- O que você vai fazer?! - Ela pergunta, após gaguejar um pouco.

- Vou mandar uma coisinha pros pais dele... Eles têm que saber que a gente não tá de brincadeira...

- Er... - Kristin, apreensiva, chegou mais perto. - Eles sabem que não estamos de brincadeira...

- Podem até saber, mas agora vão ter certeza... Vou precisar fazer isso, já que você não presta nem pra pegar um revólver e atirar... - Peter, com a adaga, abriu a camiseta de Justin, da barra até a gola e a puxou em seguida.

Olhou para Justin e comentou:

- E que merda de tatuagem mais boiola é essa?

Justin até tentou responder, mas não conseguiu falar uma só palavra com aquela mordaça.

- O que?! Fala mais alto viadinho, eu não tô ouvindo!!! - Peter disse, ironicamente, soltando uma gragalhada logo depois.

Kristin ainda pensava no que fazer, pensou até em ligar para a polícia e se entregar, para evitar que Peter machucasse seu amor, quando Peter desliza a adaga pelo peitoral de Justin, pensando alto:

- Vamos ver... Queremos muito sangue, mas não queremos matar você... Você vale muita grana estando vivo... MUITA grana...

Ele procurava, indeciso, um lugar no corpo de Justin.

- Vejamos... Acho que aqui tá legal... - Finalmente escolheu um lugar. Perto da tatuagem abaixo do braço. Kristin não se conteve, voou em cima dele, furiosa.

- VOCÊ NÃO VAI FAZER ISSO, PETER!!!

- Sai de cima de mim sua vadia! - Com uma cotovelada, Peter a jogou longe. Ela caiu no chão e quase bateu a cabeça na quina da mesa, ela bateu na mesma e um vaso caiu em sua cabeça o que causou um belo corte, com um pedaço de vidro entre seus cabelos.

Zonza por alguns segundos, ela se recuperou ao ouvir os gritos de Justin, abafados pela mordaça. Levantou os olhos, a tempo de ver o corte que Peter fazia no corpo de Justin. Sua primeira reação foi fechar os olhos, tampar os ouvidos e gritar:

- Peter não faz issoooooooo!!!

Alguns instantes e ela não ouviu mais gritos. Temeu pelo pior. Sentiu medo de abrir os olhos. Tomada por uma coragem que ela não sabia de onde vinha, levantou-se andando em passos rápidos até a cama. Viu Justin desacordado, havia desmaiado com a dor. Peter limpou o ferimento com a camiseta de Justin, colocando-a em uma sacola plástica.

- O QUE VOCÊ FEZ COM ELE?!

- Não fiz nada... Essa bicha não agüenta porra nenhuma... Sossega ai, eu vou entregar isso aqui pro povo...

- Que povo?

- Que povo?! Pro pai dele, mãe dele, sei lá... Fica ae!

Kristin nem ouviu o que Peter disse em seguida, em sua cabeça só passava que aquela era sua chance de fugir com Justin dali. Olhou para a cama ensangüentada. Ele não agüentaria muito tempo.

- Jus... Justin, acorda... Abre os olhos, fala comigo... Por favor... - Ela o chamou. Ele não respondia. - Por favor, fala comigo...

Ela levou as mãos ao rosto, desesperada. Em sua cabeça, cenas de Justin sorrindo, cenas de Jusitn comendo o chocolate, cenas de Justin a abraçando, o jeito com que ele deitou a cabeça sobre seu colo, a sinceridade que ele transmitia ao falar sobre o que sentia por ela, e acima de tudo a coragem que ele teve em não abandona-la...

Justin poderia ter ido embora, e deixado que Peter a matasse, mas não o fez... Ele ficou ali, disposto a enfrentar a gangue, por ela... Kristin não agüentava vê-lo ali, desacordado. Logo ele, que agora havia se tornado mais importante do que nunca. Resolveu fazer algo e saiu pela casa em busca de algum pano limpo. Revirou tudo e não encontrou nada que servisse.

Tirou a blusinha que usava, ficando apenas com o sutiã e a jaqueta por cima, e a pressionou contra o corte. Em poucos segundos a blusa branca tinha ficado vermelha, mas Kristin ficou feliz em perceber que estava conseguindo estancar o sangramento. Aproveitou e soltou as mãos de Justin, assim como a mordaça, acomodando-o na cama.

********************

O telefone toca na mansão Bieber.

- Alo?!

- Quem é que tá falando?

- É o Ryan...

- Que Ryan? Você é irmão do viadinho do Justin?

- Eu não... Quer dizer... Bom, é, eu sou amigo dele... - Ryan todo atrapalhado, e ao mesmo tempo nervoso tentando gesticular pra alguém pegar na extensão.

- Eu falo com você mesmo... PRESTA ATENÇÂO MOLEQUE!

- Tá, fala...

- Sai da casa... Vira na segunda rua a direita... Tem uma caixa no chão...

- Aham...

- Lá dentro tem uma coisinha pra vocês...

- Tá cara, mas peraí... – CLIC.

Peter tinha desligado. Ryan soltou o telefone, atônito. Jeremy tinha ouvido na extensão, mas não queria de jeito nenhum deixar ele ir buscar a tal caixa. Acabaram indo Alfredo e Kenny. Trouxeram a caixa, Scooter pegou, abriu e não teve coragem de falar pro pessoal o que havia lá dentro. Ele apenas colocou uma mão na testa, sem dizer uma palavra.

Ryan, sem suportar o suspense foi até ele.

- O que é que tem aí dentro cara? - Olhou na caixa. - Meu Deus do céu...

- Que foi, Ryan?! - Pattie, aflita.

Ela sim foi suficientemente corajosa pra abrir a sacola e tirar de lá a camiseta de Justin ensangüentada. Não restavam dúvidas, eles estavam com Justin e já não havia mais como deixar a policia fora do caso.

Alfredo e Kenny sugeriram que a camiseta fosse levada à delegacia, para que fosse pedida uma análise de DNA. Só assim eles saberiam se realmente aquele sangue era de Justin. Pattie e Jeremy se dirigiram à garagem para pegar o carro, Alfredo, Kenny e Scooter foram atrás.

Ryan resolveu ficar, ele não tinha mais cabeça para acompanha-los, estava abalado com tudo aquilo. Nunca havia amado tanto o amigo como naquele momento. Tudo se passava na cabeça dele e ele só queria o seu amigo ao seu lado, mas tudo o que podia fazer era rezar...