-Como você consegue mentir tão bem assim? Até eu estava caindo nessa. —Henry disse.

-Puxa saco! —Allan resmungou.

Eu  começo dar risada e pergunto:

-O que tá dando em vocês?

-Não é obvio?—perguntou Allan.

Eu levantei uma sombrancelha, confusa.

-Eu estou dando em cima de você!—disse Henry com um sorriso malicioso, eu corei. —E ele está ficando com ciúmes. —ele disse deixando eu mais corada ainda.

-Vou ligar para as minhas amigas.—eu disse tentando fugir dessa.

Liguei para o celular da Alicia.

-Até que fim garota!—gritou Alicia. Eu afastei o celular da orelha e disse:

-Me encontra em frente ao Dolce e Gabbana.

Eu desliguei e fui direto para a loja, de lá iríamos voltar a procurar e comprar a minha roupa e a da Clara.

Elas chegaram um pouco depois de chegarmos, olharam confusas para Allan e para Henry.

-Gente esse é o Henry, eu ajudei ele agora pouco. —eu disse explicando tudo, antes que elas perguntassem tudo. —Henry essas são Alicia, Mellany, Eloisa e Clara.

-Le plaisir! —disse Henry.

-Henry?!—eu fiz cara de confusa.

-Oh! Desculpe. Sempre acontece comigo. Prazer!—disse Henry. Acho que ele tinha feito aquilo de propósito, sabendo que o sotaque francês dele iria encantar elas. O que deveria ter as feito rirem deixaram elas encantadas, todas, inclusive eu, e menos lógico a Clara.

-O prazer é o nosso!—disse Clara se adiantando, pois sabia que as meninas não sairiam do transe.

Henry acentiu, e deu um sorriso encantador. As meninas ficaram olhando maravilhadas.

-Ah, faça-me o favor!—disse Allan.

-Está com inveja porque ele está roubando todo o seu brilho Allan?—eu o provoquei, sussurrado e rindo ao mesmo tempo para que só ele ouvisse.

Allan somente bufou.

-Vou levar isso como um sim!—eu disse querendo dar risada.

-Não, leve isso como um “eu só estou entediado”. —Allan disse.

Eu balancei a cabeça de um lado para o outro dando risada.

-Alicia, só para te lembrar você tem namorado ok? Não fique paquerando Henry tão descaradamente. —eu disse dando risada.

-E-eu... N-não estou...

Eu comecei a dar risada;

-E por que a senhorita não nos atendeu naquela hora?—perguntou Alicia mudando de assunto.

-Porque ela estava me salvando. —disse Henry.

-Oh! Então não era porque estava brava com a gente, certo?—perguntou Mellany.

-Se eu tivesse ouvindo não atenderia de qualquer jeito. —eu disse.

-Quê? Por quê?—perguntou Eloisa.

-Por vocês terem me ignorado. Estou brincando gente. Atenderia sim.

As quatro começaram a rir, eu levantei minhas sombrancelhas.

-Eu devo agradecer vocês então. —disse Henry.

Elas pararam e ficamos olhado confusas para Henry.

-Se a Duda não tivesse ficado brava com vocês eu estaria morto agora. —disse Henry.

-Ah tá!—elas fizeram um coro.

Eu vi que Allan começara a ficar excluído da conversa então, sem ninguém perceber sai da rodinha de conversa e fui até o Allan, o puxei.

-Onde estamos indo?—ele perguntou.

-Xiu, vão nos ouvir. —eu disse.

Ele sorriu, e ficou quieto, quando estávamos fora da visão deles. Eu disse:

-Você vai me ajudar a escolher a minha roupa e a da Clara, ok?

-Ok!

Eu fui em direção na melhor loja e mais cara do shopping, mas isso não importa. Peguei vários vestidos e comecei a experimentar. Toda vez saía para mostrar ao Allan, ele me media e falava sempre o seu “bonito”. Quando eu experimentei um azul marinho com um laço vermelho grande abaixo dos seios ele me mediu, era curto ficava um palmo e meio antes do joelho, olhou, e olhou de novo e de novo, e disse:

-Eu gostei muito desse, você deveria pegar esse para usá-lo hoje. Ficou lindo.

-Muito obrigada!—eu disse.

Peguei aquele vestido, e comecei a olhar mais roupas, blusas, mais vestidos.

-Hum Duda, não querendo ser desagradável nem nada, mas você ainda tem que olhar a roupa da sua prima, sem dizer que esse vestido é novecentos dólares. —disse Allan.

-Sem problemas Allan, meus pais me deixam gastar com o que eu quero. Pode ficar despreocupado. —eu disse e pisquei para ele.

Peguei um vestido rosa de uma manga só, que ficava no joelho, com lacinho decorado com paetê na cintura.

-O que você acha desse aqui para Clara?—eu perguntei.

-Vai ficar bonito nela. Você tem um bom gosto Duda.

-Obrigada.

Eu paguei as coisas que tinha pegado, e fui me encontrar com as meninas, antes que elas enfartassem, pelo meu sumiço junto com Allan.

Quando achei elas, já me encheram de perguntas:

-Onde vocês estavam?—Perguntou Alicia. —Por acaso eu posso saber?

-É! como vocês somem assim do nada? Bem a sua cara Duda!—disse Eloisa.

-Gente, eu fui compra a minha roupa e a da Clara, e arrastei o Allan para me ajudar, só isso. —eu respondi.

-Só isso?—perguntou Alicia. —Só isso?! Por acaso levar um “amigo” para te ajudar a escolher uma roupa, e fazer ele te ver com um vestido e com outro para ver qual fica melhor não é intimo o bastante?—Alicia estava quase surtando.

Eu corei com o que ela havia falado. Allan estava surpreso por isso, Clara, Henry e as outras estava rindo da situação.

-Gente vamos deixar de intrometer na vida da Duda. —disse Mel.

-Brigada Mel, mas não tem nada demais, parem de ver coisas a mais onde não existe. —eu disse.

-Bom, acho que Duda é muito linda para um cara como Allan!—disse Henry debochando de Allan. Quem me dera fosse linda o bastante pra Allan, seria bom, e como! Não era um ato muito inteligente ofender Allan, ele tinha se metido em duas, ou três ou ate mais briga na outra escola em que nós estudávamos, e ele se deu bem em todas.

-E quem você pensa que é pra falar assim?! Seu francesinho falso!—Allan avançou contra Henry. Eu entrei no meio dos dois, e disse:

-Pelo amor de Deus! Isso é um lugar público, tenham modos. Não é nada legal agir como se fossem homens das cavernas. —eu disse entre dentes. —Apesar de que esse comportamento de vocês é um insulto para os homens das cavernas chamar vocês assim.

-O quê?! Ele vem falar bosta pra mim, e eu vou tolerar?! Não mesmo!Não levo desaforo Maria Eduarda. —Allan disse grossamente, e como eu não aturo grosseria eu disse:

-Sai de perto de mim! Se recomponha, e quando for homem o suficiente para medir seus atos você aparece na minha frente, por favor!

Eu fiquei um pouco ofendida com a grosseria e a forma em que ele falou o meu nome.

Allan deu as costas e saiu andando, com as mãos nos bolsos, em outros momentos eu veria esse ato como charme, mas nesse momento, as mãos dele nos bolsos da calça parecia uma grosseria.

Virei para minhas amigas surpresas e Henry:

-Me desculpem! Perdi o controle!—eu disse.

-Quem tem que se desculpa sou eu, Duda, não deveria ter feito aquela brincadeira, acho que já tinha percebido que ele era explosivo. —disse Henry vindo me abraçar.

Eu não queria ter brigado com Allan, ainda mais que estaríamos na mesma festa hoje à noite. O clima ia ficar meio tenso com essa briga que tivemos.

Devolvo o abraço para Henry.

-Henry vai à festa hoje à noite Duda? Ou você nem comentou?—perguntou Mel, eu sabia que essa pergunta repentina era para quebra o gelo.

-Não, nem comentei, tinha me esquecido desse detalhe. Mas sem querer arrogante, qual o interesse de Henry em uma festa americana?—eu perguntei.

-Pra ele se enturmar, não chegar à escola sozinho, sem nenhum amigo. —respondeu Clara.

-Como assim?!—eu perguntei.

-Felizmente estou na mesma escola que você. —respondeu Henry.

-Sério?!Que ótimo! Então vamos sim para a festa da Síssi Henry?

-Seria uma boa, mas eu tinha algumas coisas a fazer, e sem dizer que eu nem conheço a garota deixa pra outra vez.

Fiz biquinho de desapontada, seria legal levar Henry. Sem dizer que ele é gato, e as meninas iam babar nele.

-Não tem problema você não conhecer a Síssi, você sendo bonito. O Allan, por exemplo, ele vai à festa, isso que ele entrou ontem na escola, a menina já chegou nele pedindo pra que fosse à festa. —disse Elo.

-Assim você faz a Síssal parecer uma menina assanhada. —diz Mel.

-Mas ela é!—diz Elo.

-Ela é muito legal Eloisa. —disse Mel irritada. Mel e Síssal eram muito amigas antes de eu entrar na escola, mas ai eu entrei e nós duas ficamos muito unidas, e Síssi começou a andar com outras pessoas, apesar de não ter nada contra mim, ela não morria de amores, mas mesmo assim me chamou para festa, pois não queria fazer feio, e queria criar amizade comigo, ela tinha um coração bom, mas também ia muito nas idéias de algumas pessoas. Por isso Mel estava sempre defendendo ela.

-Não é porque ela é atirada que ela é chata, ela é muito gente boa, mas arreganhada que só ela. —disse Elo.

Elo era sempre a Elo. Sempre dizia o que tinha na cabeça sem pensar duas vezes, e não se arrependia disso, aquilo se transformava em um tipo de inocência. Era fofo esse jeito dela de ser.

Henry riu do que Elo havia falado.

-Vamos Henry?—eu perguntei.

-Tá! Vamos! Mas não vai ser chato? Allan vai está lá.

-Henry, não liga para o Allan, dever ser ciúmes. Só isso!—disse Alicia.

-Ciúmes do quê?!—eu perguntei.

-De você Duda. —respondeu Alicia. —Henry te cortejou e o Allan ficou com ciúmes disso.

-Poof!—eu bufei. —Coitada de mim.

-Tá na cara que ele tem uma queda por você Duda. —diz Elo.

-Ahã, claro. Com certeza!—eu disse ironicamente.

-Duda só você não vê isso. —diz Clara.

-Enfim, ele não esta afim de mim gente, pergunta pro Henry.

-Ele está afim de você Duda. —disse Henry.

-Está vendo! Uma palavra de homem. —diz Elo.

-E você?—perguntou Henry.

-Eu o quê?—eu perguntei.

-Está afim dele?! Porque se estiver eu viro esse jogo te trazendo pro meu lado do time em dois segundos do primeiro tempo. —diz Henry com um meio sorriso estampado no rosto.

-Não estou afim dele. E que é isso?! Uma competição de quem fica com a Duda?—eu perguntei incrédula.

-Não se você não quiser. —disse Henry.

Eu corei, e Alicia percebendo isso disse;

-Enfim Henry, você vai ou não?

-Não sei. Você vai?—perguntou Henry.

-Não, vou sair com meu namorado. —respondeu Alicia.

-Ah entendi. —disse Henry.

-Mas vamos Henry! Por favor!—pedi Mel.

-Está bem! Acho que dou uma passada. —diz Henry.

-Depois eu te passo o endereço, ou então te levo. —eu me ofereço para dar carona.

-Pode ser!—diz Henry.

Andamos pelo shopping o que pareceu uma eternidade para mim, não queria ter brigado com Allan daquele jeito, mas ele tinha passado dos limites.

O que será que tinha dado em Allan? Por que ele havia falado daquele jeito comigo?

-Você parece preocupada com algo Duda. O que foi?!—me perguntou Clara.

-Ah!—eu sobressaltei, estava tão concentrada que não havia percebido que ela havia chegado perto de mim. —Eu não estou preocupada com nada.

-Duda!—me repreendendo, eu fazia muito disso, e Clara não gostava disso.

Eu só balancei a cabeça de um lado pro outro e acelerei o passo me adiantando na frente delas

-Bom! Gente eu preciso ir. Vou encontrar com o meu amor. —disse Alicia.

-Ah! Eu também irei embora. —eu disse.

-A gente vai ficar!—disse Elo, se referindo a ela e Mel.

-Ok!—eu respondi. —E você?!—perguntei ao Henry.

-Se você puder me dar carona eu vou agora com você, senão eu vou de ônibus, no quero mais incomodar, mais do que já incomodei.

-Claro que pode ir de carona Henry. Será uma honra. —eu disse.