38 – The Crow, the Owl and the Dove

POV Zacky

Chegamos ao hospital e a dor latejava em minha perna. Rosana segurava minha mão bem forte e eu não conseguia evitar gemidos de dor. Tudo foi muito rápido e logo eu já estava descansando no quarto. Retiraram a bala com sucesso e em dias eu ficaria bem. Minha mãe também fora medicada e estava em outro quarto.

 Fiquei a olhar o amanhecer, a janela estava aberta e trazia uma brisa gostosa de sentir. Continuei observando e logo vi um pombo pousar no parapeito da janela. Talvez fosse loucura, mas eu conseguia relacionar esses animais comigo mesmo. Quando eu estava na casa de Flávio eu via constantemente corvos sobrevoarem a casa. Coruja, esse era outro animal que me fascinava desde criança. O que isso tudo tem a ver? Bem, eu podia analisar três peças principais como essas aves. Jimmy era como um corvo, forte, rápido, porém solitário. Poucos amigos e vivia sobre a escuridão. Chiara era como uma coruja, ágil e muito inteligente. Sempre tinha estratégias para tudo, sem contar os olhos lindos. E eu? Bem, eu era como um pombo que queria apenas ser livre e ter o amor e respeito alheio. Mas o mesmo preconceito que essa ave enfrenta, eu enfrentei e venci.

 Ri de minhas conclusões ridículas até que Jimmy entrou no quarto.

- E aí como se sente gordinho?

- Vou sobreviver! E você vareta?

- Mais ou menos, ainda tenho que resolver umas coisas

- Isso tem a ver com a Bia? – perguntei

- Sempre tem... Ela está com raiva de mim e eu nem posso reclamar!

- Fica tranqüilo, ela te ama cara! Bia sofreu muito Jimmy e agora ela precisa de um tempo – ele assentiu um pouco triste – Sabe o que eu pensei? – Apontei para o pombo na janela.

- Em pombas? Juro que essa enfermeira está colocando drogas nesse seu sorinho aí – disse ele indicando meu braço com a agulha

- Não Jimmy, mas eu relacionei as peças mais importantes na minha vida com animais que eu gosto

- Você gosta de pombos? Espero não ser ele! – Jimmy sorria

- Não... Você é como um corvo. Voa alto, é independente e está sempre na escuridão, com poucos amigos, mas sempre fiel aos que possui e sempre volta quando precisamos! Chiara é como uma coruja. Inteligente e muito ágil. Consegue tudo o que quer sozinha

- E o senhor é o que?

- O pombo... Mas não vou lhe explicar, você não entenderia!

- E eu sou quem? O gato né? – Brian entrara sorrindo

- Acho que você está mais para uma gazel...

- Não continue Sullivan! – sorri – Como você está porpeta? – Brian se aproximou da minha cama

- Eu estou bem!

- Por que esse papo de animais?

- Zacky está drogado, mas ainda não se deu conta disso – Jimmy sorria e Brian soltara aquelas gargalhadas monstruosas

- Ah calem a boca e saiam daqui! Peçam pra Rô vir eu quero muito vê-la – pedi. Eles assentiram e saíram rindo de mim.

 Eu sabia que eles jamais entenderiam a relação de tudo isso. Só queria dizer que essas aves por mais diferentes, podem trabalhar juntas e serem companheiras. Jimmy e Chiara eram isso pra mim. Éramos unidos agora e uma nova era iria começar.

 Olhei para a janela de novo, mas o pombo havia ido embora, sorri e não demorei a adormecer.

POV Jimmy

- Rev depois vamos sair ok? Temos que beber até cair pra retomar os velhos tempos hein? – Brian me abraçou

- Sim nós vamos... Ei Brian você viu a Bia? – perguntei, mas ele negou

- Ela estava triste, acho até que ela estava chorando. Se eu fosse você iria atrás dela e... REV! – Ele gritou, mas eu já estava correndo. Entrei no meu carro e dirigi até aquele lugar. Se eu estivesse certo, ela estaria lá. Parei meu carro em uma rua vazia qualquer, corri até a praia. Sunset Beach era linda a cada dia.

 Caminhei até a orla da praia, sentia a areia quente adormecer meus pés. Uma brisa gostosa veio até mim.

- Ela não está aqui... – sussurrei decepcionado. Sentei-me nas pedras e me lembrei de tudo que vivera com Bia naquela noite. – Parabéns Sullivan seu covarde... – devia parecer um maluco falando sozinho até que alguém tocara meu ombro, me virei e ela estava lá.

- Oi The Rev – ela disse de cabeça baixa

- Bia... Não me chame assim ok? Eu sou o Jimmy lembra? O seu Jimmy... – ela sorriu, mas tentou esconder – Para com isso, por favor... Você sabe como eu te amo Bia! – eu disse tentando segurar suas mãos, mas ela recuava. Me afastei, já estava pronto para ir embora e desistir mais uma vez, mas suas palavras vieram com um sussurro gostoso de ouvir.

- Eu li o que você escreveu... A música! Eu amei Jimmy – ela tocou meu rosto

- Gostou mesmo? Poxa eu...

- Prometa que não vai mais embora. Que não vai mais me deixar, por favor – ela me abraçou

- Eu nunca vou deixar você meu amor – segurei seu rosto delicado – Posso te beijar? – ela sorriu

- O que você está esperando hein senhor Sullivan? – segurei sua cintura e nos beijamos. Um beijo intenso com aquela mistura de sentimentos. Amor, paixão, saudade, desejo e até mesmo mágoa. Ela parou o beijo e me olhou – Estava com saudade de você! Da sua boca, do seu corpo... Tudo! – Bia ria e eu a rodava no ar.

- Tenho uma pergunta. O pessoal leu a carta que eu escrevi? – ela ia me responder, mas outros fizeram isso

- Eu li e achei muito gay! – Diego viera correndo – “Jamais esquecerei vocês meus irmãos, obrigada por serem tudo em minha vida”! Rev seu gay – ele me abraçou

- Achei a coisa mais linda do mundo! Sentimos sua falta anjo – Kamily dissera beijando meu rosto. Leticya e Carol gritavam coisas como: “Senhor e Senhora Sullivan” e outras eu não compreendia.

- Quer ser a Senhora Sullivan? – ela chorou quando perguntei

- O que você quer dizer? – sorri

- Casa comigo Beatriz... – ela me beijou e todos gritaram

- Eu aceito meu amor!  Ah Jimmy eu preciso te falar uma coisa e... – a galera veio até nós e impediu Bia de terminar. Demos aquele abraço coletivo e decidimos dar uma volta. A manhã em Sunset Beach era incrível e muitas aves sobrevoavam o mar, inclusive garças e pombos? Sorri ao me lembrar das loucuras que Zacky dissera.

 Eu poderia ficar abraçado á mulher da minha vida por toda a eternidade, mas alguém resolvera acabar com o meu sossego. Meu celular tocara

- Alô?

- James? Olá aqui é a Ana, tudo bem?

- Ah oi, tá tudo bem sim

- Só estou avisando que logo passo no hospital para conversarmos com Zacky e Chiara para o registro e a partilha da herança ok?

- E o Thiago? – perguntei

- Quando vocês voltarem ao Brasil resolveremos essa questão, mas a parte dele será administrada pela mãe até que complete 18 anos! Agora vou desligar, até mais! – ela desligara na minha cara

- Quem era? – Bia perguntou

- Era a Ana, parece que o Zacky vai deixar de ser um Sullivan e vai passar a ser Baker e Prescher – eu disse. Confesso que depois de tudo não era justo que eu perdesse um irmão, o único. Mas era preciso

- Não fica assim amor... Você não vai perder ninguém, acho até que vai ganhar!

- Como assim? – perguntei

- Vamos gente!

- Diego está nos chamando, vem! – Bia segurara em minhas mãos e me levara com ela. Na entendi muito bem o que ela quis dizer, mas ignorei. A felicidade que eu sentia era muito maior que qualquer coisa, era como se um corvo se libertasse e encontrasse seu caminho depois da escuridão.