O mal-estar.

Allan era educado, abriu a porta do carro para mim, e ainda me deu a mão para me ajudar a sair do carro. Bernardo também fez isso.

Chegamos à mesa em que iríamos comer, e Allan pegou a cadeira do seu lado para que eu sentasse, e a puxou para mim, Bernardo fez o mesmo, lógico que com mais prática, por ter que as vezes ter fazer isso para umas “madames” que querem ajuda de um menino gato na faixa dos 16 ao 18.

Nós comemos, conversamos, Clara e Bernardo em momentos de química amorosa deixava eu e Allan de fora da conversa.

-Vamos, por favor, puxar assunto entre nós, porque esses dois não vão nos dar atenção nem tão cedo. —disse Allan dado uma risadinha.

-Claro!—eu disse rindo. —Por favor, tenta primeiro você.

-Essa é fácil. Por que na outra escola você não se associava com quase ninguém, e nessa você é BEM popular?

-Ah, não sei, acho que não gostava muito das pessoas de lá, parecia que queriam agradar umas às outras por puro interesse, e isso é horrível!—eu respondi.

-Agora você!—disse ele.

-Por que você saiu daquela escola?—perguntei.

-Não estava interessante mais, sem dizer que eu sempre morei aqui, e é mais fácil estudar na cidade.

-Você mora aqui?—eu perguntei surpresa.

-Há muito tempo. —respondeu Allan com um sorriso.

Eu meio que fui pega de surpresa nunca havia imaginado que Allan era daqui.

-Nossa!Eu não sabia. —eu disse.

Allan deu um sorriso maroto e disse:

-A gente não conversava como estamos conversando agora.

Eu respondi somente com um sorriso.

Nós acabamos de jantar e pedimos uma sobremesa muito boa. Clara pediu como sempre o seu Milk shake de baunilha. Eu e Allan pedimos um sundae de chocolate, com MUITO confete e calda quente, parecia que a gente gostava muito dessas besteirinhas. Bernardo pediu somente um Brownie.

Enquanto comíamos a sobremesa cada um tinha a sua conversa, pelo que sei Bernardo e Clara estavam conversando sobre uma viagem que ela faria no natal, e aonde ela iria

Nós acabamos de comer e saímos para andar na praia.

Bernardo já havia ido para um jantar de sócios do restaurante que ele trabalhava para representar o funcionário exemplar que o senhor Burton (o dono da unidade dessa cidade e pais). Bernardo sempre foi muito exemplar no que ele fazia um menino simpático, competente, foi ai que me ocorreu uma idéia.

-Acabei de ter uma idéia. —disse para Allan.

-Qual?—disse ele bem interessado.

-Vou chamar Bernardo para trabalhar em um dos escritórios do meu pai e do meu tio, eles montaram esse escritório esses dias, e precisam de alguém para tomar conta de algumas coisas.

-Mas será que Bernardo seria capacitado de fazer isso? Não que eu não esteja duvidando dele. —disse Allan.

-Consegue, Bernardo fez faculdade de administração, e estava prestes a começar um negócio empresarial, mas sua mãe adoeceu, e teve que arranjar um emprego qualquer que já começasse a dar o salário para ele. Já que o negocio não da lucro em um dia só. —eu expliquei.

-Entendi. Foi uma boa idéia a sua, e vai ser de boa ajuda para ele. —disse Allan.

-Pois é, e esse escritório, também é meio meu, da Clara e da Bia, então eu e Clara podemos administrar todo o salário dele, e ainda as folgas e tudo.

Allan deu um sorriso maroto e disse:

-Então você tem um escritório?

-Sim, mas não é totalmente meu, ele é delas também, sem dizer que nossos pais têm mais autoridade, eu só administro algumas coisas quando ele vai viajar ai eu fico tomando conta, pelo motivo d’eu ser a mais velha.

Allan acenou.

-Mas mudando de assunto. —ele disse. —Por que seu pai quis mudar para a unidade da empresa dele daqui?

-Porque meu tio estava aqui, e eles são muito grudados. E adivinha só, eles são gêmeos. Por isso que Clara e Bia são gêmeas também.

-Ah, entendi.

Eu e Allan continuamos meio que excluídos da conversa deles, e a vontade de entrar na mente da Clara era enorme, mas nada fiz, por causa da minha promessa.

-Animada para amanha?—perguntou Allan.

-Para que? O shopping?—perguntei.

-Que shopping?—perguntou Allan.

-Ai, disfarça, é só eu, Elo e Mel. Tinha esquecido.

Allan deu uma risadinha e disse:

-Estava me referindo à festa da Síssal.

-Ah!Me esqueci disso completamente também. Estou normal quanto a isso. E você?

-Não muito. —disse Allan.

-Por quê?—perguntei confusa. —Pensei que estava.

-Estava até perceber que não poderei conseguir o que quero.

-E o que você queria?—perguntei mais confusa ainda.

-Não acho que conseguiria conquistar a menina dos meus sonhos em uma festa.

Meu coração acelerou e se comprimiu em um aperto insuportável, como se não pudesse respirar, parecia que meu rosto havia esfriado, precisava me sentar.

-Duda?!—Allan ficou preocupado. —Você está bem? Você ficou pálida do nada.

-Só preciso me sentar!—eu disse. Estava sentindo alguma coisa ruim, uma pressão. Allan me guiou até um banco o mais rápido. Ele mexia demais comigo, e acabei de ver que ele gostava de uma menina, só não sabia qual, já que Síssal já tinha mostrado que havia se encantado, então não sabia. E também não entendi porque ele mexia tanto assim comigo, tudo bem está apaixonada, e tals, mas nunca ficara assim.

-DUDA?!—gritou Clara quando percebeu que eu estava sentada com Allan abanando o meu rosto, e eu só fui perceber que ele estava me abanando quando Clara me chamou. —O que aconteceu? Você está bem?—Clara veio correndo e Bernardo logo atrás dela.

-Estou sim, só que me deu uma tontura agora pouco, e precisei me sentar só isso. —eu menti. No mesmo momento eu vi uma figura encapuzada perto de uma construção abandonada. Aquilo me fez ficar mais tonta, a minha respiração sumiu, eu não lembrava como respirar, estava ficando gélida. Talvez não fosse a paixão pelo Allan que tenha feito isso comigo, talvez tenha sido a sensação ruim que eu senti quando nos aproximamos daquele lugar. Eu tinha uma sensibilidade por energias ruins. E com certeza aquela figura que estava parada a poucos metros da gente não emergia a melhor energia.

-Duda a cor do seu rosto está sumindo, e você está ficando gelada. —disse Allan

-Quer ir embora?—perguntou Clara me tirando dos devaneios.

-Não, vai se divertir, eu fico aqui sentada, pode ir também Allan, se diverte com eles, qualquer coisa eu ligo pra um de vocês.

-De jeito nenhum! Eu fico aqui, enquanto os dois vão se divertir, não precisam ficar preocupados eu cuido dela. —disse Allan.

-Mas Allan...

-Sem mais!—Allan me interrompeu.

Eu acenei, e Bernardo e Clara foram andar, Clara enquanto se afastava me olhava preocupada, para tirar a preocupação dei o melhor sorriso que pude, mas não sei se tinha conseguido, mas Clara se virou e continuou andando normalmente com Bernardo.

Tentei entrar na mente de Allan para ver se conseguia ver algo, mas novamente só vi escuridão, estava começando a estranhar todo esse mistério, e o porquê de nunca conseguir acesso á mente dele.

-Está melhor?—perguntou Allan direcionando intensamente aquele olhar preocupado dele.

-Se você parar de se preocupar e der um sorriso quem sabe eu melhoro. —eu dei um xaveco em Allan, mas fazendo tom de brincadeira, não estava a fim de levar um fora bem agora.

Allan sorriu, e disse:

-E agora?

-Agora sim!—eu respondi.

-Não acho que esteja melhor, seu rosto ainda está mais pálido, e sua mão está mais gelada do que antes. —disse Allan. —Acho melhor eu levar você para casa.

Eu poderia deixar Allan me levar para casa, mas queria ficar mais tempo com ele, então eu respondi:

-Não! Não precisa, estou me recuperando, não se preocupe comigo.

-Tem certeza?—perguntou Allan preocupado.

-Sim!—eu respondi com um sorriso fraco no rosto.

Allan acentiu.

-Você acha que algum dia todos nós iremos ser feliz com quem amamos?—perguntei ao Allan, com um tom meio carente, como as crianças sempre fazem.

-Se essa pessoa correr atrás do seu amor, eu acredito que sim. —disse Allan como se fosse um adulto aconselhando uma criança.

-Mudando de assunto, será que eles estão se divertindo?—perguntei.

-Não se preocupe com eles, preocupe-se com você.

O meu mal-está não tinha passado ainda, eu estava com o coração apertado contra o peito, parecia que nunca mais poderia me sentir bem. Com esse pensamento eu comecei a ter uma forte tontura, e eu não sabia como isso estava acontecendo, nunca tinha tido isso antes, e meu psicológico nunca fora tão abalada quanto agora, pelo contrário sempre tive um psicológico forte, nunca me abalei assim, então não conseguia entender. Minha cabeça estava rodando mais forte ainda, minha visão foi ficando turva.

-DUDA?!—Allan ficou muito preocupado.

Tudo estava ficando escuro, assim como a minha felicidade naquele momento. Não acreditava mais que poderia ser feliz.

Eu senti Allan passando a mão pela minha testa, verificando a temperatura, eu havia fechado os olhos, pois não agüentava mais ficar com os olhos abertos.

-Duda, agüenta ai, vou te levar para algum lugar para você descansar. —Allan disse. —Duda?

Eu acho que Allan estava pensando que eu havia desmaiado, mas não, ainda não, restavam mais alguns minutos, então eu disse:

-Não me leva para casa, liga pra Clara e diga que a gente foi para casa de uma das meninas, e para ela ir pra minha casa, e dizer que onde eu supostamente eu estou, por favor. Minha mãe não pode saber que eu passei mal.

Senti Allan me pegando no colo, e pegando algo no seu bolso, ouvi um barulho de chaves e logo em seguida ouvi um barulho de tecla de celular, então sabia que ele estava fazendo o que eu pedi, agradeci mentalmente. Ele havia mandando mensagem, pois eu não ouvi falando nada.

Então senti ele me colocando no banco do passageiro cuidadosamente, e depois disso só lembro que tudo escureceu.