Justin não sabia o que pensar, o que fazer, não sabia mais se o seu depoimento tinha ajudado, ou se tinha piorado. Correu até Kristin, mas não conseguiu falar com ela, pois policiais a algemaram, levando-a.

- Eu te amo, Kris...

- Te amo também... - Ela disse baixinho, deixando-se levar.

Dr.Carl foi até ele.

- Justin, fiz o que pude...

- O que é... Regime progressivo?

- Regime progressivo... É como se a pena fosse dividida em fases... - Carl tentava explicar da maneira mais simples. - Ela cumprirá um terço da pena em regime fechado, o segundo terço em regime semi-aberto, e o terceiro em regime aberto.

- Ah sim, então... Depois do primeiro ano ela vai poder sair...

- Sim, mas vai ter que dormir na prisão...

- Ah tá, eu entendi...

Na saída do tribunal, a imprensa esperava ansiosa por uma entrevista de Justin, afinal ele estaria cara-a-cara com seus seqüestradores e eles queriam saber de tudo. Espremiam-se na porta, uns por cima dos outros, quando finalmente ele saiu acompanhado de Pattie e Scooter.

- Justin, uma palavrinha... Como foi encarar seus seqüestradores?

- A pena foi justa?

- Como foi depor pela primeira vez em um tribunal?

- Justin, você se sente mais tranqüilo com os criminosos na cadeia?

- É verdade que você está apaixonado por uma das criminosas?

Justin virou o rosto diante da pergunta, encarando a pequena morena que segurava um microfone quase maior que sua mão. Aquela pergunta, que se sobressaiu incrivelmente das outras, não parecia somente uma especulação. Aquela repórter sabia, ela sabia. E ele teria que saber como esconder.

- Er... Gente eu não tenho nada a dizer...

- Uma palavrinha só, Justin...

- Não tem palavrinha nenhuma, a justiça foi feita e só...- Scooter falou, logo tirando seu garoto dos flashes das câmeras loucas por algumas respostas.

Justin entrou no carro, cercado por seguranças. A mesma repórter praticamente se enfiou janela a dentro:

- A informação procede, Justin?

- Olha, assim, esse assunto ainda mexe muito comigo, não é uma coisa que eu gosto de lembrar... Eu nem conheço a seqüestradora...

Ela se dá por vencida, pede desculpas, sai... Mas em sua cabeça ainda restava uma pequena indagação... Como Justin respondeu perfeitamente a pergunta dela, se ela a havia feito no meio de tantas vozes, e se não chegou a repeti-la sequer uma vez?

Ele voltou para casa, mais tranqüilo, sabendo que logo Kristin iria voltar ao mundo exterior, e que tudo só iria melhorar... E que então ia ser livre, livre para que os dois pudessem ser felizes. No domingo seguinte, Justin estava ansioso para visitar sua amada no reformatório. Havia sido difícil aquela semana sem ela, mas teriam uma tarde toda para matar a saudade.

Para Kristin estava sendo mais difícil ainda, se sentia desprotegida sem Justin, sentia muito medo de todas aquelas garotas da prisão. Ela estava prestes a completar apenas 17 anos, só um crime e todas as outras já pareciam acostumadas com aquilo.

No domingo de manhã, Kristin se arrumava para ver Justin. Se olhou no espelho, olhando a marca onde antes havia um piercing, que teve que ser retirado... Observou que seus cabelos estavam cada vez mais compridos, e que precisavam ser cortados, ela não queria voltar a ter a cara da menina do interior.

- E aí, o cantor vem te ver hoje? - Lily, uma das garotas chegou perto dela.

- Er... Eu espero que venha...

- Ele não tem medo?

- Eu tenho medo por ele. Mas eu sei que ele não vai ter...

- Garota, o que te deu nessa cabeça pra seqüestrar um cara que nem ele?

- Não sei... De repente isso tinha que... - Kristin parou de falar, pálida.

- Que...?

- Que... Tinha que... - Kristin desmaia, Lily a segura.

- Escuta cambada me ajuda aqui, porra... Ô carcereira!!! Porra...!

Kristin foi levada ao ambulatório, onde deram álcool para que ela cheirasse e ela logo voltou a si, sem entender o que acontecia.

- Onde eu tô?

- No ambulatório, menina. - Respondeu a enfermeira, de má vontade. - Desmaiou na cela.

- Eu desmaiei?

- Desmaiou. No mínimo tá com frescura e tá sem comer. Olha aqui, se tu ficar dando uma de espertinha pra dar trabalho eu mando a carcereira te botar na solitária, tá entendendo?!

Assustada, Kristin balançou a cabeça positivamente. Afirmou que já estava bem, que deveria ser uma queda de pressão, mas ela sabia... Sabia que aquele era um sinal, que já aparecia juntamente com outros, há quase três semanas. Terminou de se arrumar e se dirigiu ao pátio com as outras detentas.

Logo, algo lhe chamou a atenção. Muitos guardas e seguranças juntos. Olhou mais adiante e viu Justin. Sabia que ele viria. Mal conseguia continuar sentada onde estava, sentia vontade de correr até ele, abraça-lo... Até que ele chegou onde ela estava. Foi por trás e tampou os olhos dela.

- Como está meu anjo???

- Oi meu amor... - Kristin virou-se, eles se beijaram rapidamente. - Tô bem, e você?

- Morrendo de saudade...

- Eu também tava com saudade...

- Como foi passar a semana aqui?

- Eu vou ter que me acostumar... Mas daqui a um ano, eu vou poder cumprir regime semi-aberto, trabalhar, e te ver, e ver nosso... - Kristin parou de falar.

- Ver nosso...?

- Nosso futuro...

- Ah... - Justin sorriu, a abraçando.

- Tô sentindo tanto sua falta... - Ela se afastou, acariciando o rosto dele.

- Eu tô sentindo sua falta desde o dia que você me largou naquela pensão... - Justin fez cara de cão sem dono.

- Foi melhor... Eu não ia poder cuidar de você, e nem te esconder por muito tempo... Por mais que eu te amasse, você não era uma propriedade minha, eu não tinha esse direito... E... - Kristin tentou se explicar, Justin a interrompeu.

- Shhhh... Brincadeira, Kris... Não importa, já passou...

- Eu sei que passou... Por um lado aqueles foram momentos terríveis... Por outro, foram os momentos em que eu tive você completamente... Suas fãs te disputam, quase a tapas... E isso as vezes me assusta...

- Mas é só você que eu quero. - Ele sorriu, e beijou lentamente enquanto a abraçava, sua vontade era coloca-la no bolso e leva-la embora daquele lugar.