Justin olhou para um lado, para o outro, procurou Kristin com os olhos. De repente levou as mãos ao rosto, desesperado.

- Protesto meritíssimo! Está confundindo a vítima! - Gritou Dr. Carl, levantando-se da cadeira.

- Protesto negado! Sente-se Sr. Carl, contenha-se! - Pediu o juiz. - Responda às perguntas, Sr. Bieber.

- Er... Eu apanhei sim... Maus tratos? Um pouco... Fiquei preso também...

- Conte-nos mais, Sr.

- Então... - Justin deu uma pausa, procurando novamente Kristin. - Depois que eu acordei no cativeiro com a Kris...

- Protesto, meritíssimo, a vítima tem certo grau de intimidade com a acusada!

Justin apressou-se em corrigir o que havia dito.

- Com a Kristin... É... A StreetB... Depois que eu acordei, eu vi o Wolf...

- Wolf era o Sr. Peter?

- Não sei, Meritíssimo...

- Sr. Peter, pode se levantar?

Peter se levanta, fuzilando Justin com os olhos. Justin lembrou-se da cena onde Peter o cortou com a adaga, lembrando-se em seguida de quando voltou a si, de Kristin preocupada cuidando do ferimento.

- É ele?

- Sim, meritíssimo... Ele e a Kristin foram os únicos que eu vi durante o seqüestro...

- Justin, o Sr. Reconhece estes objetos?? - O juiz lhe entregou um saco plástico contendo algumas cordas, o revolver usado durante o seqüestro e a adaga de Peter.

O garoto engoliu em seco. Observou os itens por alguns segundos.

- Reconhece, Sr. Bieber?

Ele pensou em dizer que não, mas sua consciência o alertou antes que ele chegasse a abrir a boca para responder a pergunta... ”Adianta negar?? Eles já devem ter apurado as digitais da arma... Já devem ter analisado o sangue da adaga... Pensa, Justin. Pensa direito antes de responder...”

- Er... Reconheço sim, meritíssimo...

- Justin, você pode mostrar ao júri a cicatriz do corte feito com a adaga de Peter Kaleim? - Pediu Dr. Carl.

Justin obedeceu, mais uma vez confiando naquele que era o advogado da sua família há anos.

- Meritíssimo, um corte deste tamanho inspira cuidados... Poderia ter causado uma hemorragia ou mesmo uma infecção.

- E que cuidados pressupõe que os seqüestradores tiveram, Sr. Carl?

- Justin...

- Bem... Kristin cuidou de mim o tempo inteiro... Eu teria morrido, meritíssimo, afirmo com toda a certeza desse mundo, se ela não estivesse comigo, ela me ajudou o tempo todo naquele lugar...

- Finalizando o seu depoimento... O que você tem a dizer sobre a gangue, Justin?

- Bem, eu não tenho nada a dizer sobre aqueles que eu não vi...

- Sobre Peter e Kristin?

- Não tenho muito a dizer sobre o Peter, fora que ele sempre foi mal comigo enquanto eu estava no cativeiro... Assim, acho que somente as provas podem falar por mim...

- Kristin?

- Sobre ela eu tenho muito a dizer...

Todos se entreolharam, em seguida a garota virou alvo de todos os olhares do júri.

- Ela... - Justin parou, e pensou no que falar. - Bem, meritíssimo, quero deixar claro, que o que eu vou falar agora... Assim, não mudou em nada a veracidade dos fatos... Assim, tudo o que eu disse realmente aconteceu de verdade, e o fato de eu dizer o que vou dizer não quer dizer que eu tenha omitido algum detalhe do que aconteceu comigo... - Se enrolou todo, mas o juiz entendeu o que ele queria dizer.

- Sim, prossiga, Justin.

- A Kristin... Apesar de ter feito o que fez, e de todas as acusações que pode vir a receber... Assim... Ela salvou a minha vida, e eu sou grato por isso... Eu sou mais que grato, eu sou completamente apaixonado por essa mulher...

Após essa frase, Justin é que virou alvo dos olhares furiosos do júri, indagando como ele poderia se apaixonar por alguém que o sequestrou.

- É, eu sei que é estranho, quer dizer, não é estranho se apaixonar quando você está num momento difícil e encontra alguém que quer te proteger, e te dar o que você precisa...

- Mas Justin, o Sr. assume que se supostamente se apaixonou por Kristin porque estava fragilizado, num momento difícil?

- Não... Eu me apaixonei pela mulher que ela é, pela pessoa que ela é... Claro, que ela foi meu anjo durante todo o seqüestro... Mas Kristin é muito mais que isso...

- Srta. Kristin?

- Bem... Eu não tenho nada a dizer, meritíssimo.

- Não tem nada a dizer?

- O que dizer depois do que o Justin disse? Sei que não sou inocente meritíssimo, sei que agi errado, sei que devo pagar pelo meu erro... Mas eu sei que Deus já me perdoou, por ter me dado o amor desse homem, que eu amo mais que a minha vida...

- Kristin, a Srta. se declara culpada?

- Er... Sim, eu me declaro...

- Não!!! Não, Kris, não... – Pediu Justin, diminuindo o tom de voz.

Um a um, o juiz foi chamando para fazer o julgamento.

- O júri declara os réus Peter e Kristin, CULPADOS! - Falou calmamente. – Peter está condenado à pena de 10 anos de reclusão pelo artigo 148, seqüestro ou cárcere privado, com agravante de maus-tratos, passível de pena de 2 a 8 anos de reclusão, em regime fechado. Porém Kristin terá outra pena.

Kristin sabia que não sairia impune, mas teve medo de que sua pena fosse maior que a de seu ex-amigo.

- Considerando o julgamento do júri, levando em consideração o depoimento de Justin Drew Bieber, a pena de Kristin será reduzida... Dois anos e meio de reclusão, em regime progressivo, mas por ser menor de idade, cumprirá sua pena em um reformatório até completar 18 anos. - O juiz bateu o martelo - O julgamento está encerrado.