- Oi?!

- Oi...

- O que aconteceu aqui?

- Er... Eu não sei...

- Quem era aquela menina?

- Era a minha amiga, Kristin... De repente ela saiu correndo!!

- Kristin...

- É!!!

- Vem cá, vamos conversar um pouquinho... - Pattie chamou Anny para dentro do camarim e lhe ofereceu um copo d'água.

Justin ainda tentou, em vão, procurar por Kristin. Avistou-a saindo da casa de shows e não pensou duas vezes, correu atrás dela. Porém antes que ele pudesse chegar perto da porta, ouviu seu nome sendo chamado por milhares de vozes diferentes e milhares de garotas que o cercavam, impedindo que ele desse um passo sequer.

- Er... Olha gente eu tô com um pouquinho de pressa, depois eu falo com vocês, tá???

Justin abriu caminho no meio das meninas e assim que pode, praticamente voou até a porta. Quando chegou finalmente na rua, não viu ninguém.

Mal perceberam que Justin estava ali na rua, e dois seguranças correram para cima dele. Afinal, não era bom arriscar outro seqüestro.

- ME LARGA PORRA... SAI CAR****, ME SOLTA! Não preciso de babás! - Justin empurrou os dois e voltou para dentro do lugar, chamando Kenny e pedindo para ele conter os seguranças na porta do local.

***************************

Enquanto isso, no camarim, Pattie descobria as informações que Justin precisava.

- Vocês moram em Atlanta mesmo?

- Aham... - Anny deu um gole na água. - Moramos sim... Por que? - Perguntou desconfiada.

- Pelo jeito com que a Kris... Digo... Que a Kristin saiu... Fiquei um pouco preocupada. Moram longe?

- Não... Bem perto. Porque essas perguntas?

- Bem... Falando sinceramente, eu... Gostei do físico da Kristin, o Jus está com uma vaga no ballet, e...

- Que legal!! - Anny se animou com a possibilidade da amiga se tornar uma bailarina do JB, isso facilitaria infinitamente sua luta pelos passes de camarim. - Kris adora dançar!

- E quantos anos ela tem?

- Tem 16, quase 17!

- É, ela tem um rostinho de anjo, pelo que vi... né?

- Hahahaha... Ela diz que é um "anjo caído", vê se pode!!!

- Anjo caído??!!?

- Pois é...

- Anjo caído... - Pattie tentava se lembrar de mais partes do bilhete.

- É, ANJO CAÍDO... Hahahaha... Vou te passar o telefone dela.

Pattie pegou o telefone e fez um verdadeiro questionário com Anny. Pelas informações passadas pela garota, Pattie já fazia até idéia de quem eram os pais de Kristin. Resolveu encerrar o interrogatório por ali. Levou Anny até Justin, Ryan e Chaz..

**********************

Kristin pegou um táxi. Teria sido bem melhor ter ficado em casa. Pelo menos ela não teria visto o que viu. Pediu para o taxista parar um pouco longe de sua casa. Queria enxugar as lágrimas e tentar refazer um pouco da maquiagem, não queria que a mãe a visse chorando. Mas foi impossível. Mesmo com a maquiagem refeita e nem sombra do inchaço causado pelo choro, qualquer pessoa que olhasse para Kris veria que seus olhos estavam mortos, como que dominados por uma dor profunda.

Entrou pela porta dos fundos, na ponta dos pés. Não queria ser ouvida e muito menos interrogada por ninguém. Na verdade não queria nem ver ninguém. Tudo o que desejava era dormir e acordar no dia seguinte pensando que tudo aquilo não passara de um pesadelo. Ela entrou no quarto e decidiu tomar um banho, de repente sentia-se tensa e um banho quente poderia ajudá-la a descansar.

Tomou um banho demorado, torcendo para que a água quente levasse a dor que consumia seu peito, as lágrimas misturando-se as gotas de água da ducha. Ao sair do banheiro, seus olhos estavam estranhamente secos, parecia já não ter lágrimas para chorar... Estava magoada, ferida, decepcionada e, naquele momento, aos seus olhos, Justin parecia um mentiroso, que ele já havia esquecido dela. Mal livrou-se dela e já estava com outra...

Na mente de Kristin a imagem de várias mulheres desconhecidas se formava e ela se perguntava: quantas já teriam passado pelos braços dele depois dela??

- Chloe estava certa! Estava nojentamente certa!! Estava desgraçadamente certa! Bandido! Como pude? - Disse para si mesma, socando o travesseiro com toda sua força.

Justin não estava diferente. Dirigiu em alta velocidade, sozinho, até em casa. Entrou direto para o quarto, não queria chorar mas acabou chorando. Sua vontade era nunca ter conhecido Cait. Como todo mundo, procurou alguém para jogar a culpa. Talvez Ryan, que havia apresentado Cait... Talvez o show... Talvez os seguranças que deixaram Kristin passar... Ou talvez a própria Cait com sua sede por ser aceita por ele... Não, não adiantava. A culpa era toda dele.

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Algumas horas depois Kristin não mais chorava. Foi dormir com a promessa de que um dia esqueceria que Justin entrou na sua vida. No dia seguinte foi a escola, agindo normalmente como se nada tivesse acontecido. Porém, seu olhar continuava vazio, assim como seu coração, e ela não admitia que mencionassem sequer Justin ou suas músicas em sua frente. Por isso ela sequer ouviu o que Anny tinha a dizer sobre o ballet.

O tempo foi passando, um novo mês começou e Kris parecia finalmente estar apagando Justin de sua vida. Anny já não citava mais Justin, sua mãe desligava o rádio ou a tv quando surgia o garoto. Tudo parecia estar entrando novamente nos eixos, sua história com Justin parecia pertencer a uma outra vida. Mas seu mundo voltou a desmoronar quando chegando em casa depois de mais um dia de aula o telefone tocou.

Sua mãe tinha saído, estava sozinha em casa e mal teve tempo de fechar a porta, correndo logo para atender o telefone.