– Alô? - atendeu ainda ofegante.

– Boa tarde, eu poderia falar com a Kristin?? - uma voz feminina perguntou do outro lado.

– Sou eu mesma... - Kris respondeu desconfiada, não conhecia a voz de quem falava.

– Olá Kristin... - Pattie ficou um pouco incerta sobre o que falar.- Meu nome é Pattie e... estou ligando porque tenho uma proposta de... emprego pra você.

– Emprego?! Mas eu não estou procurando emprego...- aquilo tudo parecia cada vez mais estranho para ela.

– Foi o que imaginei.- Pattie respondeu sem se abalar com a desconfiança evidente na voz da jovem.- Mas a proposta que tenho a lhe fazer é boa, e envolve a dança, e você tem o perfil ideal para a vaga.- Pattie falou torcendo para que Kristin acreditasse. "Se ela não acreditar, tudo ficará mais difícil"...

"Dança? Além da minha mãe, só a Anny sabe que eu amo dançar... Só pode ser maluquice dela"

Kristin, para o alivio de Pattie acreditara na desculpa mais que esfarrapada.

– Isso é indicação da Anny não é?! - perguntou, já não tão desconfiada.

– Sim...- Pattie quase suspirou em alivio.- Foi ela quem me indicou você para a vaga....

– Tudo bem então... Não custa nada escutar o que você tem a me dizer...- Kristin falou, dando-se por vencida. Mal sabia ela o que estava por vir...

– Onde poderíamos nos encontrar para falarmos a respeito? - Pattie tratou logo de perguntar, antes que a moça mudasse de idéia.

– Não sei.. Pode ser em algum parque ou no seu escritório?

– Pode ser aqui em casa mesmo... - Pattie passou o endereço. - Amanhã, depois das 14:30, tudo bem pra você?

– Claro, o horário está ótimo. Até logo...

Quase na hora marcada, Kris saía de casa pronta para descobrir tudo sobre seu futuro emprego...

– Você é a Kristin? - Pattie sorriu, pensando que Kris era tão bonita quanto seu filho havia falado.

– Sim, sou eu... Você deve ser a Pattie... - Pattie pediu que ela entrasse, Kris não pôde deixar de notar que era uma bela mulher e que possuía um belo corpo, o que fez com que ela jamais desconfiasse que ela não era professora de dança e que nunca havia sequer pensado em coordenar um ballet.

As duas conversaram sobre certo tempo, dentre as muitas perguntas, quando...

– E então, você já fez algum curso de dança? - Pattie desviou do assunto.

– Bem... Nunca fiz nenhum curso, já pensei em fazer mas...

– Mas...?

– Er... - Kris mexeu nos cabelos, como se não soubesse o que responder, como se escondesse algo. - Aconteceu tanta coisa que eu acabei quase que desistindo da dança...

– Devem ter sido coisas importantes, creio eu...

– Importantes? Er... Acho que sim...

– Algum namoradinho??

– Quem me dera...

– Ora!! Uma menina tão linda... Bobagem deixar um namorado te fazer desistir de dançar...

– Não era um namorado.

– Não? Ahh bom... Então o que?

– Um idiota que eu conheci!!! - Kris disse, num tom de voz mais alto, e Pattie viu os olhos da menina encherem-se de ódio, um ódio profundo.

– Um idiota? Porque?

– Acho que esse não é o tipo de assunto pra falar com a senhora... Digo... Com você...

– E porque não? - Pattie viu-se empolgada demais e resolveu se controlar - Bom, quer dizer... Se vamos trabalhar juntas, você vai poder contar sempre comigo...

Kristin respirou fundo, tentando controlar o choro...

– Ele... Ele me usou, porque precisava de mim... Me usou, porque queria alguns beijos meus... E então, depois me trocou e me enfiou num mundo que quase não há volta.

– Mas se você está aqui, saiu desse mundo né?

– Até que sim, mas parece que meu passado me persegue.. Um verdadeiro anjo me salvou, mas isso já passou.

Pattie sabia de que Kristin falava. Sabia que não havia de passado ali. Ainda havia aquele fogo, aquele brilho no olhar, o mesmo brilho que havia nos olhos de Justin quando ele falava sobre "seu anjo".

As duas encerraram a conversa por ali. Pattie marcou um ensaio para que Kristin conhecesse o Ballet do qual iria "participar". Kristin relutou em ir, mas acabou cedendo com a promessa de Pattie, de que ela ficaria apenas olhando e não participaria de nada naquele momento inicial.

No dia em questão Kris estava nervosa, não queria ver Justin, mas algo dentro dela dizia que não era um bom dia pra sair de casa. Ela chegou à casa de shows calada, cabeça baixa, sem sequer olhar para os lados, foi direto falar com Pattie.

– Oi, Pat... Eu já cheguei, onde é o camarim? - Perguntou, ríspida, querendo logo sair daquele corredor.

Pattie pediu um minuto. Pensou rapidamente no que fazer. Foi até o primeiro camarim. Entrou, e estava tudo tão silencioso que ela mal acreditou que aquele era o camarim de seu filho!

– Justin?! - Chamou baixo

– Ahh Pattie, ele acabou de sair, foi pra coletiva de imprensa... - Scooter respondeu.

– Obrigada então Scoot.

Como parte de seu plano havia falhado, ela resolveu apresentar as meninas do ballet para Kris. Enquanto Kris abraçava a última futura colega, viu alguém muito parecido com Chaz, o menino mais calminho da gangue, pediu licença e saiu atrás do garoto, que entrou num corredor quase sem fim.

– Chaz, é você? - Kris peguntou, com medo da resposta, já que muitas coisas haviam acontecido desde o sequestro.

– Errr.. StreetB.. Sou eu mesmo! - Ele se virou e falou com Kristin.

– Chaz, eu deixei minha vida de crimes pra trás, agora eu sou Kris, a StreetB terminou com o sequestro. - Ela logo se calou, percebeu que poderia estar falando demais.

– Entendi, mas me conta, como está a vida?

– Tá boa, mas você que tem que me contar, a gangue toda não foi presa, então como você tá solto?

– A gangue toda menos você, né? Mas é verdade, o Peter ainda não foi julgado, o Kevin já foi jugado e pegou 5 anos, o Nicolas pegou 3 anos e a Chloe pegou 1 ano. Como eu era menor, eu peguei 8 meses no reformatório, mas como minha família pagou, eu saí 2 meses depois e vim trabalhar com o Justin...

– O Justin? JUSTIN BIEBER?