Kiss With A Fist escrita por dudinhacorreia2


Capítulo 3
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/198235/chapter/3

Tá legal, eu vou matar Mary-magrela. Quer saber por quê?

Bem, porque ela continua a pensar que eu e Percy somos um casal. Por isso, nos ensaios pra apresentação que íamos fazer, ela grudava a gente cada vez mais. Eu tinha que ficar quase o tempo inteiro com o rosto perto do dele. Tirando que a musica é meio ruim – foi ela quem escolheu.

Pelo menos Percy e eu tínhamos um inimigo em comum. Isso o fez me ajudar na minha idéia.

Por causa dessa idéia, começamos a passar bastante tempo juntos. Todos os dias de ensaio eram a mesma coisa – o lago, aula de patinação, sorveteria, então conversando na frente da minha casa. No final das contas, a gente tinha muita coisa em comum. E muitas bem diferentes também, mas, ah, isso é normal.

No dia 23 de dezembro, nevava muito. Tanto que nem deu pra irmos ao lago. No caminho pra aula, Percy dirigia feito um louco, pra chegar antes da neve engolir a estrada. Conseguimos chegar a tempo, embora eu meio que quase preferisse ficar presa no carro no meio de uma tempestade de neve – ainda que com Percy – a ficar ouvindo a ladainha da Mary. Quase.

Ensaiamos como sempre. Mary ficava gritando coisas do tipo "mais emoção, mais paixão, pombinhos!", e nós tentávamos ignorar. Alguns garotos, amigos de Percy – um tal de Grover, e Chris Rodriguez, com quem eu já tinha feito par uma vez -, ficavam assobiando de brincadeira. Silena Beauregard, uma das metidas da turma, ficava me fuzilando com os olhos. Percy percebeu aquilo, e nós dois rimos. Mas eu não podia brigar com nenhum deles, afinal, estavam me ajudando.

Dia 24 foi o ultimo dia dos ensaios. Só veria Percy, Mary, Silena e esse pessoal no dia da apresentação.

O natal na minha casa foi normal, só meu pai, Helen e eu. Minha mãe mandou uma carta, se desculpando por não poder vim me ver. Estranhei quando meu pai me deu meus presentes logo depois da ceia – um par novo de patins e livros. Acho que os patins eram presente da Helen.

Por fim, falei que ia pro meu quarto ler um pouco, mas meu pai me chamou.

- Acho que quando você acordar amanhã, eu não vou estar aqui – ele falou, juntando as sobrancelhas.

Eu suspirei.

- Outra viagem?

Caso não tenha percebido, meu pai viaja muito. É por causa do trabalho. Ela e meu pai trabalham juntos, então quase sempre viajam juntos.

- É, outra viagem – disse meu pai. – Mas Helen vai ficar aqui com você.

- Vai chegar a tempo pra ver minha apresentação?

- Bem – meu pai suspirou. – Talvez...

- Vamos fazer de tudo pra chegar a tempo – Helen o interrompeu.

- Então tá, - ergui o queixo. – Vou dormir.

Subi as escadas correndo. Desabei na minha cama, olhando pro teto. Não era o fim do mundo, mas eu queria que meu pai visse que patinar fazia bem pra mim.

Virei-me pro lado. Ia fechar os olhos e tentar dormir, mas havia um envelope no criado-mudo que não estava ali mais cedo. Sentei-me na cama e abri o envelope. Dentro tinha só um bilhete.

"Se precisar, me ligue. Feliz Natal. – Percy"

O numero do telefone vinha logo embaixo. Eu sorri, mas não liguei. Abri um livro e fiquei lendo, com a luz do quarto acesa – vinha luz suficiente da janela – pra pensarem que eu estava dormindo.

Cerca de meia hora depois, o telefone tocou no andar de baixo. Meu pai atendeu, e conversou numa voz baixa demais pra que eu ouvisse. Depois ele subiu as escadas e foi pro quarto dele, a duas portas de distancia do meu. Consegui ouvi-lo falar com a Helen.

- Quem era? – ela perguntou.

- Ah, - meu pai suspirou. – era Anthea.

Fiquei paralisada a ouvir o nome de minha mãe. Continuei ouvindo.

- Por que você não quer deixar? – Helen disse, num tom cansado, como se eles já tivessem conversado sobre aquele assunto.

- Preciso proteger a Annabeth. Não posso permitir...

Não ouvi mais nada, porque meus próprios movimentos abafaram a voz dele. Calcei os primeiros sapatos que vi e desci a toda pela escada.

- Annabeth – meu pai me chamou, mas saí e bati a porta. Não queria nem olhar pra ele.

Corri até a esquina pais longe de casa e peguei meu celular. Ia ligar pra Percy, mas não lembrava o numero. Pensei em ligar pra Thalia, mas ela tinha viajado pra passar o natal com o resto da família. Mas eu não ia voltar pra casa. Resolvi ir pra casa do Percy. Eram 11h da noite, mas nem liguei.

Me virei pra ir e dei de cara com ele.

- Percy! – gritei e atirei meus braços em volta dele. Depois percebi o que tinha feito, e soltei rapidamente. – Ops, desculpe.

Ele riu. Antes que eu pudesse cruzar meus braços, ele segurou meus pulsos.

- Tudo bem com você? – ele franziu o rosto, preocupado. Só então percebido que tinha chorado. Soltei um dos braços e enxuguei meu rosto com a manga do casaco.

- Ah, tudo bem. Eu ia te procurar. – admiti.

- O que aconteceu? – ele me puxou e nos sentamos no meio-fio, e a luz do poste ficou bem em cima de nós dois.

Expliquei pra ele sobre o que tinha acontecido na minha casa. Consegui não chorar.

Quando eu acabei, a luz do poste acima de nós piscou e apagou. Virei a cabeça a tempo de ver todos os outros postes da rua apagarem.

- Ai meu Deus – falei.

Me virei para Percy, tentando ver o rosto dele, mas só conseguia distinguir sua sombra, e ouvir sua respiração. Dei um pulo de susto quando senti as mãos dele no meu rosto, e depois sua respiração cada vez mais perto.

- Percy...? – comecei a perguntar, mas ele me calou com um beijo.

Foi rápido, mas eu explodi por dentro. Não tinha a menor consciência do que estava fazendo, então fiquei surpresa, quando ele se afastou e eu abri os olhos, em ver minhas mãos no pescoço dele.

- Vá pra casa – ele falou.

Balancei a cabeça, concordando, sem ter certeza se ele ia ver o gesto. Antes de me levantar, eu o abracei. Então fui pra casa, usando a luz do meu celular pra ver onde estava indo.

Não havia nenhuma luz acesa na casa. Entrei e subi as escadas silenciosamente. Não acendi a luz do meu quarto, embora estivesse escuro. Tirei meus sapatos e me deitei na cama, tentando dormir. Não consegui. Liguei a televisão, colocando o volume o mais baixo possível. A única coisa boa passando era, ironicamente, alguma competição de patinação feminina no gelo. Com metade da minha mente prestando atenção, e a outra metade pensando se eu viria Percy no dia seguinte, eu dormi.

Continua ;)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!