasse uma discussão sobre o tamanho do absurdo que ele dizia, continuou - Você está decidido a partir, não é? Está aí dizendo que nunca mais verá o Tadase de novo... se é assim, então não custa nada se declarar primeiro, nem que seja só por curiosidade, pra ver a reação dele! Se acontecer de ele te rejeitar... então eu vou apoiar totalmente a sua decisão de ir pra Europa. Mas, faça isso primeiro, Nagi... não cometa o mesmo erro duas vezes.





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Na praia, todos estavam jogando vôlei na areia agora, com exceção de Tadase, que fingia estar fazendo um castelo de areia, enquanto se perdia em seus próprios pensamentos. O que foi aquilo que aconteceu na noite passada afinal? Um sonho? Uma ilusão? Uma fantasia eloquente de sua mente surpreendentemente criativa? Tadase optaria pela terceira opção, mas, a reação de Nagihiko mostrava que tudo aquilo não passava da mais pura realidade. Quando fechava os olhos, podia sentir de novo o toque quase desesperado do Valete em sua pele, causando sensações tão indescritíveis que ele nem sequer sabia que existiam, podia sentir o cheiro de Nagihiko próximo à ele, o calor de seu corpo... só não entendia porque raios o Valete tinha feito tudo aquilo com ele. Embora o Rei pensasse que isso devia ter sido por causa da escuridão em que se encontravam, ou até por causa de um Chara Change descuidado, e soubesse que eram as duas opções mais prováveis, não podia deixar de alimentar um fio de esperança de que seus sentimentos fossem correspondidos.


– Como é que é, Tadase?! Ese castelo fica pronto ou não fica, hein?? - ele ouviu a voz de Utau, seguido de um tapa em suas costas, forte demais para ter sido dado por uma garota. A cantora o rodeou, sentando-se de frente para ele, e continuou, em voz baixa - Nee, os outros estão preocupados com você, e na verdade eu também. Aconteceu alguma coisa durante o teste de coragem, não foi? Você e o Nagi-kun andam muitos estranhos, e nem sequer se falaram desde que voltaram de lá
– Utau-chan... err... ano... n-não aconteceu nada, não precisa se preocupar. Eu só... estou um pouco cansado, só isso - o garoto mentiu, falhando miseravelmente em parecer sincero, e desejando possuir apenas um pouco da habilidade que o Valete tinha com teatro
– Aham, sei... você está cansado e o Nagi-kun pegou insolação né, muito conveniente isso - a loira revirou os olhos descrente - Não minta pra sua irmã mais velha, Tadase! Alguma coisa aconteceu naquele teste, tenho certeza! O que foi, vocês brigaram, ou... foi alguma coisa constrangedora demais pra você contar às pessoas? - ela perguntou, fazendo o garoto corar furiosamente, enrubescendo até a raiz dos cabelos. Ele tentou gaguejar alguma coisa, mas nenhum som saiu - Ahahahahaha ok, ok, não precisa dizer nada, já entendi! Olha, Tadase... eu não sei exatamente o que aconteceu, embora faça uma boa idéia do que tenha sido, mas... bem, você deve saber melhor do que ninguém que o Nagi-kun tem uma espécie de complexo de culpa, e vive se martirizando pelos erros que comete, por menores que sejam, não é? Se o que aconteceu naquele teste foi mesmo algo contrangedor demais pra você me contar, e se foi ele quem tomou iniciativa, o que eu não duvido nada... então eu acho que o nosso Valete não deve estar com insolação coisa nenhuma, ele deve estar é mergulhado em pensamentos depressivos, pensando em tomar alguma atitude idiota e drástica, e se culpando infinitamente pelo que quer que ele tenha feito. E, se ele resolver tomar uma decisão muito drástica... bem, eu acho que você pode não gostar, então por que você não conversa com ele sobre isso? Você quer falar com ele, não quer? Não podem ficar evitando um ao outro pra sempre... sem falar que, se ele continuar mergulhado em sentimentos depressivos, isso também pode fazer mal ao Ovo do Coração dele, você sabe, não é? - a cantora falou, o que fez Tadase se lembrar de uma coisa: Quando Nagihiko foi à Europa, alguma coisa aconteceu lá, e foi grave o suficiente para fazer com que Temari voltasse para o Ovo. Tadase, que passara boa parte da vida caçando Batsu Tamas, sabia melhor do que ninguém que sentimentos negativos podiam transformar o Ovo do Coração de uma pessoa em um Batsu Tama, e temeu a possibilidade de isso acontecer com Rhythm. Seja lá o que Nagihiko estivesse pensando agora, poderia muito bem fazer com que Rhythm voltasse para o Ovo, assim como aconteceu como Temari, ou pior, se transformar em um Batsu Tama. Isso apavorou o Rei, ele sabia muito bem o quanto Nagi sofria com a perda de Temari, ele não aguentaria perder outro Chara - Então, bem... fale com ele, converse com calma, e esclareça sobre o que aconteceu ontem. Você é o único que pode fazer isso... sem falar que você deve se sentir muito melhor em fazê-lo - ela deu um tapinha nas costas do Rei, dessa vez mais leve e carinhoso do que o anterior
– Obrigado, Utau-chan... me ajudou muito, de verdade - o garoto respondeu, com um fraco sorriso - Acho que agora eu... já sei o que fazer
– Que bom, fico feliz em ouvir isso! Então, está esperando o que?! Vamos, meu rapaz, levante e mexa-se! - ela exclamou, e assim que viu o garoto com energia renovada, levantou-se e deixou Tadase sozinho com seus pensamentos.


Utau caminhou até a barraca de bebidas mais próxima, sorrindo e satisfeita consigo mesma, como se tivesse feito a sua boa ação do dia. Estava tão distraída com seus pensamentos que não viu um surfista que passava por ali e trombou com ele, ambos indo ao chão. Ouviu um barulho de alguma coisa pesada caindo ao seu lado, que provavelmente era a prancha que o garoto carregava, seguido por uma dor nas costas por causa da queda, e alguma coisa pesada caindo em cima dela. Depois de soltar uma exclamação de dor, Utau piscou desnorteada, e deu de cara com um par de olhos azuis encarando-a, tão aparvalhados quanto ela. O rapaz devia ter a mesma idade de Ikuto, ou talvez um pouco mais, era alto e forte pelo que ela pôde perceber, já que o indivíduo estava sem camisa, e possuía longas e sedosas madeixas loiro-escuro, entre amarelas e laranjas, indo até os ombros, e agora encostando no rosto dela por causa da posição em que se encontravam, fazendo um pouco de cócegas em suas bochechas coradas.


– Etto... m-me desculpe, você está be..? Ué... espera aí, eu não te conheço de algum lugar?
– O que?! Q-Que é isso, se está tentando me passar uma cantada, bem que podia ter arranjado uma melhorzinha, hein?! - a garota virou o rosto, fingindo irritação para disfarçar o embaraço, e corando ainda mais ao perceber a posição em que se encontravam - Até quando vai ficar aí parado em cima de mim, hein seu pervertido?? Vamos, levante-se logo!
– Tá bem, tá bem, não precisa fazer escândalo... cara, que garota mais nervosinha! - o rapaz fingiu irritação também, e se levantou, estendendo a mão para ajudar Utau, que a aceitou, ainda um tanto relutante - Mas eu tenho certeza de que já te vi antes em algum lugar... ahh! Espera aí, você não é aquela cantora... etto, como era mesmo...? Ahh sim, "Rosbife Utau"!!
– Hoshina Utau!! - ela corrigiu, dessa vez verdadeiramente irritada, mas finalmente entendendo porque ele disse que a conhecia - Céus, como pode errar o nome de uma cantora famosa como eu?!
– Talvez você não seja tão famosa assim - ele insinuou - Sem falar que é uma tremenda mal-educada! Quem diria que as estrelas da música são tão grosseiras, você parecia bem mais simpática na TV...
– Ora, foi você quem esbarrou em mim, seu desastrado!!
– Tá, tá, que seja... olha aqui, o mar tá ótimo, e eu não tenho tempo pra perder com estrelinhas mimadas como você, falou?! - o garoto deu de ombros, recolhendo sua prancha do chão - Mas é uma pena que uma gatinha como você seja tão estressadinha, viu? Até mais, a gente se vê por aí "Cortina Utau" - ele acenou enquanto se afastava, seguindo na direção do mar
– Já falei que é Hoshina Utau!!! - ela gritou, mas não tinha certeza se o garoto tinha ouvido ou não - Ahh céus, que cara mais grosso!! Como podem existir homens tão rudes e ignorantes feito ele... e, ao mesmo tempo, ser tão... lindo?





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Depois de passar o dia inteiro pensando sobre em como ajeitar aquela situação com Nagihiko, Tadase havia tomado uma decisão: Resolvera contar de uma vez por todas sobre seus sentimentos para o Valete, e faria isso hoje, de qualquer jeito. Já não suportava mais ter que ficar longe da pessoa que amava, muito menos vê-la sofrer desse jeito, se culpando por algo que Tadase desejara tanto no fim das contas. Mesmo que tudo aquilo fosse fruto de um momento de insanidade do Valete, um acidente provocado pelo Chara Change, ou qualquer coisa parecida, não importava, Tadase sentia cada vez mais necessidade do toque de Nagihiko, do calor de seu corpo, de sentir seu cheiro... e não suportaria nem mais um segundo sem tê-lo.


No fim daquela tarde, os demais Guardiões, assim como Ikuto e Utau, tinham se reunido na praia para brincar com fogos de artifício, mas o Rei decidiu não se juntar à eles, dizendo que voltaria ao hotel para ver se Nagihiko já estava melhor. Depois de realmente voltar para o hotel e descobrir que o garoto não estava mais em seu quarto, o Rei procurou pela praia por alguns minutos, até que encontrou o Valete sozinho, em um canto mais afastado dos outros, atirando pedrinhas no mar. Mesmo o garoto estando de costas, era possível notar o quando Nagihiko estava triste.


– Fujisaki... kun? - Tadase chamou timidamente, e o Valete sobressaltou-se ao ouvir a voz do loiro, deixando as pedrinhas em sua mão caírem
– Hotori-kun... o que está fazendo aqui? - Nagihiko indagou ao avistar o loiro, tentando fingir que estava tudo bem
– Bem, é que... você esteve nos evitando o dia inteiro, e... eu pensei que podia estar com problemas... está tudo bem com você? Não quer conversar? - o Rei falou preocupado, de pé, na frente de Nagi
– Estou surpreso... então você ainda quer falar comigo mesmo depois de ontem - o Valete deixou escapar, e Tadase corou com o comentário. Então aquelas coisas tinham mesmo acontecido afinal, não eram apenas produto de sua imaginação - Não se preocupe, está... tudo bem... - o maior respondeu. Como não conseguiu nem sequer forçar um sorriso, ele desviou o rosto para o outro lado - V-Você devia voltar pra junto da Amu-chan e dos outros... eles devem estar te procurando
– Não estão não, eles estão se divertindo lá, com os fogos... aqui, eu trouxe mais fogos, você não quer acendê-los comigo? - o loiro sorriu gentilemnte, estendendo o pacote na direção de Nagihiko
– Desculpe, mas não estou com vontade de brincar com fogos agora... acho que não estou muito bem afinal...
– Fujisaki-kun... - Tadase abaixou a cabeça tristemente, com uma expressão suplicante no rosto - Por favor, me conte o que está acontecendo... eu quero poder ajudá-lo, por favor! Eu... não aguento vê-lo assim... isso dói... - ele colocou a mão no peito, angustiado - Nós estamos de férias, você deveria estar sorrindo, se divertindo com todos os outros...
– Levante a cabeça, Hotori-kun - Nagihiko colocou as duas mãos nas bochechas dele, fazendo com que Tadase erguesse a cabeça de novo. Tadase colocou uma das mãos sobre a do Valete e, quanto este soltou seu rosto, ele continuou segurando a mão do menor - Não precisa se incomodar comigo, é sério... você... não pode me ajudar... você seria a única pessoa que poderia me ajudar, mas... ao mesmo tempo, é a única para a qual não posso contar isso...
– Fujisaki-kun... eu não posso mesmo saber? - o Rei indagou, apertando a mão do Valete entre as dele, de modo que não o deixasse se afastar - Eu quero tanto cuidar de você... eu... eu... se eu posso ajudá-lo, me deixe saber como! Pelo menos me deixe ficar perto de você... eu quero saber tudo sobre você, e quero protegê-lo desse sofrimento que eu sempre vejo nos seus olhos... me deixe fazer ao menos isso!
– Se você souber disso... você não vai mais querer ficar perto de mim - Nagihiko falou, desviando os olhos dele - Tenho certeza de que, se você souber... provavelmente vai ficar com medo, ou com nojo... talvez até com raiva de mim. Mesmo assim... quer mesmo saber?
– Fujisaki-kun... eu não poderia nunca odiá-lo, em hipótese alguma... - o loiro encarou Nagihiko com os olhos grandes e brilhantes, sentindo seu corpo tremer - Nunca, nunca, isso aconteceria... então, seja lá o que for que está te aflingindo tanto, me conte, por favor!


Nagihiko o encarou com o canto dos olhos, ainda um tanto incrédulo. Não apenas o fato de Tadase não parecer zangado com ele pelo que aconteceu ontem já era uma grande surpresa, como também todas essas coisas que o loiro estava dizendo agora. Como ele podia ser tão bondoso com alguém que o atacou não faz nem um dia?! Tadase era mesmo muito gentil, e talvez até ingênuo demais, era a única explicação que Nagi conseguia encontrar, embora não conseguisse tirar aquela impressão de que o Rei correspondera aos seus atos na noite passada da cabeça. E então ele se lembrou das palavras de Rhythm:


"- Já que você está tão decidido assim a partir... então se declare primeiro. Você está decidido a partir, não é? Está aí dizendo que nunca mais verá o Tadase de novo... se é assim, então não custa nada se declarar primeiro, nem que seja só por curiosidade, pra ver a reação dele! Se acontecer de ele te rejeitar... então eu vou apoiar totalmente a sua decisão de ir pra Europa. Mas, faça isso primeiro, Nagi... não cometa o mesmo erro duas vezes."


Nagihiko já estava mais do que decidido á voltar para a Europa assim que essa viajem terminasse, então, por que não acabar com tudo aquilo de uma vez? Talvez, se levasse um fora, então quem sabe ele não conseguiria entender de uma vez que era perda de tempo nutrir esse sentimento unilateral pelo Rei, quem sabe não conseguiria esquecê-lo de uma vez? Sabia que isso provavelmente machucaria Tadase, e muito, mas, se isso o fizesse esquecer o pequeno loiro, e o ajudasse a sair de sua vida de uma vez por todas, talvez valesse à pena contar.


– Tudo bem então. É uma coisa muito dificil de se dizer, então por favor, não interrompa... e que fique avisado que, depois que você souber disso... nosso relacionamento nunca mais será o mesmo... isso se ainda restar alguma coisa dele - Nagihiko falou, virando-se de costas para o Rei, achando que desse jeito seria mais fácil falar, e tentando juntar coragem parar revelar aquilo que tentou esconder desesperadamente por tanto tempo - Tem uma pessoa... pela qual estou apaixonado. Eu percebi isso na época em que viajei pra Europa... eu viajei pra lá por isso, porque sabia que era um amor impossivel - Nagihiko começou, decidindo contar a história toda, enquanto tentava arranjar coragem para contar a parte mais difícil.


Tadase sentiu uma terrível dor no peito, apertando a camisa naquela região. Seus os olhos ficaram marejados, e ele se segurou para não começar a chorar ali mesmo, e também para não interrompê-lo, mas ele realmente não queria ouvir isso.


– Foi nessa mesma época em que a Temari voltou pro ovo - Nagihiko continuou - Suponho que o fato dela ter voltado para o Ovo justamente ao mesmo tempo em que isso aconteceu tenha alguma coisa a ver com esse fato, mas... ainda assim, eu não aguentei ficar longe dessa pessoa.... ela é tão importante pra mim que eu só queria ficar perto dela, mesmo que como um amigo, cuidando e protegendo essa pessoa o máximo possível, mesmo sendo doloroso estar perto dela sem poder revelar meus sentimentos. Eu tentei ao máximo manter segredo sobre isso... mais até do que o segredo sobre a Nadeshiko... mas, de uns tempos pra cá, o segredo sobre esse meu amor platônico começou a vazar para todos os lados e as pessoas começaram a perceber aos poucos... e, por mais que eu queira ficar perto dessa pessoa, ao mesmo tempo é tão doloroso estar perto dela e não poder tocá-la, abraçá-la, nem dizer o que sinto por ela que parece que meu coração vai ser esmagado de tanta dor.


Tadase sentiu a dor de Nagihiko passando pelas palavras dele, e sentiu vontade de abraçá-lo. Ficou irritado com essa pessoa de quem o Valete falava. Quem seria capaz de rejeitá-lo, e lhe causar tanto sofrimento?! O Rei baixou o olhar, sem aguentar ouvir Nagihiko falando assim da pessoa que amava, e ao mesmo tempo, sentiu que entendia exatamente pelo que ele estava passando, por que sentia exatamente a mesma coisa.


– Mas eu não aguento mais guardar esse sentimento sozinho... então, eu vou te contar... quem é a pessoa que eu amo - o Valete falou, inspirando fundo novamente numa nova tentativa de reunir coragem. Ele tornou a se virar de frente para o Rei, encarando-o nos olhos
– F-Fujisaki-kun... - Tadase murmurou, segurando as lágrimas com todas as suas forças
– Essa pessoa é... alguém que conheço desde criança. Esteve sempre junto comigo ao meu lado... é uma pessoa doce, gentil e carinhosa... que está sempre disposta a ajudar os outros, mesmo aparentando ser tão frágil e indefesa que me da vontade de querer protegê-la. Essa pessoa é... uma das poucas que sabem a verdade sobre a Nadeshiko... um dos Guardiões... e é... um garoto - Nagihiko contou, sentindo seu coração acelerar a cada palavra que dizia, tornando a desviar os olhos do Rei
– U-Um garoto...? - Tadase repetiu, imaginando se a tal pessoa seria Kukai
– Essa pessoa é... o atual Rei dos Guardiões.


Foi como se o tempo tivesse parado. Tadase levou vários segundos para absorver toda a informção contida em apenas uma única frase. Sentiu-se agitado por dentro, com a repentina mistura de sentimentos invadindo seu peito. Ansiedade. Medo. Vergonha. Nervosismo. Confusão. Esperança. Tantas emoções misturadas causaram ainda mais desordem no interior do pequeno corpo do Rei, que sentiu seu coração falhar algumas batidas, em seguida tornando a palpitar bem mais rápido do que um coração humano normal deveria bater.


– O atual Rei...? - o loiro repetiu, corando furiosamente - I-i-i-i-i-i-isso q-q-quer d-d-dizer... Fujis... ah... etto...
– Sim... é você... Hotori Tadase-kun - Nagihiko virou-se e tornou a encará-lo nos olhos, tentando segurar as lágrimas
– V-Você... f-falava t-todas aquelas c-coisas s-sobre mim.... - ele balbuciou sem conseguir acreditar
– É... t-tudo o que eu disse é verdade... p-por isso eu disse que... nosso relacionamento não seria mais o mesmo.... v-você deve estar com raiva de mim agora né.... aposto que está com medo... e com toda a razão, é claro... eu me apaixonei pelo meu melhor amigo, mesmo ele sendo um garoto... v-você tem razão em se zangar - Nagi encarou o chão, tentando inutilmente forçar um sorriso, mas era impossível naquela situação. Tinha certeza de que nem a amizade de Tadase ele teria mais depois dessa declaração, e seria obrigado a se afastar da pessoa que mais amava no mundo inteiro. Queria poder acabar com essa tortura logo, para poder voltar a se refugiar em algum canto e chorar em paz sozinho
– F-Fujisaki-kun... não!! Absolutamente não! Eu não estou com raiva, por favor, me escute!! - o Rei segurou o braço de Nagi, impedindo-o de se afastar
– O que... o que você quer depois disso? Não precisa dizer o quanto deve estar com medo de mim, eu já sei disso! - Nagi exclamou, lutando contra as lágrimas, ainda evitando encarar Tadase - Eu... d-depois do que eu f-fiz ontem com você... eu tomei uma decisão. Percebi que não posso mais continuar perto de você... ficar ao seu lado só me faz desejar mais e mais fazer a-aquelas c-coisas, então... se eu já não consigo mais me segurar, é melhor me afastar de vez. Quando essa viajem terminar, eu... vou voltar pra Europa. Vou passar a viver lá, e provavelmente não voltarei mais. Então... v-você não precisa mais se preocupar com nada disso, porque você nunca mais vai precisar me ver... nunca mais terá que olhar pra cara dessa pessoa suja e imoral que eu me tornei, então... n-não se preocupe, Hotori-kun
– NÃO!!! - Tadase gritou, antes que pudesse se conter. Uma dor lancinante preenceu o coração do jovem Rei no momento em que Nagi anunciou isso. Que ele não seria mais capaz de ver o rosto do seu amigo de infância, seu melhor amigo... a pessoa que amava - Por favor, não faça isso... nós temos uma promessa, esqueceu?? Prometi que guardaria o seu segredo e ficaria ao seu lado pra sempre, e não tenho nenhuma intenção de quebrar essa promessa, não importa o que aconteça! Mas se você for... se você for embora de novo, então... então como é que eu fico?! Como poderei cumprir minha promessa?! Não vá, Fujisaki-kun, por favor... não volte pra Europa, não vá... não me deixe!!!
– O que...? - Nagi murmurou, entre confuso e incrédulo - M-Mas Hotori-kun, eu... eu sei que que você está com raiva e com medo de mim agora. Você não precisa fingir que se importa, ou se preocupar com nossa promessa, eu sei que você deve estar me odiando... pelo que eu acabei de dizer, então... e-estou fazendo isso pro seu bem, pra você não ter que sofrer com esse meu sentimento sujo...
– Não é verdade! Eu não estou com raiva de você! - o Rei o interrompeu - Não fale assim dos seus próprios sentimentos, você não precisa sofrer sozinho, Fujisaki-kun!! E eu não estou fazendo isso por mera obrigação, nossa promessa é importante pra mim! De verdade! Eu... esse tempo todo... e-esse tempo todo... eu nunca achei que isso fosse ser possível... - Tadase gaguejou, meio sem saber o que dizer, seu coração batendo cada vez mais forte
– O que?! C-Como você pode... não estar com raiva?! Você ouviu o que eu disse né?! - Nagihiko o encarou incrédulo
– Já disse que não estou com raiva!! Por favor, escute o que eu tenho a dizer... - Tadase soltou o braço do Valete, repentinamente nervoso, e muito atrapalhado, mexendo na areia com os pés. Nagihiko abaixou a cabeça, dividido entre a vontade de fugir e a curiosidade de ouvir o que Tadase ia dizer - Eu... todo esse tempo, eu o fiz sofrer dessa forma... eu o via triste, mas nunca pensei que pudesse ser a causa da sua tristeza. Eu não tenho porque estar com raiva de você, Fujisaki-kun, eu não seria capaz... por que... esses sentimentos... eu também os tenho... eu também estou... apaixonado, por uma pessoa, que cuidou de mim esse tempo todo, e que eu fiz sofrer de uma forma terrível, que não tem desculpa. Fujisaki-kun... eu amo você, Fujisaki-kun, por favor, não vá embora! - Tadase sentiu seu rosto enrubescer até a raíz dos cabelos, mas ainda assim encarou Nagi, com os olhos suplicantes, as lágrimas começando a rolar por sua face - Esse tempo todo eu amei você, e não fui capaz de perceber os seus sentimentos... me perdoe, Fujisaki-kun, eu fui tão tolo, um idiota, por não ter percebido isso antes! - Tadase chorava cada vez mais, soluçando alto, e tentando inutilmente secar as lágrimas, que não paravam de cair.


Nagihiko o encarou boquiaberto por vários segundos, sem conseguir acreditar no que ouvia. Tadase não havia se zangado com ele? E ainda por cima disse que também o amava?! Não, não podia ser verdade, ele devia ter ouvido errado, nem em suas mais loucas fantasias ele jamais imaginara algo tão bom quanto ter seu amor correspondido... sim, era bom demais pra ser verdade. Tadase devia apenas ser gentil demais para demonstrar estar com raiva de alguém que considerou como seu amigo por tantos anos, e agora estava com vergonha de se afastar repentinamente ou coisa parecida. É claro, eles foram amigos por muitos anos afinal... e o próprio Tadase já tinha dito antes que o considerava como um irmão ou coisa do tipo. Devia ser apenas estranho para o pequeno Rei se afastar de alguém tão próximo assim de repente.


– M-Mas... o seu "amar"... deve ser diferente do meu "amar", não é? Eu falei que te amo, mas... e-eu quis dizer no sentido de estar apaixonado - Nagihiko explicou o mais claramente possível - Você diz que me ama, mas... quer dizer como a um amigo, ou irmão, certo? Eu estou... apaixonado por você, Hotori-kun. O meu amor é... desse jeito - antes que pudesse se conter, o Valete abraçou Tadase e o beijou. Acreditando que essa seria a última vez que o beijaria, Nagi tentou prolongar o beijo ao máximo possivel. Tadase mal conseguia acreditar que isso estava acontecendo, e retribuiu o beijo do Valete à altura, enlaçando seu pescoço, e se colocando nas pontas dos pés para alcançá-lo. Enroscou os dedos nos cabelos do maior, acariciando-o. Nagihiko forçou a língua entre os lábios do Rei, querendo provar ao máximo o gosto da pessoa que amava, e Tadase o abraçou com força, dando permissão para a entrada e trazendo-o para mais perto, tentando comprovar toda a extensão dos seus sentimentos com o toque. Nagihiko o abraçou com mais força, circundando a cintura do Rei com os braços, afim de aproximar ainda mais seus corpos, e tocando cada centímetro daquele garoto que amava tanto com as mãos, enquanto sentia seu coração pulsando dolorosamente, lutando contra sua caixa toráxica. O loiro perdeu o equilibrio, e acabou por cair sentado com o maior, na areia da praia. Gemeu baixinho, sem soltar Nagihiko do abraço. O Valete caiu junto, por cima de Tadase, mas encerrou o beijo, tanto por falta de oxigênio, quanto pela preocupação com o Rei.


– D-Desculpe... você está bem, Hotori-kun? Se machucou?
– Eu... eu não poderia estar melhor... - Tadase suspirou, tanto pelo fim do beijo quanto pela falta de ar. Ele sentou-se na areia, na frente do mais alto
– Desculpe também por ontem... e por isso - Nagi colocou os dedos nos lábios, se referindo ao beijo. Levantou-se, e estendeu a mão timidamente pra ajudar Tadase, e só então as palavras do Rei fizeram algum sentindo em sua cabeça - Peraí, o que você disse?! C-Como assim? - ele indagou perplexo, com medo de tirar conclusões precipitadas
– Eu disse, Fujisaki-kun, eu estou apaixonado por você - Tadase repetiu, sorrindo timidamente, aceitando a mão que o maior lhe estendia e a segurando entre a sua - Os meus sentimentos e os seus... eles são o mesmo... pelo menos eu espero que sim... eu... eu amo você, Fujisaki-kun, não duvide disso. Você acha mesmo que eu... que eu... f-faria e-essas coisas... c-com alguém que eu não amasse de verdade?
– B-Bem, eu meio que te roubei um beijo, mas... espera aí, você entende, o que está dizendo, Hotori-kun? Eu sou... sou um garoto! Mesmo tendo aquela história da Nadeshiko, eu ainda sou um garoto! Eu... de uns tempos pra cá, eu tenho mesmo tido a impressão de que você... t-tem nutrido... s-sentimentos.... sentimentos românticos pelo meu lado feminino. E, depois do que você falou, parece que eu tinha razão, de certa forma... m-mas você precisa entender que eu não sou a Nadeshiko de verdade! Eu apenas fingia ser uma menina, não passo de um rapaz interpretando e se passando por uma garota, mas mesmo assim, você... v-você está dizendo que se apaixonou por mim mesmo sabendo disso?! Q-Que não se importa com o fato de eu ser... um garoto, assim como você?
– Nem um pouco... eu sei que isso pode soar estranho... mas eu me apaixonei inteiramente por você, Fujisaki-kun, por todos os seus lados. Era isso... o que eu queria dizer, naquele dia em que ficamos presos no almoxarifado da escola, e também naquela vez em que fomos à roda gigante... essa era a coisa importante que eu queria te contar, mas nunca conseguia. Eu sei que isso pode nos trazer muitos problemas... mas eu sinto que poderia enfrentar qualquer obstáculo por você... e... na verdade... - o Rei baixou o olhar, corando, e escondendo o rosto com a franja - Na verdade, eu sempre preferi o seu lado masculino,... por algum motivo... mas eu amo igualmente os dois! - ele se apressou a dizer, atrapalhando-se um pouco - Q-Quero d-dizer... - Tadase parou de falar abrupdamente ao perceber que Nagihiko estava chorando, no entanto, de felicidade. Ele mal ousava acreditar no que estava ouvindo, tudo era tão perfeito que mais parecia um sonho.... e mesmo se fosse um sonho, ele não queria acordar jamais - N-Não chore, Fujisaki-kun! - Tadase exclamou preocupado, aproximando-se do Valete
– Me belisca, Hotori-kun... me belisca pra eu ter certeza de que não estou sonhando... - Nagi murmurou, as lágrimas ainda rolando livremente pelo seu rosto
– F-Fujisaki-kun... - o menor murmurou de volta, sem entender - E-Eu... se for mesmo um sonho... então eu prefiro continuar a dormir... - ele sussurrou para si mesmo
– H-Hotori-kun! - Nagihiko o segurou pelos ombros, encarando Tadase nos olhos - Só pra eu ter certeza... v-você está dizendo que sente o mesmo por mim? Que me a-ama... no sentido de estar apaixonado, como... como um casal? É isso mesmo??
– S-Sim, é isso mesmo - Tadase sorriu, encarando Nagi nos olhos
– E-Eu... nunca sequer cogitei a possibilidade de ser correspondido... achei que era impossível, já que ambos somos garotos... - Nagi murmurou mais para si mesmo do que para Tadase, ainda incrédulo
– T-Tem algum p-problema com isso? - o Rei acrescentou, preocupado com a expressão do Valete - E-Eu... c-como um casal? - só então ele parou para prestar atenção nas palavras do maior, corando mais ainda ao perceber o que Nagihiko havia dito
– N-Não, claro que não tem problema em você sentir isso! Problema nenhum! - Nagi apressou-se a dizer - Eu só achei... que era impossivel... você sentir o mesmo por mim. E... só pra confirmar... v-você não se importa se eu fizer... c-coisas como a que fiz agora à pouco... c-como te b-be-beijar ou te t-tocar... mais vezes... se importa?
– E-Eu... n-na verdade ficaria muito feliz... s-se você puder fazer isso mais vezes - Tadase sussurrou tão baixo que Nagi teve que se aproximar mais um pouco para ouvir o que ele disse, corando até a raíz dos cabelos com a pergunta repentina do Valete que o pegou completamente desprevenido
– Então... p-por acaso eu posso... fazer isso agora...? - Nagihiko virou o rosto para o lado, sentindo-o esquentar, e encarando Tadase apenas de soslaio.


Tadase arregalou os olhos em choque e abriu a boca pra responder, mas nenhum som saía, tamanha era a confusão de sentimentos em seu diminuto corpo. Vendo que não conseguiria falar nada, apenas balançou a cabeça em sinal de afirmação e fechou os olhos, colocando-se na ponta dos pés, seus lábios entreabertos, e tremendo ligeiramente, tanto de nervosismo quanto de ansiedade, e sua cabeça inclinada para cima, estava estrategicamente alinhada com o rosto de Nagihiko. O Valete deslizou uma das mãos até o rosto do Rei, tocando sua bochecha corada com os dedos esguios, e o envolveu pela cintura com a outra. Assim que sentiu o toque do mais alto, Tadase arfou, corando mais ainda, e logo sentiu uma maciez aveludada que eram os lábios de Nagihiko tocando os seus. O coração do Valete acelerou perigosamete diante daquele pequeno toque, oscilando entre a ansiedade e o desejo há muito contidos de finalmente poder tocar os lábios da pessoa amada, e entre o temor e a hesitação de que Tadase pudesse cair em si há qualquer momento e rejeitá-lo. Mas ele não o fez. Ao invés disso, o loiro apenas moveu suas mãos trêmulas, atirando-as ao redor do pescoço do mais alto e agarrando-se em seus longos cabelos. Sentiu o Valete apertar o abraço em sua cintura e tocar seus lábios com a ponta da língua, pedindo permissão, e Tadase abriu um pouco mais a boca, deixando que o maior aprofundasse o beijo. Suas línguas começaram a se tocar e a se misturar, lentamente, como em uma música lenta sem trilha sonora. Era uma sensação indescritível ter a pessoa amada em seus braços, e muito melhor do que qualquer sonho que Nagihiko já tivesse tido, e olha que não foram poucos. Ansiou por isso durante tanto tempo, passou tantos meses, talvez até anos, desejando ter Tadase em seus braços, ao mesmo tempo em que se condenava por isso, sempre acreditando que era um desejo impossível e que nunca se realizaria... e agora lá estava ele, abraçando e tocando o pequeno loiro, que dizia que também o amava, que correspondia aos seus sentimentos... era uma sensação tão maravilhosa que meras palavras não seriam suficientes para descrever o quanto Nagihiko estava feliz agora, como jamais se sentiu em toda a sua curta existência. O Valete sentia-se tão completo que não esperava mais nada da vida, e sentiu que poderia morrer ali mesmo. Ao invés disso, sentiu novas lágrimas rolarem pelo seu rosto, quando começou a chorar de felicidade. As lágrimas rolaram até bater nas bochechas de Tadase que, ao perceber que o maior estava chorando, desvencilhou uma das mãos de seus cabelos e tocou seu rosto, hesitante e gentilmente ao mesmo tempo, enxugando as lágrimas do Valete com os dedos.


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E quando a necessidade de oxigênio se fez mais presente do que a necessidade que tinham um do outro, os dois enfim se afastaram. Tadase, com o rosto em chamas, teria desabado ali mesmo se o Valete não o estivesse segurando firmemente pela cintura. O Rei pensou desesperadamente em alguma coisa legal para dizer, mas tudo o que conseguia fazer era corar furiosamente, e exibir um sorriso tolo no rosto. Até que o mais alto falou primeiro:


– Você não tem idéia... de como é bom poder fazer isso sem sentir culpa alguma depois - ele confessou, também com um sorriso bobo nos lábios. Nagi deslizou suas mãos até os ombros de Tadase, apoiando-as ali - Quero dizer, eu... isto é, nós... n-nós já fizemos isso antes, mas... eu sempre me sentia tão culpado depois. Sentia como se estivesse... a-abusado de você, ou te corrompendo... morria de medo de que você passasse a me odiar por causa disso. Ainda que... e-eu desejasse mais do que tudo poder fazer essas coisas... mas não queria te magoar, ou que você me odiasse
– Eu... acho que entendo. Senti a mesma coisa durante aquela peça do Festival Escolar, quando eu te... te b-beijei - Tadase confessou, sorrindo sem jeito - Eu... n-na verdade, também já tentei fazer isso algumas vezes antes, mas... fui tão mal-sucedido que acho que você nem percebeu - o loiro acrescentou, fazendo Nagihiko se lembrar de ocasiões anteriores, como quando eles foram juntos ao parque de diversões ou em sua festa de aniversário, quando o Rei parecia ansiar por um beijo dele. Quem diria, então seu palpite estava mesmo certo no fim das contas
– Não acredito... que todo esse tempo, você também sentia a mesma coisa por mim - Nagihiko murmurou, começando a sentir uma certa irritação ao perceber o tempo que perderam, e que poderiam muito bem estar juntos - Eu sempre pensei que era um amor impossível, e que você me rejeitaria na hora se descobrisse meus sentimentos por você
– Eu também pensei isso... quando descobri o que sentia. Eu fiquei com muito medo de perder você... - o Rei se aproximou mais um passo, sentindo o calor do corpo do Valete cada vez mais próximo, e as mãos dele em seus ombros. Apertou as próprias mãos, nervosamente, sem saber como proceder. Nagihiko sentiu o coração dar uma cambalhota com a proximidade de Tadase - Eu... todo o tempo... eu tentei dizer o que sentia... mas sempre acontecia alguma coisa e me interrompia
– Eu tambem... desde antes de eu passar aquela temporada na Europa, eu... venho me sentindo assim. Só que no meu caso, eu... não pensei em me confessar, com medo de você se afastar de mim. Sempre achei que fosse impossível você sentir o mesmo por mim, então passei todo esse tempo tentando te esquecer... e agora... n-não sei o que fazer agora - Nagihiko balbuciou nervoso, sentindo-se patético. Passou tanto tempo tentando inutilmente se livrar desse amor por Tadase que preenchia todo seu ser, que jamais considerou a hipótese de ser correspondido, e, consequentemente, também jamais pensou no que fazer caso sua confissão fosse aceita - Mas eu acho... que, se nossos sentimentos são mesmo iguais, então... então acho... q-que podemos ser um casal agora... não é? - ele indagou, olhando inseguro para Tadase
– Fujisaki-kun... - antes que pudese dizer qualquer coisa, as lágrimas começaram a correr livremente pelo rosto de Tadase - Isso é... isso é o que eu mais quero...
– E-Então... não chore mais... e sorria pra mim - Nagihiko falou, sorrindo sem graça, enquanto enxugava gentilmente as lágrimas de Tadase - Eu adoro ver o seu sorriso, Hotori-kun...
– Eu... err... e-etto... - Tadase sorriu timidamente, olhando para Nagi, e mal conseguindo sustentar seu olhar. Apoiou as mãos no peito do mais alto, tentando se manter de pé, sem saber o que dizer em uma hora como essa
– Então... quer ir ver os fogos de artificio agora? - Nagihiko perguntou, segurando a mão do Rei, ainda sorrindo
– Eu adoraria... - ele apertou a mão do Valete, apenas para verificar se era de verdade, e ao mesmo tempo, desejando estar mais próximo dele - Vamos?
– Hai - Nagi respondeu, alargando seu sorriso, e pela primeira vez na vida sentindo-se completamente feliz.


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Notas finais do capítulo

Ohayou minna! Teffy-chan falando!
Sim, podem gritar, berrar e comemorar à vontade, depois de 32 capítulos, FINALMENTE essa declaração saiu!!!! /o/ *soltando fogos de artifício*
Masss não é porque eles se declararam que a fic está chegando perto do fim não hein, ainda está longe de acabar!
Aliás, pra quem não sabe, a música usada como título desse capítulo é cantada pela dubladora do Nagihiko, foi um dos principais motivos de termos escolhiso ela pra usar nesse capítulo *-*
E eu sei que esse capítulo ficou imenso de novo, gomen por isso, mas convenhamos que é um capítulo super-mega-importante pro desenrolar da história, então me perdoem pelo menos dessa vez, onegai! *-*
E à propósito, a parte da declaração foi feita por mim e pela Shiroyuki-chan juntas, então metade dos créditos é dela, viu? =D
Aliás, o desenho da cena da declaração foi feito pela Shiroyuki-chan, que na minha humilde opinião está divinooooo vocês tem que ver!! Palmas pra ela, gente! *clap,clap,clap,clap!*
O próximo capítulo é com você, minha kouhai! Estou louca pra ver o que vc vai aprotnar dessa vez! /cofcofcofeujáseioquevaiacontecermesmocofcofcof
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Kissus^^



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