Amature World Jam escrita por BlazeJ


Capítulo 3
Tudo ou nada.


Notas iniciais do capítulo

Nem revisei, negadaaaa, kk.
Obrigada pelos reviews, gente :)



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Incrível como três semanas podem passar rápido. Parecia que fora ontem que Marcos Andrade, o organizador da etapa gaúcha do “Amature World Jam”, tinha me ligado e dito que a “Why” fora aceita para a competição. Agora, faltava somente um dia para o começo de tudo.

Nessas semanas que se passaram até a chegada do evento, nós escrevemos várias músicas, tomamos no mínimo 20 litros de Coca Cola, comemos pizza a beça, brincamos de atirar bolinhas de papel um no outro, desenhamos carinhas com corretivo líquido nos cabos, quase quebramos um dos vidros da janela e jogamos bola nos intervalos, pra dar uma relaxada. Nós praticamente vivíamos no estúdio, que no caso era improvisado, no porão da minha casa. O chão era inteiro de carpete; as paredes eram forradas com uma tinta preta, sobre a qual desenhamos inúmeros pontos de pergunta brancos; o teto era bem baixinho: um pulo, e qualquer um de nós poderia bater a cabeça; o cheiro era uma mistura de mofo com um perfume de rosas não muito agradável. Era pequeno e fedorento, mas tinha estilo. Muito estilo.

Há uns dois anos atrás, ainda não havíamos decidido um nome para a banda. As paredes do estúdio ainda eram pretas descascadas e cheirava somente a mofo. Até que um dia, Jonathan teve essa brilhante ideia de chamar a banda de “Why” e trazer tinta branca para o ensaio. Lembro que esse fora um dos dias mais divertidos da minha vida desde que decidimos começar a ensaiar. Foi muito inspirador para todos nós. Cada um escolhera um tipo de ponto de pergunta para desenhar, e no final, tínhamos cinco tipos diferentes de tamanhos diferentes e estilos diferentes. Ficou realmente muito foda. O cheiro da tinta era muito forte, claro, mas pelo menos disfarçou o cheiro de mofo.

Jonathan era assim. O mais louco de todos, fazia barulhos simplesmente geniais com a guitarra, falava merda o tempo todo e nos fazia rir, era totalmente hiperativo e tinha cara e voz de fumado. Tinha cabelos cacheados, na cor castanho escuro, total e completamente bagunçados, e uma pele bem morena. Os olhos eram saltados e inchados, sempre com olheira, o que dava a impressão de que ele estava drogado mesmo. Óbvio que quem conhecia ele sabia que isso só era resultado das 6 horas por dia que ele ficava na frente do computador aprendendo músicas, tons e efeitos novos pra aplicar na guitarra. Ele jamais se drogaria.

Matheus também não. Aquele loirinho de olhos verdes e braços fortes jamais se meteria com esse tipo de coisa. Ele tinha nojo das pessoas que usavam ou até mesmo falavam disso. A única pessoa que ele apoiava e ajudava nas horas difíceis era o Daniel, seu melhor amigo desde o início do sétimo ano do ensino fundamental.

O único que a gente sabia que tinha um pequeno problema com a bebida era o Dani. Ele ia em festas pelo menos uma vez a cada três semanas, sem contar as housepartiesque rolavam nas casas dos outros amigos dele. Quando ele bebia, ele se alterava completamente, ficava irritado, chorava, gritava e ria, tudo ao mesmo tempo. Desde que começara a namorar Isabella, ele havia melhorado um pouco esse vício feio e sem cabimento, emagrecera e estava mais sociável, mas ainda havia algumas decaídas. Claro que ninguém sabia disso, só a banda mesmo. Gente, ele era um menino tão legal, não merecia isso. Era alto, não muito magro, mas não gordo, tinha cabelos pretos e uma barba ralinha, olhos escuros e era muito malucão. Viciado em Coca Cola, hambúrgueres e videogame, como já havia dito no capítulo anterior.

Bom, já que acabei descrevendo todos os meninos, vou falar um pouco da Alyssa também. As características físicas eu já falei no capítulo anterior, não preciso repetir, né? Ai, a Alyssa era uma menina extremamente fodástica. Ela não falava muito, mas era uma moça direita e decidida. Amava cantar. Quando entrou na banda, ainda estava meio insegura, talvez até mesmo indecisa se era isso mesmo o que queria. Do nada, nos tornamos grandes amigas. Quando as minhas outras amigas foram embora, depois da formatura do nono ano, ficamos eu, ela e a Isa. A gente se deu bem de cara.

Essa banda me abriu novas oportunidades, novas amizades, novas maneiras de encarar a vida. Fazia tão bem pra mim.

(---)

Chegamos ao Teatro São Pedro por volta das 16h da tarde. Adivinha quantas outras bandas iriam participar do evento? Pois é, 47. E as três bandas gaúchas que iriam abrir esse evento? Fresno, Tópaz e Chimarruts.

A ordem das apresentações era determinada por chegada, mas eles separavam em categorias. Como o metal foi a 4ª categoria, nós fomos os 32ºs a apresentar. As categorias ficaram na seguinte ordem: “rock”, “sertanejo”, “pop”, “metal”, “eletrônica”, “blues” e “reggae”. Gente, as roupas que as pessoas usavam quase me fizeram vomitar. O primeiro número foi apresentado por uma banda que era uma mistura de Cine com Restart. Sim, eles foram enquadrados na categoria “rock”, e usavam uma roupa tipo calça preta com blusas coloridas e mechas coloridas no cabelo. Adivinha que música tocaram? “Só Os Loucos Sabem”, do Charlie Brown Jr. Caralho, a música é tão foda, e esses lixos se acham dignos de tocar ela?! Mas tudo bem.

Se eu jurar pra vocês que a categoria mais acirrada e foda era o “pop”, vocês acreditariam? Sério, até eu curti as bandas lá, fiquei dançando e pulando o tempo todo. Eles tocaram as músicas que todo mundo conhecia, tipo Ke$ha e Beyoncé, mas foi muito legal, passou uma energia positiva pra gente. Uma das bandas cantou “Thinking of You”, da Katy Perry, e do nada a Alyssa e a Isa começaram a chorar, eu tive que rir demais. O Jonathan foi a abraçar a Alyssa e a Isabella correu e pulou em cima do Daniel, foi uma cena muito fofa e comovente. Eu e o Matheus ficamos no vácuo geral, então a gente se olhou, começou a rir e nos abraçamos também. Depois, quando a música acabou, a galera toda começou a rir, porque foi totalmente escroto.

Eles mandaram a gente ir pro backstage quando faltassem apenas duas bandas pra nossa apresentação. A gente subiu e eu comecei a sentir um nervosismo, um frio na barriga. Me deu uma palpitação e eu fiquei tonta. Matheus percebeu e me segurou.

– Sam, ta tudo bem? Que que aconteceu? – ele perguntou, enquanto me sentava no chão.

– Sempre que eu fico nervosa isso acontece. Lembra aquela primeira vez que a gente tocou lá na escola? Eu quase caí do palco, de tão mal que fiquei. Nas outras vezes não me senti tão mal, mas hoje a coisa é grande, sabe, e eu realmente quero muito isso. – disse, me concentrando para fazer as palavras saírem da minha boca de modo entendível. Eu revia aquela cena todas as vezes que iria me apresentar.

Matheus sentou do meu lado, me abraçou e me deu um beijo na bochecha.

– Sam, você sabe que toca muito bem, tem uma voz divina, e além de tudo é linda, interna e externamente. Você só não é perfeita porque – pausa para um pigarro para afinar o sotaque de filósofo – “a perfeição não existe...”

Eu sorri e me afundei no pescoço dele. O perfume dele era muito delicioso, era cítrico e doce ao mesmo tempo, assim como sua personalidade. Ficamos ali sentados, abraçados, até o show da primeira banda do “metal” acabar, e quando a segunda entrou , Matheus se levantou e me ajudou a levantar também. Quando eu finalmente parei de pé, ele colocou as mãos na minha cintura e me puxou pra si, me envolvendo em outro abraço.

– Eu sei que isso pode ser muita informação – sussurrou ele em meu ouvido – mas eu acho que to apaixonado por ti. Eu deveria ter falado antes, eu sei, mas eu nunca me senti assim, e não sabia como agir.

De repente senti minhas pernas ficarem bambas e o coração acelerar. Será mesmo que o cara mais incrível do planeta Terra estava se declarando pra mim? Afastei meu rosto do dele para poder analisar seus olhos. Aqueles olhos da cor do mar brilhavam, e era para mim. Só para mim, e pra mais ninguém. Eu não tenho certeza se ele já sabia que eu também amava ele, mas se ele ainda não soubesse, esse era o momento certo para descobrir.

Colei minha testa na dele e ele me deu outro beijo na bochecha. Botei as mãos em sua nuca, tomei coragem, e lhe dei um selinho. Ele sorriu aquele sorriso perfeito e me beijou. Não foi aquela coisa do tipo “uhuuul, pegação geral”. Foi um momento muito lindo, do qual eu jamais vou me esquecer. Eu finalmente estava beijando o único cara que já amei na minha vida. Sonho, né? Ele sempre fora muito carinhoso e atencioso comigo, mas nunca pensei que ele poderia sentir por mim o mesmo que eu sentia por ele.

Dessa vez eu realmente caí. Quer dizer, não literalmente, porque estava envolvida nos braços de Matheus, mas se não fosse por ele, eu definitivamente cairia. Foi quando a música parou que a gente se desgrudou. Ele sorriu enquanto o apresentador chamava o nosso nome e me puxou pela mão, até o palco.

Então era isso. Era tudo ou nada, era começo ou fim. Será?


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Notas finais do capítulo

Entãaao?



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